8 - O mestre das poções
– O mestre das poções.
– Que ótimo um capítulo inteiro sobre o Ranhoso. – Sirius disse irritado.
Severo desejava que aquele livro não falasse muito sobre ele, não sabia como seu eu futuro iria tratar o garoto, e tinha medo de como eles reagiriam, não que tivesse medo dos grifinórios, mas estava em óbvia inferioridade numérica.
– Sirius, – Tiago disse sério – espere até o fim do livro e se for merecido podemos fazer o que quisermos.
Sirius olhou para Tiago sério, mas não fez mais nenhum comentário sobre Severo. Se existia alguém no mundo que Sirius respeitava esse alguém era Tiago. Mesmo não entendendo por que o amigo havia pedido para ele não implicar com Snape.
Severo não gostou que Tiago fosse quem havia feito Sirius parar de falar besteiras. Lily acharia ele maduro e superior. Ele provavelmente estava fazendo isso para agradar Lily.
— Ali, olha.
— Onde?
— Ao lado do garoto alto de cabelos vermelhos.
— De óculos?
— Você viu a cara dele?
— Você viu a cicatriz?
Os murmúrios acompanharam Harry desde a hora em que ele saiu do dormitório no dia seguinte. A garotada que fazia fila do lado de fora das salas de aula ficava nas pontas dos pés para dar uma espiada, ou ia e vinha nos corredores para vê-lo duas vezes.
– Isso devia ser bem irritante. – Frank disse percebendo o desconforto de Harry.
– Eu me divertia. – Rony disse dando de ombros, todos sabiam o nome dele desde o primeiro ano, só por ser o melhor amigo de Harry Potter.
Harry desejou que não fizessem isso, porque estava tentando se concentrar para encontrar o caminho para suas aulas.
Havia cento e quarenta e duas escadas em Hogwarts largas e imponentes, estreitas e precárias, umas que levavam a um lugar diferente às sextas-feiras, outras com um degrau no meio que desaparecia e a pessoa tinha que se lembrar de saltar por cima.
– Na verdade são cento e quarenta e quatro. – Tiago disse sorrindo.
– Como você pode saber isso? – Lily perguntou espantada.
– Nós andamos bastante por ai. – Sirius disse com simplicidade.
Além disso, havia portas que não abriam a não ser que a pessoa pedisse, por favor, ou fizesse cócegas nelas no lugar certo e portas que não eram bem portas, mas paredes sólidas que fingiam ser portas. Era também muito difícil lembrar onde ficavam as coisas, porque tudo parecia mudar frequentemente de lugar. As pessoas nos retratos saíam para se visitar e Harry tinha certeza de que os brasões andavam.
– Eles andam. – Remo disse sorrindo – Ficam entediados quando passam muito tempo no mesmo lugar.
Os fantasmas também não ajudavam nada. Era sempre um choque horrível quando um deles atravessava de repente uma porta que a pessoa estava querendo abrir. Nick Quase Sem Cabeça ficava sempre feliz de apontar a direção certa para os alunos de Grifinória, mas Pirraça, o Poltergeist representava duas portas fechadas e uma escada falsa se a pessoa o encontrasse quando estava atrasada para uma aula. Ele despejava cestas de papéis na cabeça das pessoas, puxava os tapetes de baixo de seus pés, acertava-as com pedacinhos de giz ou vinha sorrateiro por trás, invisível, e agarrava-as pelo nariz e guinchava: "PEGUEI-A PELA BICANA!” Pior que o Poltergeist, se é que era possível, era o zelador, Argos Filch. Harry e Rony conseguiram conquistar sua má vontade logo na primeira manhã, Filch encontrou-os tentando forçar caminho por uma porta que, por azar, era a entrada para o corredor proibido no terceiro andar. Ele não quis acreditar que estavam perdidos, pois tinha certeza de que estavam tentando arrombá-la de propósito e ameaçava trancá-los nas masmorras, quando foram salvos pelo Professor Quirrell, que ia passando.
Filch tinha uma gata chamada Madame Nor-r-r-a, como quem ronrona, um bicho magro, cor de poeira, com olhos saltados como lâmpadas, iguais aos de Filch. Ela patrulhava os corredores sozinha, se alguém desobedecesse a uma regra em sua presença, pusesse o dedão do pé fora da linha, ela corria a buscar Filch, que aparecia, asmático, em dois segundos.
– Odeio aquela gata esquelética. – Sirius disse com um meio rosnado. Remo deu um cutucão nas costelas de Sirius, as pessoas iam acabar percebendo algo.
Filch conhecia as passagens secretas da escola melhor do que ninguém (exceto talvez os gêmeos Weasley)
Sirius, Tiago e Remo se entreolharam, eles conheciam as passagens secretas melhor do que qualquer pessoa.
e podia surgir de repente como um fantasma. Os estudantes a detestavam e a ambição mais desejada de muitos era dar um bom pontapé em Madame Nor-r-ra.
Sirius deu um meio sorriso satisfeito, nunca havia dado um pontapé nela, mas já havia perseguido ela pelos terrenos da escola como cachorro.
Além disso, quando a pessoa conseguia encontrar o caminho das salas, havia as aulas em si. Mágica era muito mais do que sacudir a varinha e dizer meia dúzia de palavras engraçadas, como Harry logo descobriu.
Tinham de estudar o céu da noite pelo telescópio toda quarta-feira à meia-noite e aprender os nomes das diferentes estrelas e os movimentos dos planetas. Três vezes por semana iam para as estufas de plantas atrás do castelo para estudar herbologia, com uma bruxa baixa e gorda chamada Professora Sprout, com quem aprendiam como cuidar de todas as plantas e fungos estranhos e descobriam para que eram usados.
Sem falar, a aula mais chata era a de História da Mágica, a única matéria ensinada por um fantasma. O Professor Binns era realmente muito velho quando adormeceu diante da lareira na sala dos professores e levantou na manhã seguinte para dar aulas, deixando o corpo para trás. Binns falava sem parar enquanto eles anotavam nomes e datas e acabavam confundindo Emerico, o Mau, com Urico, o Esquisitão.
O Professor Flitwick, que ensinava Feitiços, era um bruxo miudinho que tinha de subir numa pilha de livros para enxergar por cima da mesa. No começo da primeira aula ele pegou a pauta e quando chegou ao nome de Harry soltou um gritinho excitado e caiu da pilha, desaparecendo de vista.
Lily deu um meio sorriso, Flitwick era seu professor favorito, apesar de Slugorn tentar roubar-lhe o posto.
Já a Professora Minerva era diferente. Harry estava certo quando pensou que ela não era professora para aluno nenhum aborrecer, severa e inteligente, fez um sermão no instante em que eles se sentaram para a primeira aula.
— A Transfiguração é uma das mágicas mais complexas e perigosas que vão aprender em Hogwarts. Quem fizer bobagens na minha aula vai sair e não vai voltar mais. Estão avisados. — Transformou, então, a mesa em porco e de volta em mesa.
– A mesma transformação. – Tiago disse sorrindo, Minerva era sua professora favorita.
– E o mesmo discurso. – Sirius completou rindo.
– Que é uma mentira. – Remo disse trocando olhares com Tiago e Sirius. – Eles já fizeram várias besteiras nas aulas e McGonagall nunca expulsou eles.
Todos ficaram muito impressionados e ansiosos para começar, mas logo perceberam que não iam transformar os móveis em animais ainda por muito tempo. Depois de fazerem anotações complicadas, receberam um fósforo e começaram a tentar transformá-lo em agulha. No fim da aula, somente Hermione Granger produzira algum efeito no fósforo, a Professora Minerva mostrou a classe como o fósforo ficara todo prateado e pontiagudo e deu um raro sorriso à aluna.
– Parabéns. – Lily disse sorrindo impressionada para a garota. – No nosso primeiro ano só Tiago e Sirius conseguiram fazer agulhas.
A matéria que todos estavam realmente aguardando com ansiedade era a de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas as aulas de Quirrell foram uma piada. Sua sala cheirava fortemente a alho que todos diziam que era para espantar um vampiro que ele encontrara na Romênia e temia que viesse atacá-lo a qualquer dia.
Seu turbante contou ele, fora presente de um príncipe africano como agradecimento por tê-lo livrado de um zumbi incômodo, mas os alunos não tinham muita certeza se acreditavam na historia. Primeiro porque, quando Simas Finnigan pediu ansioso para Quirrell contar como liquidara o zumbi, Quirrell ficou vermelho e começou a falar do tempo, segundo porque eles repararam que havia um cheiro engraçado em volta do turbante, e os gêmeos Weasley insistiam que devia estar cheio de alho também, de modo que Quirrell estava protegido em qualquer lugar.
– Defesa contra as Artes das Trevas é uma matéria muito importante para ser dada por um panaca desses. – Remo bufou descontente.
– Talvez Dumbledore esteja ficando sem opções. – Alice disse dando de ombros – Nós nunca tivemos um professor que durou mais que um ano, e pelo que sei isso já acontece há algum tempo.
Harry se sentiu aliviado ao descobrir que não estava muito atrasado com relação ao resto da turma. Muitos alunos tinham vindo de famílias de trouxas e, como ele, não faziam ideia de que eram bruxas e bruxos. Havia tanto para aprender que até gente como Rony não estava tão adiantada assim.
Sexta-feira foi um dia importante para Harry e Rony, Eles finalmente conseguiram encontrar o caminho para o salão principal e tomar o café da manhã sem se perder nem uma vez.
— O que temos hoje? — perguntou Harry a Rony enquanto punha açúcar no mingau de aveia.
— Poções duplas com o pessoal da Sonserina. Snape é diretor da Sonserina. Dizem que sempre os protege. Vamos ver se é verdade.
Lily olhou para Severo esperançosa, podiam estar brigados, mas ele era seu amigo mais antigo, não queria que ele fosse ruim com Harry, não queria que ele provasse que Sirius estava certo.
Severo só podia esperar que seu eu futuro não decepcionasse Lily.
— Gostaria que Minerva nos protegesse. — A Professora Minerva era diretora da Grifinória, mas isso não a impedira de dar aos seus alunos uma montanha de dever de casa no dia anterior.
Naquele instante chegou o correio. Harry agora já se acostumara com isso, mas levara um susto na primeira manhã quando centenas de corujas entraram de repente no salão principal durante o café da manhã, circulando as mesas até verem seus donos e deixarem cair as cartas e pacotes no colo deles.
Edwiges não trouxera nada para Harry até então. Às vezes entrava para beliscar sua orelha e comer um pedacinho de torrada antes de ir dormir no corujal com as outras corujas da escola. Esta manhã, porém, ela esvoaçou entre a geleia e o açucareiro e deixou cair um bilhete no prato de Harry. Ele o abriu imediatamente.
“Prezado Harry” — dizia, numa letra muito garranchosa. — “Sei que tem as tardes de sexta-feira livre, então será que não gostaria de vir tomar uma xícara de chá comigo por volta das três horas? Quero saber como foi a sua primeira semana. Mande-me uma resposta pela Edwiges... Hagrid”.
Harry pediu emprestada a pena de Rony e escreveu:
“Sim, gostaria, vejo você mais tarde” no verso do bilhete e despachou Edwiges outra vez.
Foi uma sorte que Harry tivesse o convite de Hagrid com que se alegrar, porque a aula de Poções foi a pior coisa que lhe acontecera até ali.
Sirius, Tiago e Remo olharam para Severo com raiva, ele devia ter feito algo para Harry sentir-se mal assim.
– Pode ter sido outra coisa. – Lily disse inocente olhando para Severo com esperança, não podia acreditar que seu amigo de infância seria ruim com seu filho.
No início do banquete de abertura do ano letivo, Harry tivera a impressão de que o Professor Snape não gostava dele. No final da primeira aula de Poções, ele viu que se enganara. Não era bem que Snape não gostava de Harry — ele o odiava.
Lily olhou para Severo, completamente decepcionada. Como ele podia odiar o filho dela?
A aula de Poções foi em uma das masmorras. Era mais frio ali do que na parte social do castelo e teria dado arrepios mesmo sem os animais embalsamados flutuando em frascos de vidro nas paredes à volta.
Snape, como Flitwick, começou a aula fazendo a chamada e, como Flitwick, ele parou no nome de Harry...
— Ah, sim — disse baixinho. — Harry Potter. A nossa nova celebridade.
– Ele está tratando o Harry como se ele fosse o Tiago. – Remo disse irritado.
Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas escondendo a boca com as mãos. Snape terminou a chamada e encarou a classe. Seus olhos eram negros como os de Hagrid, mas não tinham o calor dos de Hagrid. Eram frios e vazios e lembravam túneis escuros.
— Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções — começou. Falava pouco acima de um sussurro, mas eles não perderam nenhuma palavra. Como a Professora Minerva, Snape tinha o dom de manter uma classe silenciosa sem esforço. — Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar se não forem o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.
– Você realmente não deve falar com as crianças assim. – Lily disse repreensiva – Assim nenhum deles vai gostar de poções...
Mais silêncio seguiu-se a esse pequeno discurso. Harry e Rony se entreolharam com as sobrancelhas erguidas Hermione Granger estava sentada na beiradinha da carteira e parecia desesperada para começar a provar que não era uma cabeça-oca.
— Potter! — disse Snape de repente. — O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?
– O que? – Tiago gritou perdendo o controle que lutava para manter. – É o primeiro dia dele e você não ensinou nada, como espera que ele saiba? – Tiago lutava com todas as forças para não se levantar.
“Raiz de quê em pó a um infusão do quê”? Harry olhou para Rony, que parecia tão embatucado quanto ele, a mão de Hermione se ergueu no ar.
— Não sei não senhor — disse Harry.
A boca de Snape se contorceu num riso de desdém.
—Tsk, tsk, a fama pelo visto não é tudo.
E não deu atenção a mão de Hermione.
— Vamos tentar outra vez, Potter. Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar?
– Isso é realmente injusto, – Lily disse com tristeza misturada à decepção – isso é matéria do sexto ano.
Até Severo achou a atitude de seu futuro eu injusta, não conseguia entender por que estava fazendo isso.
Hermione esticava sua mão no ar o mais alto que pôde sem se levantar da carteira, mas Harry não tinha a menor ideia do que fosse bezoar. Tentou não olhar para Malfoy, Crabbe e Goyle, que se sacudiam de tanto rir.
— Não sei não senhor.
— Achou que não precisava abrir os livros antes de vir, hein, Potter?
Harry fez força para continuar olhando diretamente para aqueles olhos frios. Folheara os livros na casa dos Dursley, mas será que Snape esperava que ele se lembrasse de tudo que vira em
Mil ervas e fungos mágicos?
Snape continuava a desprezar a mão trêmula de Hermione.
— Qual é a diferença Potter, entre acônito liconico e acônito lapelo?
O olhar de Lily para Severo foi de dar pena, a garota estava inconsolável, seu melhor amigo estava se mostrando um monstro com seu filho.
– Eu não fiz isso. – Severo disse, uma tentativa de pedido de desculpas.
– Mas vai fazer. – Lily disse com tristeza – Eu sei que vai fazer. Quando fecho os olhos hoje, consigo me ver casando com Tiago, e tendo Harry, e cuidando dele e protegendo-o. – os olhos de Severo foram de arrependimento para ódio em poucos segundos. – E é por causa do que estou vendo nos seus olhos agora que sei que você vai maltratar meu filho, mesmo que não o odeie, você nunca vai trata-lo como trata os outros alunos. Sempre vai ver Tiago nele. – Lily enterrou o rosto no peito de Tiago e deixou as lágrimas caírem.
Ao ouvir isso Hermione se levantou, a mão esquerda em direção ao teto da masmorra.
— Não sei — disse Harry em voz baixa. — Mas acho que Hermione sabe, porque o senhor não pergunta a ela?
– Na verdade é bem impressionante que você soubesse tudo isso na primeira aula. – Frank disse a Hermione, tentando cortar o clima que tinha ficado na sala depois da declaração de Lily.
Hermione sorriu tímida.
Alguns garotos riram, os olhos de Harry encontraram os de Simas e este deu uma piscadela. Snape, porém não gostou.
— Sente-se — disse com rispidez a Hermione. — Para sua informação Potter, asfódelo e losna produzem uma poção para adormecer tão forte que é conhecida como a Poção dos Mortos Vivos. O bezoar é uma pedra tirada do estômago da cabra e pode salvá-lo da maioria dos venenos. Quanto aos dois acônitos são plantas do mesmo gênero botânico. Então? Por que não estão copiando o que estou dizendo?
Ouviu-se um ruído repentino de gente apanhando penas e pergaminhos. E acima desse ruído a voz de Snape:
— E vou descontar um ponto da Grifinória por sua impertinência, Potter.
– Isso é um absurdo. – Alice disse irritada.
– Vocês nunca me contaram sobre isso. – Gina disse olhando para Severo com raiva.
As coisas não melhoraram para os alunos da Grifinória na continuação da aula de Poções. Snape separou-os aos pares e mandou-os misturar uma poção simples para curar furúnculos. Caminhava imponente com sua longa capa negra, observando-os pesar urtigas secas e pilar presas de cobras, criticando quase todos, exceto Draco, de quem parecia gostar.
Severo não conseguia se imaginar gostando de um garoto metido como Malfoy. Só podia imaginar que tinha algo a ver com o pai dele. Lucio foi quem apresentou Severo ao Lord das Trevas durante o verão.
Tinha acabado de dizer a todos que olhassem a maneira perfeita com que Draco cozinhara as lesmas quando um silvo alto e nuvens de fumaça ocre e verde invadiram a masmorra. Neville conseguira derreter o caldeirão de Simas transformando-o numa bolha retorcida e a poção dos dois estava vazando pelo chão de pedra, fazendo furos nos sapatos dos garotos. Em segundos, a classe toda estava trepada nos banquinhos enquanto Neville, que se encharcara de poção quando o caldeirão derreteu, tinha os braços e as pernas cobertos de furúnculos vermelhos que o faziam gemer de dor.
— Menino idiota! — vociferou Snape, limpando a poção derramada com um aceno de sua varinha. — Suponho que tenham adicionado as cerdas de porco-espinho antes de tirar o caldeirão do fogo?
Alice gritou de raiva olhando para Severo.
– Não fale assim com meu filho! – Frank disse irritado levando a mão à varinha. Neville segurou o braço do pai acalmando-o.
– Não se preocupe. – Neville disse muito mais seguro de si do que era aos onze anos.
Alice olhava para Severo com ojeriza, gostaria mais do que tudo de enfeitiça-lo, faze-lo sofrer, mas estava presa por sua promessa a Dumbledore.
– Se eu pudesse... – Alice disse ameaçadora. Severo encolheu-se sob o olhar da garota, não era covarde, mas sabia que se houvesse uma briga, ele estaria sozinho.
Neville choramingou quando os furúnculos começaram a pipocar em seu nariz.
— Levem-no para a ala hospitalar — Snape ordenou a Simas.
Em seguida voltou-se zangado para Harry e Rony, que estavam trabalhando ao lado de Neville.
— Você, Potter, por que não disse a ele para não adicionar as cerdas? Achou que você pareceria melhor se ele errasse, não foi? Mais um ponto que você perdeu para Grifinória.
– Isso é um absurdo! – Sirius que estava tentando não falar qualquer coisa ruim de Severo desde que Tiago pediu que ele evitasse se descontrolou. – Esse Ranhoso idiota está punindo Harry simplesmente por ser filho de Tiago!
A injustiça foi tão grande que Harry abriu a boca para argumentar, mas Rony deu-lhe um pontapé por trás do caldeirão.
— Não force a barra — cochichou. — Ouvi dizer que Snape pode ser muito indigesto.
Quando subiam as escadas para sair da masmorra uma hora depois, os pensamentos se sucediam velozes na cabeça de Harry, que se sentia deprimido. Perdera dois pontos para Grifinória na primeira semana, por que Snape o odiava tanto?— Ânimo — disse Rony — Snape está sempre tirando pontos de Fred e Jorge. Posso ir com você a casa de Rúbeo?
As cinco para as três eles saíram do castelo e atravessaram a propriedade. Hagrid morava numa casinha de madeira na orla da floresta proibida. Um par de galochas estava à porta da casa.
Quando Harry bateu à porta eles ouviram uma correria frenética e latidos ferozes. Depois, a voz de Hagrid dizendo:
— Para trás, Canino para trás.
A cara barbuda de Hagrid apareceu na fresta quando a porta se abriu.
— Espere aí. Para trás, Canino.
Ele os fez entrar, lutando para segurar com firmeza a coleira de um enorme cão de caçar javalis.
Havia apenas um aposento na casa. Presuntos e faisões pendiam do teto, uma chaleira de cobre fervia ao fogão e a um canto havia uma cama maciça coberta com uma colcha de retalhos.
— Estejam à vontade — falou Hagrid, soltando Canino, que pulou imediatamente para cima de Rony e começou a lamber-lhe a orelha. Como Hagrid, parecia óbvio que Canino não era tão feroz quanto se esperava.
— Este é o Rony — Harry disse a Hagrid, que fora despejar água fervendo num grande bule de chá e arrumar biscoitos num prato.
— Mais um Weasley, hein? — exclamou Hagrid vendo as sardas de Rony — Passei metade da vida expulsando seus irmãos da floresta.
– E a outra metade tirando Tiago, Sirius, Pedro e eu. – Remo disse trocando um sorriso com os amigos.
– Aliás, – Tiago disse de repente – é estranho que Pedro não esteja aqui.
– Talvez o que acontece com ele não possa ser mudado. – Sirius disse dando de ombros.
– Pode ser. – Tiago disse observando o modo com Rony e Hermione desviaram o olhar.
Os biscoitos quase quebraram os dentes deles, mas Harry e Rony fingiram gostar e contaram a Hagrid como tinham sido as primeiras aulas. Canino descansou a cabeça no colo de Harry e cobriu as vestes dele de baba.
Harry e Rony ficaram contentes de ouvir Hagrid chamar Filch de guitarra velha.
— Quanto àquela gata, Madame Nor-r-ra, às vezes eu tenho vontade de apresentar o Canino a ela. Sabe que todas as vezes que vou até a escola ela me segue por toda parte? Não consigo me livrar da gata. É Filch que a manda fazer isso.
Harry contou a Hagrid a aula de Snape. Hagrid, como Rony, disse a Harry que não se preocupasse, que Snape não gostava praticamente de nenhum aluno.
— Mas ele parecia que realmente me odiava.
— Bobagem! Por que o odiaria?
Mas Harry não pôde deixar de pensar que Hagrid evitou encará-lo quando disse isso.
– Por que Hagrid simplesmente não conta a Harry que Snape trata ele mal por causa de Tiago? – Frank perguntou mais para si mesmo que para os outros.
– Provavelmente por que ele é um professor, ele não devia ter ressentimentos de nenhum dos alunos. – Alice disse revirando os olhos para Severo.
— Como vai seu irmão Carlinhos? — perguntou Hagrid a Rony. — Eu gostava muito dele. Tinha muito jeito com animais.
Harry se perguntou se Hagrid teria mudado de assunto de propósito. Enquanto Rony contava tudo sobre o trabalho de Carlinhos com dragões, Harry apanhou um pedaço de papel que estava na mesa sob o abafador de chá. Era uma noticia recortada do Profeta Diário
O CASO GRINGOTES
Prosseguem as investigações sobre o arrombamento de Gringotes, ocorrido em 31 de julho, que se acredita ter sido trabalho de bruxos e bruxas das Trevas desconhecido.
Os duendes de Gringotes insistiam hoje que nada foi roubado.
O cofre aberto na realidade fora esvaziado mais cedo naquele dia.
"Mas não vamos dizer o que havia dentro, para que ninguém se meta, se tiver juízo", disse um porta-voz esta tarde.
– O cofre foi esvaziado mais cedo naquele dia? – Remo perguntou a Neville pensativo, Neville acenou afirmativamente – Harry e Hagrid esvaziaram um cofre, será que foi no mesmo dia?
Harry lembrou-se que Rony lhe contata no trem que alguém tentara roubar Gringotes, mas não mencionara a data.
— Rúbeo! — exclamou Harry. — Aquele arrombamento de Gringotes aconteceu no dia do meu aniversário! Talvez estivesse acontecendo enquanto a gente estava lá!
– Definitivamente estavam tentando roubar a pedra filosofal! – Frank constatou seguindo o pensamento de Remo. – Isso não é nada bom.
Não havia a menor dúvida, desta vez, Hagrid decididamente evitara encarar Harry. Resmungou alguma coisa e lhe ofereceu mais um biscoito. Harry releu a notícia ”O cofre aberto na realidade fora esvaziado mais cedo naquele dia”. Hagrid esvaziara o cofre setecentos e treze, se é que se podia chamar esvaziar alguém levar aquele pacotinho encalombado. Seria aquilo que os ladrões estavam procurando?
– Até que você tinha um raciocínio rápido para uma criança de onze anos. – Frank elogiou fazendo Harry dar um pequeno sorriso.
Quando Harry e Rony voltaram ao castelo para jantar, tinham os bolsos pesados com os biscoitos que a educação os impedira de recusar. Harry pensou que nenhuma das aulas a que assistira até ali tinha lhe dado tanto o que pensar quanto o chá com Rúbeo Hagrid.
– Mas se alguém realmente está tentando roubar a pedra você não tem nada a ver com isso. – Lily murmurou com a voz ainda chorosa.
Rony e Hermione se entreolharam, tinha mais a ver com Harry do que eles imaginavam.
Será que Hagrid tinha apanhado o pacote bem na hora?
Onde estava o pacote agora? Será que ele sabia alguma coisa de Snape que não queria contar a Harry?
– Você não devia se meter nisso. – Lily disse com uma ponta de preocupação.
– Desculpa. – Harry disse sem saber o que dizer, Lily ainda tinha o rosto enterrado no peito de Tiago e por isso sua voz saia abafada.
– O capítulo já acabou? – Lily perguntou e recebeu um murmúrio de concordância de Neville.
Lily levantou-se e deu as costas a todos, dirigindo-se ao banheiro. Tiago e Harry se entreolharam e Harry acenou discretamente para que Tiago fosse atrás dela.
Tiago levantou-se e foi atrás dela. Lily estava parada à porta do banheiro, parecia ter acabado de lavar o rosto e tinha as faces coradas.
– Achei que fosse vir atrás de mim. – Lily disse dando um meio sorriso triste. – Obrigada por pedir a Sirius para parar de implicar com Severo.
– Fiz isso só por você. – Tiago disse dando dois passos em direção a ela – Você ficava nervosa toda vez que Sirius fazia algum comentário sobre Snape.
– Eu sei que foi por mim. – Lily disse agradecida. – Você está sendo maravilhoso.
– Só não quero ver você sofrendo. – Tiago disse colocando uma mecha do cabelo de Lily atrás da orelha. – Não entendo por que você quer a amizade de Snape, não entendo mesmo, – Tiago disse olhando Lily nos olhos – mas se é isso que te faz feliz, só posso tentar facilitar as coisas para você.
– Realmente não esperava isso. – Lily disse pegando a mão de Tiago – Eu tinha uma ideia completamente errada sobre você.
– Lily, você disse que consegue se enxergar casando comigo. – Tiago disse constrangido baixando os olhos – É verdade?
– Já combinamos que não vamos apressar as coisas... – Lily disse levantando o rosto de Tiago com um dedo – Mas estou começando a enxergar você como algo mais. Não sei explicar...
– Não precisa. – Tiago disse sorrindo – Quando você souber explicar, ou quando estiver pronta, estarei pronto para escutar.
Lily e Tiago voltaram para a sala de mãos dadas, o queixo de Severo tremia de tanta raiva ao vê-los cada vez mais próximos.
– Podemos fazer uma pausa para comer? – Sirius perguntou quando os dois voltaram. – Estou ficando com fome.
– Podemos comer depois do próximo capítulo. – Lily disse determinada sentando-se entre Harry e Tiago.
Frank pegou o livro e procurou pelo próximo capítulo.
– Capítulo IX – O duelo à meia-noite.
~~ x ~~
Não era para postar hoje (afinal postei antes de ontem), mas hoje é um dia muito importante para mim, e acredito que para vocês também. Hoje é o aniversário de morte de Lily e Tiago Potter, o dia que Harry recebeu sua cicatriz. Como McGonagall fala no primeiro capítulo, o dia de hoje pode ser considerado dia de Harry Potter. E por isso tudo precisei vir postar um capítulo.
Fiquei feliz em ver algumas pessoas novas entre os comentários. Cada um de vocês fez meu dia mais alegre.
Gi Molly Weasley: Tanto você pediu que ai está mais um capítulo. =)
Clenery Aingremont: O pior absurdo para mim foi Harry colocar o nome de Snape no filho dele e não colocar o de Remo... Vou acabar dedicando a próxima fic a você se você continuar comentando todos os capítulos. ;)
Nina Lovegood: Já tenho o terceiro livro todo planejado na minha cabeça, sei exatamente como cada um vai reagir. É um dos meus favoritos por que Sirius é meu personagem favorito...
Guilherme L.: Fico feliz que tenha resolvido comentar, adoro conhcer meus leitores e saber o que pensam!! É exatamente o que penso, ele é mal, ele era um comensal da morte, ele tinha as mesmas filosofias que Voldemort... Ele ter amado Lily durante toda a vida não faz dele uma pessoa boa, na verdade faz dele uma pessoa fraca, que em vez de ser uma pessoa boa para a pessoa que ele amava, entregou ela e sua família para Voldemort. Ele foi burro de achar que Voldemort a pouparia de qualquer forma, ou que ela escolheria viver sem o próprio filho.
MionGinnyLuna: Igual falei para o Guilherme e para a Clenery. Snape não é uma pessoa boa e ponto final.
Luiza Snape: Obrigada. =)
Mary Lilian Potter: Ele realmente não era quem parecia ser, mas ainda assim não consigo gostar dele de forma alguma.
Continuem comentando e fazendo-me feliz.
Até logo.
Comentários (12)
Prevejo que ao ler o título do próximo capítulo a Lily vai querer matar o Harry hahaha. Outra coisa sobre o Snape, eu achei ridículo o Harry dar o nome dele pro próprio filho. Tipo, ser grato pelo que ele fez no final, tudo bem( e eu nem concordo tanto com isso, se fosse pra homenagear teve mais umas 200 pessoas que mereciam mais que o Snape) O cara entregou os pais dele pra Voldemort falando da profecia e o Harry homenageia ele, achei que JK exagerou legal nessa parte. Quanto às mortes, a que eu senti mais foi sem dúvida a do Sirius..o Dumbledore eu já imaginava que morreria, não senti tanto assim. Agora eu me imaginei na pele do Harry, perdendo todo mundo que amava e no "final" ainda perder o padrinho. O Remo eu senti muito pelo mesmo motivo.
2013-10-31O que eu acho é exatamente isso... A J.K só colocou que o Snape era bonzinho em cima da hora para todo mundo ficar com pena e bla bla bla. Se ele realmente fosse uma boa pessoa e melhor amigo de Lily, ele teria tratado Harry melhor... Mais fácil ainda, como você disse: não teria os entregado a Voldemort acreditando que ele pouparia a ela. Ele é egoísta! Tem aquele capítulo de "Deathly Hallows". Ele entregaria Harry no lugar de Lily. Quando li isso, senti o mesmo nojo que Dumbledore. Fico feliz que não seja a única a pensar dessa forma.Um momento de silêncio a Lily e James Potter. Sério, cara. Eu choro na morte de TODOS os personagens de Harry Potter (menos o Snape, podem me julgar. Aliás, menos o Snape e a Bellatrix (na verdade eu comemorei a morte dela)... O Voldemort eu também não chorei). A história dos Potter é muito triste :/
2013-10-31