Gotta be 12 & 13



Capítulo 12

Desde quando eu não me sentia preparada para provas? Eu sempre me dei em provas, ainda mais essa! Mas eu transpirava, eu estava com taquicardia e nada aparecia na minha cabeça. Olhava pra Aninha, que parecia tão ansiosa quanto eu, nem dava pra colar da menina porque, pelo que eu estava vendo, ela também não escreveu quase nada na prova, a essa altura eu mal lembrava meu nome. Hoje os meninos chegavam, exatamente HOJE! Harry mandou mensagem dizendo o horário do voo e pediu para eu e Aninha estarmos no aeroporto quando eles chegassem, pelo que eu percebi o fandom inteiro sabia o horário que eles chegavam! Era por isso que eu estava nervosa, mais do que o necessário. 

Eu iria para o aeroporto com o fandom britânico lá, com todas as fãs esperando os meninos voltarem. Me bateu aquele medo absurdo, e se me jogasse ovos? Comida? E se, novamente, resolvessem partir pra cima de mim? Pelo menos dessa vez Aninha ia estar comigo, mas nós duas não damos conta de vai saber quantas meninas. Olhei pra Aninha de soslaio e respirei fundo, ela sorriu de forma discreta e então voltei a me concentrar na prova. Vamos lá, Rhanninha, você sabe como fazer isso... 

- Tempo esgotado, classe – a voz de Olívia soou ao fundo quando eu finalmente escrevia a última palavra. – Deixem suas provas viradas para baixo em cima da mesa. Nos vemos em uma semana, bom descanso. 
- Fodeu! – Aninha falou rindo enquanto fechava sua mochila e me esperava. – Essa uma semana de folga vai ser mega bem vinda. 
Aninha – falei suspirando. – Vamos correr? Temos uma hora pra chegar ao aeroporto, e considerando nossa falta de sorte, capaz que vamos nos atrasar. 
- Oi, meninas – uma garota da nossa sala, acho que seu nome era Lucy, apareceu toda sorridente. – Desculpa, eu nunca falei com vocês. Hm, vocês estão indo pro aeroporto agora? 
- Como sabe? – Perguntei na total curiosidade. 
- Só falam disso no Twitter – ela riu. – Vocês são as namoradas do Zayn e do Harry, certo? 
Zayn? – Aninha arregalou os olhos, eu ri. – Co-como que, como que...? 
Louis soltou isso ontem sem querer – ela deu de ombros. – Eles fizeram uma Twitcam agradecendo aos fãs americanos e o Louis falou que o Zayn não vê a hora de voltar pra casa, para a sua ‘Aninha’. 
- Ai meu pai – Aninha colocou a mão no coração. – Meu Deus, tô infartando. 
- Então, – eu olhei pra Aninha e ri, voltei minha atenção para Lucy – você gostaria de nos perguntar alguma coisa? 
- Ah sim – ela bateu na própria testa. – É que eu comprei uma coisinha pro Niall e queria saber se vocês podiam entregar pra ele. Eu não vou poder ir até o aeroporto e, bom, já que vocês são próximas dos meninos... 
- Claro que sim – falei com um sorriso no rosto. – Tá aí com você? 
- Sim, sim – ela abriu a bolsa e tirou uma pequena caixa. – É um ursinho de pelúcia, sei que todo mundo dá isso, mas foi o que pude comprar – ela ficou meio tímida, já entendi tudo. 
Niall vai adorar seu ursinho – sorri. – Escreve seu Twitter, vou pedir pra ele te seguir. 
- Já fiz isso – ela falou quase como que num soluço. – Obrigada, Rhanna, você é bem legal. 
- De nada – eu ri. – Vou ficar no pé dele pra ele te seguir. 
- Obrigada – ela sorriu. – E desculpa ter afetado sua amiga, pensei que vocês soubessem. 
- Não acompanhamos o que os meninos fazem – respondi. – Ela vai ficar bem, pode ter certeza. 
- Ok – Lucy sorriu. – Obrigada, tchau. 

Olhei pra Aninha, que ainda estava meio passada e se abanava compulsivamente, eu só sentia vontade de rir. Quando Lucy foi embora, Aninha olhou pra mim com cara de desespero, algo meio que dizia ‘agora a porra ficou séria’, e eu gargalhei. Algo me diz que as fãs não veriam problemas em Zayn namorar Aninha, ela era TUDO o que uma garota sonha em ser. Cabelos sedosos e brilhantes, corpo típico britânico magra e fina, sem curvas, mas ao mesmo tempo atraente, um olhar claro e sincero e um sorriso que iluminava qualquer lugar. Ela era linda e tinha uma personalidade mais linda ainda, como que alguém ia ter a pachorra de não gostar dessa menina? 

Ana, tem como você se acalmar, pelo amor de Deus? 
- NÃO, NÃO TEM! – Ela apontou o dedo indicador bem na minha cara e eu sorri. – Rhanninha, eu não estou simplesmente aparentemente namorando Zayn Malik, eu estou namorando MEU ÍDOLO! Eu não sei como você encara o seu rolo com o Harry, mas isso pra mim significa muito mais do que estar apaixonada, é estar apaixonada com alguém que até uns meses atrás era impossível, uma coisa absurdamente PLATÔNICA! E essa paixão é recíproca – seus olhos ficaram brilhantes e cheios de água. – Eu amava o Zayn antes mesmo dele me amar, sabe como é esse sentimento? 
- Ai amiga – eu sorri e dei um abraço nela, seu corpo tremeu ao meu. – Não eu não sei como é isso porque eu não era apaixonada pelo Harry antes, e eu sou apaixonada pelo Fletcher, mas ele já tem namorada – ela riu. – Eu tô muito feliz por você, Aninha. 
- Eu só quero ver o Zayn logo – ela fez bico e veio até mim me dar um abraço. – Será que as fãs vão me detestar? 
- Deixa de ser besta – eu ri apertando mais nosso abraço. – Todo mundo vai te adorar, assim como o Zayn te adora e assim como eu te adoro – sorri. 
- Você sabe que isso vai acontecer com você também, não sabe? – Ela sorriu pra mim e tirou uma mecha do meu cabelo que caía sobre meus olhos. – Você é linda. 
- Vamos pensar nisso mais tarde? – Falei sentindo um embrulho em meu estômago. 
- A música What Makes You Beautiful foi realmente feita pra você – ela bufou. 
- Enfim... – eu ri. – Vamos logo, o voo dos meninos vai chegar em breve e nós levamos muito tempo pra chegar até Heathrow, precisamos correr. 
- Ok, bora bora boraaa! 

Aninha e eu passamos correndo pela multidão de alunos e quase nos jogamos em frente a um táxi. Como era de se esperar, o trânsito em Londres estava caótico, não importa a hora que você sai de casa, sempre há mais carros na rua do que pessoas dentro das lojas. Londres é um caos, linda, mas um caos. Da nossa escola até Heathrow demorava mais ou menos quarenta minutos em dias normais, considerando que o universo conspira para nossa desgraça, demoramos quase uma hora e meia. Eu já olhava pra Aninha de forma desesperada e olhava para o relógio, não ia dar tempo. Não ia dar tempo e eu sabia disso. Nenhum dos meninos tinha mandado mensagem ou ligado, isso só mostrava que talvez eles ainda não tinham pousado. Pensei comigo mesma onde nós iríamos, não sei se íamos poder esperar do lado de fora junto com as pessoas ‘normais’ ou se poderíamos esperar os meninos na pista, mas como alguém ia saber quem éramos? Ok, então teríamos que esperar os meninos do lado de fora com as fãs, espero realmente que ninguém nos reconheça. 

Finalmente quando chegamos presenciamos mais ou menos cem fãs com cartazes, posters e barracas – sim, barracas – espalhadas pelo aeroporto. Todas elas aglomeradas, chorando, pulando, berrando se descabelando. Todas cantavam em uníssono What Makes You Beautiful. Eu e Aninha jogamos um capuz por nossas cabeças, já que não queríamos ser reconhecidas, e caminhamos pelo mar de garotas espalhadas no aeroporto. Infelizmente elas estavam atrapalhando o trânsito normal das pessoas, e eu podia ouvir muitos adultos reclamando de como os seguranças deixavam aquilo acontecer. Não os culpo, se do lado de fora do aeroporto já estava um caos, ali dentro estava pior ainda, o próprio inferno. Olhei pra Aninha e ela entendeu meu olhar, fomos caminhando calmamente até o segurança perguntar – idiotamente – sobre One Direction. Algumas fãs pararam de conversar enquanto íamos passando por elas, algumas começaram gritar nossos nomes e eu juro que vi algumas tirando fotos de nós duas. Mesmo com capuz elas conseguiram nos ver? 

- Com licença – perguntei em toda minha delicadeza para o armário humano na minha frente. – A banda One Direction já chegou? 
- Ainda não – ele disse seco. – Por favor, fique atrás da linha amarela e junte-se as outras fãs. 
- Mas nós conhecemos os meninos – eu disse, minha voz se alterou um pouco, bem pouco. 
- É isso o que todas dizem aqui meninas, por favor, pra trás? 
Aninha, que vamos fazer? – Perguntei choramingando, eu não estava nem um pouco a fim de ficar ali com as outras fãs, mas também não queria ir embora porque estava morrendo de saudade dos meninos. 
- Vamos lá pra trás, Rhanninha, dá um toque pro Harry – ela falou tão chateada quanto eu. 
- Amiga, os meninos estão no vôo, até onde eu sei não podem receber ligações de lá. Impossível falar com eles agora – resmunguei me sentando no chão ao lado de um grupinho. Tirei o capuz da cabeça e bufei, bela merda. 
- Quer ir embora? – Aninha me perguntou tirando também o capuz e dando uma arrumada no cabelo. 
Harry queria que recebêssemos eles aqui, mas pelo visto não vai dar não. 
Rhanna? Ana? 


Oh não. 

- Meu Deus, são vocês mesmas? 
- Com licença? – Aninha olhou desconfiada. 
- Puta merda, são vocês mesmas. 
- Da última vez que chequei era eu mesma sim, e você seria? – Aninha foi meio rude e eu dei um beliscão no seu braço. 
- O que vocês estão fazendo aqui? Por que estão com as fãs? 
- O segurança não nos deixou passar pro outro lado – eu falei. – Então estamos aqui. 
- Mas como que esse idiota não sabe quem vocês são? – Ok, a menina de cabelo roxo tava do nosso lado, pelo menos pareceu isso. – Vem comigo. 
- Desculpa, quem é você? – Aninha perguntou de novo se levantando. 
- Meu nome é Melody, sou fã do 1D e, hm, bom, todo mundo conhece vocês. 
- Todo mundo? – Apavorei e comecei a rir. – Como assim? 
Zayn fica twittando indiretas falando que sente saudades de alguém, aí o Louis soltou seu nome, digo, soltou ‘Aninha’, e, hm, você tem fotos com o Harry e ele falou que você é garota especial – ela sorria. – Vocês são lindas demais. 
- Obrigada – eu ri nervosa. – E obrigada por me atualizar nos fatos, eu não acompanho muito a vida dos meninos. 
- Nem precisa, você é amiga deles – ela riu. – Vem, gente. 

Caminhamos com Melody novamente pelo corredor de fãs, e ela ia chamando mais fãs no caminho. TODAS nos olhavam com cara de curiosas, assustadas e algumas com cara de nojo. Finalmente chegamos novamente ao segurança, ele tinha uma cara de tédio e imaginava que fôssemos perguntar pela quadragésima vez que horas One Direction ia chegar. 

- Desculpa te incomodar novamente, senhor, mas essas duas meninas não são fãs da banda, elas são namoradas dos meninos – Melody disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. Aninha segurou minha mão forte, era bem estranho falar a palavra ‘namorada’ em alto e bom som. 
- Garota, eu já vi várias meninas virem aqui e falarem que namoram os meninos, então me desculpe, mas não vou aceitar mais essa conversa. Agora voltem aos seus lugares... 
- Mas essas SÃO as namoradas deles! Meu senhor, você não tem Twitter não? Ou sua filha? Você tem filha? 
- Melody, obrigada por ajudar, mas... 
- Espera aí, Rhanna – ela colocou o dedo na minha cara, eu obedeci e me calei. – Se alguma garota vier e falar que namora algum deles é MENTIRA! Porque só dois têm namoradas e são ESSAS AQUI!
- Não são não – e uma menina que parecia uma modelo de American Next Top Model apareceu, realmente ela era LINDA demais. – Os meninos não tem namoradas.
- Você por acaso é fã deles? – Melody perguntou mal criada.
Niall Horan e Harry Styles me seguem no Twitter e já me mandaram DM, então eu ACHO que posso me considerar fã deles. Não apenas fã como amiga – ela jogou os longos hidratados cabelos castanhos para trás e eu quis vomitar. – Nenhum deles ia se interessar por alguém como essa daí.
- Hey! – Ouvi Aninha protestar atrás de mim. – Que é isso, garota? Tem educação não?
- E você não tem vergonha na cara de ficar falando que namora um deles sendo que é mentira?
- Eu não to falando mentira nenhuma – Aninha deu dois passos pra frente e ficou com o nariz quase colado nessa super model.
- Ai Deus, que merda – falei baixo. 
- Meninas, chega, se continuar assim vou ter que pedir pra vocês saírem do aeroporto. 
- Se Zayn Malik tivesse que namorar alguém seria EU, se olha no espelho, garota. 
- Agora chega – e Aninha puxou o cabelo da garota, meu Deus! 
- Briga, briga, briga, briga... 
- Grava isso pelo amor de Deus, grava isso. 
Ana, levanta desse chão! – Eu disse tentando puxar minha amiga, mas quando eu quase levei um soco na cara decidi me afastar. 

Não demorou muito para quatro guardas aparecerem e separarem as meninas, de repente mais umas dez apareceram. Era como se metade do fandom aprovasse o nosso relacionamento com os meninos, a outra metade nos quisesse mortas. Eu me afastei porque, quando a Aninha fica desse jeito, eu prefiro não interferir. Ela puxava o cabelo da menina enquanto a chamava de todos os nomes baixos possíveis, em contra partida a miss modelo ficava dando tapas sem graças no rosto de Aninha, as meninas aqui não sabem brigar não? No segundo seguinte Melody estava no ombro de um dos seguranças e mais algumas meninas ao redor se jogavam em cima deles, nunca pensei que tantos feromônios fossem tão difíceis de serem controlados. Enquanto eu estava ali afastada vendo a cena absurda, umas meninas levantaram e começaram a gritar, mas gritar com muita força mesmo. Vi Aninha sendo segurada pela cintura por um dos seguranças e a modelo toda descabelada e arranhada no colo de outro segurança. Aninha petrificou-se olhando para uma direção, as meninas pararam o que estavam fazendo pra começar a gritar mais alto e com mais força, todas olhavam para o mesmo lugar. Foi então que a minha ficha caiu, eram eles. 

Olhei na direção que todas olhavam e vi os cinco meninos chegando, eles estavam no meio da escada rolante com caras de cansados, mas mesmo assim não paravam de sorrir e acenar para as fãs. Algumas já começaram a chorar, tremer e todos os tão conhecidos sintomas de uma fã do 1D. Os seguranças tiveram que controlar a pequena multidão porque elas estavam quase invadindo o espaço fechado – tinham umas cordas separando as fãs do lugar onde os meninos iam estar – como eu percebi que eles estavam ocupados demais com as meninas não pensei duas vezes antes de fazer uma loucura, e não era de fã, era de uma menina apaixonada. Assim que eles desceram das escadas rolantes eu então pude ver Harry mais de perto, ele estava com um suéter verde, calça jeans clara, all star e um gorro na cabeça. Levava uma bolsa meio grande atravessada em seu peito e uma mala de rodinhas, seu rosto estava cansado e mais “pálido” do que eu lembrava, mas ele não parava de sorrir. Só consegui ver Harry na minha frente, de repente ele era tudo o que importava pra mim. Olhei pro lado e vi que todos os seguranças estavam preocupados em conter as trocentas adolescentes pegando fogo, então aquela era a minha deixa. Passei correndo por debaixo da corda e saí em disparada ao encontro dos meninos, foi aí que eu ouvi uma gritaria maior ainda atrás de mim e dezenas de fãs gritando ‘PEGA ELA’, mas eu não me importei. Quando os meninos me viram eles sorriram de uma forma tão genuína que meu coração se esquentou, pra mim eles nunca seriam esses super popstars, eles eram cinco pessoas maravilhosas que apareceram na minha vida por alguma brincadeira bizarra do universo. Fui então ao encontro de Harry, que me olhava petrificado e com um sorriso que podia rasgar seu rosto de um extremo ao outro, o meu estava quase do mesmo jeito, eu podia sentir. Não raciocinei direito, não pensei, apenas agi. Lembrei do conselho que Dougie Poynter deu para o Tom quando ele jogava The Cube, ‘feel don’t think’ , ou seja, ‘sinta, não pense’ e foi exatamente isso o que eu fiz. Lutando em meu íntimo com uma vergonha que eu iria sentir mais tarde e com talvez as futuras fofocas, fotos, vídeos e notícias que iriam aparecer, eu simplesmente me joguei em cima de Harry. 

Mas não me joguei para um abraço, joguei para um beijo. Coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço e puxei seu rosto para o meu, fechei meu olhos com força não pensando nas consequências desse ato e finalmente encostei meus lábios nos dele. Senti Harry desmoronar quase em cima de mim e ouvi um baque ao meu lado, presumi que era a mala que ele levava e havia jogado-a no chão, pois no segundo seguinte seus braços estavam ao redor de minha cintura me apertando de forma firme e juntando mais nossos corpos. Dessa vez não era sonho, dessa vez isso tudo era surreal porém completamente real, verdadeiro. Fiquei na ponta dos meus pés a fim de ficar mais confortável e abri meus lábios de leve sentindo pela primeira vez a respiração quente e estranhamente deliciosa de Harry se misturar a minha. Seus lábios eram doces, quentes e deliciosos, era muito melhor que tudo o que eu já provei na vida. Ele beijava de forma gentil, devagar, como se quisesse aproveitar cada segundo, e eu respondia da mesma forma. Os meninos ao nosso redor soltaram um ‘YEAAAAH’ e foi impossível não rir e acabar quebrando o beijo. Antes que nós dois pudéssemos falar alguma coisa, um dos seguranças chegou por trás e começou a me puxar com força pelo braço e a falar muito rápido um inglês carregado. Logo os meninos estavam ao meu redor e Harry ficou sério, quase bravo; ele me segurou pela mão e olhou para o segurança. 

- Ela está comigo – ele disse de forma calma, porém seu tom de voz grave e sério. 
- Tem certeza? – O segurança perguntou dando um olhar duvidoso para Harry e para mim. – Eu posso levá-la para fora. 
- Que parte você não entendeu, meu amigo? Ela está comigo, ela é minha namorada! 
- Desculpa, me desculpe – então ele largou meu braço e foi de encontro com as fãs que olhavam a cena, algumas indignadas e outras sorrindo. 
- Não sei se fico mais assustada com ‘ela está comigo’ ou ‘ela é minha namorada’ – eu ri olhando pra Harry que ainda estava sério. – Hey, tá tudo bem! 
- Cara grosso – ele bufou. 
Harry, eu tô aqui sabia? – Eu ri e o abracei de lado. – Fica calmo. 
- Bem vinda, Rhanninha – Louis apareceu na nossa frente e me deu um beijo no rosto. 
- Eu que devo dizer ‘bem vindo’, ficaram tempo demais longe – eu sorri. – Fizeram boa viagem? 
- Vamos conversar em casa – ele piscou pra mim. 
- E você, bonitão? – Eu olhei para Harry, que olhava com cara feia para o segurança na frente. – Harry, eu vou embora. 
- Hein? – Ele olhou pra mim assustado. 
- Tô brincando – eu ri. – Vamos logo e melhora essa cara de bunda, pelo amor de Deus. 
- Ele machucou seu braço? – Harry levantou o braço que o segurança tinha segurado com um pouco de força, mas não tinha ali marca alguma. 
- Eu estou bem, ele estava fazendo o trabalho dele. Vai que vira rotina, todas as fãs começam a passar pelos seguranças e dar beijo na boca de vocês – eu ri. – Ele estava certo. 
- Mas quando eu disse que você estava comigo, era pra ele ter se afastado. 
Harry – fiquei de frente pra ele e segurei suas mãos. – Eu acabei de te beijar e você pela primeira vez me apresentou como sua namorada. Foi estranho, mas isso aconteceu, tem como me dar um pouco de atenção agora? 
- Ok – ele riu com os lábios fechados. – Vamos logo. 

Ele selou meus lábios de forma rápida e me abraçou de lado, fomos caminhando e quanto mais perto chegávamos das fãs, mais elas berravam. Aninha já estava ao lado de Zayn e os dois falavam rápido demais, talvez ele estivesse querendo saber porque a menina estava toda descabelada. A modelo que havia apanhado estava chorando como louca junto com as suas outras amigas lindas, algumas outras olhavam a cena perplexas e o grupo onde Melody estava chorava, mas ao mesmo tempo sorria. Os seguranças fizeram um corredor separando as fãs dos meninos da banda, mas elas eram fortes e muitas, tivemos que nos espremer a fim de passar de forma mais ou menos tranquila. Liam e Niall estavam atrás porque pararam para falar com algumas fãs e tirar fotos; eu ouvi a voz de Melody berrar meu nome ao fundo, e quando olhei pra trás vi sua cabeleira roxa pulando pra cima e pra baixo. Harry estava concentrado andando de cabeça baixa e só de vez em quando levantava e sorria para as fãs, suas mãos estavam pra trás segurando de forma firme a minha. Puxei seu braço querendo chamar sua atenção e ele me olhou intrigado. 

Harry, tem uma menina lá atrás que me ajudou desde que cheguei aqui. Você consegue voltar e dar uma atenção especial pra ela? 
- Quem é? – Ele olhou para as meninas e todas (TODAS!) gritaram. 
- Tá vendo aquela cabeleira roxa pulando ali? – Apontei pra Melody que quando me viu apontando começou a pular mais ainda, eu ri. – O nome dela é Melody e ela é uma gracinha. 
- Vamos lá então – ele sorriu e começou a fazer o caminho inverso. 
- Onde você vai, cara? – Louis perguntou. 
- Vou falar com uma fã, vem junto. 
- Belê – Louis concordou e eu sorri mais ainda. 

Harry na minha frente, eu no meio e Louis atrás. Olhei pro meu lado esquerdo e vi vários braços esticados querendo tocar nos meninos e algumas puxavam eles pelas mangas, os meninos faziam careta, mas iam conseguindo se livrar delas. Algumas tentavam me alcançar, e Harry me puxava para mais perto dele e mais longe das fãs. Finalmente chegamos até Melody, que tinha parado de chorar e tremer, mas sorria como uma doida, eu achei bonitinho. Harry olhou pra mim e perguntou ‘é essa?’ e eu apenas acenei que ‘sim’ com a cabeça. No segundo seguinte ele olhou pra ela e deu aquele sorriso matador que fazia todo mundo derreter, eu então nem se fala. 

- Oi, tudo bem? – Ele perguntou todo fofo enquanto chegava até ela e dava um abraço meio desengonçado. – Como você se chama? 
- Mel-Mel-Mel... 
- Melody – eu terminei a frase e ela me olhou em agradecimento. 
- Melody, que nome lindo – ele sorriu. – Como você está, babe? 
- Você me chamou de babe? – Senti a voz dela vacilar de algumas lágrimas caírem de seus olhos. – Ai meu Deus, eu tô bem. Esmagada, mas eu tô bem. 
- Hey – eu chamei o segurança. – Tem como puxar essa fã pra cá? 
- Pode? – Ele olhou para Harry e Louis e eles concordaram. – Mocinha, vem pra cá, por favor. 
- Ai meu Deus, ai meu Deus... 
- Quer que eu bata uma foto? – Perguntei vendo a câmera em sua mão que tremia. 
- Ah, por favor... – ela me entregou a câmera e eu vi Harry e Louis irem ao lado dela a abraçarem. – Você faz fotografia, né? 
- Faço – disse analisando a câmera em minhas mãos. – Sorriam, gente. 
- Posso dar um beijo em seu rosto? – Vi Melody perguntar para Louis e ele sorriu. 
- Hm, o que você acha de nós darmos um beijo em seu rosto? 
- Ah meu Deus... – ela sorriu. 
- Vamos lá, Harry – eu falei e vi meu hm, namorado e Louis darem um beijo estalado na bochecha de Melody enquanto eu tirava a foto. Ficou linda. 
- Quer que eu assine alguma coisa, meu amor? – Vi Harry perguntar, mas Melody ainda estava meio passada com o que tinha acabado de acontecer. 
- Não, obrigada – ela respondeu esbaforida. – Posso dar outro abraço em vocês? 
- Claro que sim – Louis e Harry falaram e deram outro abraço na fã, eu acompanhava tudo meio de longe ao som dos berros e dos possíveis puxões das outras fãs. 
- VOCÊ É HORRÍVEL! – Ouvi alguém gritar no meio da multidão e olhei perdida tentando achar a dona da voz. – É VOCÊ MESMA, RIDÍCULA! 
- Obrigada, Rhanna, nunca vou esquecer isso – Melody falou vindo até mim e me dando um curto abraço e pegando a câmera de volta. 
- VACA! VACA! VACA! 
- Quem tá falando isso? – Eu perguntei vendo Harry vir até meu lado, tanto ele quanto Louis estavam sérios demais. Melody voltou para seu posto e eu a vi mostrando a foto para suas outras amigas que deliravam. 
- ELE MERECE COISA MELHOR! – Ah, era a modelo. 
- HEY! – Harry a localizou, a modelo estava agora quase do nosso lado esmagada entre as fãs e o segurança. 
- Deixa pra lá, Harry... – eu disse. 
- Deixa pra lá nada – ele falou sério. – Quem você pensa que é pra falar assim da minha namorada? – Harry agora estava de frente pra menina, ela estava branca quase sem vida alguma no rosto. – Eu tô falando com você, fala isso de novo na minha frente! 
Harry, vamos... Por favor... – eu o puxei pela manga, mas Louis pediu pra eu ficar na minha. 
- Ela não é bonita o suficiente pra você Harry – a modelo respondeu quase rouca e controlando o choro. – Eu tô pensando no seu bem. 
- Eu sei o que é melhor pra mim, e o melhor é ficar longe de garotas como você! Espero nunca mais te ver em nenhum outro momento da minha vida, com prazer eu vou te ignorar – e dizendo isso Harry se virou, pegou minha mão com força e me arrastou pelo corredor com seguranças, fãs e o resto dos meninos. 

As fãs berraram, vaiaram a menina e vaiaram o próprio Harry! Eu abaixei a cabeça e só quis que Harry saísse logo dali. Quase na saída algumas fãs gritaram pedindo por fotos, Harry parou, tirou algumas – assim como os outros meninos – deu alguns autógrafos e depois fomos direto para a van que nos esperava do lado de fora. Tivemos que nos apressar, porque os seguranças não estavam mais aguentando segurar as fãs, algumas estavam na frente da van e se a ligassem iriam acabar atropelando algumas meninas. Quando eu finalmente me sentei, dei uma boa olhada na cara deles, os cinco estavam esgotados! Suspirei pesado e encostei minha cabeça no ombro de Harry, que me abraçou e beijou meus cabelos. Nós todos só queríamos ir embora dali, só cinco minutos de descanso. 

- Você está bem, Rhanninha? – Niall me perguntou virando pra mim. Ele estava sentado na cadeira na minha frente. – O que aconteceu no aeroporto? 
- Uma garota começou a chamar a Rhanninha de vaca – Harry falou sério. – Não foi bem agradável. 
- Eu acho que vou ter que me acostumar com isso – suspirei. – A Aninha pelo menos saiu ilesa de tudo isso. 
- Não entendo – ela choramingou. – Digo, eu estou namorando o Zayn, era pra... 
- Você é linda Aninha – eu olhei pra trás e a encarei com um sorriso triste. – Você é maravilhosa, britânica. Já se olhou no espelho? 
- Ei – Harry virou meu rosto pra ele. – Do que você tá falando? 
- Ai francamente, eu sou a brasileira que deu sorte, Harry! – Respondi. 
- Não, você é a garota que eu sou apaixonado – ele disse sério. – Se as fãs não entendem isso, paciência – e dito isso ele selou meus lábios com um selinho demorado. 
- ARRUME UM QUARTOOOO!!! – Louis berrou do fundo da van e nós rimos. – Pelo amor de Deus, a primeira coisa que vocês vão fazer é ir pro quarto, Harry ficou na seca a viagem TODA! 
- Isso não é bem verdade, Tomlison – eu olhei pra trás e fiz careta. 
- Ah não, vamos ter que falar desse drama de novo? – Liam falou jogando sua cabeça pra trás e fazendo cara de drama. – ‘Caras, eu acho que ela nunca vai me perdoar...’ 
- ‘Ah não, o que foi que eu fiz?’ – Niall imitou a voz de Harry assim como Liam havia feito a pouco. 
- ‘Quem deixou eu beber tanto assim?’ – Foi a vez de Zayn. 
- ‘ELA NEM ERA BOA DE CAMAAAAAAAAAAAA’ – Louis gritou ao fundo e nós todos caímos na gargalhada. 
- Ok, não foi exatamente assim – Harry disse escondendo o rosto no meu pescoço, eu só conseguia dar gargalhadas. – Para de rir, Rhanna! 
- É o mínimo de castigo que você merece, Styles! – Eu respondi. 
- E enquanto isso Rhanna estava aqui sendo atacada pelo McFly! 
- Exato, eu posso imitar a Rhanninha se vocês quiserem – Aninha disse e os meninos concordaram, agora era a minha vez de passar vergonha. 
- Imagino que ela estava quase tendo um ataque nervoso – Niall falou olhando pra mim e mostrando a língua. – ‘Ahhhh Tooooooom!’ 
- Ela chorou – Aninha falou e eu soltei um ‘HEEEEY’, mas Harry tapou minha boca com sua mão. 
- Continua, Aninha – ele sorriu pra ela e ela riu. 
- Cara, na boa, não é nem questão de ser o McFly! A Rhanninha esquece do mundo quando o assunto é fotografia, até o Leishman tirou uma com a cara dela. 
- É mesmo, babe? – Harry olhou pra mim rindo. – Que você fez? 
- Ele perguntou se eu tinha engolido uma enciclopédia – falei tirando a mão de Harry de cima da minha mão e fazendo careta. – Qual é, eu gosto de fotos! 
- Acho que essa é a garota mais inteligente que o Harry já pegou – disse Liam. 
- Ela é mais inteligente que o One Direction junto, meu povo! – Zayn falou e todos concordaram, inclusive a Aninha. 
- Que exagero – eu falei me sentindo absurdamente com vergonha. 
- Eu já disse uma vez, falar que a Rhanninha é inteligente deixa ela vermelhinha – Louis disse lá do fundo. Harry na mesma hora começou a apertar minhas bochechas e fazer biquinho me chamando de ‘awwn, minha garota esperta’ e todo mundo na van começou a imitá-lo, oh Deus! 
- Paraaaaaa! – Eu falei rindo, mas não adiantou nada. 

É, eles conseguiram me distrair até chegarmos ao completo 1D. Não que eu tinha esquecido da minha observação inicial, eu realmente achava que Aninha era o estereótipo perfeito de namorada, e eu estava longe de ser uma. Mas decidi calar esses pensamentos e mantê-los só pra mim, se eu abrisse a boca mais uma vez para falar alguma coisa a respeito eu sinto que os meninos iam me bater. Ao longo do caminho, os meninos foram contando como que os Estados Unidos É LOUCO! As fãs são muito hardcores, mas foi a experiência mais maravilhosa que eles já passaram em toda a vida. Estar no Today Show, Saturday Night Live e nos principais programas foi uma experiência surreal, apesar da saudade que sentiram dos fãs de UK, eles mal podem esperar para voltarem pra lá. Pelo que parece, eles farão uma turnê enorme e os empresários querem aumentar essa turnê até a Austrália e Nova Zelândia. De verdade, os meninos estavam cansados, mas completamente felizes. Harry estava o tempo todo ao meu lado, fazendo carinho em meus cabelos, segurando minha mão, beijando meus lábios – na verdade ele dava desculpas e toda hora me roubava um beijo – simplesmente encostando seu nariz no meu pescoço, enfim... Harry era adorável, absurdamente adorável! 

- Eu não quero ser estraga prazeres nem nada, mas, eu preciso ir pra casa – Aninha disse quando finalmente entramos na casa dos meninos, na verdade na casa de Louis. 
- Pra que pressa? – Zayn perguntou abraçando ela por trás. – Vocês não vão ter aula por uma semana, pra que pressa? 
- Porque, bebê, eu preciso tomar um banho, melhorar a cara. Passamos o dia na escola sofrendo com os exames quase finais, depois ficamos naquele vuco-vuco com as fãs no aeroporto, eu realmente preciso de um banho – ela disse cheirando a própria roupa, nós rimos. 
- Toma banho aqui, oras! – Ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia. 
- Meu Deus, já estamos nesse ponto do relacionamento – Louis falou largando uma mala em cima do sofá. – Olha, vocês aí decidem o que vão fazer, eu vou tomar um banho e cair na cama porque eu tô PODRE! 
- Vai comer não? – Perguntei, minha barriga roncou de leve e Harry me olhou de forma engraçada. 
- Não acho que seja o Louis quem esteja precisando de comida agora – ele riu. 
- Nem eu nem Aninha comemos nada o dia todo – eu ri e coloquei a mão na barriga que tremeu de forma leve, que fome. – Meu corpo está apenas respondendo a isso. 
- Bem que os pombinhos podiam comprar comida para nós – Niall disse. – Aliás, antes de mais nada, PARABÉNS AO CASAL! 
- Aeee parabéns! – Louis e Liam falaram juntos. 
- Nem acredito que depois de todo esse tempo vocês realmente estão juntos de verdade agora, antes tarde do que nunca – Niall acrescentou. – Bem vinda à família, Rhanninha. 
- Obrigada, meninos – falei sentindo Harry me abraçar de lado e beijar meus cabelos. 
- Eu já recebi boas vindas, por isso não vou ficar enciumada – Aninha disse brincalhona e os meninos também foram zoar com a cara dela. 
- Voltando ao assunto da comida – Zayn falou. – Pombinhos, vocês não querem ir comprar alguma coisa pra nós? – Ele sorriu igual uma criança e eu achei mega fofo. 
- Eu estou sofrendo de ‘jet leg’ tanto quanto vocês, tô bem cansado – Harry disse e os meninos fizeram um coral meio ‘awwwn tadinho’. – Não vou sair pra comprar comida, peçam pizza! 
- Não vou querer ser chata nem nada, mas eu também tô morrendo de preguiça de sair pra comprar comida – respondi. 
- Ah, que seja pizza – Liam falou. – Eu vou pra minha casa tomar meu banho e volto quando a pizza chegar – ele sorriu. – Tchau, casais. 
- Vão ficar por aqui mesmo? – Louis perguntou levantando a blusa e cantando o tema da Pantera Cor de Rosa totalmente sexy, nós começamos a gargalhar. – Eu vou tomar banho... 
- Me espera, amoooooor – Niall saiu correndo atrás de Louis que começou a correr mais rápido ainda na direção do banheiro. 
- Eu peço as pizzas – Zayn falou. – Aninha, você vem comigo pra me ajudar a escolher os sabores. 
- Aham, escolher os sabores – Harry disse e Aninha mostrou a língua pra ele. – Mantenha essa língua na boca do seu namorado, Ana. 
- É exatamente isso o que vou fazer, vamos, neném. 
- Gente, que fogo! – Falei quando vi os dois saírem de mãos dadas da casa de Louis. 

Dei uma olhada ao meu redor e vi as malas dos meninos espalhadas pela sala inteira, e também deparei-me com a visão de que eu e Harry estávamos sozinhos depois de tanto tempo. Eu e ele, agora como namorados. 

- Desculpa pelo ataque hoje no aeroporto – Harry falou gentilmente passando a mão em meus cabelos e me puxando pra mais perto dele. – Não esperava por isso. 
- Deixa de ser bobo, Styles, ninguém esperava – sorri e dei um beijo rápido em seu queixo, já que ele era absurdamente maior que eu. - Só não quero entrar em nenhuma rede social no momento, tenho medo do que vou encontrar. 
- Vai ser assim daqui por diante, Rhanninha, você tá preparada? 
- Você está do meu lado, certo? – Eu sorri. – Então estou preparada pra tudo. 
- Minha namorada – ele riu. – Nem acredito que posso te chamar assim agora. 

‘Essas palavras vão entrar no coração, eu vou sofrer as consequências como um cão’.
Sim, eu lembrei de Faroeste Caboclo do Legião Urbana a essa altura do campeonato, não me culpem, mas essa frase faz todo o sentido agora, não faz? Eu vou realmente sofrer as consequências de ser reconhecida como namorada do HarryStyles do One Direction. Como quem lê meus pensamentos, Harry virou meu rosto pra ele e abaixou a cabeça a fim de ficar na mesma altura que a minha; vi um sorriso maravilhoso formar em seu rosto antes de nossos lábios serem colados um ao outro. Dessa vez o beijo era mais intenso e diferente daquele que trocamos no aeroporto. Abri minha boca e senti ali na realidade a língua dele deslizar de forma macia por meus lábios e aprofundar o beijo, eu meio trêmula de fome e nervoso lancei minhas mãos em seus cabelos e abria e fechava meus dedos de acordo com o beijo, ele por sua vez segurava minha cintura com firmeza, mas não com muita força. Ficamos nesse beijo por alguns segundos até meu estômago roncar de novo e nós pararmos para rir, que constrangedor! 

- Quais são seus planos para a minha pessoa, querido Harry Styles? – Eu sorri passando meu nariz de leve em seu rosto e absorvendo de forma delicada seu perfume. 
- Bom, – ele passou as mãos pelos meus braços – nosso namoro vai ser mais ou menos uma via com duas direções – ele suspirou. – Eu quero ser o melhor namorado do mundo pra você, Rhanninha, mas não podemos esquecer... 
- Das fãs, dos compromissos, dos shows. Eu sei disso – sorri meio sem jeito. – Eu acho que minha maior frustração no momento está sendo as fãs. 
- Como assim? – Seu tom de voz era sempre baixo e muito perto do meu rosto. – Pelo que vi hoje no aeroporto uma minoria não gosta de você, mas teve até fã que te ajudou. 
- Eu sempre levo em maior consideração as críticas do que os elogios – dei de ombros. 
- Então vamos ter que mudar essa cabeça – ele sorriu e deu um beijo em minha testa, me puxando para um abraço apertado. – Não quero que você se sinta desconfortável ao meu lado. 
- Impossível isso acontecer – eu suspirei e me separei do abraço. – Acho melhor você ir tomar um banho, daqui a pouco o outro casal aparece com as pizzas e nós estamos aqui no meio da sala. 
- Não quer me acompanhar não? – Ele mexeu as sobrancelhas pra cima e pra baixo e deu um sorriso estilo ‘Coringa’. 
Harry Styles, te acompanho até sua casa. Pro banheiro você vai sozinho – falei rindo empurrando Harry pra fora da casa de Louis e dando um tapa em sua bunda. Agora eu podia fazer isso. 

Tanto eu quanto Harry olhamos para a sala de Louis e vimos que estava uma bagunça. Todas as malas ainda estavam ali, e conhecendo muito bem Tomlison, ele ia ficar puto quando saísse do banho e se deparasse com dez malas jogadas na sala e ninguém ali. Pensei em voltar e pelo menos pegar a mala de Harry, mas ele foi me puxando pra fora e disse pra deixar assim mesmo, era sempre engraçado ver Louis irritado, ele não conseguia ficar bravo por muito tempo, mas quando ficava eram os cinco segundos mais cômicos que se podia ver. 

- Vamos indo? – Harry falou abrindo a porta pra mim e deixando-me passar. 
- Tem certeza que o Louis vai ficar bravo por cinco segundos? 
- Confia em mim, pode durar até menos – ele riu. 
Rhanna? Harry? – Louis apareceu enrolado com a toalha na cintura e arregalou os olhos quando viu a bagunça na sala. 
- É agora que nós corremos? – Eu perguntei rindo. 
- Agora, Rhanninha – Harry falou, e nós dois saímos correndo tropeçando nas próprias pernas. 
- HEY, NÃO VÃO TIRAR AS MALAS DAQUI NÃO? – Ouvi a voz de Louis enquanto corria pra casa de Harry. – EU VOU MATAR VOCÊS, EU VOU ESPALHAR A ROUPA DE VOCÊS PELO JARDIM INTEIRO, BANDO DE FILHO DA PUUUU... 

Não ouvimos mais nada, só começamos a rir mais ainda quando chegamos na casa de Harry. Relaxei por alguns segundos, estava tudo bem até agora. Bom, até agora. 

Capítulo 13

Dia de folga, dia de folga... SEMANA DE FOLGA! Pela primeira vez eu e Harry vamos passar o dia inteiro juntos, vai ser o dia da verdade. Ou ele se cansa de mim ou ele vai me amar pra sempre. Eu sei que vou adorar, Harry é meu príncipe encantado. Como o One Direction vai passar três semanas aqui em Londres se recuperando da curta turnê nos Estados Unidos, cada um dos meninos resolveu viajar para sua cidade Natal, Aninha e Zayn também viajaram para um lugar secreto – aham, Europa – e Harry disse que iria passar minha semana de folga comigo aqui em Londres, já que eu não tenho outro lugar pra ir. Como nas próximas semanas eu vou estar meio abarrotada de trabalhos e provas no curso,Harry disse que vai voltar para a sua cidade natal por uma semana e depois volta pra ficar os últimos sete dias comigo. Resumindo a bagaça toda, nós teremos essa semana inteira juntos, sozinhos e sem ninguém pra nos interromper. Oh Lord! 

Por mais que qualquer adolescente normal que estivesse namorando um popstar preferisse ficar em casa copulando o tempo inteiro – não se esqueçam que sou virgem e não é medo, mas é receio de ter a primeira vez – eu consegui convencer Harry a ir em um passeio mais educacional comigo. Eu sou completamente apaixonada por música e até agora não consegui ir a nenhuma loja decente de discos aqui em Londres; confesso que parte de mim não é muito fã da tecnologia atual onde você pode fazer downloads e ouvir loucamente no seu Iphone ou qualquer que seja o seu objeto. Sou fã de discos de vinil, do cheiro de uma capa de disco, de segurar alguma coisa em minhas mãos! Tenho um tio que coleciona discos e desde que me entendo por gente eu passava HORAS com ele escutando de tudo um pouco, desde música popular brasileira até o bom e velho rock, sendo assim, eu me considero uma pessoa com um bom background musical. Nada contra o bom pop, eu tô namorando um cantor pop agora e minha banda favorita é McFly, mas os meninos do 1D usam camisetas do RAMONES e eu exijo que eles – pelo menos o meu namorado – tenham conhecimento de quem são os Ramones, não quero namorar um poser! Eles passam uma imagem para as fãs, e só de imaginar que vai ter um monte de adolescente usando camiseta do Johnny Ramone tudo porque a banda usa me dá calafrios; não matem o rock, pelo amor de Deus! 

- Rough Trade – eu disse feliz quando saímos de casa arrumando meu gorro e arrumando minha jaqueta jeans. – Que olhar é esse? 
- Tem algo muito errado nisso – ele disse pensativo. – Você não é cantora e você não é de Londres. Como que você pode conhecer uma loja de vinil sendo que nem eu conheço? 
- Nada contra meu namorado lindo, – eu falei dando um selinho – mas você precisa de uma educação musical, meu amor, Jay Z é uma bela merda. 
- Hey, não ofenda Jay Z! – Ele arregalou os olhos e eu ri. – Nem Rihanna, Katy Perry, Kelly Clarkson, Demi Lovato... 
- Não tenho nada contra pop, eu realmente gosto – respondi entrelaçando meus dedos com os de Harry. – Mas o mundo da música é muito mais do que fazer um som para as “massas populares”. Quem compõe gasta tempo pensando nas palavras certas, pode escrever de algo que já passou na vida, um trauma. Música é arte! 
- Ok – ele parou na minha frente e sorriu. – Fotografia, música, mais alguma coisa a seu respeito que preciso saber pequeno gênio? 
- Odeio Stephanie Meyer e nunca fale de Meg Cabot perto de mim. Odeio histórias clichês – fiz careta e ele gargalhou. 
- Por que você demorou tanto tempo pra aparecer na minha vida? – Harry sorriu daquele jeito galanteador e me abraçou pela cintura, me arrepiei da cabeça as pés. 
- Porque as passagens para Londres eram caras demais – eu ri e encostei meus lábios nos dele dando um beijo rápido, mas cheio de emoções. – Vamos logo! 
- A pé? – Ele novamente arregalou os olhos. – Rhanna, amor... 
- Bebê – passei na sua frente e o fui puxando pelas mãos. – Tenho spray de pimenta dentro da bolsa, se alguma fã ordinária aparecer, eu acabo com a visão dela. 
- Sério? – Ele respondeu assustado, mas eu nem ouvi o que ele tinha mais pra falar, puxei Harry com força e corri um pouco porque estava com pressa pra chegar ao centro de Londres. 

Nós saímos do meu apartamento estudantil no centro de Londres sob o olhar mais ou menos curioso de alguns alunos, porém como Harry tinha ido me visitar algumas vezes desde que voltou, alguns alunos já o conheciam e o tratavam de forma normal. Pra mim era ótimo, eu sabia que ali seria um lugar onde Harry poderia ser tratado como uma pessoa normal – embora algumas meninas ainda ficassem o encarando como se ele fosse um ET – com o tempo as coisas iriam se acalmar. Era nossa primeira semana juntos, era a nossa primeira aparição pública juntos, sabe-se Deus o que pode acontecer. Conforme eu ia andando de mãos dadas com Harry pelas ruas londrinas, eu ia explicando o lugar para onde estávamos indo. A Rough Trade é uma tradicionalíssima loja inglesa, que funciona desde os anos 70. Também virou um selo fonográfico, com bandas como The Smiths, The Raincoats e Young Marble Giants, dentre outras. O selo fechou em 1991, reabrindo em 2000, tendo lançado na Inglaterra discos de Strokes e Libertines. Mas a loja é independente da gravadora, e estivemos em um de seus dois endereços em Londres. Há também uma boa seleção de livros de cultura pop, e uns terminais para internet. No fundo, chama atenção um palquinho, onde sempra há um show semanal, normalmente de bandas novas. Se bem que vários consagrados já tocaram por lá, como mostra um mural de fotos no local, com a apresentação de Nick Cave e também do The Fall, por exemplo. Uma história curiosa: na época do lançamento de "In Rainbows", o Radiohead marcou de tocar lá. Seria às 18 horas, só que para não atrair muita gente, o show seria anunciado apenas ao meio dia. Acontece que com o boca a boca, no meio da tarde não só a loja estava entupida, como todo o quarteirão estava tomado de gente. Chegando a polícia, foi feito um acordo e a apresentação transferia para uma casa noturna próxima, com o povo indo todo atrás! Outra coisa engraçada foi reparar que dentre as subdivisões das prateleiras (drum'n'bass, indie rock, hip-hop, etc) encontramos a pilha de "baile funk"! Com o Lp do grupo brasileiro Bonde do Rolê à frente, ainda vi vários discos de MCs cariocas que por aqui só têm cdzinhos piratas na rua. Bizarro. Cansaram de ler? Ok, agora me imaginem tagarelando igual uma louca no ouvido do Harry até o fim do dia, ele vai querer terminar o namoro. 

- Apesar da aparência de megastore, mantém um ar de loja que você conhece o dono. Há uma pick-up com fone para ouvir os discos... – eu falei e depois olhei pra Harry que tinha aquele sorriso cretino no rosto. – Você pelo menos se lembra de alguma coisa que eu falei? 
- Sinceridade? – Ele parou de andar e me olhou. – Lembro de cada detalhe. 
- Mentiroso pra caralho – eu falei alto e ele gargalhou assim como eu. – Ai babe, desculpa! Me empolgo demais com essas coisas e a Aninha não curte, e na verdade não fiz nenhum amigo desde que cheguei aqui. E agora o Sam passa o tempo todo com o Lucas... 
- Sam é realmente gay? 
- Cem por cento viado! – Falei pausadamente e ele, de novo, gargalhou. – Depois que eu vi aquelas duas beldades se beijando na minha frente eu estou traumatizada pro resto da minha vida! 
- Pelo menos agora me sinto mais tranquilo em te deixar sozinha com ele. 
- E desde quando precisava ficar nervoso? 
- É que... 
- Gente, aquele é o Harry? 
- Harry e a namorada? 
- AQUELA é a namorada dele? 

Olhei para os lados e vi umas três meninas com os celulares nas mãos e apontando para Harry e eu, duas faziam caretas olhando pra mim e a outra sorria um pouco mais simpática. Passei a mão pela minha roupa verificando se estava tudo certo e depois puxei meu gorro um pouco mais pra baixo. Harry viu as meninas e depois olhou pra mim. 

- Bela hora pra usar o spray de pimenta, Rhanninha – ele falou ao pé do meu ouvido, eu ri. 
- Acho que elas vão querer tirar foto com você – falei baixo. 
- Mas eu não quero tirar fotos com elas, hoje é dia de folga! 
Harry – puxei sua camiseta e apontei para dois paparazzis atrás de um carro. – Eles estão tirando fotos nossas há um bom tempo. 
- Que inferno – ele fechou os olhos e suspirou. – Tá muito longe da loja? 
- Na verdade já é na próxima esquina – apontei para a próxima rua. – Mas acho que seria melhor você falar com as fãs. 
Rhanninha, eu tô de folga! – Ele riu e me olhou. – Só queria por hoje passar meu tempo com você, só isso. 
- Temos mais seis dias, Harry, não vai matar você ir falar com elas. 
- Não – ele ficou sério. – Por hoje, não! 

E como era de se esperar... 

Harry, Harry, Harry! 
Harry, tira uma foto comigo! 
Harry, Harry! 
Harry… Harry Styles! 
- Vai falar com elas, pelo amor de Deus – respondi com a cabeça baixa enquanto passávamos ao lado das três garotas. 
- Não vou – ele levantou a cabeça e olhou pra elas. – Desculpa, meninas, hoje eu vou passar o dia com a minha namorada – e deu um sorriso tentando ser legal. 
- COMO ASSIM? 
- É só uma foto! 
- Que imbecil, completo imbecil. 
- Babe... – apertei a mão dele, mas ele apertou a minha mais ainda. 
- Só continua andando, Rhanninha, só anda – ele disse baixo. 

Os paparazzis que estavam atrás do carro começaram a caminhar ao nosso lado e bombardeavam tanto eu quantoHarry de perguntas, e aquele barulhinho chato ‘clic clic’ da máquina estava começando a me irritar, e olha que eu sou fotógrafa. 

Harry, dá um sorriso pra câmera, por favor? 
- Há quanto tempo vocês estão juntos? 
- Tá bem, Styles, tudo bem nos Estados Unidos? 
- Qual o nome da garota sortuda? 

Harry apenas levantou o rosto e deu um sorriso e um aceno pra eles, mas disse para eu permanecer de cabeça baixa e só falava ‘galera, deixa ela em paz, na boa’. Eu fiquei com a cabeça tão baixa que ela estava quase se fundindo ao meu pescoço, parecia uma tartaruga, mas fiz o que ele pediu. Os pappz deram uma controlada quando Harry agradeceu a atenção, disse que estava bem, mas que hoje queria passar um tempo de boa com a namorada, só falou que não queria que eles chegassem perto de mim, e foi isso o que eles fizeram – para a minha surpresa. 

Algumas passadas largas depois, chegamos finalmente na Rough Trade. Entramos mais ou menos correndo, já que a notícia que Harry Styles estava passeando pelo centro de Londres com a namorada tinha se espalhado em questão de segundos. Eu vi mais umas cinco meninas com os celulares em mãos correndo na nossa direção esquerda e mais algumas na direita. O cara que estava na loja nos olhou meio torto e eu tive plena certeza de que ele não fazia a mínima ideia de quem era One Direction, bem vindo ao meu mundo, amigo! Ele deveria ter no máximo uns 20 anos e era muito, MUITO bonito! Não era branquelo como os britânicos, sua pele era um pouco queimada e dourada, olhos grandes e verdes escuros, cabelo espetado pra cima bem preto e barba por fazer. Estava com uma camiseta do Pearl Jam escrito ‘Be safe, stay ALIVE’, calça jeans escura e um tênis surrado nos pés. Ele era lindo, muito lindo... e o Harry percebeu que eu achei ele lindo, porque ele estava me olhando de forma engraçada, opa. 

- Desculpa essa invasão – eu sorri. – Acho que hm, você não deve fazer ideia do que está acontecendo – sorri. 
Harry Styles, estou certo? – O galã não britânico sorriu e estendeu a mão para Harry que ficou surpreso. – Me chamo Cory, minha irmã é completamente louca pela sua banda, é por isso que te conheço - o galã agora nomeado ‘Cory’ ganhou pontos comigo e com meu namorado. 
- Ah, prazer – Harry respondeu meio sem graça apertando a mão de Cory. – Quantos anos tem sua irmã? 
- Doze – ele riu. – É o dia inteiro One Direction pra cá, One Direction pra lá, desculpa, mas não eu conheço nenhuma música de vocês. É meio milagre eu lembrar seu nome. 
- Sem problemas, cara – ele sorriu e olhou meio cúmplice pra mim, eu nem sabia os nomes dos meninos, Cory estava uns passos na minha frente. – A loja é bem legal. 
- Ah sim, trabalho aqui há mais ou menos uns dois anos e até hoje não sei todos os álbuns que temos, tem muita coisa – ele olhou pra nós novamente com aquele sorriso lindo. – Procuram algo em especial? 
- Na verdade não – respondi. – Queria dar uma olhada nos álbuns de rock, onde encontro? 
- Se você for até o final desse corredor que estamos, contar três corredores, vire a esquerda. Temos o melhor acervo de rock desde os anos 60 até os atuais, fique à vontade – Cory respondeu. 
- Desculpe pelas fãs do lado de fora – Harry apontou para a porta de vidro e para as dezenas de fãs que batiam e faziam barulho. – Não queríamos chamar tanta atenção. 
- Sem problemas, eu dou um jeito nisso. Fiquem à vontade e se precisarem de algo é só chamar qualquer um dos monitores - ele fez joinha com a mão e segundos depois estava berrando com as fãs, eu achei engraçado. 

Harry e eu andamos de mãos dadas pelos corredores e eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto. Aquele cheiro de ‘velho’ e discos de vinil me deixavam louca, era como andar em anos atrás da minha vida quando eu mal sabia falar inglês, mas gostava de inventar palavras enquanto ouvia Pink Floyd ou Eric Clapton. Sempre quis falar inglês e sempre me esforçava a entender o que os caras cantavam nas músicas, mas quando se tem cinco anos é meio difícil aprender uma segunda língua quando mal se sabe falar a sua primeira; e meu pai também não gostava de me deixar na casa de seu irmão, já que meu pai sempre disse que rock era música do demônio. Se ele ao menos soubesse o que essas letras dizem, garanto que é bem melhor do que ‘you’ve got that one thing’. Sim, estou tirando sarro das músicas do One Direction, se Kurt fosse cantar a mesma frase seria algo ‘você tem a alma de uma criança pura e inocente que eu quero decifrar ao longo dos meus anos, você tem algo especial que me faz te amar por toda a minha eternidade’, sacou a diferença? 

Logo que entramos no corredor demos de cara com vários LP’s do Bruce Springsteen do Sex Pistols, pelo que eu pude ver não estava nada em ordem alfabética então seria uma viagem completamente louca que faríamos aqui hoje. Fico imaginando se Danny Jones já veio aqui, já que por todos os lugares só vejo posters do Bruce e outros ícones do rock, meu Deus, estou me sentindo em casa. Harry foi para um lado ver os LP’s e fazia cara de criança feliz enquanto pegava alguns nas mãos. Parei e fiquei olhando pra ele pensando que talvez ele nunca tivesse tido um momento como esse. Pra mim, como eu já disse, música é sagrada! É muito mais do que cantar algo escrito por outra pessoa e fazer várias adolescentes irem ao delírio; é arte, é paixão, é amor demais. Não que eu esteja duvidando da capacidade musical do meu namorado, mas não quero que ele seja conhecido apenas pelo garoto bonitinho da banda, ele tem que ter um ‘quê’ a mais, assim como o McFly tem uns ‘quês’ a mais. 

- Sex Pistols? – Ele disse erguendo o LP Nevermind The Bollocks de 1977. Harry fez aquela cara de criança que espera ansiosamente por uma resposta. 
- Exatamente, meu amor – respondi animada. – Esse CD é simplesmente épico, todo britânico tem que ter ouvido God Save The Queen, Anarchy in the UK, Holidays in the Sun... 
- Ok, não sou um bom britânico – ele riu. – E ainda estou me recuperando do choque que é ‘Rhanna Penalva’. Vou concordar com o Leishman, você é uma enciclopédia humana! 
- Não é bem assim – eu ri sem graça. – Digamos que, o tempo que as meninas passavam procurando namorados ou na internet sofrendo por amores impossíveis, eu gostava de ficar em casa ouvindo música e editando as minhas fotos. 
- Eu prefiro – Harry inclinou-se na minha direção sorrindo – uma namorada com conteúdo – e selou meus lábios. 
Harry – eu sorri. – Você já me ganhou, não precisa ficar me paquerando ou mentindo pra mim – eu ri e ele também. 
- Sabe, quando uma pessoa faz elogios você deveria começar a acreditar. Faz bem pro ego – ele deu um peteleco no meu nariz e começou a rir. – Vem, o que mais preciso saber do Sex Pistols? 
- Bom – o abracei de lado e peguei outro LP do caras, Carri On Sex Pistols – esse CD também é bem... Na verdade qualquer música que você ouvir deles vai ter sempre algum protesto ou algo subliminar falando de UK. 
- Foi alguém dessa banda que tirou aquela foto do cara comendo, o que era mesmo? 
- Exato – respondi. – A foto foi tirada por Bob Gruen, o “cara comendo” um cachorro quente é o Sid Vicious, baixista da banda. Na verdade Sex Pistols não é rock, seria muito mais um punk e com essa foto a cultura punk ficou bem conhecida mundialmente. 
- Fui perguntar de fotografia para uma estudante de fotografia, sou muito burro! 
- Cala a boca – eu ri e fiz carinho em seu rosto. – Na verdade foi o rock quem me trouxe para a fotografia, eu ficava intrigada com as fotos porque eram completamente inusitadas. Por exemplo o próprio Leishman, o cara tira fotos panorâmicas em um universo onde fotos de fronte são... Ai Deus, eu tagarelo demais. 
- E eu acho lindo, continua falando – ele olhou pra mim de forma tão sincera que eu tinha certeza que Harry não estava mentindo. Acho que pela primeira vez uma pessoa prestava a atenção no que eu falava, e não apenas fingia interesse como acontecia na maior parte das vezes. – O que mais esse tal de Rob fotografou? 
- Bob meu amor, Bob Gruen – eu o corrigi e ele riu meio sem graça. 
- Me lembre da próxima vez que sairmos para eu pegar um caderno para anotar tudo o que você fala, vou me esquecer quando chegarmos em casa. 
- Eu com muito prazer posso te dar umas aulas de fotografia e rock quando chegarmos em casa – falei ficando na ponta do pé e beijando seus lábios devagar e mantendo meus olhos abertos para ver a sua reação, ele arregalou os olhos e sorriu durante o beijo. 
- O que estamos fazendo fora de casa mesmo? – Ele perguntou me segurando pela cintura e não perdendo o contato visual comigo. 
- Aprendendo um pouco de cultura, Harry, cultura – eu respondi tirando as mãos dele de minha cintura e virando as costas. 
- Sério, Rhanninha, sério! 
- Vem logooooooo... 

Fui andando pelos corredores e passei meio voando pelo corredor com os álbuns do Kiss. Eu tenho um medo idiota deles, a música é muito boa, mas não consigo encarar uma capa de qualquer álbum deles por alguma razão bizarra dentro de mim. Harry curte Kiss e achou engraçado o fato de eu não ficar olhando para nenhum LP deles, como ele mesmo disse ‘Taylor Swift já se pintou de Kiss e você não tem medo da Taylor, tem?’, mas eu preferi ignorar totalmente esse comentário. Chegando a um segundo corredor eu finalmente achei a banda que meu tio sempre fazia eu ouvir nos piores dias: IRON MAIDEN! The Number of The Beast é meu álbum favorito, e apesar do título ser um pouco pesado – assim como a banda toda, o som da banda e tudo o que envolve Iron Maiden – as músicas são profundas e me recordo de várias vezes ficar chorando no quarto pelo simples prazer de ficar deprimida sem motivo aparente. 

- Ross Halfin – falei suspirando e Harry olhou pra mim. - Ross Halfin acompanhou a ascensão de bandas como Iron Maiden, Metallica, Def Leppard, KISS, Guns N’ Roses e muitas outras fundamentais na história do Rock. Halfin fotografou para as maiores revistas especializadas em música e editou uma série de livros, entre eles “Iron Maiden – A Photo History”, apenas com fotos da donzela de ferro. Em seu site é possível ver a infinidade de bandas que foram clicadas por ele – terminei de falar e olhei sorrindo pra Harry que tinha um sorriso rasgando de orelha a orelha. – Que foi? 
- Qual enciclopédia você engoliu dessa vez? 
- 100 fatos do rock que você precisa saber antes de morrer – respondi. – Li esse livro umas trezentas vezes e provavelmente decorei todos os detalhes, é rico em música e fotografia, duas coisas que amo. 
- Por que não foi pra música, Rhanninha? Você conhece tanto – Harry me abraçou por trás e encostou a cabeça em meu ombro, beijando de leve meu pescoço. 
- Não tenho o dom – respondi. – Não sei cantar, não sei tocar nenhum instrumento e muito menos compor. Decidi seguir para minha outra paixão, fotos. 
- Acho que você podia pelo menos ser empresária musical ou algo assim. 
- Posso ficar do lado de fora só fotografando? – Perguntei rindo e ele me virou de frente. – E namorar um super popstar? Essa é minha conquista musical. 
- Um popstar que não sabe porra nenhuma de música, comparado a você que não calou a boca desde que chegamos – ele riu e encostou a testa na minha. 
- Eu vejo diferente – dei um selinho rápido. – Eu vejo um cara incrível que lutou pelo seu sonho de ser um cantor. Que passou nervoso esperando por uma oportunidade e o destino foi tão maravilhoso que não te deu apenas a oportunidade de fazer uma carreira solo, mas colocou mais quatro garotos em sua vida, você não ganhou apenas uma carreira e sim uma família – falei sentindo meu coração se encher de amor por esses cinco patetas, e um pouco mais por esse garoto na minha frente. – E além disso as fãs amam tanto a banda e te amam mais ainda que fariam tudo por vocês. Isso não vai passar tão rápido, Harry, você está escrevendo história. Esses caras que estamos vendo aqui fizeram história, daqui uns trinta anos as futuras adolescentes vão olhar para um álbum do One Direction e pensar ‘poxa, como eu queria ter nascido nessa época’ – terminei de falar e encontrei o olhar de Harry vidrados aos meus acompanhando cada movimento de minha pupila. 

Sem nem ao menos me dar a chance de perguntar o que ele estava pensando, Harry colou os lábios nos meus e me beijou de uma maneira que até hoje não nos tínhamos beijado. Sua mão esquerda subiu pela lateral do meu corpo chegando a até mesmo levantar a camiseta que eu usava por debaixo da minha jaqueta, ele deixou a mão nas minhas costas e afundou a ponta dos dedos em minha pele fazendo com que eu sem querer me erguesse e empinasse meu corpo na sua direção; sua outra mão estava ocupada demais me segurando pelos quadris e quase perto da minha bunda, sendo que eu sentia de vez em quando seus dedos brincarem um pouco com o bolso de trás da minha calça jeans. Eu estava quase que completamente na ponta dos pés com as duas mãos presas a seu pescoço e ocasionalmente nos seus cabelos, não fazia o mínimo de questão de segurar a vontade que eu tinha de bagunçar aqueles fios tão perfeitos. Abrimos os lábios juntos apenas para dar tempo de um absorver a respiração do outro, ele sensualmente mordeu meu lábio inferior e o puxou tão sutilmente que só fez meu corpo arder mais ainda, abrimos os olhos ao mesmo tempo e sorrimos cúmplices de saber que aquele era um momento nosso, e um momento que nós dois aguardávamos ansiosamente. Encostei de novo minha boca na dele já com os lábios entreabertos e um beijo mais intenso acabou acontecendo, soltei um gemido baixo quando nossas línguas se encontraram no meio do caminho e aquele beijo ficou mais molhado e mais prazeroso do que eu podia imaginar. Depois de ficar nesse não tão discreto amasso na loja de discos, fomos parando o beijo aos poucos e ficamos ali nos encarando abraçados e trocando selinhos de forma apaixonada. Meu coração batia tão forte e eu mal podia sentir minhas pernas, graças a Deus Harry estava me segurando, porque eu sentia que podia cair sobre meus joelhos a qualquer momento.

- Sabe – ele disse entre um dos nossos selinhos. – Promete que não vai sair do meu lado nunca? Que vamos ficar assim e que nada nesse mundo vai interferir no que temos? 
- Farei o meu máximo – respondi sorrindo e ganhei um outro beijo como resposta, dessa vez mais rápido. – Obrigada. 
- Pelo quê? 
- Por me escolher – suspirei e o abracei forte, enterrando meu rosto na curva do seu pescoço. – Por entre tantas você decidir que eu era boa o bastante pra ficar ao seu lado. 
- Não tem de quê – ele respondeu me apertando mais ao seu corpo. – Obrigada por me salvar. 
- Salvar? – Perguntei rindo e fazendo uma pequena careta. – Do quê? 
- De algo que eu nem sei ainda o que é, mas sei que ao seu lado eu vou ser um cara melhor. Com esse sucesso vai saber onde minha cabeça ia parar, mas sei que você vai me manter com os pés no chão. 
- Cos at times like these remind me that I gotta keep my feet on the grooooooound…
- Ah não – Harry gargalhou depois da minha total desafinação cantando Room on the Third Floor do McFly. – Graças a Deus você não é cantora. 
- Eu avisei – respondi rindo. 
- Por falar em McFly e tudo isso, preciso ligar pro Tom. Vamos sair um dia desses, lembra? – Ele disse levantando a sobrancelha pra cima e pra baixo com aquele ar de garoto infernal. – E nem adianta me olhar com essa carinha de quem não está a fim de ir, eu sei que você tá doida pra ir à casa do Fletcher. 
Harry... Harry... – eu passava as mãos pelos seus braços e ria. – Você não tem noção do que pode acontecer comigo se um dia nós formos na casa de Thomas Michael Fletcher, guitarrista do McFly – eu olhei pra ele sorri. 
- O nome do meio dele é Michael? 
- É, bebê, é sim – eu ri. – Eu estarei entrando no ninho do meu ídolo, você tem noção do que pode acontecer com meu coração? 
- Mas, Rhanninha, eu conheço os caras e agora você é minha namorada – ele riu. – Espera, você não gosta da Giovanna, é isso? 
- Deixa de ser tonto, acho a Giovanna a pessoa mais fofinha desse mundo – fiz bico, eu de verdade a adorava. – Eu sou meio stalker quando o assunto é McFly, bebê, praticamente uma fã do One Direction, só que do McFly. 
- Confia em mim, por favor? – Ele riu. – Você é minha namorada e eu quero fazer você feliz, e eu sei o quanto o McFly é importante pra você. Por isso nós vamos aproveitar que essa semana eu estou de folga e os meninos não estão aqui e nós vamos na casa do Tom – ele piscou. – E você vai poder ser fã o quanto quiser. 
- Vou me controlar – eu ri de nervoso, queria começar a dar pulinhos porque eu ia na casa do Tom. Espera, EU IA NA CASA DO TOM! 
- Você quer gritar, não quer? – Ele me olhou rindo. 
- Mais do que qualquer coisa nesse mundo – mordi os lábios e dei pulinhos curtos, Harry me olhava e gargalhava. 
- Vem, vamos embora... Todo esse papo de discos e fotos me deixou com fome. 
- Onde vamos? 
- Conheço um lugar ótimo, bora? 

Agradecemos Cory pela atenção nos dada enquanto estávamos na loja, não levamos nada, embora no meu íntimo eu quisesse levar a loja toda. Prometemos voltar ainda essa semana porque eu ainda não tinha conseguido chegar na parte Ramones e nem Pearl Jam, e se eles conhecem Ramones eles PRECISAM conhecer Pearl Jam. Mas como eu já falei de música e fotografia hoje o dia inteiro, decidi me calar e simplesmente seguir Harry para onde quer que fosse que ele estivesse me levando. Dessa vez Harry telefonou para Paul e ele veio nos encontrar na loja de discos. Quando as fãs viram Paul começaram a gritar também, mas ele não estava com muito bom humor para aguentar gracinhas, tanto que Paul foi logo passando eu e Harry para seu lado direito e afastando as fãs delicadamente com seu braço direito. Harry me abraçou e me deixou no meio entre ele e Paul, eu simplesmente abaixei a cabeça novamente e fui caminhando para um carro que estava estacionado próximo a loja. As fãs continuavam berrando tanto para Harry, quanto pra mim e até mesmo para Paul, porém educadamente Paul respondia ‘hoje Harry está de folga com a garota dele, dêem um tempo, por favor’, e quanto mais ele falava, mais as meninas gritavam. Entrei primeiro no carro, Harry entrou atrás de mim e Paul foi para o banco do motorista, tentando dirigir um pouco rápido e sumindo de perto dos fotógrafos que batiam mil fotos por segundo, até o momento em que nós entramos no carro. Assim que pude respirar um pouco mais aliviada tirei o gorro do meu cabelo e o baguncei passando as mãos pra frente e pra trás, como quem faz uma massagem no couro cabeludo. Tirei a jaqueta que estava usando, porque parecia que tudo me sufocava nesse momento, dei uma olhada para as ruas londrinas e vi umas cinco meninas correndo ao lado do carro e quase caindo no chão ou sendo atropeladas pelos outros carros que vinham. Acabei soltando um gemido sem querer, Harry me olhou totalmente confuso, porém ao mesmo tempo preocupado. 

- Tá tudo bem? – Ele me perguntou pegando minha mão. 
- Vou entrar no Twitter rápidinho – respondi soltando sua mão e pegando meu celular. 
- Não acho que deva ser uma boa ideia, Rhanninha – ele suspirou. 
- Eu sei, mas preciso parar de ser paranóica e ler logo o que estão falando – bufei. 
- Babe, eu já fiz isso uma vez e... 
- Você entrou no Twitter desde que começamos a namorar? – Perguntei e ele negou com a cabeça. – Então deixa eu ver como as coisas andam. 
- Tá – ele se aproximou de mim me abraçando pelos ombros. – Mas se você vai ver eu também quero ver. 
Harry... 
- Qual é? Estamos juntos, não estamos? – Ele me olhou e deu um beijo rápido em meu rosto. 

Suspirei de forma pesada, me aninhei mais ao peitoral de Harry e com muita preguiça – ou devo dizer medo e pavor – peguei meu telefone do bolso traseiro da minha calça. Acessei o Twitter, pedi para Harry não entrar agora no dele, primeiro queria passar pelo choque de ver o meu e depois veríamos o que as fãs estariam falando dele. Logo que abri já vi nosso nome estava nos trends worldwide. TRÊS VEZES! 

#favourite1Dcouple
#support1Dhappiness
#ihate1Dwhen

No primeiro trend achei tweets parecidos com esses: 

“Acho que a Rhanna é a pessoa mais linda que eu já vi na vida” 
“Harry parece muito feliz ao lado dela, #pleasesupport” 
“Fazia tempo que não via Harry sorrir desse jeito, Rhanna é uma garota de sorte” 
“Não acho ela bonita, mas pelo menos ela o faz feliz, fico feliz por ele #not” 
“ELES SÃO LINDOS JUNTOS! CALEM A BOCA HATERS” 
“Pra que odiar Harry e Rhanna? Vocês não vão casar com ele, e Harry parece muito feliz ao lado dela #favourite1Dcouple” 
“#favourite1Dcouple Rhanna e Harry – Zayn e Ana. Porque eles são lindos e irão fazer bebês perfeitos” 
“Me dói muito vez o Harry namorando, mas se ele está feliz eu vou tenta ficar feliz por ele” 
“É idiotice eu achar que ele ia ficar solteiro pro resto da vida, pelo menos ela parece ser uma garota legal” 

Tanto no primeiro trend como no segundo, os tweets eram simpáticos. Pelo menos nenhum deles estava me atacando diretamente o que era bom sinal. Harry olhou pra mim e deu um suspiro aliviado, mas eu ainda não estava tranquila. As fãs estavam bem chateadas com o fato dele estar namorando, e algumas vezes eu li ‘espero que você saiba que minha vida está nos seus braços, Rhanna’ ou coisas assim, ‘se você quebrar o coração dele eu quebro a sua cara’... Não acho muito provável que alguma realmente vá fazer isso, mas nunca se sabe, só de lembrar do photoshoot da Sugar Scape eu sinto arrepios. Harry pediu para eu não abrir o último trend, ele sabia muito bem o que estaria ali; mas eu sou teimosa. E briguenta, e chata e se é pra eu ver logo o que está acontecendo, que eu veja logo, com um soco no estômago. Enterrei mais meu corpo no peitoral de Harry enquanto o sentia me abraçar mais forte mantendo os dois braços ao redor do meu corpo, o tempo inteiro ele sussurrava ‘está tudo bem, eu estou aqui, está tudo bem, babe’, mas depois de um tempo eu mal conseguia ouvi-lo. Quando eu finalmente abri os tweets e me deparei com milhões que se atualizavam a cada segundo falando mal tanto de Harry como de mim e do nosso relacionamento, eu não aguentei e comecei a chorar baixinho ali mesmo. 

“Rhanna queridinha, quando seu contrato como fotógrafa do McFly terminar você vai largar o Harry?” 
“Só eu acho que essa menina tem cara de SONSA?” 
“Harry merece algo melhor, ele vai perceber quando essa brasileirinha de merda conseguir chegar até onde ela quer” 
“Ela só está usando o Harry pra ter fama, alguém a conhecia antes do namoro? NÃO!” 
“Gente ela é brasileira, é tudo puta! Harry tá dando umas nela, mas logo depois ele cansa e volta pra mim” 
“Ele ignorou as fãs hoje por causa DELA?! Ok, ele mudou, não venham discordar de mim” 
“Rhanna nem olhou pra câmera, aposto que estava adorando toda essa atenção” 
“Tem noção que o Harry foi O ÚNICO que não viajou pra cidade natal dele pra ficar com essa namorada de merda? Ela está fazendo mal pra ele” 
“Harry vai mudar e é questão de tempo” 
“GAROTA CHATA E FEIA PRA CARAALHOOOO!!!”
 

Fiquei parada com o celular em mãos sentindo mil lágrimas caírem de meus olhos e soluços reprimidos se atolarem minha garganta. Eu tremia, por mais que Harry estivesse me abraçando forte eu só sabia tremer, não consegui me controlar por muito tempo e comecei a chorar mais alto. Paul até olhou pra trás pra saber o que estava acontecendo, mas Harry pediu educadamente para que ele não me olhasse e continuasse dirigindo. Eu abracei Harry o mais forte que pude e chorei como se eu pudesse morrer a qualquer momento; não me lembrei de nada de bom que tinha lido nos tweets anteriores, apenas me foquei naquelas merdas que li por último. Como que podem falar esse tipo de coisa! Por que as fãs se sentem no direito de falar o que bem pensam para alguém que nem conhecem, tipo EU? Essa está sendo nossa primeira aparição pública – bom, depois do aeroporto – e ninguém me conhece, eu nem uso meu Twitter, eu não escrevo absolutamente nada, como que podem me julgar desse jeito! Quanto mais eu chorava, mais Harry me abraçava, mas não falava nada porque eu imagino que ele nem sabia o que falar uma hora dessas. Aos poucos fui me acalmando e me obrigando a parar de chorar, se cada vez que eu lesse algo desse tipo e tivesse um ataque de choro eu estava ferrada, e daqui a pouco esse relacionamento ia acabar cansando e... Não quero pensar no que pode acontecer.

Harry, o que você vai fazer? – Perguntei vendo ele me soltar e pegar o seu celular.
- Confia em mim? – Ele me olhou sério. 
- Não fala nada, pelo amor de Deus! Não fala nada... 
- Hey – ele segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou. – Confia em mim, por favor. 
Harry... 
- Você viu que tem fã que nos apóia? Que gostam de você? – Ele sorriu fraco. – Então me deixa dar um cala a boca pra essas recalcadas que ficam falando merda da pessoa que eu... – ele parou a sentença no meio, talvez pela cara de pavor que eu fiz. 
- Que você? – Não, ele não ia falar a palavra que começa com “A”, ia? 
- A pessoa que estou junto – ele respirou fundo e engoliu a seco alguma coisa que devia estar em sua garganta. – Te escolhi porque você não é nada disso o que elas estão falando, não posso ficar aqui parado lendo essas coisas e não falar nada. 

Dito isso Harry abriu o Twitter no celular e começou a digitar, não parou mais. Digitou por dez minutos seguidos e não deixou eu ver enquanto não tivesse terminado, disse que eu poderia querer impedi-lo de escrever alguma coisa (como seu pudesse fazer algo para pará-lo). A cada palavra ele suspirava, passava as mãos nos cabelos, me olhava, forçava um sorriso e depois digitava de novo. Eu fiquei preocupada demais olhando pra rua e para as minhas unhas que nem percebi quando ele finalmente parou de digitar e me entregou o celular para que eu pudesse ler o seu ‘texto’. 

“Desde que entrei na banda pensei que não pudesse haver felicidade maior do que viver seu sonho, mas sempre soube que precisava de alguém ao meu lado para compartilhar esse sentimento. Finalmente eu achei, não posso dizer que ela seja talvez a ‘número um’, mas no momento ela É a minha número um. Como vocês se sentiriam se começassem a falar baixaria do seu melhor amigo? Ou daquela pessoa que você escolheu para compartilhar seus medos, seus sonhos, seu futuro? Quando vocês mandam mensagens para ela, atinge muito mais do que apenas uma pessoa: ME ATINGE! Atinge a banda porque todos nós nos apoiamos em quaisquer que sejam as decisões tomadas, atinge a maneira como vou olhar os fãs. É a primeira vez que eu peço para PARAREM COM ISSO! Parem de mandar mensagens para ela, PAREM de querer destruir algo que está começando agora. Eu amo nossos fãs e sei que não sou nada sem vocês, mas não vou pensar duas vezes antes de ser estúpido caso algum fã levante a voz para a minha namorada ou faça algo que a machuque. 
Obrigado – Harry Styles x” 

- Você tá ferrado, Styles – eu falei terminando de ler. – Tem noção do que isso vai causar? 
- Não me importo – ele bufou. – Eu posso aguentar que falem mal da banda, que nos chamem dos piores nomes possíveis! Mas não vou permitir isso com você, Rhanna. 
- Obrigada – falei suspirando e me aninhei novamente ao peito de Harry. – Estamos fudidos. 
- Sim, estamos – ele riu. – Vamos comer? 
- Você acabou de lançar a maior bomba pro fandom e você está pensando em comida? Qual seu problema? – Olhei pra ele e comecei a rir. 
- Olha – ele passou os dedos pelos meus lábios e me deu um selinho. – Te fiz sorrir sem ao menos você perceber. 
- Só porque você é absurdamente idiota que só pensa em comida o tempo inteiro, eu hein – falei ainda sorrindo. 
- O dia de hoje foi bem lotado, precisamos comer alguma coisa. E aí, topa? 
- Opa, lógico – respondi animada. 
- Sabe... – ele me apertou um pouco mais. – Acho que está na hora de fazer algo especial pra você. 
- Tipo, o quê? 
- Confia em mim – ele riu e beijou meus cabelos. 

Fechei meus olhos e suspirei pesado. No fundo, eu só queria que esse dia acabasse. 

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