Gotta be 8 & 9



Capítulo 08 

Vinte garotas se aglomeraram na frente de um pequeno palco improvisado no meio do estúdio. Vinte garotas gritavam e alcançavam alguns decibéis que até então eu achava impossível de serem alcançados. Vinte garotas choravam, tremiam e quase desmaiavam por cinco garotos. One Direction. 
Harry, Niall, Louis, Zayn e Liam estavam no palco ligando os microfones, eles iam cantar duas músicas acústicas e depois iriam embora; acho que iam tirar fotos e dar autógrafos também. Com muita insistência da Ana, eu estava no meio desse furacão adolescente, e Sam estava um pouco mais afastado paquerando a mocinha da maquiagem que fez o plié para oLouis. Eu nunca fui tão acotovelada igual eu estava sendo naquele momento, aquilo só me fez imaginar como seria um show do 1D, eu não ia sobreviver. Eu ouvia coisas como ‘você é amiga deles, vai lá pra trás’ ou ‘sai daqui, você nem é fã de One Direction’ e isso me fazia querer chorar. Quando eles começaram a cantar What Makes You Beautiful – só ao som do violão – pensei que ia desmaiar. Aninha ainda conseguia ficar em pé, mas eu só queria sair dali; se eu sou amiga deles não tem PORQUÊ eu ficar ali sendo chutada e acotovelada o tempo todo. Olhava pra Aninha pedindo misericórdia, mas ela só sabia gritar e berrar tanto quanto as outras; Zayn de vez em quando a olhava e eu tenho certeza de que as outras meninas perceberam isso também. Então chegou o refrão! 

Assim que eles começaram ‘Baby you light up my world like nobody else’, as vinte garotas pularam quase em cima do palco, os meninos tiveram que dar um passo pra trás e eu vi claramente nos olhos de Harry um certo pavor. Paul estava ali por perto, mas acalmar vinte feromônios não ia ser fácil nem pra ele; não estava sendo pra mim. Com o passar do refrão os pulos pioraram, os gritos também e os empurrões e chutes também. A loirinha que ama o Harry mais do que tudo apareceu ao meu lado e me deu uma cotovelada na costela. Daí pra frente eu só sei de dor, muita dor. Caí no chão de joelhos e coloquei a mão na parte atingida enquanto as outras garotas mal se importaram de me ver ali, eu não conseguia me mexer e mal conseguia respirar. Duas garotas não me viram – ou me viram e fizeram de propósito – e começaram a pular ao meu lado, resultando em me derrubar no chão; só lembro de ser pisada nas mãos, nos cabelos, na perna, nos pés e alguém deu um chute pra trás que acertou meu lábio. Eu não conseguia falar nada, mal conseguia me mexer e se eu gritasse por ajuda ninguém ia me ouvir, eu mal conseguia ouvir os meninos cantando. Gritei um pouco mais alto quando a loirinha fez questão de pisar em minha mão, fiquei em posição fetal ali no chão só esperando a porra da música acabar e quem sabe eu conseguir me levantar; ergui meu rosto, mas só consegui ver Aninha lá na frente cantando com Zayn que estava de frente pra ela causando um furor maior nas fãs. Senti meus olhos ficarem cheios de água e não me importei em começar a chorar, tentava levantar e era arremessada ao chão de novo, tentei mais duas vezes, mas a dor em meus braços e pernas pisados não permitia que eu colocasse muita força, o que resultava na minha queda novamente ao chão. Meu lábio doía com o corte, mal sentia minhas costelas e meus dedos formigavam; se é isso que é morrer eu não tô pronta pra isso! 

Foi então que eu ouvi berros mais altos, uma voz mais grave. ‘SAI, PORRA, SAI DAQUI...SAI, CARALHO...AFASTA, PUTA QUE PARIU!’ Me vi sendo carregada por dois braços longos e definidos. Era Sam, e ao seu lado Olívia. 

- Coloca seu rosto no meu pescoço Rhanninha, vou te tirar daqui – ele disse me erguendo, a única coisa que consegui fazer foi gemer alto, a dor em meu corpo era absurda! 
- Samuel, leve ela agora para a enfermaria e não comente nada – Olívia dizia enquanto caminhava ao nosso lado. – Isso não vai ficar assim, isso não vai ficar assim. 
- Dor... AI! – Sam me segurou de mau jeito e minha costela latejou, vi estrelas e tenho uma impressão que apaguei. Minha visão ficou escura e daí pra frente não lembro de mais nada. 

- Desculpe, Senhor Styles, você não pode entrar aqui. 
- Qual é? É minha amiga, sabia? 
- Harry, vamos, por favor. 
- Vamos nada, Niall, eu quero ver a Rhanna! 
- Vocês não acham que já deram trabalho demais hoje? 
- A CULPA NÃO FOI NOSSA! 
- Olívia, Olívia! 
- Harry, desculpe... Ela tá dormindo agora, você não pode vê-la. 
- Na verdade eu não vou deixar esse grupo de aproximar da mocinha, com certeza vocês são as últimas pessoas no mundo que ela quer ver no momento. 
- ELA É NOSSA AMIGA! 
- SUA AMIGA FOI ESMAGADA! 
- Harry, cara, vamos! Você liga pra ela mais tarde. 
- Aninha, você me avisa? 
- Claro, Zayn, quando a Rhanninha acordar eu aviso pra vocês. 
- POR QUE ELE PODE FICAR COM ELA E EU NÃO? 
- ELE A SALVOU! 
- Obrigado, cara. 
- De nada. 
- Obrigado o caralho, por que você não me avisou que ela estava sendo esmagada? 
- Talvez porque você estivesse preocupado demais cantando o que faz uma garota bonita e paquerando a loirinha da frente? 
- ESCUTA AQUI... 
- Harry, vamos! 

Abri meus olhos com uma dificuldade tremenda. Havia uma luz branca bem em cima de mim e eu estava deitada em uma maca médica; não estava com as minhas roupas, e sim com uma camisola rosa clara da Hello Kitty. À minha volta estava uma cortina azul e eu só conseguia ouvir vozes e umas sombras, na verdade várias sombras. Tentei levantar minha cabeça, mas tudo doía; mexi meus dedos e meu braço e eu parecia sentir toda articulação se quebrando. Senti que meu lábio inferior estava inchado e de novo senti vontade de chorar; então me lembrei onde eu estava e me deu uma vontade maior ainda de chorar. SugarScape. One Direction. 

- Alguém? – Fiz um esforço pra sair minha voz e deu certo, estava meio rouca, mas na mesma hora o burburinho lá fora parou. E foi aí que eu ouvi alguém gritando pro Harry não entrar ali. 
Rhanna – Harry apareceu com a roupa que eu o vi mais cedo e com o rosto lívido e branco. – Puta merda, você está bem? 
- Vou sobreviver – falei me erguendo em meus cotovelos e tentando sentar, novamente falhei, porque meus músculos ainda doíam. – Ai caralho! 
- Deixa eu te ajudar – Harry veio até mim e colocou força no meu corpo, ajudando-me a erguê-lo. – Meu Deus, o que fizeram com você? 
Harry Styles, agora pra fora! – Era a voz de Olívia. 
- Eu não vou sair daqui – ele respondeu sem ao menos se virar, ainda me encarava com aqueles olhos que pareciam penetrar minha alma. – Desculpa, pelo amor de Deus, me desculpa. 
- A culpa não foi sua Harry – falei. – Foi meio de propósito, não fica se martelando com isso. 
Rhanna... 
Harry, eu não vou falar de novo. 
- Que bosta! – Ele olhou pra Olívia. – Qual o problema de eu ficar aqui com ela? 
Rhanna precisa se trocar e já vai pra casa. Eu mesma vou levá-la, se você quiser eu telefono e te falo como ela vai estar mais tarde. 
- Eu quero ficar COM ELA! 
- Ela tem dois amigos que farão isso por ela, Ana e Samuel – Olívia apontou para os dois, que estavam um pouco nervosos. – Eu não vou falar de novo, Harry. 
- Nós também somos amigos dela, Olívia – ouvi Liam dizer. – Por favor, estamos nos sentindo absurdamente culpados. 
- Não vai ter jeito, vai? – Olívia suspirou e passou as mãos nos cabelos. – Se mais alguma coisa acontecer com ela, eu juro que nunca mais vocês chegam perto. Me entenderam? 
- Sim senhora – cinco vozes responderam. 
Ana e Samuel, me acompanhem? Eu preciso que vocês assinem o boletim que eu fiz da tarde de hoje. Aceitam ser testemunhas? 
- Claro que sim – Aninha disse de prontidão. – A revista vai publicar alguma coisa? 
- Não – Olívia falou meio cansada. – E caso alguma menina presente publique alguma coisa, vou me encarregar pessoalmente de entrar na justiça. Isso que aconteceu foi errado, muito errado! 
- Obrigada – falei olhando para ela. – Obrigada. 
- Está dispensada da escola essa semana, Rhanna, fique em casa e repouse. Estamos mandando um comunicado para sua família no Brasil para eles não ficarem preocupados caso saia alguma notícia. 
- Minha mãe vai ficar pirada – eu falei sem humor algum. 
- Eu espero que ela fique – Olívia disse. – Samuel, Ana? 
- Nos vemos daqui a pouco, Rhanninha – Aninha disse me olhando com carinho. 
- Sam – chamei-o. – Obrigada pela ajuda. 
- Ao dispor – ele sorriu pra mim e eu senti Harry ficar rígido ao meu lado. 
- Eu preciso que vocês saiam para deixar a menina Rhanna se trocar. 
- Quer ajuda? – Harry perguntou, mas na mesma hora eu disse que não. 
- A enfermeira vai me ajudar – respondi. – Pode esperar lá fora. 
- Não vou sair daqui – ele beijou minha mão e saiu para me esperar junto com os outros meninos. 

Com muita dificuldade eu consegui tirar a camisola da Hello Kitty e vesti minha roupa. Eu não estava com machucados, mas o meu corpo todo doía por culpa das pisadas. Dei uma olhada em meus braços e constatei que haviam alguns roxos ali, nem me de ao trabalho de ficar olhando por muito tempo porque eu sei que iria ficar assustada, minhas mãos ainda estavam inchadas e com alguns cortes e meu lábio dolorido. Não sei mesmo se queria ficar na companhia dos meninos, de uma certa forma eu teria que concordar com a enfermeira, eles eram as últimas pessoas no mundo que eu queria ver agora. Eu sei que nada disso era culpa dos meninos, pelo amor de Deus! Mas foram as fãs da banda que fizeram isso comigo, eu acho que estava sentindo uma raiva por terceiros – se é que dá pra me entender. A primeira pessoa que eu ia falar era com o Louis, por culpa da porcaria do tweet as fãs ficaram piradas e olha o que aconteceu comigo! Eu estava estressada, com dor e querendo tacar uma bomba em vinte garotas eufóricas e dar um soco nos cinco popstars! 

- Oi, Rhanninha – Zayn veio até mim e me deu um beijo no rosto quando eu saí da enfermaria já com a minha roupa. – Quer alguma coisa? 
- Quero ir pra casa – falei de forma monótona. – Eu queria só falar uma coisinha, pro Louis. 
- Pra mim? – Ele apontou pra si mesmo com uma cara assustada. – Que foi que eu fiz? 
- Quando eu pedir pra vocês não comentarem nada no Twiyter, é pra vocês NÃO comentarem nada no Twitter – falei brava. – Louis, aquele mínimo tweet matou o fandom inteiro! Quando eu saí as vinte garotas estavam me olhando com tanta raiva que eu sabia que ia morrer, você tem noção? 
- Sinto muito, Rhanninha – ele abaixou a cabeça, tá, a raiva tinha ido embora. – Eu pensei que as fãs já fossem estar acostumadas com você e o Harry. Ele quase te pediu em namoro hoje. 
- É, mas não pediu – e agora olhei pro Harry. – E as fãs nunca vão se acostumar com isso! Tem noção do que acabou de acontecer? Não foi um acidente, Louis, foi de propósito, elas me derrubaram no chão, elas me chutaram! 
- Nós gostamos das nossas fãs, Rhanna, foi só uma crise de ciúme – Harry falou sem ao menos me olhar. É SÉRIO que ele ia defender as pirralhas? 
- SÓ UMA CRISE? – Aumentei minha voz. – Isso pra mim não é uma crise, isso pra mim é crime! – Apontei pro meu braço com alguns pequenos hematomas. – Isso pra mim é falta de vergonha na cara, é falta de tapa! – Mostrei meu lábio cortado. – É um bando de filhinha de papai que acha que pode fazer o que quiser. 
- Você está falando das nossas fãs – Zayn disse e eu quis quase morrer. – Elas não fizeram por mal. 
Zayn Malik – suspirei pesado e engoli o choro. – Eu juro que vou sair daqui agora porque eu não quero prejudicar o pouco de amizade que nós temos. 
- Onde você vai? – Niall perguntou preocupado, eu acho que ele e Liam eram os únicos que tinham uma noção do que acabara de acontecer. 
- Vou pegar um táxi e vou pra casa, e vou ficar trancada por uma semana. 
- Chama o Sam pra cuidar de você! – Harry soltou, os meninos soltaram um suspiro pesado e ouvi Niall ralhar com Harry.
Harry – voltei os passos que tinha dado e o encarei. – Foi muito bom conhecer você, mas, por favor, suma da minha vida pelos próximos cinco dias. 
- Com prazer – ele respondeu. 

Engolindo o gosto amargo em minha garganta e nem percebendo que minhas lágrimas estavam caindo de meus olhos, me virei e deixei One Direction para trás. Ouvi Niall e Liam ralharem com Harry e Zayn e Louis ficarem em silêncio. Quando cheguei do lado de fora, cinco fãs me esperavam e me olhavam com cara de pena, pelo menos não vi aquela raiva tão conhecida em seus olhares. Era um pouco mais de quatro da tarde, e no inverno em Londres já é escuro e já está bem frio, eu estava apenas com uma camiseta e calça jeans, com o frio a dor em meus braços ficou ainda mais intensa e eu fiz careta quando passei dos portões principais da SugarScape. 

Rhanna Penalva? Rhanna? 

Uma menina de aproximadamente catorze anos me chamava. Sua pele era branca como todo britânico e suas bochechas coradas. Seus cabelos eram lisos e ruivos, todo despontado e com aquela franja enorme que as britânicas gostam de usar; ela me olhava com aqueles grandes olhos verdes cobertos de rímel e lápis preto, seu rosto me lembrava o de um lêmure, porém muito mais angelical. Vi que ela tinha escrito na bochecha o logo do One Direction e presumi que ela fosse fã, porém ela continuava chamando meu nome de forma tão doce que eu não pude simplesmente ignorar sua presença ali. 

- Pois não? – Falei parando onde estava e abraçando meu corpo. 
- Meu nome é Carrie e eu... Eu te adoro – ela sorria, sorri sem ao menos pensar. Como que ela podia me adorar? 
- Desculpa, o quê? 
- Eu adoro você, eu e minhas amigas – ela apontou para um grupo de meninas atrás dela, mais ou menos no mesmo estilo e mais ou menos com a mesma idade. – Você é linda e eu acho que você faz um casal fofo com o Harry. 
- Obrigada, mas nós... – olhei para o grupo e percebi um certo brilho no olhar de todas, que é isso? – Somos amigos. 
- Não é o que falaram por aí – ela riu de forma desengonçada e sem mostrar os dentes, percebi que ela usava aparelho. – Posso tirar uma foto com você? 
- COMIGO? – Arregalei os olhos. – Eu... Eu tô acabada agora! 
- É verdade o que falaram? Que pisaram em cima de você durante o photoshoot? 
- Quem disse isso? – Perguntei pra loirinha de cabelo azul borrado atrás que falava com um sotaque muito forte. 
- Saiu no Tumblr, tinha até um vídeo. Aí apareceu um cara fortão e te tirou de lá, a cara do Harry foi inapagável! Fizeram até gif. 
- Oh meu Deus – coloquei a mão na boca, a Olívia ia morrer. – Você pode me informar quem postou? 
- Não lembro o endereço dela, mas eu posso te deixar um link no seu Twitter e depois você olha – ela sorriu. – Tem como você pedir pro Harry me seguir no Twitter? 
- Claro – eu disse atordoada, era muita informação pra mim. – Escreve em um papel o seu Twitter que eu passo pra ele. 
- AH, OBRIGADA! – Ela gritou, mas eu nem me importei. Vi o grupinho se aglomerar e escrever o Twitter de cada uma em um pedaço de papel. Olhei para o portão da SugarScape e vi os cinco garotos atravessando o portão. Na mesma hora as meninas pararam de escrever e começaram a tremer, chorar... Essa era uma reação normal? 
- MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS! 
- SÃO ELES! SÃO ELES! SÃO ELES! 
- Com licença, meninas, eu realmente preciso ir embora – falei sabendo que nenhuma delas iria prestar atenção no que eu acabei de falar. 
- NEM PENSAR! – A tal Carrie disse – Fica, quero tirar uma foto com você e o Harry juntos. 
- Realmente não seria... 
- OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!! – Niall se aproximou de nós e Carrie parou de falar comigo para dar pulinhos e gritinhos e abraçar Niall Horan. 
- Oi, linda, tudo bem? – Ele perguntou sendo completamente fofo, sorri sem ao menos perceber. 
- E aí? Como estão? – Liam disse se aproximando do outro grupo e abraçando as meninas. 

Um por um falaram com as fãs, aquele One Direction que estava há pouco tempo no photoshoot ou na enfermaria não era o mesmo que estava lá fora. Aquele era o grupo que sorria para as fãs, que era simpático e que sempre tinha que estar de bom humor porque qualquer deslize podia passar uma má impressão; mas pelo que eu estava vendo não era esforço algum sorrir, tirar fotos, dar autógrafo e ser simpático. As meninas estavam até que controladas, choraram um pouco, mas o que mais falavam era o tão famoso ‘Ai meu Deus, ai meu Deus’. Duas delas gravaram o encontro, pediram para eles falarem ‘oi’ para – o que eu supus – serem outras amigas, os viram fazendo gracinhas para a câmera e pelo sorriso e olhar delas, percebi que as meninas estavam mais apaixonadas ainda pela banda. Eu estava afastada com os braços cruzados e tremendo de frio, ia ser rude eu sair assim do nada? Mas ninguém estava prestando atenção em mim mesmo! Dei uma olhada em meu braço e os roxos estavam menores, porém mais escuros, minha pele arrepiada e eu tava começando a me sentir meio mal por culpa do frio. Precisava ir embora dali. 

- Vocês se importam se eu for falar com a nossa amiga? – Liam disse para a loirinha com mechas azuis. 
- De jeito nenhum, ela é linda! 
- Obrigada – ele sorriu e veio na minha direção. Sorri com os lábios fechados e o vi tirar o casaco caramelo que ele usava. – Pega, Rhanninha. 
- Estou quase indo embora, Liam, eu estou bem – falei tentando controlar meus queixos que não paravam de bater, mas foi em vão. 
- Será que, por favor, você pode pegar meu casaco? – Ele sorria. – Ou eu vou ter que enfiar ele por seus braços? 
- UGH! – gemi e me certifiquei que as fãs não estavam olhando. Coloquei o casaco de Liam e na mesma hora me senti melhor. – Volta lá com as meninas, eu sei cuidar de mim. 
- Pra que esse mau humor todo? – Liam falou meio triste – Vem aqui. 
Liam Payne! – Eu ia tentar dar uma bronca, mas Liam me abraçou por trás e ficou passando as mãos com força em meus braços a fim de me esquentar. 

Na mesma hora meu queixo parou de bater e minha respiração voltou ao normal. Liam parou de passar as mãos pelos meus braços e simplesmente ficou ali abraçado comigo e com o queixo encostado em minha cabeça. Não teve nada de romantismo e nem frio na barriga, nada mesmo; naquele momento eu simplesmente senti que Liam gostava de mim como amiga e por alguma obra do destino que eu nunca vou entender, eu também gostava muito dele. Ele e Niall eram os únicos que me mandavam mensagens apenas pra saber se eu estava bem, apenas para falar comigo; e agora com essa simples demonstração de carinho eu acabei de eleger Liam meu melhor amigo da banda. Enquando estávamos abraçados, vi Harry parar para tirar uma foto com Carrie e depois olhar diretamente para Liam e eu, seu rosto se contorceu numa mistura de surpresa e depois decepção. Carrie abriu a boca para falar alguma coisa, mas depois se calou vendo a foto que tinha acabado de tirar com Harry e dando pulos de alegria. 

- Eu acho que você deveria ir lá falar com elas – falei baixinho para Liam. – Elas estão aqui pra ver você, sabia? 
- Vou chamar o Harry – ele disse me soltando do abraço. – Pega leve. 
Liam... 
Rhanninha – ele ficou de frente pra mim passando a mão no meu rosto onde estava meio arroxeado e depois em meus lábios no corte, sorri meio triste. – Aquele filho da puta te adora! – Ele riu. – Sério, eu nunca vi o Harry ficar babando em uma garota como ele baba por você, ficar o dia todo esperando notícia sua e quando você manda uma mensagem ele fica com cara de idiota e sorrindo pro celular. Todos nós tiramos uma com a cara dele, porque, na boa, ele fica muito gay!
- Vou tentar traduzir o que você disse, ele gosta de mim? – Perguntei meio rindo e Liam gargalhou. 
- Não, ele não gosta – ele ponderou. – Ele está totalmente apaixonado por você. 
- Ai meu Deus! 
- Sabe como ele ficou quando descobriu que você não estava mais com a sua sala? Ele ficou totalmente perdido e errou a letra de More Than This, tem noção? Logo na primeira parte o cara já errou porque não te viu lá – Liam falava com tanto carinho na voz que eu estava me derretendo toda. – Nós realmente não te vimos, Rhanninha, digo, quando as meninas começaram a pisar em cima de você. 
- Eu imaginei isso – mordi os lábios, fiz careta porque mordi bem em cima do machucado. 
- Se tivéssemos visto teríamos parado de cantar na mesma hora – ele falou. – Assim que acabamos, Harry foi correndo saber o que tinha acontecido com você, mas as fãs não nos deixavam sair e... 
Liam, eu não preciso que você me explique nada, eu entendo perfeitamente. Essas meninas estão falando do photoshoot desde o primeiro dia de aula, todo mundo estava muito eufórico – falei. – Mas é que o Louis twittou aquilo e eu não estou realmente em uma zona de conforto agora. Tem pelo menos cinco meninas da minha sala que são apaixonadas por vocês, mas de uma maneira mega doentia. 
- Percebi isso hoje – ele disse balançando os ombros. 
- Mas elas sãs fãs, elas amam vocês mais do que a própria vida! Porém tudo tem limite, Liam, e hoje elas passaram do limite, eu só queria que Harry entendesse isso. 
- Eu entendo... – Harry estava parado atrás de Liam nos encarando. – Posso ter um momento com você? 
- Demorou hein? – Liam falou meio brincando arrancando um sorriso de leve meu e de Harry. – Cadê as meninas? 
- Estão lá gravando uns vídeos – Harry apontou para as fãs. – Elas são engraçadas. 
- Beleza – Liam respondeu saindo. – Se cuidem. 

Harry e eu nos encaramos por alguns segundos antes de qualquer coisa. Minhas mãos estavam no bolso do casaco deLiam e eu balançava meu corpo pra frente e pra trás como se fosse aquele tipo de criança que quer alguma coisa, mas não sabe o que fazer pra pedir. Harry estava quase da mesma forma que eu, mas suas mãos estavam no bolso da calça e ele não estava balançando o corpo, ocasionalmente ele mordia os lábios enquanto me encarava, quando eu fui fazer o mesmo novamente me machuquei e fiz careta. Ele sorriu quando viu isso; já disse que ele deveria ser proibido de sorrir? 

- Tá doendo? – Ele perguntou apontando para meus lábios. 
- Só quando eu mordo sem perceber, o que está acontecendo com muita frequência. 
- Hm – ele riu com os lábios fechados. Se aproximou mais de mim, juntou seu dedo indicador e o do meio e deu um beijo neles ainda me encarando. Veio até mim e encostou seus dedos recém-beijados em meus lábios e sorriu. – Ainda não estou autorizado a beijar seus lábios, esse é o máximo que posso fazer agora. 
- Já vale o esforço – tentei responder, o simples toque me fez ficar tonta e sonolenta, e era só o DEDO do Harry! – Eu fui grossa com você antes, me desculpe. 
- Você está certa – ele suspirou. – Eu fui estúpido com você também, me desculpe. 
Harry, isso tudo está me deixando confusa... 
- Vem aqui – e ele me abraçou. Ali, sem muito o que falar, sem muito o que fazer, fui tomada pelos braços de Harry, e quando me posicionei, estava envolvida em um abraço. 

Senti seu corpo desmoronar em cima do meu num misto de descanso com desespero, sua respiração pesada se misturava com a minha em uma perfeita confusão. Seus braços ficaram ao redor de minha cintura e me apertaram forte, eu estava com os meus ao redor do seu pescoço e meu rosto enterrado na curva de sua clavícula. Percebi que ele suspirava e a sensação de sentir gás carbônico quente saindo de sua boca me dava arrepios e fazia meu frio voltar, por mais que a jaqueta de Liam me esquentasse, algo no universo me deixava com frio e trêmula. Talvez fosse esse garoto que tinha em meus braços, ou ele me tinha nos braços... 

- Acho que vamos ter que adiar o nosso jantar – falei saindo do abraço e tentando sorrir. – Não estou em condições de sair desse jeito hoje. 
- Eu entendo – ele passou a mão por meu rosto e sorriu. – Melhor você descansar, quer que eu fique com você hoje ou acha melhor ficar sozinha? 
- Na verdade... 
- AHH VOCÊS DOIS SÃO TÃO LINDO-O-O-O-O-O-OS! – Carrie apareceu meio do nada ao nosso lado e bateu uma foto com um flash muito forte, fiz careta. – Gente, me desculpa, atrapalhei? 
- De maneira alguma – respondi rindo, olhei pra Harry, que sorria de forma marota para mim. – Você é muito legal, Carrie.
- JURA? – Tem como essa menina falar sem ser gritar? – Eu acho você a garota mais linda que eu já vi na vida, e vocês dois super combinam! 
- Nós não somos namorados – falei de novo, mas Harry parecia se divertir. 
- Carrie? – Harry olhou pra menina e a abraçou, parecia que eu estava vendo Aninha na minha frente de novo. – Você acha que nós combinamos? 
- Acho super – ela disse ainda eufórica e com o rosto muito vermelho. 
- Você acha que ela deveria aceitar ser minha namorada? – Ele falava e me encarava, com um sorriso pra lá de malandro. Apelar pra fã é sacanagem! 
- Você já a pediu em namoro? – Carrie olhou para nós dois, eu sorri sem graça e balancei a cabeça negativamente. –Harry Styles, como que você pergunta pra mim se eu acho que ela deveria namorar com você sendo que a proposta nem foi feita? 
- Carrie? – Eu fui até ela e sorri. – Você é uma garota muito, muito legal – falei e ela abriu o maior sorriso que já vi na vida. – Quem é seu favorito? 
Niall Horan – ela disse quase se sufocando no próprio oxigênio. 
- Faz um favor pra mim? – Ela balançou a cabeça nervosamente. – Chama o Niall? Eu preciso perguntar uma coisa pra ele. 
- Eu? Eu vou chamar Niall Horan pra Rhanna Penalva? – Ela se afastou um pouco e arregalou os olhos. – Meu Deus, esse é o melhor dia da minha vida! 
- Você distraiu a fã? 
- Aham – respondi rindo. – Harry, pare de ficar colocando suas fãs nesse bolo! 
- Só fiz uma pergunta sem malícia alguma – ele sorriu. 
- Não faça! 
Rhanninha, me chamou? – Niall apareceu. Carrie estava meio perdida com as amigas ao fundo conversando com os outros meninos. 
- Tem como me levar pra casa? 
- Hey, eu tô aqui! – Harry bufou. 
- É, eu sei, mas eu to precisando conversar com o Niall… Sozinha. 
- Primeiro a jaqueta do Liam – Harry apontou pra jaqueta – E agora uma conversa com o Niall… Tô ficando perdido! 
- Eu só preciso conversar com seu amigo primeiro, antes de tomar uma decisão a respeito de nós dois – falei indo atéHarry e segurando sua mão. – Eu quero isso, mas me dá um tempo. 
- O quê? – Ele parecia não acreditar no que eu acabei de falar, nem eu acreditava direito. Niall atrás de mim soltou um muxoxo engraçado. – Rhanna, você tá me pedindo em namoro? 
- Não, imbecil – falei. – Tô afirmando que sim, eu quero namorar com você. Mas não, não agora. Estou afirmando que eu gosto de você e que, apesar do que aconteceu hoje, eu acho que, acho que consigo passar por cima de tudo. Existem fãs que aprovam você e eu, por que não tentar algo mais concreto? 
- Você não tá falando sério – ele sorria, e dessa vez era um sorriso que eu não conhecia, era novo. – Rhanna...Rhanninha... 
Harry – eu sorri. – Eu só tenho que conversar com Niall – apontei para Horan, que estava atrás de nós. – Eu go-gosto dele. 
- Como amigo! 
- Óbvio – eu ri. – Tudo bem pra você? 
- Claro – ele entrelaçou os dedos com os meus. – É bom saber que você quer o mesmo que eu. 
- É bom tirar esse peso de mim também – suspirei. – Mas eu não sou melosa, então já cansei dessa conversa. 
- Por que eu escolhi gostar de você? – Ele disse baixo e só eu escutei, ri igual uma menininha de cinco anos. 
- Porque você é babaca! – Respondi me afastando e indo até Niall. – E aí, vamos? 
- Tá com fome? – Ele me perguntou já sorrindo e me abraçando. – Tô morrendo por um hambúrguer. 
- Se alguma fã me ver com você... 
- Para de pensar nas fãs! – Ele disse. – E aí? Eu pago. 
- Vamos – falei sabendo que não ia vencer essa discussão. 
Niall e eu fomos caminhando juntos para um dos carros onde o One Direction veio. Harry se juntou com os outros meninos e eu os vi se despedindo das meninas e elas pulando felizes no momento em que eles viraram de costas. Ri comigo mesma enquanto sentia Niall me abraçar mais pra perto. 

Fomos para a Queen’s Way, um bairro mais tranquilo e, devo acrescentar, bem terceira idade. Sentamos-nos em uma lanchonete de nome estranho, parecia o Pônei Saltitante do Senhor dos Anéis, mas com menos hobbits e eu não vi Aragorn em lugar algum. Niall pediu um cheeseburguer bacon duplo, batata média e um milkshake gigante de chocolate com baunilha. Eu pedi um milkshake pequeno de morango, estava meio enjoada por tudo o que tinha acabado de acontecer, na verdade eu só ia beber algo pra fazer companhia pra Niall e porque eu sou um pouco gorda mesmo. 

- O que você acha? – Perguntei quando Niall parou de mastigar seu cheeseburguer e depois de muita conversa fiada entre nós dois. – Harry e eu. 
- Acho fofo – Niall me respondeu e nós caímos na gargalhada. – Sem brincadeira, acho fofo. 
- Pulando a parte do conto de fadas, vamos ser realistas... 
- Quantos anos você tem, Rhanna Penalva? 
- Por quê? 
- Porque às vezes você parece uma velha! – Ele disse sério, bebeu um gole do seu milkshake e me encarou. – Semana passada eu conheci uma garota. 
- Jura? 
- Não rolou nada – ele deu de ombros. – Mas duas fãs me viram com ela e no dia seguinte ela tinha deletado o Twitter – ele suspirou. – Ela era linda, mega gente boa e eu fiquei muito interessado nela. 
- Sinto muito, Niall – falei baixinho. – Eu não fiquei sabendo de nada. 
- Foi meio obtuso, ninguém falou nada a respeito e foi uma fofoca espalhada só pra quem vive e respira One Direction – ele riu sem humor. – Voltando pra história, essa menina me mandou uma DM usando a conta de uma amiga dela. Disse que realmente tinha gostado de mim, ela é meio você, não é bem nossa fã... 
- Tadinha – eu ri e ele também. 
- É, eu sei – ele riu. – O ponto em questão, Rhanninha, é que eu posso ter perdido a oportunidade de ter conhecido uma garota legal por culpa das fãs. Eu sei que é tudo meio assombroso e que as coisas estão acontecendo rápido demais em nossas vidas, mas estamos perdendo coisas no caminho e isso não é legal. Por mim eu iria chamar aquela garota pra sair, mas como posso fazer isso se nem ela quer falar comigo? 
- Você acha que eu devo investir no Harry? 
- Eu acho que você tem que investir na sua felicidade – ele sorriu. – Somos jovens apenas uma vez na vida, Rhanna, aproveita. 
- E as fãs? 
- Elas vão te amar da mesma maneira que nós te amamos, e se não gostarem de você, vamos aprender a lidar com isso. 
- Você sabe que eu to completamente apavorada, não sabe? 
- Sei sim, tá bem estampado na sua cara – ele riu. – Mas o Harry também está com medo, ele tá cagando de medo! Ele gosta de você, mas tem medo de te chamar para esse furacão que está a nossa vida; infelizmente não escolhemos de quem vamos gostar, Rhanninha, e você foi a garota que captou a atenção dele. 
- Entre tantas ele tinha que escolher a mais cabeçuda de todas – falei rindo sem humor algum. 
- Ele não podia ter escolhido melhor – Niall sorriu. 

Passei minha noite sozinha, Ana e Zayn – com a ajuda de Paul – fugiram escondidos para algum lugar que eu suponho que seja a casa dele. Pensei em mandar mensagem para Harry perguntando se Zayn estava com uma meia na porta para bloquear a entrada dos meninos, mas depois mudei de ideia. Primeiro porque eu não estava no clima de mandar mensagem pro Harry, segundo porque eu também não queria saber se a Aninha estava mandando ver com o Zayn – informação demais na mesma noite. Embora eu ame a Aninha, uma parte de mim diz que ela se preocupa primeiro com ela e depois com os outros; ok ela é fofa e ficou preocupada comigo, mas tecnicamente hoje foi um dia mais ou menos traumatizante pra mim. Eu literalmente fui pisoteada por fãs, parei na enfermagem, a Olívia ficou puta, briguei com oHarry por cinco segundos, encontrei fãs, me declarei pro Harry, jantei com o Niall e ainda por cima no período da manhã eu tentei tirar uma foto foda para sair no editorial da SugarScape. Eu estou sendo egoísta demais em achar que queria só um pouquinho da atenção feminina da minha amiga? Digo, eu tô passando por uma crise e de vez em quando ter uma AMIGA do lado ajuda! E muito. Ah, que saudade da minha MÃE! 

Dei uma olhada nos livros que eu trouxe do Brasil, avistei um que vinha protelando a leitura há um bom tempo. Jogos Vorazes. Não é exatamente meu tipo favorito de livro, mas é o que temos pra hoje; desisti de assistir televisão depois que vi que a única coisa que canais sabiam falar era sobre One Direction, a internet estava cheia de comentários sobre o dia de hoje, fotos da minha pessoa caída no chão, Harry com a cara de assustado possivelmente quando Sam levantava e me levava para a enfermagem. Tinha comentários de fãs que estavam ao meu lado, que realmente não gostavam do que viam e que acharam um absurdo o que tinha acontecido na SugarScape, outras perguntaram porque eu não tinha morrido. Embaixo dos gifs as tags diziam: #porque #não #morreu #? Ou o pior #tentando #chamar #atenção #do #bebe, ah, claro, eu estava querendo chamar a atenção do Harry sendo esmagada por vinte fãs! Sendo que eu tinha falado com ele cinco minutos atrás e podia falar com ele qualquer hora, mas NÃO, eu tinha que chamar a atenção doHarry no chão esmagada! Agora eu acredito nisso que você não pode acreditar em tudo o que você lê, e cada vez mais eu tenho certeza de que as fofocas que aparecem são inventadas por fãs e pessoas que não tem o que fazer. Esse material que estava agora na internet foi divulgado por alguém da minha sala, DA MINHA SALA! Como que eu vou encarar todo mundo amanhã? Tá, chega... Peguei Jogos Vorazes e me joguei na cama, quem sabe um pouco de ação não ia tirar o foco dos meus pensamentos estranhos. 

“Uma vez, quando eu estava em uma cobertura numa árvore, esperando imóvel por uma caça a vaguear, eu cochilei e caí 3 metros no chão, caindo sobre minhas costas. Foi como se o impacto tivesse bloqueado todo fragmento de ar dos meus pulmões, e eu fiquei deitada lá, lutando para inalar, exalar, fazer qualquer coisa. 
Era como eu me sinto agora, tentando lembrar como respirar, incapaz de falar, totalmente estupefata enquanto o nome salta para dentro do meu crânio. Alguém está agarrando meu braço, um garoto de Seam, e acho que talvez eu comecei a cair e ele me pegou. Deve ter sido algum engano. Isso não pode estar acontecendo. Prim era uma tira de papel entre milhares! Suas chances de ser escolhida eram tão remotas que eu nem mesmo me incomodei em ficar preocupada. Eu não tenho feito nada? Tomado o tesserae, recusando a deixar ela fazer o mesmo? Uma tira. Um tira entre milhares. As chances tinham estado inteiramente a favor dela. Mas isso não importou.”
 

Nem a leitura estava me fazendo bem, a imagem novamente da SS, das fãs! E minha conversa com Harry depois e eu tecnicamente me declarando, e depois o Niall falando que eu deveria de verdade investir nessa relação! Eu sou muito cagada ou será que eu não gosto do Harry o suficiente pra ficar com ele apesar de todo mundo odiar? Todo mundo que eu digo são as fãs, e se as fãs não gostam isso vai ser um belo problema. Digo, se ele escolhesse alguma fã pra namorar, eu tenho certeza de que ela não ia se importar com o fato de outras meninas ficarem com inveja, na verdade eu tenho certeza de que ela ia adorar essa possibilidade; e agora eu estou aqui! Harry gosta de mim e eu gosto dele, mas será que gosto o bastante? Sentir calafrios quando se está perto dele não significa nada, ele é bonito e garotos bonitos dão arrepios – pelo menos pra minha pessoa – e eu sinto saudades, e cada vez que ele me manda mensagem eu começo a sorrir igual boba e sinto borboletas no estômago bem do jeitinho mais clichê que existe! 

“Prim!” Um grito estrangulado sai da minha garganta, e meus músculos começam a se mover de novo. “Prim!” Eu não preciso empurrar pela multidão. As outras crianças fazem um caminho imediatamente me permitindo uma passagem direta para o palco. Eu a alcanço justo enquanto ela está para subir o piso. Com um arrastão do meu braço, eu a puxo para trás de mim. 
“Eu me voluntario!” Arfo. “Eu me voluntario como tributo!” 
Há alguma confusão no palco. Distrito 12 não tinha um voluntário em décadas e o protocolo tinha ficado enferrujado. A regra era que uma vez que o nome do tributo tinha sido puxado do globo, outro garoto elegível, se um nome de garoto tinha sido lido, ou garota, se o nome de uma garota tinha sido lido, pode andar para tomar o lugar dele ou dela.” 

Será que eu teria coragem de me voluntariar como tributo? Digo, tributo não... Me voluntariar como namorada de HarryStyles? O que seria mais importante pra mim? Tem muita coisa em questão agora e minha cabeça está em um nó sem fim: 

- ser namorada de Harry Styles 
- terminar meu curso de fotografia em plena tranquilidade 
- ficar no anônimato e morrer de ciúme se ele aparecer com outra garota 

Eu queria que minha vida fosse um pouquinho mais simples, é pedir demais? 

Capítulo 09 

Adormeci assistindo Romeu e Julieta versão Leo DiCaprio e Claire Danes – na verdade é minha versão favorita e menos melo dramática, se é que isso é possível quando o assunto é Romeu e Julieta. A chuva caía de forma torrencial do lado de fora (óbvio, porque não podia ser DENTRO, odeio pensar pleonasmos) e eu me encontrava toda encolhida debaixo das cobertas e parecendo um pacotinho. Não sei onde Aninha estava e, na verdade, mal me lembro da última vez que nos falamos. Parece que estou em um universo paralelo ou coisa do tipo, andava meio zonza nos últimos dias. Desde tudo o que aconteceu na SugarScape, minha conversa com Harry e especialmente minha conversa final com Niall, eu andava meio tonta e pensando seriamente em voltar pro Brasil, na verdade não queria voltar pro Brasil, mas eu só queria não ter me esbarrado no Harry aquele dia perto do London Eye. Ou que ele fosse simplesmente um cara regular, que não fosse famoso e que gostasse de mim de boa, e que eu não tivesse que ficar me preocupando com fãs maníacas que por alguma razão obscura do universo me odeiam. 

Passei a semana em casa, por recomendações de Olívia e da escola eu não participei das aulas, mas eu recebi o material todo via e-mail. Aninha foi à escola, porém a situação estava ficando um pouco pesada pra ela também; as meninas agora sabiam que ela era amiga do One Direction tanto quanto eu, só não sabiam por enquanto do rolo dela com Zayn – mas isso não era algo que ela fazia muita questão de esconder. Todo dia ela voltava com a cara meio triste e era bem claro perceber que ela estava chorando, mas quando me via abria o maior sorriso e dizia que o dia tinha sido ótimo e que eu fiz muita falta na escola; sorria pra fingir que estava tudo bem, mas nós duas sabíamos muito bem que a escola poderia se tornar uma tortura. É lógico que foram tiradas fotos daquele dia fatídico do photoshoot, e as fotos caíram nas redes sociais. Teve fã que disse que preferia me ver morta, que deveria ter me deixado lá caída no chão, teve fã que ficou preocupada e teve fã que nem sabia direito o que estava acontecendo. Recebi uns tweets desejando melhoras, outros falando que eu deveria morrer e que não era boa o bastante pra Harry, outras me chamando de biscate e caça dotes, falando que eu estava de ‘rolo’ com Harry porque eu queria fama... E, sério, as fofocas só estavam aumentando. Não conversei com nenhum dos meninos desde que voltei pra casa e nem eles me procuravam, Aninha também ficou afastada de Zayn e nós duas estávamos sentindo saudades daqueles cinco filhos da puta! Me pegava olhando pro celular pensando que podia receber uma mensagem de Harry a qualquer momento, mas mal recebia notícias de minha mãe então acabava desistindo. Acompanho a vida deles pela internet e pelos blogs, o sorriso no rosto dos cinco me mata porque eu sei que no fundo pelo menos dois deles estão preocupados. Vi uma fã um dia chamar Harry pra sair, filmar e colocar no Tumblr; a resposta dele foi um sem graça ‘claro’ e depois ele olhou pra Niall e deu de ombros, a menina já postou o vídeo falando que tem um encontro com Harry e, querendo ou não, eu voltei a ser a atenção. Fãs diziam queHarry havia encontrado alguém melhor que eu, que tudo foi apenas um passatempo, que eu era a peguete da semana, e, PASMEM, tudo isso aconteceu em um espaço mínimo de cinco dias. Novamente devo falar, esse fandom me assusta em proporções ridículas! 

Como eu dizia antes desse desabafo, eu estou parcialmente adormecida em minha cama ouvindo a chuva cair e quase destruindo o telhado enquanto eu me mantenho quentinha e aquecida aqui debaixo das minhas cobertas. Queria que meu cérebro parasse de funcionar por alguns minutos, eu realmente estou disposta a dormir! Tomei por dois dias um remédio chamado ‘Rivotril’, praticamente um ‘boa noite Cinderella’. Eu APAGUEI por dois dias, acho que Aninha estava querendo me poupar da minha realidade maldita. Pois bem, tomando esse remédio eu desapareci do mundo por dois dias e agora parece que eu só sei dormir, por mim eu tomava Rivotril hoje de novo, mas Aninha escondeu de mim porque o treco pode ser viciante. Enquanto eu estava naquela luta interior de olhos fechados tentando apagar cem por cento e não apenas setenta por cento, escutei alguém cutucando a janela; por um instante achei que fosse a chuva e todo o vento, mas comecei a ouvir uma voz conhecida chamando meu nome. Abri meus olhos – já que estava mais ou menos acordada mesmo – e levantei, não estava com medo porque ladrões não avisam que vão entrar na casa das pessoas, podia ser Aninha que esqueceu a chave em algum lugar e agora estava tentando entrar pela janela, ou podia ser o guarda vindo avisar que alguma coisa aconteceu com ela. Mas pela janela? 

Fui andando meio tonta e, quando afastei a cortina da janela, tive que colocar uma das mãos em cima dos meus lábios para não gritar. Harry estava ali, totalmente ensopado e com os lábios num misto de roxo com vermelho, e tremendo muito. Sua roupa totalmente ensopada e seu cabelo caindo por sua testa, o que eu estava fazendo ali que ainda não tinha ido abrir a janela para o garoto entrar? Ele sorriu pra mim e vi seu queixo vacilar e tremer, suas mãos estavam brancas e não tinha como sua roupa estar mais colada ao seu corpo, a chuva era tanta que eu mal conseguia vê-lo. 

Harry! – Exclamei abrindo a janela. Senti aquele vento cortante entrar por meu quarto e quase tive que puxar o garoto pra dentro. – Puta que pariu, o que você tá fazendo? 
- E-eu... – seu queixo tremeu. – Vi-vim t-te ve-ve-ver. 
- Por Deus, seu maluco! – corri os olhos pelo quarto e peguei a manta de lã que estava em cima da cama e joguei-a por cima de Harry, abraçando-o quase de imediato. Nunca tinha visto uma pessoa tremer tanto. – Você poderia ter me ligado, sabia? Eu pelo menos teria deixado a janela aberta. 
- Você não ia que-quer me ver – ele soltou um longo suspiro e senti os músculos de seu corpo relaxarem ao passo que ele ia se esquentando. – Obrigado. 
- Nós teríamos uma pequena discussão pelo telefone, mas no fim você ganharia e eu ia deixar você vir aqui – respondi rindo enquanto me afastava. – Tá se sentindo melhor? 
- Volta aqui – ele me chamou de volta para seus braços e eu recuei em pensamento. 
Harry, o que você quer? 
- Eu quero você – ele me respondeu sério. 

A manta que antes o mantinha quente estava no chão e seu corpo agora todo contra o meu. Nós estávamos na cama. Como que isso aconteceu? 

Seu corpo era pesado, mas ao mesmo tempo confortável e se encaixava perfeitamente com o meu, nunca pensei que eu fosse ser tão pequena perto dele. Nossos rostos estavam quase na mesma altura e ele me encarava como se a vida dele dependesse daquele momento, mordi meus lábios e engoli a seco a vontade que eu estava de gritar ou de finalmente beijá-lo. Ergui minhas mãos para passar por seus cabelos molhados e vi Harry fechar os olhos e soltar um suspiro de aprovação, um sorriso delicioso apareceu no canto de seus lábios e era bom saber que ele sorria por mim. Ele abaixou um pouco mais o rosto para encostar sua testa na minha enquanto eu sentia suas mãos brincalhonas passearem pela lateral do meu corpo e levantarem a minha camiseta, de repente eu senti aquele velho formigamento na barriga e um pouco mais embaixo, devo acrescentar. Usando uma das mãos ele apertou a parte interna da minha coxa e eu deixei escapar um gemido alto, seu rosto estava ainda colado ao meu e eu pude sentir seus lábios finalmente tocarem os meus de forma macia a fim de calá-los. Não houve língua, apenas o toque, pude sentir Harry sorrir por cima e foi impossível não sorrir junto, ele apertou um pouco mais minha coxa ao passo que ia separando minhas pernas e se encaixava em mim, outro gemido escapou e tive que morder meu lábio inferior para eu não dar nenhum escândalo. Nunca senti nada parecido e ninguém nunca havia me tocado desse jeito! Pensei em falar alguma coisa, mas meus pensamentos e minha talvez voz foram calados quando, ainda com os lábios entre abertos, senti a língua de Harry pedir passagem e um beijo delicioso e molhado ser iniciado. Era melhor do que eu podia sonhar, do que eu podia imaginar, e melhor do qualquer outro beijo que eu já tivesse provado. A princípio nós abrimos nossas bocas de forma sincronizada e eu apenas apreciei o toque molhado e quente de sua língua, depois o beijo tomou forma e nós ficamos naquela briga de abre e fecha a boca enquanto brincávamos um com a língua do outro, puta merda, que beijo BOM! Inclinei meu corpo e deixei ele roçar em mim, aumentando a fricção lá embaixo, foi a vez dele soltar um grunhido e eu sorri durante o beijo. Me permiti emaranhar meus dedos por seus cabelos que eu tinha tanta fascinação e depois eu controlava o ritmo do nosso beijo e a posição de nossas cabeças, cada vez que eu recuava ele vinha sedento de volta procurando meus lábios. Nossas respirações se misturavam ao passo que a nossa temperatura corporal aumentava, por vezes ele me beijava e mordiscava meu lábio inferior, o prendia por seus dentes e depois soltava; eu fazia caretas de reprovação porque esse tipo de provocação me deixava cada vez mais e mais louca por ele, por seu corpo e por tudo o que podia acontecer. Finalmente Harry tirou sua camiseta e no segundo seguinte eu tirei a minha, nossos corpos agora quentes e suados podiam ter um contato digno, os arrepios por minha espinha eram constantes e cada vez mais o incômodo mais embaixo começava a ser desconfortável, eu precisava de Harry fazendo o que ele queria fazer logo, caso contrário eu ia ficar louca! Ele começou a beijar meu queixo e meu colo, os beijos foram descendo e minha pressão arterial foi caindo junto, sentia meu corpo gelado e meu coração batendo num ritmo acelerado demais e podia jurar que estava quase morrendo, mas a sensação de ter Harry beijando meu corpo e apertando minha coxa ao mesmo tempo me deixava acordada e dava uma adrenalina em minhas células me deixando ligada, ou era tesão, sei lá. Ele mordiscou a pele abaixo do meu umbigo e dessa vez eu soltei um grito, não foi nem um gemido, foi grito de insatisfação porque eu estava querendo mais, eu precisava de mais e ele estava sendo um garoto muito mau. Joguei minhas mãos pra cima e puxei com força meu cabelo pra trás, quase como que querendo ter um autocontrole dos meus sentimentos, ele olhou pra mim debaixo pra cima e eu pude ver o tão conhecido sorriso sacana em seus lábios; lábios estes que estavam vermelhos e inchados, provavelmente iguais aos meus. Aos poucos ele foi abaixando minha calça e ele não parava de me beijar, suas mãos me apertaram um pouco mais e foram subindo pela lateral do meu corpo, era como se ele quisesse segurar em alguma coisa quando fosse fazer o... quando fosse fazer o que todo mundo faz com a boca LÁ! Bom, nem todo mundo faz, mas quem faz adora. Eu já estava me sentindo tonta e aquele incômodo no meio das minhas pernas estava ficando cada vez pior, Harry não ajudava em nada apertando seu polegar na minha cintura e deixando marcas ali, seus outros dedos estavam massageando minhas costas e me arranhando de leve, cada vez mais eu me arqueava pra cima e fazia um enorme esforço de permanecer sã. Senti ele morder a renda da minha calcinha e brincar com os lábios ali, passando a língua suavemente na minha pele fina e arrepiada, senti ele fazer desenhos com os lábios e a língua enquanto eu não controlava mais os gemidos e gritos que escapavam de minha boca; não posso mais afirmar se era tesão ou se era desespero! Ele ia me matar, eu ia morrer! Foi então que pareci ouvir meu nome, mas estava um pouco longe e não conseguir distinguir. Balancei a cabeça e respirei fundo tentando me concentrar no que estava acontecendo, mas não deu certo; novamente ouvi meu nome ser chamado, olhei pra baixo e não era a voz de Harry. Na verdade, cadê o Harry? Hein? 

- Rhanna? Tá aí? 

Meu corpo estava completamente ensopado e o lençol nunca esteve tão molhado. Eu estava deitada na cama, sozinha! Levantei sentando-me no colchão e passei as mãos pelos meus cabelos e meu colo, eu estava suada, melequenta... Mexi minhas pernas e constatei que não era apenas a parte superior que estava molhada, eu também estava úmida mais pra baixo. Espera... PUTA MERDA, EU TIVE UM SONHO ERÓTICO! O desespero tomou conta de mim e minha respiração aumentou, mas dessa vez não foi de prazer, foi de vergonha! Eu nunca tive um sonho assim na minha vida, eu nunca nem se quer devo ter me masturbado da forma correta – nem sei se tem forma pra isso, minha mãe sempre me disse pra eu tomar cuidado com o chuveirinho do banheiro – e agora eu tô tendo sonho erótico com Harry Styles! E eu sou virgem, não sei como que funciona essas coisas, eu tive um orgasmo? Porra, eu tive um orgasmo enquanto eu dormia só de pensar no Harry, QUE VERGONHA! E eu estava com vontade de fazer xixi e com sede, era por isso que eu estava sonhando com chuva? Dizem que quando você sonha com chuva é porque você quer fazer xixi ou quer beber água, no meu caso eu quero os dois; e eu queria o Harry! Que caralho, que vergonha meu Deus, eu nunca NUNCA mais vou conseguir olhar pra cara dele, meu Deus, meu coração vai sair pela boca. Olhei pra televisão e vi Leonardo DiCaprio falando alguma frase do Romeu, pelo menos parte do sonho era realidade. Mas, meu Deus! 

- Rhanna Penalva, você tá me ouvindo? 

Tinha realmente alguém me chamando do lado de fora do quarto, e não era da janela, o chamado estava vindo da porta mesmo. Forcei-me e levantar-me da cama e senti o quão chato era caminhar me sentindo meio suja, eu precisava de um banho e logo! Peguei o roupão de Aninha que estava jogado em cima de uma das nossas poltronas e me enrolei, joguei meu cabelo pra trás na tentativa frustrada de melhorar minha cara, mas quando eu passei em frente ao nosso espelho eu vi que estava com uma cara péssima! Fui até a porta e a destranquei, quase caí pra trás no susto quando vi quem me chamava do lado de fora. Entre todas as pessoas no mundo, o que Louis Tomlison fazia ali? 

Louis? – Perguntei fazendo um esforço para não ver tudo embaçado, eu ainda estava vendo meio estranho e sentindo coisas estranhas. – Que faz aqui? 
- Deixa eu entrar? Acabei de despistar três garotas e eu acho que elas vão voltar daqui a pouco – ele ria. – Dá espaço. 
- Entra – eu ri e afastei meu corpo deixando Louis entrar. – Tudo bem? 
- Aham. 
Rhanna? – Ele me chamou, tinha um sorriso engraçado no rosto. – Você tá ok? 
- Eu... Estava dormindo – falei suspirando. – Tive um... Hm... Pesadelo. 
- Pesadelo? – Ele ria. – Tá toda suada por culpa do pesadelo? 
Louis, chega... 
- Não foi pesadelo, foi? – E agora ele ria. – Caralho, você teve sonho safado. 
- Não quero falar disso com você, Louis – eu ri. – Fica à vontade, eu vou tomar um banho. 
- Sei que vai... 
- CALA A BOCA! 
Deixei um Louis que estava morrendo de rir na sala e fui para o banheiro. Tirei aquela roupa suada e entrei debaixo do chuveiro gelado, assim que senti a água bater nas minhas costas senti uma sensação de alívio e pude relaxar por alguns minutos. Molhei meus cabelos e massageei minha nuca, meus ombros e o resto do meu corpo, nunca um banho foi tão prazeroso. Eu ainda sentia o toque imaginário de Harry em mim e isso me dava espasmos, eu precisava parar com isso! Molhei a esponja e coloquei o meu sabonete líquido, passei por todo meu corpo e em cada parte que eu massageava eu me arrepiava, tenho certeza de que esse sonho ainda vai me provocar por muito tempo, só de pensar eu já estou tendo dificuldades pra respirar de novo. Lavei os cabelos demorando bastante nesse processo, depois deixei a água escorrer por meu corpo, acalmando-me célula por célula; só quando percebi que estava mais calma e que conseguiria encarar Louis foi que desliguei o chuveiro. 

Nós tínhamos alguma roupas no banheiro, então saí e me sequei. Procurei por roupas íntimas e depois que as tinha colocado em meu corpo coloquei um short jeans largo e uma camiseta velha dos Simpsons, não estava me importando muito em ficar bonita. Penteei meu cabelo e tirei o excesso da água com a toalha, me olhei no espelho e vi que estava um pouco melhor do que antes, pelo menos não estava mais com aquela cara de orgasmo imaginário. Suspirei três vezes e, pra garantir, joguei mais um pouco de água gelada no rosto e na nuca, se eu estava meio ansiosa pra ver o Louis imagina quando eu tiver que encarar o Harry de novo? Assim que saí do banheiro não vi Louis, pensei que ele tivesse ido embora, mas então ouvi o som de alguma coisa caindo no nosso improvisado estúdio de fotografia... Ah meu Deus! 

Louis? Louis Tomlison? – Perguntei abrindo a cortina e vendo o garoto no chão pegando minha câmera, MINHA câmera. – Não me mostra! 
- Não quebrou, Rhanninha – ele disse se levantando. – Mas pra que você precisa desse negócio redondo na frente da lente? 
- Ai, puta merda – eu ri. – Só deixa ali em cima da bancada e depois eu vejo o que faço, e, pelo amor de Deus, vamos sair daqui. 
- Espera um pouco – ele riu depois de deixar minha câmera onde eu pedi. – Todas essas fotos, você quem tirou? 
- Eu mesma – sorri orgulhosa. – Gostou? 
- São excelentes – ele sorria olhando foto por fofo. 

Como eu já disse uma vez, eu e Aninha montamos nosso próprio estúdio de revelação fotográfico, ele ficava na nossa pequena lavanderia e era até fofinho. Todas as fotos recém-reveladas estavam penduradas em algo que chamamos de ‘varal’, as tigelas com o líquido revelador embaixo e as luzes escuras localizadas em pontos estratégicos. De verdade, esse estúdio era meu orgulho particular. As fotos que tirei dos meninos no dia em que fui a casa deles estavam lá, e isso incluía as fotos que tirei com Harry. Louis parou de frente para a foto de nós dois e sorriu, cruzando os braços na frente do corpo e fazendo ‘não’ com a cabeça. 

- Que foi? Não gostou da foto? 
- Na verdade, tudo nessa foto é simplesmente perfeito – ele sorriu. – Vocês fazem um casal maravilhoso, já disse isso antes? 
- Algumas vezes – respondi rindo. – Harry já disse isso também. 
- Vamos lá pra fora, preciso falar com você – ele apontou pra cortina, eu apenas concordei e saí. 
- Manda – disse pegando um copo de água e me sentando em cima do nosso balcão da cozinha. 
Rhanninha, nós vamos para os Estados Unidos semana que vem – Louis disse olhando meio pra baixo, mas não pude deixar de notar um sorriso. 
- Cara – sorri. – Cara, isso é ÓTIMO! 
- Estamos muito empolgados. Na verdade soubemos da notícia ontem, tivemos uma reunião com o Simon e nossos outros produtores, eles acham legal talvez começar a expandir nosso trabalho, e quer lugar melhor que os States? 
- Nossa, agora sim o mundo inteiro vai conhecer vocês – eu ri. 
- Se nós já tivéssemos estourado lá antes, talvez você já nos conhecesse. Por exemplo, você deve conhecer Justin Bieber...? 
- Ah sim – eu disse rindo. – Mas vocês são bem melhores que ele! 
- Hey, eu gosto do Justin! 
- Sem ofensas – eu ri. – Louis, eu espero de coração que vocês façam muito sucesso por lá, na verdade eu tenho certeza de que vocês vão ser adorados! 
- Obrigada, Rhanninha – ele sorriu. 
- Ah caramba, me dá um abraço, pô! 

Pulei da bancada e fui logo dar um belo abraço apertado em Louis. Foi um abraço tão apertado e tão gostoso, eu parecia que ia ser esmagada, senti ele sorrir atrás de mim e soltar uma doce risada, tive que fazer o mesmo. Ele me segurou pela cintura e me ergueu, rodando meu corpo pela cozinha, tive que alertá-lo que a cozinha era pequena e eu podia bater minha perna em qualquer lugar. Conquistar os EUA era um grande passo pra banda e eu tenho certeza de que eles iam brilhar, e brilhar demais! Iam ser estrelas mundiais, podia ver o futuro do One Direction estampado na minha frente, meu Deus, eles iam ser grandes! 

- Você veio aqui me dar essa notícia maravilhosa? 
- Na verdade, não – ele riu, bagunçando os cabelos. – Harry queria te dar essa notícia no dia do photoshoot, por isso ele te chamou pra jantar. Nós só confirmamos isso recentemente, mas ele já queria te avisar. 
- Pena que deu tudo meio errado – falei dando de ombros. – Cadê ele? 
- Essa é a segunda parte da minha visita – ele sorriu. – Vim aqui te buscar pra um esconderijo secreto, Harry te espera lá. 
- Oh meu Deus, Louis... 
- Qual é? Vocês dois tem muita coisa pra conversar, Rhanninha, você tem que ver como que o cara está meio miserável. 
- Mas eu não fiz nada! 
- Vocês não estão juntos, isso está o matando! 
Louis, agora com vocês indo pros EUA vai ficar mais difícil ainda. Vamos passar tempo separados, e o tanto de menina maravilhosa que vocês ainda vão conhecer pela frente... 
- Ele quer VOCÊ! – Louis pegou na minha mão e me olhou sério. – Acredite, Rhanninha, não tem ninguém nesse mundo que ele queira mais que você. 
Louis... 
- E vendo sua cara quando eu cheguei, você quer isso tanto quanto ele – Louis sorriu meio maroto. – Não mente pra mim, você estava sonhando com ele. 
- Eu podia estar sonhando com outra pessoa – falei sem graça, ele riu. – Que seja, isso não significa nada. 
- Significa que você gosta do meu amigo, e ele gosta muito de você também. 
Louis – suspirei, que se dane. – Me dá cinco minutos. 
- É isso aí, garota! – Ele riu. 

Só troquei o short por uma calça jeans e joguei meu moletom da GAP por cima da minha camiseta dos Simpsons. Meu cabelo ainda estava meio úmido, então só o joguei pra frente e depois pra trás e dei uma bagunçada, não ia melhorar muito mais. Peguei minha bolsa e saí do apartamento com Louis. Não fazia nem ideia do que me esperava e nem do que eu ia conversar com Harry, mas eu confiava nele e confiava também em Louis. 

Tomlison? 
- Manda. 
- Desculpa por brigar com você no dia do photoshoot. 
- Esquece isso, Rhanninha. 
- Não, sério – funguei. – É que, depois do que aconteceu eu fiquei aborrecida e tive que descontar na primeira pessoa. Você foi muito fofo, não queria... 
- Eu gosto de você e gosto do Harry. E gosto muito mais de vocês dois juntos, se eu falei que ele se deu bem é porque de verdade ele se deu bem. 
- Obrigada. 
- Quando vocês dois se tornarem um casal público eu vou poder ficar fazendo piadinhas de vocês dois? – Ele perguntou rindo. 
- Claro que sim – respondi sorrindo. – Posso contar com você pra me defender se alguma fã falar mal de mim? 
- Pode contar com todos nós – ele sorriu de forma meiga. – E isso vale pra Aninha também. 
- Acho que vamos matar o fandom inteiro – comecei a rir e Louis me acompanhou. 

Dez minutos depois estávamos em um lugar que eu não fazia idéia de onde era. Louis parou em uma rua mais ou menos deserta em frente a um prédio com uns dez andares. O prédio era um pouco abandonado, mas eu podia ver que lá no terraço havia luzes e a sombra de uma pessoa. 

- Você só tem que subir lá em cima e pronto – Louis disse. – Ele já está te esperando. 
- Valeu, Louis – respondi dando um beijo em seu rosto e pulando pra fora do carro no minuto seguinte. 

Todos os arrepios que eu senti durante o sonho não se comparavam a nada com o que eu sentia naquele momento, aquilo era real e me deixava apavorada. Entrei no prédio mais ou menos abandonado e frio e me deparei com velas colocadas nos degraus de uma escada. Caminhei até elas com um sorriso idiota no rosto e vi um bilhete que dizia ‘siga as velas – Harry x’. Comecei a rir de forma descontrolada e senti um fogo tomar conta de mim, eu era tão babaca! Por mais que eu não gostasse de coisas fofas e românticas, devo dizer que Harry estava me pegando de surpresa a cada segundo, nada com ele era clichê e nada com ele era premeditado, era tudo uma confusão e tudo muito rápido. Subi cada lance de escada sentindo meu coração ir parar na boca, quando estava quase chegando ao topo pude ouvir a risada de Harry e então me apressei. Finalmente, depois de vários lances e estar um pouco mais cansada do que eu devia, eu cheguei! O terraço ainda não tinha nada, só conseguia ver concreto e tijolos para todos os lados, porém o que mais me interessava estava bem ali na minha frente. Sabe, eu só lembrava do Harry do meu sonho, ver ele assim era muito melhor. Ele estava de social, e eu de moletom e calça jeans, por que raios Louis não me disse pra vestir uma roupinha melhor? 

- Cansada? – Ele me perguntou vindo até mim e me dando um abraço. – Desculpa, não consegui achar um lugar com elevador. 
- Sem problemas – eu falei rindo pegando um pouco de fôlego. – Falando nisso, como você achou esse lugar? 
- Contatos – ele piscou. – Senti sua falta, Rhanninha. 
- Eu também – sorri sentindo um peso que estava em meu coração ir embora. – Louis me contou as boas notícias, parabéns! 
- Ah, obrigado – vi Harry sorrir de uma forma tão feliz que meu mundo se iluminou só com aquele sorriso. – Vai ser muito surreal, eu mal consigo imaginar isso. 
- Vai ser incrível, eu tenho certeza de que vocês vão adorar – falei passando as mãos pelos seus braços e sorrindo. – Traz uma lembrança pra mim? 
- Eu vou trazer muito mais que isso – ele sorriu. – Vamos ser número um, escreve o que eu tô falando. 
- Tenho certeza de que vão, confio muito em vocês – respondi. – Bom, você deve ter marcado de me ver aqui por uma razão, eu suponho. 
- É – ele mordeu os lábios. – Vem aqui – Harry me puxou pela mão e me levou até um banco feito de concreto .–Rhanninha, nós vamos ficar fora por mais ou menos um mês e meio. 
- Caralho, sério? 
- Nós vamos primeiro pra LA fazer uma divulgação por lá, depois vamos rodar algumas cidades, vai ser quase uma cidade por dia – ele suspirou. – Vai ser bem puxado. 
- Mas isso tudo é pra divulgação do CD e da banda? 
- Aham – ele concordou. – O CD ainda nem foi lançado nos EUA, então vamos fazer alguns shows para promover nosso trabalho. 
- Que massa, Harry, que demais! 
- É, vai ser incrível – ele sorriu. – Então, como eu dizia, vamos ficar fora por quase dois meses e... Ai, caramba, como vou falar isso? 
- Que foi? – Perguntei segurando em sua mão, vi meus dedos serem delicadamente entrelaçados aos dele. – Harry, pode falar qualquer coisa pra mim. 
Rhanninha, eu gosto muito de você, eu gosto mais do que eu deveria gostar – ele riu. – E eu queria saber se... ai meu Deus – ele riu nervoso. – Eu quero você ao meu lado. 
Harry? 
- Seja minha garota. 

E agora senti meu mundo desabar por debaixo dos meus pés. Sabe quando você está esperando por algo, mas aí você escuta isso sair da boca do cara que você gosta e quando você ouve você não tem certeza se isso foi realmente direcionado para a sua pessoa? Eu não me via ao lado de Harry, eu não me via namorando o Harry e eu nunca imaginei ele falando isso pra mim! Mas tinha muita coisa pra ser levada em consideração, e não apenas a minha paranoia, tinha muito mais ALÉM de ser a namorada dele, e eu não tive tempo pra pensar no assunto. Tá, eu sou racional demais e isso só me fode, mas é minha vida, fazer o quê? Já tinha tido uma experiência mais ou menos desagradável naquela semana, agora pensa vivenciar isso todos os dias? E não era apenas, é... ele vai ficar longe por um, epa, por quase dois meses! Se eu aceitasse naquele momento, selaria um relacionamento que já iria começar com distância. Puta merda, por que eu não podia gostar de um cara que vai ficar pra sempre no mesmo fuso horário que eu? Na verdade eu até poderia viver com isso se Harry e eu estivéssemos namorando há mais tempo, mas agora? 

- Você está quieta – ele soltou minha mão. – Não é isso o que você quer? 
Harry, pelo amor de Deus, não coloca dessa forma! 
- Como dessa forma, Rhanna? – Ele riu sem humor. – Eu realmente estou te pedindo em namoro e o que eu consegui em resposta foi silêncio da sua parte! 
- Ugh! – Gemi e me levantei, ele bufou. – Harry, você está me pedindo em namoro um dia antes da sua partida pros Estados Unidos! Olha que legal, eu vou ser sua namorada e logo de cara vou ficar quase dois meses sem você. 
- Essa é a minha profissão, sabia? Não vai ser a primeira vez que você vai ficar longe de mim, infelizmente eu faço turnê! Mas eu queria muito levar você comigo. 
- Eu não tô reclamando do seu trabalho, porra – agora quem bufou alto fui eu, que saco. – Nunca vou reclamar do seu trabalho, Harry, pelo amor de Deus! 
- Então, o que tá sendo tudo isso? 
- Isso – apontei pra nós dois. – Vai acontecer, mas quando você voltar. 
- Por quê? 
Harry, você está indo pro país primeiro mundo! Tem noção de quantas pessoas você vai conhecer? Quantos lugares você vai visitar? Quantas fãs vão cair de amores por você? 
Rhanna... 
- Eu quero que você VIVA tudo isso antes de se enroscar comigo – ri sem humor. – Eu sou apenas uma caipira do Brasil que deu a sorte grande. 
- Eu sou um caipira que nem ganhei o Xfactor, e aí? 
- Você não tá me entendendo... 
- Quê? Você acha que, por eu conhecer outras pessoas eu vou me esquecer de você? Rhanna, se eu tô pedindo pra você ficar comigo é porque eu quero ficar com você, eu quero ir sabendo que quando eu voltar você é minha e que estamos juntos. 
- Não quero perca oportunidades que ainda estão por vir porque estamos juntos, eu posso ser bem ciumenta quando eu quero – falei séria, Harry riu. 
- Não me importo de você ser ciumenta, eu até prefiro assim – ele caminhou até mim e eu dei dois passos pra trás. –Rhanna Penalva, quer parar de se afastar? 
Harry, eu não quero namorar você agora – falei e ele arregalou os olhos. Essa frase ficou muito mais assustadora quando saiu da minha boca. 
- É o Sam? – E lá vem o semblante de ciúme de novo. – É o Sam, não é? 
- Que caralho Sam! – falei alto. – Na boa, Harry, eu tenho quase certeza de que o Sam é gay, então para de ficar colocando ele no meio do assunto. 
- Como assim gay? 
- Gay, que gosta do mesmo sexo! – Falei explicando e ele fez cara de desdém. 
- Eu sei o que é uma pessoa gay. 
- Se sabe então por que me perguntou? 

Silêncio. 

Não é que eu não queria namorar o Harry, puta merda, é claro que eu queria, mas tem como me entender aqui? Eu sou mega insegura, mega ciumenta e mega chata! Amanhã aquela pessoa na minha frente estaria embarcando para o país das tentações, o país da Kim Kardashian! É onde a primeira Starbucks foi criada, é de onde saem os filmes, é cinema... é Stan Lee! Tá, na Inglaterra há muitas coisas boas, mas venhamos e convenhamos, EUA dá de mil em qualquer país, não importa o quão desenvolvido ele seja. FACEBOOK, isso lembrei de mais uma coisa – maldito seja Mark! Depois de longos minutos de silêncio, eu olhando pro meu pé e Harry bufando de frente pra mim, resolvi caminhar os poucos passos que nos distanciavam; parei de frente pra ele, peguei sua mão e comecei a passar meu polegar em sua palma e cantar baixinho pra mim a letra de New York. Ele ia pra LA primeiro, mas eu só consegui pensar na letra de NY cantada pelo pessoal de Glee, aprendi muitas músicas assistindo essa série. Harry riu baixinho, provavelmente por culpa da minha falta de afinação vocal, eu não tinha o mínimo dom pra música. 

- Você sabe que eu gosto de você, não sabe? – Perguntei sem olhar pra ele. 
- Sei. 
- Você sabe que desde que eu te vi aquele dia perto do London Eye eu não parei de pensar em você, por mais que eu ficasse mentindo pra mim o tempo todo falando que eu não me importo com você? 
- Isso eu não sabia – ele riu. 
- E você sabe que eu vou estar aqui te esperando quando você voltar dessa divulgação? 
- Você vai? 
- Eu sempre vou – levantei meu rosto pra dar de cara com Harry a poucos centímetros de mim. 

Um simples suspiro poderia ser considerado nosso primeiro beijo, era só eu me mover meio milímetro e nossos lábios se encostariam, nossos olhares se encontraram e ficou naquela coisa de eu acompanhando os movimentos de sua pupila e ele acompanhando os movimentos das minhas. Harry mordeu seu lábio inferior sem parar o contato visual comigo e percebi uma certa tensão em seus ombros. Eu queria mais do que tudo na vida beijá-lo, mas eu sabia que se sentisse o seu gosto ia ser tortura, porque eu ia ter que ficar um mês e meio sem senti-lo novamente. Harry moveu-se em minha direção, mas eu virei o rosto, o que deveria ser um beijo na boca foi um beijo no rosto. Eu ri baixinho porque senti Harry ficar com os lábios por mais tempo na minha bochecha enquanto soltava um suspiro de total reprovação. Olhei pra ele e vi que ele estava com aquela cara meio ‘que porra foi essa?’ e eu comecei a rir, deixando Harry mais puto ainda. 

- Não, eu não estou me fazendo de difícil – falei parando de rir. – É que, hm... Bom... 
- Desembucha! 
- Eu gosto de beijo na boca, TÁ! – Falei sentindo minhas bochechas corarem e um calor tomar conta de mim, porra de hormônios. Harry abriu o maior sorriso e quem comeceu a gargalhar foi ele. 
- E desde quando isso é algo ruim? 
- Não tô falando que é ruim, mas é que... – coloquei quase todo meu cabelo pra trás, Harry se divertia vendo o quão envergonhada eu estava. – Bom, se eu te beijar agora vai ser bem difícil ficar sem te beijar por mais um mês, quase dois. Se eu já tivesse te beijado antes seria mais fácil, mas agora... 
- Nunca me arrependi TANTO de não ter te beijado aquele dia na van! 
- Você disse que não me chamou com segundas intenções – abri a boca em um ‘O’ e ele riu de forma histérica. 
- Sério que você caiu naquele papinho de merda? Ah, você é mais inteligente que isso, Rhanninha. 
- Fui muito ingênua – eu ri. – Charlatão. 
- Eu queria te beijar desde a primeira vez que te vi, Rhanna, só que eu já sabia que você ia ser difícil, então... 
- A espera vai valer a pena – eu falei mordendo os lábios e ele encarou de forma nada discreta meu rosto e minha boca. – Eu prometo. 
- Literalmente estou com água na boca, e isso não é bom – ele falou. 
- Me leva pra casa? E você também tem que ir pra casa – ergui minha mão esperando que ele a segurasse, foi exatamente isso o que ele fez. 
- Vamos sair nessa madrugada, o aeroporto está mais vazio, acho que as fãs não sabem o horário do nosso vôo – Harry me disse enquanto caminhávamos. 
- E já sabem que horas vão chegar em LA? 
- Sei não, nem sei quanto tempo é de vôo, não fico pesquisando essas coisas – ele riu. 

Saímos do prédio abandonado de mãos dadas e, meu Deus, tudo parecia tão certo. Por algumas vezes eu olhava para nossas mãos juntas e não podia acreditar no que estava acontecendo, quem nos visse na rua ia achar piada. Harry Styles de roupa social com uma estudante mediana brasileira de calça jeans e moletom, o que há de errado no mundo? 

O carro dele estava de frente pro prédio, como um bom cavalheiro ele abriu a porta pra mim – ele riu antes, já que eu fui pro lado do ‘motorista’, nunca vou me acostumar com a mão inglesa –, me esperou eu entrar e depois a fechou. No caminho para minha casa fomos conversando de tudo um pouco, de como ele estava ansioso para saber o que as fãs iam achar da banda, de como eles não iam poder beber porque nenhum deles tem mais de 21 anos (essa é a maioridade nos EUA), dos shows, da possibilidade de eles se apresentarem no Today Show e, quem sabe, Saturday Night Live. Claro, falamos de nós dois; de como iríamos fazer quando ele voltasse, de como talvez fôssemos abrir o jogo e essas coisas. Eu disse pra Harry que nunca tinha namorado sério na vida e ele sorriu de forma prepotente; ‘então eu vou ser o seu primeiro?’ e essa pergunta estava cheia de segundas intenções. É, Harry, você ia ser meu primeiro, e se fosse igual ao sonho de mais cedo... Puta que pariu! 

- Que horas sai seu vôo? – Perguntei quando o carro parou em frente ao meu prédio. 
- Se não me engano, perto das quatro da manhã – ele disse com uma voz mega preguiçosa, eu ri. 
- Melhor você ir dormir então – falei passando minhas mãos por seus cabelos, abrindo e fechando meus dedos. Sensação maravilhosa; vi Harry sorrir com os olhos fechados enquanto eu fazia carinho em seus cabelos e depois desci para seu rosto. Ele deve ser a pessoa mais linda que eu já vi na vida. 
- Vem comigo? – Ele disse manhoso ainda com os olhos fechados, – Vou sentir muito a sua falta. 
- Não posso, nesse tempo que você vai ficar fora eu vou ter pelo menos três provas e uma aula prática – respondi parando os carinhos e vendo Harry abrir os olhos. – Você parece um bebê. 
- Exato, eu preciso de cuidados constantes e regulares – ele disse ainda manhoso e todo sorridente, eu comecei a rir. – Não vou conseguir um beijo seu hoje, vou? 
- Hm-hm – falei travando os lábios e fazendo ‘não’ com a cabeça. – Se quiser beijar alguma americana, tem carta branca. 
- Pra passar o tempo? – Ele disse brincalhão. – Não, obrigado. 
- Vou fingir que acredito – respondi. – Deixa eu ir, Harry. Obrigada pela noite mega surpresa, não vou me esquecer. 
- Lembra o que você disse no dia do photoshoot? – Ele perguntou antes de eu abrir a porta do carro. – Que você queria um pedido de namoro oficial? 
- Eu falei brincando, o Zayn tava zoando! 
- Mas eu não estava – Harry tirou de dentro do bolso do paletó uma caixinha azul e a deu pra mim. – Eu ia te dar isso se você me dissesse sim, você me disse de um jeito estranho – ele riu. – Mas eu considerei como uma resposta afirmativa pra minha pergunta. 
- Não precisava se preocupar, Harry, não faço a mínima questão dessas coisas – disse pegando a caixinha de forma trêmula. Quando olhei a label em cima eu quase chorei, aquilo era uma caixinha Tiffany! – Harry, isso foi uma NOTA! 
- Só abre, por favor? – Ele mordia os lábios, acho que ele faz isso com frequência, especialmente quando está nervoso ou ansioso. 

Abri a caixinha com as mãos trêmulas e, quando vi o que estava dentro, aí que eu quase morri. Era um pingente de uma bússola prata, bem pequena e bem delicada. Estava pendurada em um cordão fino e também prata; na mesma hora já peguei e coloquei no pescoço. 

- Não sei o que o universo tinha planejado pra mim naquele dia, mas de um jeito ou de outro ele fez eu te encontrar –Harry falou passando a mão na bússola recém-colocada no meu pescoço e depois em meu rosto. – É engraçado o nome da banda ser ‘One Direction’, porque a bússola sempre marca apenas para uma direção. 
- Norte – eu falei e ele concordou. 
- Você é o meu Norte – ele sorriu e eu também. – Você é a minha única direção, Rhanninha, não pode ser mais ninguém. 
- Obrigada – respondi quase aos sussurros, minha voz insistia em não sair. – Eu amei. 
- Se cuida, princesa – Harry falou todo galanteador e veio me dar um beijo no rosto. 

O beijo como sempre demorou mais do que devia, enquanto ele depositava o beijo em minha bochecha, senti seu corpo relaxar e ele respirar em alívio. Fechei meus olhos guardando com carinho aquele mínimo toque tão simples, mas ao mesmo tempo tão intenso para nós dois. Dei um beijo em seu rosto também e logo em seguida saí do carro. AcompanheiHarry virar a esquina e sumir no meio da noite londrina, apertei meu presente junto ao meu corpo e fui quase saltitante pro quarto. Esse mês tinha que passar muito rápido, pelo amor de Deus! Vai ser clichê demais se eu falar que já estou com saudades dele? 

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