4 - O guardião das chaves
– O guardião das chaves.
– Hagrid! – Lily, Tiago, Sirius, Remo, Alice e Frank exclamaram felizes, eles gostavam muito do guarda-caça que sempre foi muito bondoso com todos.
– Hagrid foi entregar sua carta. – Remo continuou mais tranquilo – Ele é ótimo.
– Nós sabemos. – Gina, Neville, Rony e Hermione disseram juntos com um sorriso feliz.
BUM!
Tiago leu gritando e assustou a todos os presentes.
Bateram outra vez. Duda acordou assustado.
— Onde está o canhão? — perguntou abobado.
– Bobalhão. – Sirius cochichou rindo.
Ouviam coisa cair atrás deles e tio Válter entrou derrapando pela sala. Trazia um rifle nas mãos, agora sabiam o que era aquele pacote fino e comprido que ele carregava.
– Como se isso fosse adiantar. – Frank disse imaginando se Dursley teria coragem de atirar em Hagrid.
— Quem está ai? — gritou. — Olha que estou armado! — Silêncio. E em seguida...
TRAM!
Tiago gritou novamente e recebeu um tapa de Lily.
– Pare de me assustar! – A garota disse irritada, dando a Snape uma pontada de esperança que logo desapareceu ao ver como a ruiva olhava com carinho para Potter. As coisas estavam indo de mau a pior e Severo estava a cada segundo mais infeliz.
A porta levou uma pancada tão violenta que se soltou das dobradiças e, com um baque ensurdecedor, desabou no chão.
Um homem gigantesco estava parado ao portal.
– Gigantesco, é modo de falar... – Lily disse pensativa – Hagrid não é um gigante, gigantes são muito maiores.
– Mas você tem que reconhecer que ele é assustadoramente grande. – Alice disse ponderada.
– Sempre pensei que ele pode ter tomado uma poção de crescimento estragada. – Lily disse dando de ombros.
– Acho que está mais para um feitiço de ingorgitamento que acertou ele quando criança. – Remo sugeriu.
Rony, Gina, Hermione, Harry e Neville ficaram em silencio, não podiam comentar que sabiam por que Hagrid era tão grande.
Tinha o rosto completamente oculto por uma juba muito peluda e uma barba selvagem e desgrenhada, mas dava para se ver seus olhos, luzindo como besouros negros debaixo de todo aquele cabelo.
O gigante espremeu-se para entrar no casebre, curvando-se de modo que a cabeça apenas roçou o teto. Abaixou-se, apanhou a porta e tornou a encaixá-la sem esforço no portal. O ruído da tempestade lá fora diminuiu um pouco. Ele se virou para encarar todos.
— Não poderia preparar uma xícara de chá para nós, poderia? Não foi uma viagem fácil...
A sala explodiu em gargalhadas, apenas Hagrid pediria uma xícara de chá depois de derrubar a porta da sala.
E dirigiu-se ao sofá onde Duda estava paralisado de medo.
— Chegue para lá, gordão — disse o estranho.
Duda soltou um guincho e correu a se esconder atrás da mãe, que parara encolhida, aterrorizada, atrás de tio Válter.
— Ah, e aqui está o Harry! — disse o gigante.
Harry ergueu os olhos para a cara feroz e selvagem em sombras e viu que os olhos de besouro se enrugavam em um sorriso.
— A última vez que o vi, você era um bebê — disse o gigante. — Você parece muito com o seu pai, mas tem os olhos da sua mãe.
Lily suspirou infeliz, Harry realmente tinha seus olhos. Ela sabia que seu destino era morrer com Tiago, mas aqueles livros estavam ali para dar a eles uma esperança, eles podiam mudar tudo, Harry poderia ter uma infância feliz.
Tiago sabia exatamente o que Lily estava sentindo e apertou sua mão. Severo olhou para eles infeliz, também queria mudar aquele destino, se Lily não se casasse com Potter, ela não morreria.
Tio Válter fez um som estranho e rascante.
— Exijo que saia imediatamente! — disse — O senhor invadiu minha casa!
— Ah, cala a boca, Dursley seu cara de passa — disse o gigante, e esticou o braço para trás do sofá, arrancando a arma das mãos de tio Válter, vergou-a no meio como se fosse de borracha e atirou-a a um canto da sala.
Tio Válter fez outro som esquisito, como um camundongo sendo pisado.
– Corajoso. – Sirius pontuou irônico.
— Em todo caso, Harry — disse o gigante, dando as costas para os Dursley —, feliz aniversário para você. Tenho uma coisa para você aqui, talvez tenha sentado nela sem querer, mas o gosto continua bom.
De um bolso interno do casaco preto ele tirou uma caixa meio amassada. Harry abriu, com os dedos trêmulos. Dentro havia um grande e pegajoso bolo de chocolate com a frase Feliz Aniversário escrita em glacê verde.
Tiago parou de ler emocionado e Lily rompeu em prantos.
– Hagrid é uma pessoa maravilhosa. – Lily disse olhando para Harry com lágrimas nos olhos.
– Melhor pessoa do mundo. – Sirius disse também emocionado, não sabia por que não estava presente na vida do afilhado, não conseguia imaginar por que não estava lá cuidando de Harry.
Harry olhou para Sirius com alguma pena, sabia o que o padrinho devia estar pensando.
Harry olhou para o gigante. Quis dizer obrigado, mas as palavras se perderam a caminho da boca, e em lugar disso o que disse foi:
— Quem é você?
– Isso não foi nada educado. – Hermione comentou olhando para Harry com censura.
– Eu estava assustado. – Harry respondeu cruzando os braços. – Eu achava que era trouxa, não sabia nada sobre o mundo dos bruxos, e Hagrid é um tanto diferente do que eu estava acostumado.
O gigante deu uma risada abafada.
— É verdade, não me apresentei. Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts.
Estendeu uma mão enorme e sacudiu o braço inteiro de Harry.
— E que tal o chá, hein? — perguntou esfregando as mãos. — Eu não diria não a uma pessoa mais forte, se é que você me entende.
Seus olhos bateram na lareira vazia em que ficara o pacote carbonizado de cereal e ele soltou uma risadinha desdenhosa. Curvou-se para a lareira, não viram o que ele estava fazendo, mas quando se afastou um segundo depois, havia dentro dela um clarão ribombante. O fogo estrondoso encheu todo o casebre úmido com sua luz tremeluzente e Harry sentiu o calor envolvê-lo como se tivesse mergulhado em um banho quente.
– Mas Hagrid não tem autorização para fazer magia. – Frank disse reticente – Ele foi expulso de Hogwarts, quebraram a varinha dele.
– Ele guardou os pedaços – Remo disse rindo – ele usa escondido.
– Hagrid realmente não devia fazer isso. – Alice disse preocupada – Usar uma varinha quebrada é muito perigoso.
– Realmente muito perigoso! – Rony disse rindo, Harry, Gina e Hermione explodiram em risos lembrando-se da varinha quebrada de Rony. E os outros ficaram olhando sem entender.
O gigante se recostou no sofá, que afundou um pouco sob o seu peso, e começou a tirar coisas de todo gênero dos bolsos do casaco: uma chaleira de cobre, uma embalagem amassada de salsichas, um espeto, um bule de chá, várias xícaras lascadas e uma garrafa de um líquido âmbar de que ele tomou um gole antes de começar a preparar o chá.
– Fico imaginando como Hagrid consegue guardar tantas coisas no casaco. – Neville disse pensativo.
– É um feitiço indetectável de extensão. – Hermione disse com simplicidade.
O jeito como aquela garota não conseguia ficar quieta irritava Snape profundamente. Ele não entendia bem o porquê.
Logo o casebre se encheu com o ruído e o cheiro de salsichas fritas. Ninguém disse nada enquanto o gigante trabalhava, mas assim que ele empurrou as primeiras salsichas gordas e suculentas, ligeiramente queimadas, do espeto, Duda se mexeu. Tio Válter disse com rispidez:
— Não toque em nada que ele lhe der, Duda.
O gigante deu uma risadinha ameaçadora.
— Esse pudim de banha do seu filho não precisa engordar mais Dursley, não se preocupe.
E passou as salsichas para Harry, que estava tão faminto e nunca provara nada tão maravilhoso, mas ainda assim não conseguia tirar os olhos do gigante. Finalmente, como ninguém parecia disposto a explicar nada, ele disse:
— Me desculpe, mas continuo sem saber realmente quem você é.
O gigante tomou um grande gole de chá e limpou a boca com as costas da mão.
— Chame-me de Rúbeo, é como todos me chamam. E como lhe disse, sou o guardião das chaves de Hogwarts, você sabe tudo sobre Hogwarts, é claro.
— Ah, não — disse Harry. Hagrid pareceu chocado. — Sinto muito — apressou-se Harry a dizer.
– Hagrid vai ficar realmente irritado com isso. – Remo disse. Conhecendo bem o guarda-caça sabia que ele não estaria preparado para explicar tudo a Harry.
— Sente muito? — vociferou Hagrid, virando-se para encarar os Dursley, que tinham recuado para as sombras. — Eles é que deviam sentir muito! Eu sabia que você não estava recebendo as cartas, mas nunca pensei que nem ao menos sabia da existência de Hogwarts, para apelar! Você nunca se perguntou onde foi que seus pais aprenderam tudo?
— Tudo o quê? — perguntou Harry
— TUDO O QUÊ? — berrou Hagrid — Ora espere aí um segundo!
Ele se levantara de um salto. Na raiva parecia encher o casebre todo. Os Dursley se encolhiam contra a parede.
— Vocês vão querer me dizer — rosnou para os Dursley — que este menino, este menino! Não sabe nada, de NADA?
Harry achou que a coisa estava indo longe demais. Afinal tinha freqüentado a escola e suas notas não eram ruins.
— Eu sei alguma coisa — falou — Sei, sabe, matemática e outras coisas.
– Oh Harry. – Lily afagou os cabelos do menino com carinho enquanto os outros riam.
– Já falei. – Harry bufou – Só tinha onze anos e não estava entendendo nada do que estava acontecendo.
Mas Hagrid dispensou-o com um abano de mão e disse:
— Do nosso mundo, quero dizer. Seu mundo. Meu mundo. O mundo dos seus pais.
— Que mundo?
Hagrid parecia preste a explodir
— DURSLEY! — urrou ele.
Tio Válter, que ficara muito pálido, murmurou alguma coisa ininteligível Hagrid olhou alucinado para Harry.
— Mas você deve saber quem foram sua mãe e seu pai — disse — Quero dizer, eles são famosos. Você é famoso.
— Quê? Meu pai e minha mãe eram famosos?
— Você não sabe... Você não sabe... — Hagrid correu os dedos pelos cabelos, fixando em Harry um olhar perplexo. — Você não sabe quem é? — perguntou finalmente.
Tio Válter de repente encontrou a voz.
— Pare! – ordenou — Pare agora mesmo! Eu o proíbo de contar qualquer coisa ao menino!
– Até parece que isso vai impedir Hagrid de falar alguma coisa. –Remo disse sorrindo.
Um homem mais corajoso do que Dursley teria se intimidado com o olhar furioso que Hagrid lhe deu, quando Hagrid falou, cada sílaba tremia de raiva.
— VOCÊ NUNCA CONTOU? NUNCA CONTOU O QUE DUMBLEDORE DEIXOU ESCRITO NAQUELA CARTA PARA ELE? EU ESTAVA LÁ! EU VI DUMBLEDORE DEIXAR A CARTA, DURSLEY! E VOCÊ ESCONDEU DELE TODOS ESSES ANOS?
— Escondeu o que de mim? — perguntou Harry ansioso.
— PARE! EU O PROÍBO! — gritou tio Válter em pânico.
Tia Petúnia deixou escapar um grito sufocado de horror.
– Tuney sempre foi exageradamente dramática. – Lily disse revirando os olhos para a irmã no livro.
— Ah, vão tomar banho, vocês dois — disse Hagrid. — Harry, você e um bruxo.
– O Hagrid podia ter sido um pouco mais sensível. – Alice disse um pouco abismada – Deve ter sido um grande choque receber a noticia assim.
– Ah, minha vida era tão ruim que acreditaria em qualquer coisa que Hagrid dissesse naquele momento. – Harry deu de ombros, Lily, Tiago, Sirius e Remo o encararam ligeiramente chocados, não era nada agradável ouvir aquilo de alguém que já estavam aprendendo a amar.
O casebre mergulhou em silêncio. Ouviam-se apenas o mar e o assobio do vento.
— Eu sou o quê? — ofegou Harry.
— Um bruxo, é claro — repetiu Hagrid, recostando-se no sofá, que gemeu e afundou ainda mais —, e um bruxo de primeira, eu diria, depois que receber um pequeno treino. Com uma mãe e um pai como os seus, o que mais você poderia ser? E acho que já está na hora de ler a sua carta.
Harry estendeu a mão finalmente para receber o envelope meio amarelo, endereçado em tinta verde para:
Sr. H. Potter,
O Assoalho,
Casebre sobre Rochedo,
O Mar.
Ele puxou a carta e leu,
ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA HOGWARTS
Diretor: Alvo Dumbledore
(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos).
Prezado Sr. Potter,
Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall.
Diretora Substituta.
As perguntas explodiam na cabeça de Harry como fogos de artifício, e ele não conseguia decidir o que perguntar primeiro. Passados alguns minutos, gaguejou.
— O que querem dizer com "estão aguardando a minha coruja"?
– Você podia ter perguntado qualquer coisa e perguntou sobre a coruja? – Sirius encarou Harry divertido.
– Que pergunta idiota. – Rony completou rindo.
– Foi a última coisa que li. – Harry respondeu envergonhado.
– Parem de implicar com meu filho. – Lily disse com olhar assassino. – Ele tinha apenas onze anos, é difícil entender que é bruxo em um primeiro momento.
– Tomei um grande choque quando a professora Caridade Burbage apareceu na minha casa para explicar para mim e para os meus pais que eu era uma bruxa. – Hermione disse entendendo perfeitamente a reação de Harry e de Lily.
– Quem é Caridade Burbage? – Sirius perguntou curioso.
– Professora de Estudo dos Trouxas. – Hermione respondeu com simplicidade – Ela era a mais indicada para isso, não choca tanto os trouxas.
– Você é nascida-trouxa então? – Lily perguntou prestando um pouco mais de atenção à menina. Na verdade além de Harry não tinha dado muita atenção às outras pessoas que vieram do futuro.
– É. – Rony respondeu orgulhoso. – E além disso é a bruxa mais inteligente da nossa época. – Hermione corou e recebeu uma piscadela de Rony.
— Gárgulas galopantes! Isto me lembra uma coisa — disse Hagrid, batendo a mão na testa com força suficiente para derrubar um cavalo, e de outro bolso interno do casaco tirou uma coruja, uma coruja de verdade, viva, meio arrepiada, uma longa pena e um rolo de pergaminho. Com a língua entre os dentes, ele rabiscou um bilhete que Harry pôde ler de cabeça para baixo:
"Prezado Sr. Dumbledore
Entreguei a carta a Harry. Vou levá-lo amanhã para comprar o material. O tempo está horrível.
Espero que o senhor esteja bem.
Hagrid.”
Hagrid enrolou o pergaminho, entregou-o à coruja, que o prendeu no bico, depois ele foi até a porta e lançou a ave na tempestade. Quando voltou, sentou-se como se aquilo fosse tão normal quanto pegar o telefone.
– E é. – Sirius comentou dando de ombros. – Telefones até funcionam em algumas casas bruxas, mas a maioria fica com interferência demais por causa da magia do lugar.
– E como você sabe tudo isso sobre telefones? – Frank perguntou curioso, assim como ele, Tiago, Sirius e Alice vinham de uma família de bruxos e por isso não estavam acostumados com coisas de trouxas.
– Nós fizemos estudo dos trouxas. – Tiago respondeu com simplicidade.
– Por que? – Alice perguntou sem entender, as pessoas que faziam estudo dos trouxas eram geralmente as que queriam trabalhar com relação com trouxas no ministério, e não conseguia imaginar Tiago e Sirius em um trabalho tão entediante.
– Queria irritar minha mãe. – Sirius disse rindo, e todos que sabiam como sua mãe era riram – E Tiago e eu sempre pegamos as mesmas matérias. – completou dando um sorriso para o melhor amigo. Rony e Harry trocaram um olhar de entendimento ao ouvir aquilo, a relação deles era exatamente a mesma de seu pai e Sirius. Severo achou aquilo ridículo, escolher matérias para irritar alguém ou para ficar perto de um amigo era grotesco para ele.
Harry percebeu que sua boca se abrira e fechou-a rapidamente.
— Onde é que eu estava? — disse Hagrid, mas naquele momento, tio Válter, ainda cor de cera, mas parecendo muito furioso, adiantou-se até a luz da lareira.
— Ele não vai — falou.
Hagrid resmungou.
— Eu gostaria de ver um grande trouxa como você impedi-lo. — respondeu.
— Um o quê? — perguntou Harry interessado.
— Um trouxa — disse Hagrid — é como chamamos gente que não é mágica como nós. E você teve o azar de ser criado na família dos maiores trouxas que já vi na vida.
– Hagrid fala como se todos os trouxas fosse ruins. – Lily disse ofendida.
– Pode ter certeza de que não é o que ele queria dizer. – Remo disse tentando acalmar Lily.
– Não mesmo. – Hermione disse sorrindo e lembrando-se de tudo de bom que Hagrid já fez por ela.
— Juramos quando o aceitamos que poríamos um fim nessa bobagem — disse tio Válter —, juramos que erradicaríamos isso nele. Bruxo, francamente!
– Como esses trouxas podem ser tão burros? – Severo comentou chamando a atenção de todos. – Magia não é como uma mancha que pode ser apagada. Não existe uma forma de fazer uma pessoa deixar de ser magica. – Snape sabia disso muito bem, seu pai nunca havia aceitado ter um filho bruxo.
— Você sabia? — perguntou Harry. — Você sabia que sou um... Bruxo?
— Sabia! — guinchou tia Petúnia de repente. — Sabia! Claro que sabíamos! Como poderia não ser, a maldita da minha irmã sendo o que era?
Lily se encolheu sob o ódio da irmã. Tiago percebeu que a garota estava sofrendo e abraçou-a com carinho tentando conforta-la.
– Você não é maldita. – Harry sussurrou apenas para Lily. – Você é maravilhosa. – Harry lembrava-se perfeitamente de como doía ser maltratado pela própria família.
Ah, ela recebeu uma carta igual a essa e desapareceu, foi para aquela... Aquela escola, e voltava para casa nas férias com os bolsos cheios de ovos de sapo, transformando xícaras em ratos. Eu era a única que a via como ela era. Um aborto da natureza! Mas para minha mãe e meu pai, ah não era Lílian isso e Lílian aquilo, tinham orgulho de ter uma bruxa na família!
– Espera ai. – Remo interrompeu Tiago que já estava começando a ler a próxima frase. – Ela via você transformando xicaras em ratos?
– A senhorita certinha monitora-chefe não é tão certinha assim não é. – Sirius implicou com Lily.
– Na verdade nós temos autorização para mostrar um pouco de magia aos nossos pais para eles saberem o que estamos aprendendo. – Hermione respondeu por Lily.
– Você nunca disse isso para a gente. – Rony cruzou os braços e olhou para Hermione emburrado.
– Envolve muita burocracia, uma autorização oficial do ministério e de um dos professores que garanta que não usaremos magia para nada além de uma pequena demonstração aos pais no dia que chegarmos em casa. – Lily disse defendendo Hermione.
– Na verdade depois do quarto ano parei de receber a autorização do ministério. – Hermione comentou dando de ombros. Harry, Rony, Gina e Neville entendiam perfeitamente o porquê.
– Por que? – Sirius, o mais curioso de todos ali, perguntou.
– Vocês vão descobrir se continuarmos lendo. – Harry respondeu e fez sinal para o pai voltar ao livro.
Ela parou para suspirar profundamente e aí continuou seu discurso. Parecia que estava querendo dizer aquilo havia anos.
— Então ela conheceu Potter na escola e eles saíram de casa, casaram e tiveram você, e é claro que eu sabia que você ia ser igual, esquisito, anormal e então ela vai e me faz o favor de se explodir e nos deixar entalados com você!
Harry ficara muito branco. Assim que encontrou a voz, disse:
— Se explodir? Você me disse que eles morreram num acidente de carro!
— ACIDENTE DE CARRO! — rugiu Hagrid erguendo-se com tanta raiva que os Dursley voltaram correndo para o canto da sala — Como é que um acidente de carro poderia matar Lílian e Tiago Potter! Isto é um absurdo! Um escândalo! E Harry Potter não conhecer a própria história, quando qualquer garoto no nosso mundo conhece o nome dele!
Harry suspirou com pesar. Odiava ser famoso, odiava receber olhares de todos aonde fosse.
— Mas por quê? O que aconteceu? — perguntou Harry ansioso.
A raiva desapareceu do rosto de Hagrid. Ele pareceu repentinamente aflito.
— Eu nunca esperei isso — disse numa voz contida e preocupada. — Eu não fazia ideia do quanto você desconhecia, quando Dumbledore me disse que eu poderia ter problemas para encontrá-lo. Ah, Harry, não sei se sou a pessoa certa para lhe contar, mas alguém tem de contar, você não pode viajar para Hogwarts sem saber.
– Realmente seria terrível se ele chegasse a Hogwarts sem saber. – Remo comentou.
Ele lançou um olhar feio aos Dursley.
— Bom, é melhor você saber o que eu puder lhe contar, mas não posso lhe contar tudo, é um grande mistério, algumas partes.
Ele se sentou, fitou o fogo durante alguns segundos e então falou:
— Começa, eu acho, com.. Com uma pessoa chamada, mas é incrível você não saber o nome dele, todo o mundo no nosso mundo sabe...
— Quem?
— Bom... Não gosto de dizer o nome dele se puder evitar. Ninguém gosta.
— Por que não?
— Gárgulas vorazes, Harry, as pessoas ainda estão apavoradas. Droga, como é difícil. Olha, havia um bruxo que virou... Mau. Tão mau quanto alguém pode virar. Pior. Pior do que o pior.
O nome dele era...
Hagrid engoliu em seco, mas não conseguiu dizer nada.
— E se você escrevesse? — sugeriu Harry.
— Não, não sei soletrar o nome dele. Está bem, Voldemort. — Hagrid estremeceu. — Não me faça repetir. Em todo o caso, esse... Esse bruxo faz uns vinte anos agora, começou a procurar seguidores. E conseguiu alguns por medo, outros porque queriam ter um pouco do poder dele, sim, porque ele estava ficando poderoso. Dias funestos Harry, ninguém sabia em quem confiar, ninguém se atrevia, a ficar amigo de bruxas ou bruxos desconhecido. Coisas horríveis aconteciam. Ele estava tomando o poder. E claro que algumas pessoas se opuseram a ele, e ele as matou. Terrível. Um dos únicos lugares seguros que restaram foi Hogwarts. Acho que Dumbledore era o único de quem Você-Sabe-Quem tinha medo. Não ousou se apoderar da escola, não no começo, pelo menos.
– O que ele quer dizer com não no começo? – Alice perguntou estremecendo. – Ele tentou depois?
– Não sei como responder isso. – Harry disse olhando para Hermione pedindo ajuda.
– Só podemos falar do que aconteceu até o momento do livro que estamos lendo. – Hermione disse categórica – Então a resposta é: ele não tentou se apoderar de Hogwarts até esse momento.
Ora sua mãe e seu pai eram os melhores bruxos que eu já conheci. Primeiros alunos em Hogwarts no seu tempo! Suponho que o mistério era por que Você-Sabe-Quem nunca tentou convencer os dois a se aliar a ele antes... Provavelmente sabia que eram muito chegados a Dumbledore para querer alguma coisa com o lado das Trevas. Talvez ele achasse que podia convencê-los... Talvez quisesse tirar os dois do caminho. Só o que sabemos é que ele apareceu na vila em que vocês estavam morando, num dia das bruxas, faz dez anos. Na época você só tinha um ano de idade. Ele foi à sua casa e... E...
– Ele nunca convenceria um de nós a se juntar a ele. – Sirius disse com seriedade. Harry, Rony, Hermione, Gina e Neville suspiraram, sabiam que um dos marotos havia traído eles.
– Hagrid falou tão bem de nós. – Tiago falou olhando para Lily com carinho. Tiago e Lily ainda estavam abraçados, Lily pegou a mão que Tiago tinha em seu ombro e segurou com força, iriam ouvir mais uma vez sobre sua morte, e isso era doloroso demais para qualquer um dos dois aguentar sozinho.
Hagrid puxou depressa um lenço muito sujo e manchado e assoou o nariz, fazendo o barulho de uma buzina de nevoeiro.
— Desculpe — disse. — Mas é muito triste, conheci sua mãe e seu pai e não podia existir gente melhor, em todo o caso... Você-Sabe-Quem matou os dois. E então, e esse é o verdadeiro mistério da coisa, ele tentou matar você. Queria fazer o serviço completo, acho, ou então tinha começado a gostar de matar. Mas não conseguiu. Você nunca se perguntou como arranjou essa marca na testa? Isso não foi um corte normal. Isso é o que se ganha quando um feitiço poderoso e maligno atinge a gente, destruiu os seus pais e até a sua casa, mas não fez efeito em você, e é por isso que você é famoso, Harry. Ninguém nunca sobreviveu depois que ele decidia matá-lo, ninguém a não ser você, e ele já havia matado alguns dos melhores bruxos da época, os McKinnon, os Bones, os Prewett, e você era apenas um bebê, e sobreviveu.
– Os McKinnon como Marlene McKinnon? – Lily perguntou chorosa. E recebeu um aceno positivo de Hermione – Ela é nossa amiga. Dorme no mesmo dormitorio que a gente. – Lily completou olhando para Alice que também havia deixado uma lágrima escorrer.
– Nós conhecemos os Bones. – Sirius disse preocupado – Amélia Bones que trabalha no ministério sempre foi muito legal com a gente.
– Ela não tinha morrido até esse momento. – Hermione comentou por alto. – Como vocês conhecem ela?
– Ele e Tiago tiveram uma audiência disciplinar nas férias do quarto ano. – Remo respondeu quando percebeu que nenhum dos dois queria falar. – Sirius estava na casa de Tiago e os dois resolveram fazer uma aposta. Mas foram vistos pelos trouxas.
– Que aposta? – Alice perguntou curiosa.
– Não foi nada. – Tiago disse e pegou o livro para continuar lendo, mas Lily segurou o livro impedindo-o.
– Também quero saber. – Lily disse fazendo Tiago respirar fundo e olhar para Sirius.
– OK. – Sirius falou desistindo – Apostamos que eu conseguiria convencer uma garota trouxa a ir para a casa do Tiago com a gente. E eu consegui. – Sirius disse cruzando os braços sobre o peito.
– Você enfeitiçou a garota para conseguir, então não ganhou a aposta! – Tiago disse com raiva.
– O que vocês fizeram com a garota? – Lily perguntou assustada.
– A garota estava completamente confusa, então mandei ela embora. – Tiago respondeu bufando – Mas um cara tinha visto o Sirius confundindo a menina e levando ela para minha casa.
– Então o ministério acabou sendo envolvido. – Sirius disse dando de ombros como se não tivesse feito nada demais.
– Vocês são uns monstros. – Alice disse espantada. – O que vocês queriam com a menina?
– Provavelmente nada do que você está pensando. – Tiago disse defensivo. – Queria conselhos sobre como conquistar uma garota especifica...
– E o que aconteceu com vocês? – Gina perguntou divertida ao ver que Lily havia corado até a raiz dos cabelos ao entender que a garota que Tiago queria conquistar era ela.
– Amélia entendeu que não queríamos fazer mal nenhum a ela. – Sirius disse sincero – As pessoas acharam que queríamos fazer algo ruim com ela. – Sirius disse ofendido – Nunca faria algo com uma garota que ela não quisesse.
– Nossos pais tiveram que pagar uma multa por magia praticada por menores. – Tiago disse com simplicidade. – Meus pais não se importaram muito, depois que expliquei que só queria conversar com a garota.
– Minha mãe achou que eu finalmente estava tratando os trouxas como eles mereciam e não disse nada.
A maioria das pessoas da sala olhou para os dois assombrada, nunca haviam imaginado que eles tinham feito algo assim. Severo, no entanto olhou-os com raiva, para ele Tiago e Sirius eram patéticos e metidos, que se safavam de tudo o que aprontavam por ter dinheiro. A raiva que Snape sentia deles era cada vez maior, eles não tinham respeito por nada.
– Os Prewett são parentes dos Weasley, não são? – Frank perguntou para Gina e Rony lembrando-se que esse era o sobrenome deles.
– Mamãe era Prewett antes de casar. – Rony respondeu cabisbaixo – Os Prewett que o livro está dizendo eram meus tios Fabio e Gideão.
– Sinto muito. – Alice disse sorrindo com pena.
– Tudo bem, – Gina respondeu dando um meio sorriso – nunca conhecemos eles.
Algo muito doloroso passou pela cabeça de Harry. Quando a história de Hagrid ia terminando ele viu de novo um lampejo ofuscante de luz verde, com mais clareza do que se lembrava antes e se lembrou de mais uma coisa, pela primeira vez na vida, uma risada alta, fria e cruel.
Um tremor subiu pela espinha de todos. Voldemort riu ao matar Lily e Tiago.
Hagrid o observava com tristeza.
— Eu mesmo o retirei da casa destruída, por ordem de Dumbledore. Trouxe você para essa gente...
— Um monte de baboseiras antigas — disse tio Válter.
Harry se assustou, quase esquecera que os Dursley estavam ali. Tio Válter, sem dúvida, tinha recuperado a coragem. Olhava ameaçador para Hagrid e tinha os punhos fechados.
— Agora, ouça aqui, moleque — vociferou —, aceito que você seja meio estranho, provavelmente nada que uma boa surra não pudesse ter curado, e quanto aos seus pais, bem, eles eram excêntricos, não há como negar e o mundo está melhor sem eles, receberam o que mereciam por se meter com essa gente dada a bruxarias, foi o que previ, sempre soube que iam acabar mal.
Sirius começou a rosnar para o livro com raiva e teve que ser contido por Remo. Os outros estavam ocupados demais com raiva para notar o comportamento estranho dele. Tiago segurava o livro com tanta força que parecia que ia rasga-lo a qualquer momento.
Mas naquele instante, Hagrid ergueu-se de um salto do sofá e puxou um guarda-chuva cor-de-rosa e arrebentado de dentro do casaco. Apontou-o como uma espada para tio Válter, e disse:
— Estou lhe avisando, Dursley, estou lhe avisando, nem mais uma palavra...
Ameaçado de ser furado pela ponta de um guarda-chuva por um gigante barbudo, a coragem de tio Válter fraquejou outra vez, ele se achatou contra a parede e ficou em silêncio.
– Hagrid guarda os pedaços da varinha em um guarda-chuva cor-de-rosa? – Frank perguntou curioso.
Harry, Rony Hermione e Gina acenaram em concordância.
— Assim está melhor — disse Hagrid, arquejando e tornando a se sentar no sofá, que desta vez afundou de vez até o chão.
Harry, nesse meio tempo, continuava a ter perguntas e a fazer centenas dela.
— Mas o que aconteceu ao Vol... Desculpe... Quero dizer, Você-Sabe-Quem?
— Boa pergunta, Harry. Desapareceu. Sumiu. Na mesma noite em que tentou matar você. O que faz você ainda mais famoso. É o maior mistério, entende... Ele estava ficando cada dia mais poderoso, porque foi embora? Tem quem diga que ele morreu. Besteira, na minha opinião. Não sei se ainda tinha humanidade suficiente para morrer. Tem quem diga que ainda está lá fora esperando, ou coisa parecida, mas não acredito. Gente que estava do lado dele voltou para o nosso. Uns pareciam que estavam saindo de uma espécie de transe. Acho que não teriam feito isso se ele fosse voltar. A maioria de nós acha que ele ainda anda por ai, mas perdeu os poderes. Está fraco demais para continuar. Porque alguma coisa em você acabou com ele, Harry. Aconteceu alguma coisa, naquela noite, com que ele não estava contando, eu não seio que o foi, ninguém sabe, mas alguma coisa em você o aleijou, para valer.
– Fico me perguntando o que pode ter sido. – Remo disse pensativo. – Você era apenas um bebê, a não ser que você tenha algum poder espetacular que ainda não conhecemos, como poderia sobreviver ao ataque de Voldemort? – Remo perguntou a Harry retoricamente.
Harry deu de ombros, não poderia falar sobre isso, não agora pelo menos.
Hagrid fitou Harry com calor e respeito iluminando seus olhos, mas Harry, ao invés de se sentir contente e orgulhoso, teve a certeza de que tinha havido um terrível engano. Bruxo? Ele?
Como era possível? Passara a vida dominado por Duda e infernizado pela tia Petúnia e pelo tio Válter, se era realmente um bruxo, por que eles não tinham se transformado em sapos toda vez que tentaram prendê-lo no armário? Se uma vez derrotara o maior feiticeiro do mundo, como é que Duda sempre pudera chutá-lo para cá e para lá como se fosse uma bola de futebol?
– Você não conseguia controlar seus poderes na época. – Tiago disse com carinho – Às vezes você subconscientemente conseguia se livrar de algumas coisas, mas nem sempre conseguimos recorrer à magia antes de aprender a controla-la de verdade. – Harry sorriu para o pai.
— Rúbeo — disse calmo — acho que você deve ter cometido um engano. Acho que não posso ser um bruxo.
Para sua surpresa, Hagrid deu uma risadinha abafada.
— Não é bruxo, hein? Nunca fez nada acontecer quando estava apavorado ou zangado?
Harry olhou para o fogo. Pensando bem... Cada coisa estranha que deixara os seus tios furiosos tinha acontecido quando ele, Harry estava perturbado ou com raiva... Perseguido pela turma de Duda, pusera-se de repente fora do seu alcance, receoso de ir para a escola com aquele corte ridículo, conseguira fazer os cabelos crescerem de novo, e da última vez que Duda batera nele, não fora à forra sem perceber que estava fazendo isto? Não mandara uma cobra atacá-lo?
– Tecnicamente você não mandou a cobra atacá-lo. – Lily disse antes que o assunto “ofidioglossia” volta-se. – Se você tivesse a mandado ataca-lo você poderia até ser considerado uma pessoa ruim, mas não mandou. – Lily concluiu categórica.
Harry olhou para Hagrid, sorrindo, e viu que ele ria abertamente para ele.
— Viu? — disse Hagrid — Harry Potter não é bruxo? Espere, você vai ser famoso em Hogwarts.
Mas tio Válter não ia ceder sem brigar.
— Eu não já disse que ele não vai? — sibilou. — Ele vai para a escola secundária local e vai me agradecer por isso. Li aquelas cartas e dizem que ele precisa de um monte de lixo, livros de feitiços, varinhas mágicas e...
— Se ele quiser ir, um trouxão como você não vai poder impedir. — resmungou Hagrid raivoso. — Impedir o filho de Lílian e Tiago Potter de ir para Hogwarts! Você enlouqueceu. Ele está inscrito desde que nasceu.
– Na verdade todos estão inscritos desde que nasceram. – Frank disse pensativo – Há um livro aqui em Hogwarts com uma pena encantada que escreve o nome das crianças que nascem com sangue mágico.
Vai frequentar a melhor escola de bruxos e bruxedos do mundo. Sete anos lá e ele nem vai se reconhecer. Vai estudar com garotos iguais a ele, para variar, e vai estudar com o maior mestre que Hogwarts já teve, Alvo Dumbledore.....
— NÃO VOU PAGAR A NENHUM VELHO BIRUTA E PATETA PARA ENSINÁ-LO A FAZER MÁGICAS! — gritou tio Válter.
– Agora ele se meteu em uma encrenca. – Alice disse sorrindo maligna – Hagrid venera Dumbledore, vai ficar furioso com isso.
Mas ele finalmente fora longe demais. Hagrid agarrou o guarda-chuva e girou por cima da cabeça.
— NUNCA — trovejou — INSULTE... ALVO DUMBLEDORE NA... MINHA FRENTE!
E girou o guarda-chuva no ar baixando-o até apontar para Duda, houve um lampejo de luz violeta, o estalo de uma bombinha, um grito agudo e, no segundo seguinte, Duda estava dançando no mesmo lugar com as mãos apertando a barriga banhuda, guinchando de dor. Quando Duda virou de costas, Harry viu um rabo de porco enroscado saindo de um buraco nas calças dele.
A sala explodiu em gargalhadas. Todos imaginando Duda com um rabo de porco. Harry lembrava-se bem de seu primo com onze anos e um rabinho rosado.
Tio Válter urrou. Puxando tia Petúnia e Duda para o quarto, lançou um último olhar aterrorizado a Hagrid e bateu a porta ao entrar.
Hagrid olhou para o guarda-chuva e coçou a barba.
— Não devia ter perdido as estribeiras — disse arrependido —, mas em todo o caso saiu errado. Queria transformá-lo em porco, mas acho que ele já parecia tanto com um que não pude fazer muita coisa.
E olhou de esguelha para Harry, por baixo das sobrancelhas peludas.
— Fico agradecido se não contar isso para ninguém em Hogwarts — falou. – Não... Hum...
Tenho permissão para fazer mágicas, rigorosamente falando. Permitiram que eu fizesse alguma coisa para seguir você e entregar as cartas e coisas assim, uma das razões por que eu queria tanto este trabalho.
— Porque você não pode fazer mágica? — perguntou Harry.
— Ah, bom... Eu estive em Hogwarts, mas... Hum... Fui expulso, para falar a verdade. No terceiro ano. Eles partiram a minha varinha ao meio e tudo o mais. Mas Dumbledore me deixou ficar como guarda-caça. Grande sujeito o Dumbledore.
— Por que você foi expulso?
– Duvido que ele responda. – Remo falou e olhou para Sirius.
– Ele nunca responderia. – Sirius confirmou.
– Como vocês sabem? – Alice perguntou curiosa.
– Sirius perguntou para ele no nosso terceiro ano. – Tiago respondeu sério – Ele desconversou e quase quebrou a árvore que ele estava carregando para o natal.
— Já está ficando tarde e temos muito que fazer amanhã — disse Hagrid em voz alta. — Temos que ir à cidade, comprar os seus livros e etc.
Ele tirou o grosso casaco preto e atirou-o a Harry.
— Pode ficar com ele. Não se assuste se ele se mexer um pouco acho que ainda tenho uns ratos do campo em um dos bolsos.
– O casaco de Hagrid pode ser um pouco assustador às vezes. – Remo disse rindo.
– Esse é o fim do capítulo. – Tiago disse colocando o livro na mesa.
– Desviamos comemorar o aniversário de Harry! – Alice disse sorrindo de canto de boca para Harry.
– Não! – Harry disse constrangido, por favor.
– Não fique com vergonha Harry. – Gina disse sorrindo para ele.
– É Harry, você teve onze anos de aniversários não comemorados. – Rony completou animado.
– Vamos sim Harry. – Lily disse levantando-se e indo em direção à mesa.
– Como vamos conseguir um bolo? – Sirius perguntou levantando-se animado.
– Acho que essa sala é em cima das cozinhas, – Tiago disse tentando se lembrar do mapa do maroto sem consulta-lo. – Provavelmente basta pedir à mesa que os elfos domésticos escutam e mandam com o mesmo feitiço que usam no salão principal.
– É muito trabalho para os elfos... – Hermione começou a falar aproximando-se da mesa com quase todos os outros. Apenas Snape continuou sentado, recusava-se a comemorar o aniversário do filho do Potter.
– Hermione, – Rony disse baixo – por favor, os elfos domésticos estão felizes, você sabe disso. – Hermione bufou, mas não disse mais nada sobre o assunto.
– Queremos um bolo de aniversário e velas. – Tiago disse para a mesa, alguns minutos depois um grande bolo com glacê branco e o brasão de Hogwarts colorido. – Perfeito, – Tiago disse em direção à mesa – Obrigado!
– Vamos lá então? – Remo disse contente.
– Um minuto. – Lily disse vendo Severo ainda sentado no sofá. Lily foi até o sofá e sentou-se ao lado de Severo. – Sev, esse livro é uma segunda chance para todos nós, inclusive para você, vou dar uma segunda chance para a nossa amizade e espero o mesmo de você. – a garota completou olhando para Severo feliz em poder fazer isso. Severo não respondeu. Queria a amizade de Lily de volta, a amizade dela era melhor do que nada. Mas ela estava cada vez mais próxima de Tiago e isso estava matando Snape. – Por favor. – Lily olhou para ele pedinte e ele não resistiu.
– OK. – ele disse temeroso.
– Então venha comemorar o aniversário do meu filho. – Lily disse com orgulho nos olhos e Snape não teve coragem de dizer não.
Lily e Severo foram para a mesa com os outros. Sirius e Tiago se entreolharam desgostosos, mas Tiago não permitiu que Sirius fizesse qualquer comentário. Tiago amava Lily, se para conquista-la ele tinha que aturar Snape, então ele aturaria.
Tiago acendeu as velas e começou a cantar parabéns. Todos acompanharam entusiasmados com exceção de Snape que apenas batia palmas, desanimado. Quando terminaram os Parabéns, Sirius recomeçou. E assim cantaram onze vezes, uma para cada aniversário de Harry até ali.
Harry sentiu-se constrangido, porém amado, estava feliz em estar ali, estava tendo a oportunidade de mudar tudo, e ainda lembrar-se de tudo. Estava tendo a chance de sua vida de passar um tempo com os pais. Não sabia o que aconteceria depois que os livros acabassem. Não sabia como seria o mundo quando ele e seus amigos voltassem para o futuro.
Todos comeram bolo e conversaram felizes. Harry estava indo para Hogwarts e tudo ficaria bem, Lily e Tiago pensavam enquanto tentavam se conhecer melhor.
– Vamos continuar lendo? – Remo falou depois que o bolo desapareceu.
– Quem lê agora? – Neville perguntou voltando ao seu lugar entre os pais.
– Lily. – Tiago disse passando o livro para a garota.
– Capítulo V – O beco diagonal.
~~ x ~~
Devo dizer que não era para postar hoje, mas acabei o último capítulo do primeiro livro agora e fiquei animada, resolvi postar para comemorar!
Tenho que agradecer a Clenery Aingremont (como em todos os capítulos), Arthur Lacerda, Luiza Snape e MionGinnyLuna, pelos comentários no capítulo anterior.
Clenery Aingremont: Como disse aqui em cima, tenho até o último capítulo pronto, por isso não precisa se preocupar que eu não atualize.
Espero que o capítulo agrade a todos, comentem e me façam feliz!
Comentários (9)
Amei! Você deve estar pensando: "Só isso que você vai comentar?". Desculpe, mas é que eu não tenho mas nada para acrescentar. Esta perfeito (como sempre).
2017-03-05Não importa quantas vezes eu leia, as lágrimas enchem meus olhos toda vez que leio a parte do parabéns
2016-05-19Adoro o modo como você escreve coisas que não são citadas nos livros, isso dá um toque a mais na história. Como a história da garota trouxa que o Sirius enfeitiçou.
2015-03-06Adoro esse cap. o Hagrid é muito bom!Parabéns!Doida pra chegar na parte que tem o snape logo!
2014-02-26Adorei o capítulo. Principalmente a parte que conta como Tiago e Sirius conheceram Amélia Bones, e a aposta deles!!
2013-10-23ansiosa pelo próximo cap
2013-10-21Vc é d+, simples assim.
2013-10-20AAAAAAAAAAAAAH! ATÉ O ÚLTIMO CAPíTULO PRONTO? Então, fico mais tranquila XD Você vai continuar depois de Pedra Filosofal, não é? Please! Please! Please! Please! Please! Please! Please!
2013-10-20Atualizou rápido. Muito obrigado.O capítulo está muito bom. Parabéns.
2013-10-20