Capítulo único
Dumbledore parecia preocupado. O Natal estava aí, e ele ainda continuava desconfiado.
Seus olhos azuis fixaram-se em um grande espelho, com moldura dourada. Um dos grandes feitos seus.
Um suspiro saiu por entre sua longa barba prateada. Aonde ele colocaria aquele espelho?
Ele não aguentava mais olhar para o espelho. Seus desejos mais profundos, revelando-se como se fossem verdade. Às vezes, olhar demais para o Espelho de Ojesed, fazia com que o diretor ficasse preso ao passado e à fantasia, ao desejo.
Uma batida na porta fez com que o velho desviasse os olhos do espelho.
“Entre” disse o diretor, olhando para a porta.
Severus Snape passou pela portinha do gabinete e sentou-se em frente ao diretor, que examinava atentamente o professor de poções.
A atenção de Severus, entretanto, estava no Espelho de Ojesed. O seu desejo aparecendo somente para ele. Por um momento, seus olhos encheram-se lágrimas. Mas logo desvia a atenção para Dumbledore, que ainda o observava.
“É hora de deixar o passado, Severus” disse o diretor, olhando o outro por cima dos oclinhos de meia-lua.
O professor olhou bem para Dumbledore, que permanecia calmo.
“Suponho que o senhor deva estar tentando fazer o mesmo.” Retrucou Snape.
“Sim. Eu estou tentando fazer o mesmo” respondeu o diretor. “Tem vigiado o professor Quirrell, como lhe pedi?”
“Sim.” Disse Severus com a voz grave. Ele novamente olhou para o espelho e depois para Dumbledore, cujo os olhos azuis ainda estava pousados no rosto do professor.
“O senhor não deveria deixar esse espelho aqui” falou Snape. “Ele é um perigo para nós.”
“Tem razão.” Concordou. “Ele é um perigo para todos.” Completou o diretor, olhando bem para o professor Snape.
“Então, por que ainda o mantêm aqui?” Perguntou Snape.
“Porque tenho planos para ele. Que em breve você saberá.” Acrescentou Dumbledore, ao ver a expressão do outro.
“E aonde exatamente o senhor o colocará?”
“Lá no alçapão do terceiro andar” respondeu Dumbledore.
Dumbledore contemplou novamente a maravilha, mas também uma maldição, que criara. O espelho era o próprio Dumbledore querendo que seus desejos mais profundos fossem vistos. Como se pudesse lhe dar uma segunda chance.
Sim. O Espelho de Ojesed daria a qualquer pessoa o poder de ver os desejos mais obscuros; desde o mais banal ao mais querido desejo. Mas era só ver. Não podia sentir, tocar. Só ver e enlouquecer em frente ao espelho, esperando que o desejo se realizasse.
Era por isso que o espelho era perigoso. Snape e Dumbledore sabiam bem isso.
Por mais que nenhum dos dois comentassem, ambos sabiam qual era o desejo do outro. Um desejo que nunca poderia ser concretizar. Então, eles preferiam fingir que não sabiam de nada.
“Quando o levará?” Pergunta Snape engolindo o nó que se formara em sua garganta ao olhar para o imenso espelho, e ver o seu desejo mais escondido.
“Em breve” respondeu Dumbledore.
Os dois ficaram em silêncio. Cada um preso aos seus próprios pensamentos.
Severus então, se levantou. E se dirigiu para a porta. Porém, hesitou ao colocar a mão na maçaneta. Suspirou e voltou, depositando um envelope em cima da mesa do diretor.
Uma carta.
“Eu não li.” Disse Severus virado para a porta. “Mas, sei que alguém deveria ler. E acho que esse alguém deveria ser o senhor” ele terminou de falar e saiu, fechando a porta ao passar.
Dumbledore olhou para o pequeno envelope e logo reconheceu reconheceu a caligrafia. Era por isso que Snape não queria ler.
A carta fora escrita por Harry Potter.
***
Dumbledore contemplava a carta. Sabia que era algo puro, então, ficou com receio de lê-la.
Severus, contudo, o havia deixado curioso. Por fim, Dumbledore decidira abrir a carta.
E foi o que ele fez.
O diretor abriu a carta e viu a pequena letra de Harry.
“Não sei se o senhor existe, mas quero escrever para o senhor, Papai Noel.
É o meu primeiro ano em Hogwarts, desde que eu descobrira que sou um bruxo famoso.
Sei que muitos haviam pedido uma bicicleta, um videogame, um computador, ou até mesmo uma boneca. Coisas materiais.
Bem, o que eu quero, é algo simples. Algo que ninguém pode comprar ou ter. É uma coisa simples, porém complicada.
O meu desejo, o meu presente, o meu único pedido, seria ver os ter os meus pais. Ou pelo menos, vê-los. Eu nem sei como eles são. Só sei que tenho os olhos da minha mãe.
Sei que é meio esquisito ou até mesmo impossível – eles estão mortos. Mas é algo que eu desejo de todo o meu coração. É algo que eu poderia levar sempre comigo.
Não sei se o senhor existe, Papai Noel. Mas, se existir, dê-me esse presente e serei eternamente grato. E me contentarei para sempre com apenas esse presente.
Atenciosamente, Harry Potter."
Dumbledore terminou de ler aquela carta, aquele pequeno desejo secreto de Harry.
O diretor não cobrava dele, por querer ver os pais. Infelizmente, Harry não conheceu os pais.
Dumbledore sentiu-se culpado por ter conhecido tão bem James e Lily e o menino não.
O diretor olhou para o Espelho de Ojesed, parado em sua glória à um canto sa saleta, e teve um ideia.
Dumbledore daria o presente para Harry. O faria feliz esse Natal.
***
“Por que aqui, senhor?” Perguntou Hagrid.
“Porque sim, Hagrid.” Respondeu o diretor, olhando para o enorme espelho na ampla sala.
“Tem certeza que nenhum aluno o encontrará aqui?” Tornou Hagrid novamente.
“Tenho.” Disse Dumbledore.
Hagrid depositou o espelho no chão e virou-se para o diretor, que encarava o espelho.
“Precisa de mais alguma coisa, diretor?” Indagou o guarda-caças.
“Não. Obrigado, Hagrid” disse Dumbledore.
“Não tem de quê” falou Hagrid, sorrindo e saiu da sala.
Na mesma hora em que este saiu da sala, Severus Snape, adentra a mesma, olhando para o espelho gigante.
“O senhor não disse que colocaria este espelho no terceiro andar?” Perguntou-lhe Snape.
“E o colocarei.” Afirmou o diretor.
“E por que ele está aqui?”
“Porque, eu estou dando de presente para alguém.” Respondeu Dumbledore.
Snape ergueu uma das sobrancelhas.
“Presente?”
Dumbledore assentiu.
“Desculpe, mas o senhor ficou louco?” Indagou como se o diretor fosse realmente doido.
Dumbledore, porém, riu. Muitos já o chamaram assim.
“Meu caro, Severus. É Natal. Todos merecem ter algum presente” disse o diretor, voltando para a porta, deixando um Snape confuso e sozinho.
***
Dumbledore estava escondido, sob o seu feitiço da desilusão. Ele era tão poderoso, que ninguém, nem mesmo um professor, poderia enxergá-lo.
O diretor estava esperando. Ele havia pedido para um elfo doméstico colocar a Capa da Invisibilidade, debaixo da árvore de Natal da Grifinória. E ele sabia que Harry iria usá-la.
Por mais que o garoto fosse parecido com a mãe, Harry tinha traços de James. Dumbledore sabia que o menino viria.
O velho estava sentado em uma das muitas mesas que foram postas em um canto da sala, quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
Dumbledore observou a porta se abrir e fechar-se sozinha. Harry estava ali.
O diretor viu o garoto olhar o espelho, maravilhado. Dumbledore sabia o que ele estava vendo.
“Mamãe? Papai?” Ouviu-o perguntar.
Viu o menino inocente virar-se para trás, para ver que os pais não estavam ali. Logo depois, Harry colocou a mão no próprio ombro.
Seus pais estavam apenas no espelho; e Harry não demorou muito para perceber isso.
Mesmo não vendo o que Harry via, Dumbledore sabia que o menino iria querer vê-los novamente. E ele deixaria.
Então, os dois ouviram um barulho. Harry assustou-se, pegou a capa e a vestiu e saiu correndo da sala.
Dumbledore o observou ir.
“Feliz Natal, Harry” sussurrou Dumbledore.
O Espelho de Ojesed era um teste. Um teste para Dumbledore, que escondia o seu desejo de todos. Um teste para ver se a pessoa se contentaria com apenas o seu reflexo e saber que aquilo não era real. Os desejos são perigosos. Mesmo sendo tão simples como o de Harry.
Fim.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
N/A: Bem, eu ia postar essa fic no Natal, pois eu já havia postado no orkut e no Nyah!, maas, como eu estou sem nada para fazer, resolvi postá-la antes. Espero que gostem e... Comentem!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!