O príncipe
Olá, pessoas! Estou de volta com um capítulo em homenagem a um dos meus personagens favoritos, Severus Snape. Espero que gostem e comentem sobre o capítulo. Achei que ficou bunitinho.
Luiza, ri muito com seu comentário! Acho que posso fazer alguma indicação de uns profissionais capacitados para ajudar a família Black....kkkkk
Mika, Regulus se descntrolou um pouquinho... Mas coitado, ficar segurando tudo sempre é impossível! E ele não teve intenção de machucar a mulher, ele apenas trocou a cor da roupa dela com a das rosas que ela segurava e a mulher levou um susto e desmaiou. Coisa de trouxa... também adoro o sr Weasley, é um fofo.
Agora vamos seguindo em frente...
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122. O príncipe
A poeira abaixou e ele saiu da lareira estreita para a sala apertada e abarrotada de móveis e livros. Severus o aguardava sentado em uma poltrona à um canto ilumindado por um abajour.
- Pensei que você não viria mais.
- Ah, desculpe pelo atraso. – disse, enquanto batia a fuligem de sua roupa. – Não entendo como nós, bruxos, ainda usamos algo tão rudimentar. Deveriam nos ensinar a aparatar assim que chegássemos a escola.
Severus riu e se levantou para cumprimentar o amigo com um aperto de mãos.
- Há alguns meses atrás você estava maravilhado com as possibilidades da rede de Flu... agora reclama dela. Você sabia que alguns adultos nunca conseuiram aparatar?
- Deve ser excesso de sangue ruim correndo nas veias. São muito obtusos e maciços, não tem fluidez nem de pensamento esses trouxas...
- Concordo. – respondeu Severus, ligeiramente incomodado com o rumo da conversa, então juntou as palmas das mãos ruidosamente e encarou novamente o amigo – Mas não foi para falar dos trouxas que nos reunímos aqui hoje, foi?
- Claro que não! Desculpe, Severus! Minha cabeça está a mil por hora! Em casa as coisas estão bastante confusas este verão. Sirius fugiu para a casa dos Potter. Minha mãe está insuportável, ora chora, ora amaldiçoa ele.
- Ela devia estar comemorando... – Severus deixou escapar entre os dentes.
Regulus virou-se para a estante de livros fingindo interesse, passou o dedo indicador sobre os títulos dos livros, pegou um livro ao acaso e começou a folhea-lo. Sirius não era um assunto que ele gostaria de discutir.
Severus tomou o livro de suas mãos e o retornou à estante, franzindo a testa. Tinha certeza de que o amigo não se interessava por bordado em ponto cruz – algo que nem sua mãe mostrava o menor interesse em fazer. Regulus, então, notou o assunto do livro que estivera folheando e engoliu o comentário maldoso que lhe veio à mente, a respeito do tipo de pessoa que se interessaria por aquele assunto.
- Bem, acho melhor deixarmos nossas famílias de lado, caso contrário não chegaremos a lugar algum. Você fez alguma descoberta neste verão?
Severus notou a insinuação sobre a própria família – mista, impura, obtusa e maciça – e compreendeu que tinha a ver com o livro que Regulus havia pego. Quem mais se interessaria por ponto cruz se não trouxas? Aquele livro era um dos poucos presentes que seu pai havia dado para sua mãe antes dela lhe contar que era uma bruxa. Engoliu em seco e tentou agir com naturalidade. Então não iam tocar em assuntos sobre descendência e Sirius. Pareceu-lhe perfeito.
- Infelizmente não encontrei nada a respeito, mas acho que estávamos no caminho certo. Limpar a mente para não nos tornar vulnerável... – disse Severus.
- Bem, eu não tive muito tempo de estudar devido o trabalho intenso no Ministério.
- Que tipo de trabalho você tem feito?
- Todo tipo de coisas desinteressantes e chatas. Eu comecei picando velhos pergaminhos e agora estou trabalhando no Departamento do Mal Uso dos Artefatos dos Trouxas. Muito chato...
Regulus começou a passer o dedo indicador sobre os títulos dos livros novamente e estava prestes a tirar um da prateleira quando Severus interveio e o empurrou de volta.
- Posso imaginar. – disse Severus, levemente nervoso. Por que Regulus insistia em olhar os livros de trouxas quando havia tantos livros mágicos em outras prateleiras?
- Mas outro dia descobri algo muito interessante... O que você diria se eu lhe contasse que existe uma sociedade secreta de Legilimentes? – perguntou, virando-se para ver a reação de Severus.
- Eu diria que você está fazendo piada... Legilimência e segredo são duas palavras que não combinam. Se você quer manter algo em segredo você não vai a um lugar onde todo mundo pode acessar sua mente! – disse Severus arregalando os olhos para Regulus.
- Aí que está! – disse Regulus estalando os dedos – Meu... quer dizer, um membro desta sociedade me contou que funciona assim: todos usam capas com capuz cobrindo o rosto, com uma pequena abertura para os olhos. Aquele que permitir que os outros tenham acesso a memórias que o identifique, é expulso do grupo. E eles estão constantemente se testando. Achei que era bobagem, depois me pareceu legal... e também aprendi o feitiço que se lança para invadir a mente do outro. Obviamente um bom Legilimente não precisa usar varinha e nem falar o feitiço em voz alta para acessar a mente do outro... Mas acho que a gente poderia usar, para ir praticando. O que você acha?
- Concordo. O feitiço deve ser “Legilimens”, eu suponho.
- Sim, mas tem um pequeno movimento de varinha, algo quase imperceptível, uma pequena oscilação na vertical. E apontar para a cabeça e manter contato visual é importante.
Severus olhou para Regulus com curiosidade, prestando atenção em sua mão vazia sendo sacudida no ar.
- Você pode tentar em mim, se quiser.
- Ah, bem. Estou com um problema. Não posso usar minha varinha.
- o que tem de errado com sua varinha?
- Está sendo ratreada.
- Neste caso, a minha também. Também sou menor de idade... E isso nunca nos impediu de nada.
- Não é isso. O pessoal com que trabalho colocou um feitiço na minha varinha, eles têm acesso a tudo o que eu faço, dia e noite. Só vão tirar quando eu voltar para a escola...
- Eles estão pegando pesado mesmo! Bem, pode usar a minha, eu quero ver como é o movimento... – disse Severus, estendendo o braço para entregar a própria varinha ao amigo.
- Legilimen! – Regulus lançou o feitiço contra Severus, seus olhos negros fixos nos olhos do amigo. Mas nada aconteceu – Não entendo. Não acessei nada. Você me bloqueou ou sua varinha não funciona comigo?
- Não bloqueei. Teste a varinha em outra coisa.
Regulus virou-se e apontou a varinha para o abajour de latão polido:
- Engorgio!
O ababjour dobrou de tamanho.
- Bem, parece que funciona. Então sou eu quem não consigo. Só consigo bloquear...
- Ora, Black. Não fale bobagem. E diminua este abajour porque a luz está me cegando!
Regulus acenou a varinha para o abajour e o fez diminuir. Depois entregou-a para Severus.
- Tente você.
Severus tomou a varinha e olhou fixamente nos olhos do amigo:
- Legilimens!
Ele lançou o feitiço sobre Regulus, acenando a varinha tal e qual o amigo havia demonstrado.
- Não funcionou. Não vi nada. Eu queria ver, eu repeti o que você fez e não deu certo. Você tem certeza de que o movimento é esse?
- Tenho, Severus.
Os dois adolescentes desabaram nas poltronas atrás deles, desanimados. Regulus correu os olhos pelo chão, no carpete puído. Severus disse que havia tentado, mas tentado o que, exatamente?
- Severus, me dê a varinha.
O corpo de severus se sacudiu de susto e ele entregou a varinha. Confiava em Regulus, eles iriam conseguir.
Regulus olhou fixamente nos olhos do amigo e sacudiu a varinha mais uma vez. Desta vez não falou o encantamento, apenas pensou nele e em Lily. Ele sabia o quanto Severus gostava de Lily e sabia que deveriam haver centanas, talvez milhares de lembranças incluindo Lily armazenadas em seu pensamento. Então aconteceu.
Ali estava ela, correndo na beira do lago de Hogwarts com as amigas. Era um pouco mais velha do que quando a conheceu, provavelmente era uma lembrança do terceiro ano na escola. Lily estava especialmente bonita – ou seria o olhar de Severus sobre ela que causava tudo aquilo? A menina ria alto. E rodopiava, as vestes de Hogwarts balançavam como se, de repente, fossem leves como seda e seus cabelos deixavam um rastro avermelhado por onde passava. Ou seria a visão de seu perfume? Intenso e hipnotizante. As outras garotas, à sua volta, pareciam sem brilho, sem cor. Eram figurantes de uma cena só dela. O som de sua risada melodiosa estava cada vez mais perto, mais perto, mais perto... Severus então saiu de trás de uma árvore, forçando um encontro “casual”.
– Oi, Sev! Não vi que você estava aqui... Eu e as garotas estávamos comemorando o primeiro dia de sol da primavera! Me sinto livre como um pássaro! – dizia ela, acenando os braços e girando o corpo numa imitação de pirueta de ballet.
Severus ria-se, contaminado com a alegria dela. Aos poucos as outras meninas se dispersaram, deixando os dois sozinhos na beira do lago. Os dois riam tanto que não notaram que estavam sozinhos.
- Vem, Sev! Vem rodar comigo! Esquece tudo, hoje não tem Gryfinória ou Sonserina! É primavera e vamos dançar até o verão chegar! – disse Lily, puxando ele pela mão e o fazendo rodar com ela de modo desajeitado.
- Olha só, James! Um urubu girando como se fosse uma andorinha... – a risada de Sirius fez regulus perder a concentração e o contato com a memória de Severus. Ele, então, abaixou a varinha. Sentia-se incomodado com a visão do irmão, com a invasão de privacidade, com a intensidade do que havia visto e sendido – e, ao mesmo tempo satisfeito, já que isso era a confirmação que precisava para entender aquelas imagens como lembranças reais.
- Parece que você conseguiu... – disse Severus, meio satisfeito, meio encabulado por ter uma de suas lembranças compartilhadas. – O que você fez? – olhando para seus joelhos que pulavam nervosamente, ele perguntou, como que para lembrar Regulus do porquê estava ali.
- É, parece que sim... eu introduzi intenção. Eu queria ver Lily. É estranho, é intenso... Tente você. – ele devolveu a varinha a Severus.
Severus examinou a própria varinha por algum tempo, enquanto se decidia sobre qual seria sua intenção ao remexer nas lembranças do garoto. Desistiu de querer ver Alice, pois temeu ver algo inapropriado. E se o que andaram comentando tivesse um quê de verdadeiro? Não, mesmo se sentindo profundamente invadido, ele não queria ver aquilo. Melhor seria ver algo sobre Sirius, algo que o ajudasse a se defender, uma carta na manga. E assim, com o pensamento fixo na intenção de ver o que Sirius poderia ter como um segredo suspeito, Severus mergulhou nos olhos de Regulus sem avisar.
- Legilimens!
Severus viu a sua frente um corredor muito claro, com portas fechadas de ambos os lados. Pareceu-lhe um hotel. Ele caminhou lentamente atrás de Regulus, em direção ao último quarto do corredor, passou por uma porta fechada que a lembrança de Regulus lhe informava que era o quarto de seus pais, depois pelo dos avós, chegando em frente ao quarto de Sirius. Então ouviu um som muito estranho que lembrava um latido vindo de dentro do quarto. Parecia que estavam maltratando um cão lá dentro. Regulus resolveu bater na porta. Bateu duas vezes e não foi atendido, mas o barulho sessou. Ele franziu a testa. Bateu na porta mais uma vez e aguardou. O irmão respondeu sem abrir a porta:
- Quem é?
- Sou eu, Sir. Tudo bem aí?
- Tudo certo. Porquê? – ele respondeu, abrindo uma fresta da porta, onde enfiou seu rosto repugnante e debochado.
- Eu achei ter ouvido um latido vindo do seu quarto... mas acho que me enganei... – Regulus respondeu, espiando para dentro do quarto do irmão, que não tinha nada de extraordinário além da bagunça habitual.
- Um latido? Hahahahahahahah! Quanta imaginação! Você tomou muito sol na cabeça hoje! – ele respondeu, abrindo a porta para não deixar dúvidas de que não havia nada de errado por ali.
Regulus franziu as sobrancelhas. Tinha certeza de que ouvira um latido e a imagem se dissipou.
Então era só isso? Severus bufou. Então se deu conta que havia conseguido invadir a mente do amigo e sorriu.
- O que Sirius estava fazendo?
- Eu realmente não sei. Acho que transfigurou um cachorro em alguma coisa, mas não consegui ver o que era. Deve ter sido um processo bem doloroso, porque o cão chorou muito. Você viu...
- É, eu ouvi... Bem, tente me bloquear agora, Black! Legilimens!
Severus mergulhou novamente nos olhos de Regulus na intenção de ver o que andara fazendo durante o verão e uma sequencia de flashes de memória apareceram em sua mente, claras como o sol do meio dia. Regulus no Ministério sendo incomodado por Crouch, Regulus encarando a cabeça encolhida de uma elfo doméstica muito feia, Regulus consolando a mãe, picotando papel no Ministério, lendo sobre leis, ouvindo latões de lixo cantando, o caminho tortuoso e atribulado até o rio Tâmisa. Nada lhe escapou aos olhos ou aos sentidos. Sentiu pena do amigo.
- Você não me bloqueou.
- Eu não consegui. O seu feitiço veio muito forte, achei que fosse até mesmo desmaiar. Estou meio tonto. Você nem parece mestiço, Severus! Devia adotar o nome de sua mãe, porque em nada você lembra que é filho de trouxa. Sua mágica é forte e bem precisa.
- Severus Prince?
- Prince? Hahaha! Perfeito! Você só podia ser mesmo um príncipe! Só mesmo um sangue nobre para se sobrepor ao sangue trouxa! tá explicado porque você é tão bom...
Severus riu-se, lisonjeado.
- Bobagem, Black. – disse, com um aceno de mão para baixo, como quem desconsidera o que foi falado. Mas no seu íntimo achou que soava bem. Um príncipe. Um príncipe mestiço. Olhou para seu reflexo refletido na vidraça da porta balcão escondida entre as grossas cortinas queimadas pelo sol e o tempo, que ainda guardavam em suas dobras resquícios de sua cor verde original. Uma das poucas lembranças de sua origem que sua mãe guardava em segredo para que o pai não destruísse. Severus endireitou suas costas magras e foi até a porta balcão e saiu para a pequena sacada. Regulus o seguiu em silêncio. Severus parecia ter crescido alguns centímetros e pareceu a Regulus quase tão alto quanto Sirius; suas roupas cinzentas já nem pareciam tão gastas e seu rosto se iluminava em orgulho.
- Não deixe meu irmão aborrecê-lo. Você é um príncipe, sua nobreza se revela inegavelmente através de sua mágica. Nem mesmo o sangue trouxa conseguiu apagar isso em você, meu amigo. – disse Regulus olhando fixamente para as costas de Severus, que olhava o céu num ponto qualquer do infinito, mal percebendo o que o amigo lhe falava.
Ele era um príncipe, então. E sua mente se deleitava com isso. No meio das estrelas, Lily o tirava mais uma vez para dançar e ele rodopiava galante com sua capa preta farfalhando ao vento, os cabelos pretos inacreditavelmente sedosos e uma quase imperceptível coroa de prata cintilava em sua cabeça.
Comentários (1)
Ai que cap lindo. Gostaria tanto que o Sev e a Lily tivessem feito às pazes antes da Lily ir.
2015-04-13