163. O poder destruidor de men

163. O poder destruidor de men



Olá, Estou feliz por estar de volta! Espero que gostem deste capítulo e que não sejam tímidos em deixar um comentário! Beijinhos... Ah, caprichei na edição do Profeta Diário vou ver se consigo colocar a arte aqui...



 



O poder destruidor de mentes de Rachel



Mais uma vez o sentimento de inadequação invadia o corpo de Regulus de modo que o som, o balanço, as conversas e até mesmo o cheiro do trem pareciam surreais. Ele sabia que ainda não era um Comensal da Morte, mas também não era um aluno como qualquer outro: servia ao Lorde das Trevas.



Escondido atrás do Profeta Diário, ele tentava alienar-se do barulho em sua cabine. As notícias não poderiam ser melhores, era notável o crescente número de revoltas de bruxos insatisfeitos com a passividade do Ministro da Magia frente a leis que já não os serviam mais, revelando o êxito das operações de verão. O apoio de comentaristas do jornal que antes era impensável, agora era declarado abertamente, por meio de questionamentos acerca das ações do Ministério.



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“O VERDADEIRO LORDE DAS TREVAS



O Ministro da Magia com suas ações equivocadas, continua instigando bruxo contra bruxo, causando baixas em nossa equipe de aurores, quando deveria estar cuidando dos verdadeiros inimigos do povo bruxo.



Neste verão presenciamos não um, mas TREZE ataques massivos de trouxas a comunidades inteiras de bruxos, que foram arrancados de suas casas e hostilizados de diversas formas até que o confronto fosse inevitável. Não fosse por Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e seus aliados, famílias inteiras teriam sido dizimadas, uma vez que o Ministro somente estava preocupado em mandar Aurores para prender aqueles que haviam tentado defender os seus usando a única arma que conhecem: suas varinhas.



Não seria a hora de rever o documento assinado em 1689? O Estatuto Internacional de Sigilo Mágico não só promoveu o acovardamento do povo bruxo diante das temidas fogueiras, como deixou a solta nossos algozes. Ao longo dos séculos temos assistido calados o aniquilamento do nosso mundo por esses seres inferiores desprovidos de magia e quando, finalmente, surge alguém com coragem acertar o curso correto das coisas, chamam-no de Lorde das Trevas e o caçam como um animal.



Mas quem é o verdadeiro Lorde das Trevas? O bruxo que prega a liberdade da expressão da magia, ou aquele que nos obriga a seguir uma lei injusta, praticando magia de modo escondido, como se fôssemos criminosos?”



Não havia mais dúvidas de que a população começava a apoiá-los e nada disso teria ocorrido sem o “Evento dos Treze”, como foi batizada a força tarefa realizada por Lorde Voldemort e os Comensais da Morte nas trezes vilas espalhadas pelo Reino Unido. Bruxos de toda parte agora se mostravam “conscientes da verdade” e auxiliavam Lorde Voldemort a combater aqueles que se opunham às mudanças.



Regulus lia o jornal com satisfação. Ele tinha convicção de que sua participação junto aos Comensais da Morte e Lorde Voldemort naquela pequena vila perdida entre os Munros havia sido de grande importância para o sucesso da operação e que em breve seria reconhecido por todos. Sentia qu era um herói talvez até mais importante que seus amigos, uma vez que ele havia trabalhado diretamente no plano de comoção dos habitantes – as palavras de agradecimento e as lágrimas de comoção de bruxos e bruxas ao reverem seus animais não lhe saía da memória. Ainda assim, sua espera por qualquer sinal de que seria convocado para missões ainda mais importantes tinha sido em vão. Os últimos dias de férias tinham sido mais “normais” do que ele poderia desejar e aquilo era frustrante.



Uma gargalhada sonora o tirou de sua leitura. Abaixou o jornal e olhou para os lados. Ele estava em uma cabine com os demais jogadores de quadribol. Emma Vanity havia se graduado, então Lucinda Talkalot assumia como capitã do time. Ela exibia, muito orgulhosa, o emblema da Sonserina com um grande “C” prateado bordado em torno e falava dos planos para o time, de suas estratégias para o novo campeonato e os testes que faria para os novos jogadores. Todos riam dos possíveis desfechos para as estratégias que Lucinda sugeria, coisa que sempre terminava com algum jogador do time oposto indo de cara com um dos aros ou caindo da vassoura. Regulus tentou, em vão, se empolgar com tudo aquilo, mas era como se em sua nova vida de um “quase Comensal da Morte”, Quadribol fosse um prato de sobremesa servido quando ele já havia se fartado com o jantar.



- Pessoal, - disse ele, levantando-se, deixando o jornal enrolado sobre o assento do trem – vou andar por aí, ver o que Rachel anda fazendo...



Ele não esperou Lucinda terminar de falar sobre seus planos para as substituições. Ela olhou bravo para ele:



- Nenhuma posição está garantida, Black. Se eu encontrar um apanhador melhor que você, vou te substituir – disse, irritada.



Ele não se deu ao trabalho de encará-la:



- Boa sorte... Mas acho que ainda está para nascer um apanhador melhor que eu...



Ela abriu a boca para retrucar, mas não lhe ocorreu nada para falar. Na verdade, ela concordava com ele. Se não tinham o melhor time, com certeza tinham o melhor apanhador.



Regulus saiu da cabine, um sorriso arrogante no rosto. Pelo trem, muitos rostos novos. Os alunos do primeiro ano pareciam tão minúsculos que ele se perguntou se estavam deixando crianças menores de dez anos iniciar em Hogwarts por conta da guerra iminente. Guerra? Não haveria guerra, Lorde Voldemort estava fazendo tudo para ser aclamado o novo primeiro ministro sem que houvesse grandes baixas no povo bruxo. Lorde Voldemort era inteligente, tudo iria correr bem, ele sabia. Bastava que alguns teimosos como Dumbledore e seus comparsas admitissem isso e parassem de lutar contra o inevitável.



Uma garotinha se aproximou. Ela era mais baixa que seus ombros, o que o fez sentir ainda mais cheio de si:



- Oi, você é Regulus Black, não é? Apanhador da Sonserina?



- Sim, sou eu... e você quem é?



- Sou Katie Ollerton, primeiro ano. Minha irmã, Karen, se graduou há dois anos... Ela me disse que você era um ótimo apanhador e que poderia me dar boas dicas... Quem sabe eu não assumo o posto quando você se graduar daqui dois anos?



Regulus riu:



- Ou antes... Nossa capitã acabou de me avisar que fará testes para todas as posições... – ele disse, divertindo-se ao ver uma chama de esperança acender-se no olhar da pequena Katie. – Karen disse mais alguma coisa sobre mim? Me lembro bem da sua irmã, costumava perambular pelo castelo com minha amiga Emma Vanity...



- Disse para pegar as dicas e então me manter longe de você...



Ele franziu a testa. Nada que ele tivesse feito até então poderia ser classificado como ameaçador para uma garotinha. De onde Karen havia tirado essa ideia?



- Ora, não vejo por que você deveria ficar longe de mim... Eu não mordo... – disse maliciosamente, inclinando ligeiramente a cabeça para olhar a menina dos pés à cabeça – Bem, às vezes posso morder, mas com carinho... e, obviamente, não morderia você, espero as meninas serem grandes o suficiente para fazerem alguma sombra... No seu caso, aguardaria mais uns 4 anos... – ele apressou-se em dizer, observando a menina corar.



Regulus riu. Obviamente não sentia o menor interesse na garotinha e nunca se interessaria por alguém que não tivesse idade próxima a dele, mas mexer com o imaginário dela era algo divertido.



- Bem que Karen me alertou que você era muito paquerador e que todas as meninas eram apaixonadas por você... – comentou a garotinha, deixando escapar um suspiro.



- Mas nenhuma tem chance alguma comigo por perto... – disse Rachel, aproximando-se por trás dele.



- Rachel! Eu estava mesmo procurando por você! – disse ele, virando-se para abraçar a namorada. Sem largar o abraço, virou a cabeça para se livrar da garotinha – Foi um prazer conhecer você, Katie Ollerton. Essa é minha namorada, Rachel Broadmoor, ela é uma tremenda apanhadora e pode lhe dar ótimas dicas, talvez melhores que as minhas...



- É, pirralha, me procure na escola... Agora, se me der licença, tenho coisas mais importantes para fazer com meu namorado no momento...



Regulus sabia que apresentá-la à garotinha iria acalmar o ciúme de Rachel e deixá-los em paz para namorar. Sem perder tempo, conduziu a namorada para o fundo do trem, um local que era conhecido pelos alunos como “amassódromo”, já que era procurado por muitos casais que queriam se beijar e abraçar sem ser interrompidos ou censurados.



Era a primeira vez que ele a levava lá, pois costumava ter uma postura mais protetora e respeitosa com a namorada. A receptividade da namorada em seus últimos encontros lhe dizia que podia ir além de inocentes beijos e abraços, então ele deixava sua mão percorrer o belo corpo Rachel e explorar novas sensações, o que a deixava bastante animada. Perceber o desejo da namorada o aborrecia um pouco, pois queria que ela fosse um pouco mais recatada, mas, ao mesmo tempo, agradava seus hormônios. Aos quinze anos era difícil para ele manter-se coerente com os ensinamentos de seu pai sobre respeitar as mulheres, já que os hormônios lhe mandavam beijar e abraçar a namorada com seu corpo o mais próximo do dela possível. Somente quando sentia que estava saindo de seu controle e que seu desejo estava saindo do aceitável para um namoro entre adolescentes, que ele se afastava e se preocupava com ela, não queria que Rachel ficasse “mal falada”, a desastrosa experiência que teve com Alice, graças à maldade de Crouch, já tinha sido o suficiente para uma vida inteira.



Após algum tempo no “amassódromo”, o alarme interno de Regulus havia disparado e soava como a voz do próprio pai em sua cabeça: “já basta! Você não tem idade para ir além!” O bruxo deu um passo atrás e respirou fundo, os lábios amortecidos de tanto beijar. Rachel abriu os olhos lentamente, como se acordasse. Espreguiçou, descolando o corpo que parecia ter-se fundido à parede. Não precisaram trocar nenhuma palavra, ambos sabiam que era preciso sair dali e procurar algo menos íntimo para fazer. O garoto estendeu a mão convidando-a para caminhar, mantendo uma distância segura entre os corpos.



Já haviam atravessado alguns vagões quando ela finalmente conseguiu colocar em palavras os sentimentos deles:



- Depois de tudo o que fizemos nesse verão, voltar para a escola e ser apenas “bons alunos” é como estar dentro de um filme, não?



- Eu estava justamente pensando nisso, Rachel... por um instante pensei que depois da nossa participação nos “Eventos dos Trezes” como o Profeta tem chamado, iríamos ser convocados a deixar a escola... Até mesmo você, depois de tudo que aprendeu com minha prima, poderia ser de grande utilidade mesmo que não entrando diretamente nos conflitos...



Rachel engoliu em seco. Era impossível não perceber o tom de desprezo que Regulus tinha em suas palavras. Ela odiava aquilo de ter que se portar como o “background” de um grande guerreiro, seu pai não estava sendo justo com ela!



- Humpf! – a menina bufou.



- O que foi, querida? – perguntou ele, que não havia se dado conta do que havia falado antes, tão aborrecido que estava com a própria situação.



- Nada... Ou melhor, não aguento isso de trabalhar nas sombras! Eu nasci para brilhar! – ela explodiu, finalmente.



- Bem, com certeza você brilharia muito em uma batalha, talvez distraindo desnecessariamente os guerreiros. Você é linda demais para fazer parte de uma luta, meu amor.



Rachel olhou ameaçadoramente para ele e tentou soltar sua mão, mas ele a puxou de volta e falou em seu ouvido:



- Mesmo não tendo dúvidas de que lutar com você ao meu lado seria incrível, acho que precisamos sim de bruxas com habilidades como as suas para dar suporte e orientar a luta de fora... E eu vou precisar saber que você estará em casa esperando por mim, para cuidar do meu corpo cansado com sua pele macia e cheirosa... – falou, tentando usar seu poder de sedução para que ela esquecesse suas palavras preconceituosas, mas para sua surpresa, não teve o efeito esperado.



- Lutar? Você acha que o que você fez foi assim de tão grandioso, Black? – perguntou, um olhar perverso em seu rosto.



- Obviamente que foi... Se o plano todo era manipular a opinião da população mexendo com seus sentimentos, já que eles eram incapazes de perceber racionalmente por eles mesmos que o que está sendo feito é para o seu próprio bem, a minha participação foi de extrema importância. Fui eu quem ajudou a salvar seus amados animais... Se eu não estivesse lá, não haveriam tantas palavras de agradecimento e...



- Tem certeza? Até quanto eu saiba, o sucesso das outras doze operações não precisou de você...



As palavras de Rachel o acertaram como um feitiço estuporante, roubando-lhe a fala e os sentidos de tal maneira que ele precisou encostar-se na parede do corredor para não cair. Seu coração disparou e um sentimento incompreensível tomou conta dele. Não compreendia o que estaria acontecendo com a namorada. Em sua memória, há poucos instantes estavam aos beijos e, de repente, lhe ela explodia em palavras amargas e saía bufando, apressada.



Regulus desencostou-se da parede e seu primeiro impulso foi segui-la, mas ao dar dois passos na direção da cabeleira agitada da namorada, notou que sua crise em nada abalara as conversas alheias, que continuavam animadas pelo corredor e no interior das cabines. Aquilo só poderia significar uma coisa: ela estava certa e ele tinha dado muito valor a si mesmo. Já sem energia alguma, deixou que suas pernas o guiassem até a cabine onde estava Lucinda Talkalot e o pessoal do Quadribol. Ao menos para o time ele ainda era o melhor apanhador, ou não?


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