Os gritos da Sra Black



Olá, estamos de volta em pleno sábado de carnaval... Aguardo comentários em forma de confete e serpentina... kkkk

Mika Black, adorei seus comentários! Eu também adorava ver os irmãos Black unidos e se divertindo juntos, mas o destino quis que fosse diferente... Uma pena!

Os comentários dos dois Black são, na minha opinião, bastante bastante preconceituosos, mas seria difícil ser diferente, pois eles pertenciam à uma família refém de suas tradições e seu preconceito. Mesmo Sirius conseguindo ver um pouco além ele ainda não consegue compreender e ajudar Kreacher, tampouco perceber o sofrimento do elfo. Se Sirius fosse capaz de compreender Kreacher, talvez ele conseguisse mostrar para o elfo que ele podia sim assumir seu sofrimento, podia sim discordar dessa tradição e exigir o direito de que sua mãe tivesse uma morte digna e natural. Sirius também poderia ter dito que ele nunca iria matar o elfo quando fosse velho, pois ele era seu amigo. Mas Sirius não conseguiu ver Kreacher como um amigo, como um igual. Talvez, por Kreacher não ser capaz de se rebelar contra "seu destino" tenha sido o ponto crucial para que Sirius ficasse cego em relação a ele, afinal o pobre elfo não tinha a coragem de um Gryffindor.

Em relação ao discurso de Regulus, embora ele conseguisse perceber o sofrimento do elfo e compreender sua lógica, o fato dele repetir o discurso dos elfos a respeito da escravidão ser uma espécie de escolha, é um ato de preconceito. É o mesmo tipo de discurso que ouvimos algumas pessoas repetirem por aí sobre as garotas que usam minissaias estarem "pedindo" para que se abusem delas de alguma forma. As meninas não estão pedindo isso e, as que o fazem, só fazem por não ter tido a oportunidade de aprender que é possível ter outro tipo de relação. Você me entende? Dar aquilo que o outro quer nem sempre é uma forma de respeito. É uma questão delicada.

De qualquer forma, adorei escrever sobre isso. Adoro gente inteligente e me delicio em escrever as falas de Sirius e Regulus... 

Bem, vamos ao capítulo. Hoje vocês vão conhecer a origem dos gritos da senhora Black. Boa leitura!

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118. Os gritos da Sra Black

No dia seguinte, Regulus desceu até a cozinha para tomar seu café da manha. Kreacher havia preparado diversos tipos de pães e bolos, ovos, bacon, suco. Haviam, inclusive, frutas secas ornamentando a mesa. Um banquete digno de um rei. Regulus deixou-se ser servido e comeu, embora estivesse sem fome e houvesse um gosto amargo em sua boca.


- Belíssimo café da manhã, Kreacher; sua mãe ficaria orgulhosa. – ele tentou ser delicado com o elfo.


- Obrigado, senhor. – respondeu, fazendo uma reverência.


- Kreacher, onde estão meus pais?


- Meu senhor Orion Black foi trabalhar no hospital e minha senhora já tomou seu café e agora está se em seu quarto. O meu senhor deseja que Kreacher faça mais alguma coisa?


- Não Kreacher, muito obrigado. Estou satisfeito. Você é um ótimo elfo.


Kreacher fez outra referência e se afastou, permanecendo num canto da cozinha observando Regulus terminar de comer. Regulus olhou para o elfo. E se perguntou porque era tão difícil para Sirius compreender o que se passava com os elfos? Porque ele simplesmente não aceitava que se eles se sentiam bem desta forma, então não havia problema algum? Eles eram escravos por opção, Kreacher já o havia explicado: era seu destino e sua honra servir. Um elfo livre não teria o porquê de viver, não teria honra, era escória. Nenhum elfo iria querer isso. Da mesma forma não queriam viver quando sua existência se tornasse um desperdício de espaço. A tradição da família Black vinha de encontro com seus desejos, simples assim. Sirius teria que entender e parar de questionar. Era uma questão de respeito. Ele então levantou-se, bebeu o resto de seu suco de abóbora em pé, olhou para o elfo e saiu. Caminhou decidido até o quarto do irmão. Refazendo todo seu discurso enquanto subia as escadas.


Então ele chegou em frente à porta e bateu. Ele aguçou os ouvidos, mas ninguém respondeu, tampouco ouviu qualquer movimentação dentro do quarto. Bateu mais forte, depois de novo e nada.


- Sir? Abra! Sou eu!


Ninguém respondeu. Regulus colocou o ouvido na porta, estava tudo silencioso lá. Estaria o irmão dormindo?


- Sir, acorde! Vamos conversar!


Novamente ninguém respondeu. E se ele estivesse em outro cômodo da casa? Regulus deu meia volta e procurou pelo irmão por todos os cantos, sem sucesso. Então procurou pela mãe.


- Mãe, Sirius não sái do quarto desde ontem, nem para comer. Estou preocupado com ele, pode acabar passando mal.


Ao ouvir estas palavras, Walburga, que até então estava em frente ao espelho da penteadeira aguardando a escova mágica lhe prender os cabelos levemente grisalhos em um coque, levantou-se.


- Basta. – ela disse para a escova, que imediatamente voou para a penteadeira e ali permaneceu. – Vamos lá, Sirius está passando dos limites novamente... Quando este menino vai crescer?


Ela saiu apressada e foi até o quarto do filho, Regulus a acompanhou.


- Sirius? Sirius Black, abra a porta! Agora! Estou mandando!


Ninguém respondeu. Então ela tentou abrir a porta, mas estava trancada.


- Alohomora.


A porta se abriu. Os dois entraram, mas encontraram o quarto vazio. As roupas, o material escolar, a vassoura de Sírius, tudo havia sumido. Walburga, à princípio enfurecida e resmungando por causa da bagunça, apontou a varinha seguidas vezes para pequenos objetos sem valor deixados pelo chão, que voavam e se juntavam em seus braços, obedecendo seus feitiços convocatórios. Então um pequeno pedaço de papel amassado embaixo da cômoda chamou-lhe a atenção. Ela pegou o bilhete e, ao abrir, reconheceu a letra do filho. Imediatamente deixou cair no chão os objetos que carregava nos braços e foi até a janela a procura de mais luz para ler:


“Não pertenço a este lugar, não pertenço a esta família. Não me procurem, esqueçam que eu existo. Sei que isso não importa, mas estou bem e não vou voltar.”


O bilhete estava sem assinatura e não havia sido deixado em lugar visível, muito provavelmente na certeza infantil de que se realmente procurassem por ele, então encontrariam o bilhete.


Walburga sentou-se na cama e começou a chorar convulsivamente. Regulus se aproximou e abraçou a mãe, mas ela enxugou as lágrimas e disse:


- Mande uma coruja para o hospital pedindo que seu pai venha aqui imediatamente.


Regulus foi até seu quarto, pegou um pedaço de pergaminho e rabiscou dois bilhetes, depois subiu as escadas até o pequeno terraço onde sua coruja descansava com a cabeça sob a asa.


- Schwarzie, acorde!


A coruja ainda sem tirar a cabeça debaixo da asa, esticou a perna para receber a mensagem.


- Voe rápido. Preciso do meu pai aqui agora! E, se puder, este é para o Senhor Crouch, no ministério. Vou me atrasar hoje.


A coruja pareceu entender e abriu as asas e voou pela janela o mais rápido que pode, carregando a mensagem para o pai no bico e a outra em uma das garras. Ele a seguiu com os olhos até que não a avistasse mais, depois desceu as escadas e foi até a sala de estar, abriu as cortinas e ficou observando a rua. Ele sabia que o pai não costumava vir caminhando pela rua, mas de alguma forma, ter um lugar para olhar o deixava com a sensação de que tudo aquilo iria se resolver assim que o pai chegasse. Após dezessete intermináveis minutos, Orion Black aparatou no centro da sala. Regulus virou-se e correu até ele.


- Onde está sua mãe? O que aconteceu?


- Ela está no quarto de Sirius, ele... – respondeu Regulus, incapaz de explicar o que havia ocorrido.


Orion não conseguiu esperar pela explicação e subiu as escadas às pressas. Regulus ficou na sala por mais alguns instantes. Não queria ouvir o relato da mãe sobre a fuga do irmão mais velho. Ele sentia raiva do irmão, sempre tomando toda a atenção da família para si das formas mais impróprias. Então subiu. Da porta entreaberta do quarto de Sirius ele avistou seu pai sentado ao lado de sua mãe na cama do irmão; ela tremia muito de tanto chorar.


- Ele vai voltar, querida. Dê um tempo a ele, isso é só rebeldia adolescente. Um dia ele vai compreender. Eu vou procurar por ele e até de noite ele estará de volta. Você vai ver. Não chore, querida. Não chore.


 Seus pais não notaram sua presença e então, ele era invisível novamente sem mesmo ter aprendido um feitiço de desilusão. Regulus transpirava raiva por todos os poros. Como Sirius podia ser capaz de ser tão egoísta? Por acaso ele não pensava em como suas ações afetariam seus pais?


 O garoto virou as costas e foi para o seu quarto. Estava prestes a fechar a porta quando Schwarzie entrou, trazendo um envelope roxo no bico. Vinha do ministério. A carta avisava que Crouch não tolerava atrasos e que se ele não comparecesse ao trabalho em meia hora, teria sua pena aumentada. Regulus bufou. Não queria abandonar os pais num momento tão delicado. Ele vestiu uma capa, passou no quarto de Sirius para avisar que precisava sair, mas não havia ninguém lá. Então desceu as escadas até a cozinha.


- Seu pai foi para Bramshill procurar seu irmão. – informou a mãe, enxugando as lágrimas com um lenço, ao notar o filho entrado pela cozinha.


 


- Ele não vai estar lá. As meninas não estão lá neste verão. Acho que Paris ou a casa de um dos amigos dele, mais provavelmente Potter, seria algo mais provável.


 - Nós nem conhecemos os amigos dele ... – observou Walburga, enxugando novamente os olhos.


 - Posso deixar uma lista de nomes. Não sei todos sobrenomes... – desculpou-se.


- Onde você vai? – perguntou Walburga, ao ver que Regulus também iria sair.


 - Mãe, eu preciso ir ao Ministério trabalhar. Estarei de volta no final da tarde, como sempre. – Ele abraçou a mãe que voltou a chorar forte – ele vai voltar, mãe.


 Regulus olhou para Kreacher no canto da cozinha, como quem pedisse confirmação de suas palavras, o elfo abaixou os olhos. Ele sabia, não havia nada que os dois pudessem fazer. Ele afrouxou o abraço, enxugou as lágrimas da mãe e forçou-se a sorrir, carinhosamente, para ela.


 - Mãe, não fique assim, você sabe, o Sir gosta de nos afrontar. Ele só está chateado por causa da Floffy e por causa da carta da Simone Leloush.


 - O que tem a mestiça?


- Bem, Sir gosta dela e depois que a tia passou a cuidar delas, ficou mais difícil delas se encontrarem... a tia não gosta da gente, nos culpa pelo que aconteceu.


 - Malditas mestiças! Escória! Roubaram meu filho de mim!


 - Não fique assim, mãe. Ele vai voltar.


 Regulus não tinha certeza de suas palavras. Conhecia o irmão, era um Black, orgulhoso demais para voltar atrás. Beijou sua mãe e acenou para Kreacher com a cabeça, depois pegou um bom punhado de pó de Flu e entrou na lareira. Os gritos de sua mãe ainda eran audíveis quando ele começou a rodopiar pelas lareiras.

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Comentários (3)

  • Luiza Snape

    A senhora Black demostrou algum lgum amor, que milagre! 

    2015-02-21
  • Mika Black

      Ok, agora você me convenceu que o discurso do Regulus também foi preconceituoso, apesar de eu adorar ele, seus defeitos ainda existem...   As vezes eu até chego a ter pena da Walburga, por mais cruel que ela pareça, ela ainda é uma mãe amável. O Regulus com ciúmes do Sirius por causa da atenção dos pais é lindo! É de um jeito tão inocente e infantil. Não posso imaginar outro lugar pro Sirius estar, do que a casa do Tiago.  Faz todo sentido ele ter fugido, mas acho que arrogância dele é o que faz não tentar entender o lado da família, e consequentemente faze-la sofrer, sem nem mesmo ele saber. Parece a mesma situação das últimas férias (acho que foi essa a que ele ficou desacordado por um tempo).  E a família não entende-lo também é muito triste, sinceramente tinha mais esperanças que o Orion pudesse fazer dessa família mais unida, bem, não é tão tarde ainda.  Espero que os irmãos black não quebrem os laços ainda, o Reg ainda é tão novo, o Sirius bem que podia ter tentado mudar um pouco a mentalidade do jovem black... Se bem que o Regulus ainda tem seu orgulho de o que ele e a família é obviamente certo, é incrível como cada pensamento dele, funciona numa linha de raciocínio em que ele está certo e o irmão errado.

    2015-02-17
  • Bia Ginny Potter

    Aah :(, eu n comentei o último capítulo >,< deixei pra comentar hoje e acabou que você foi mais rápida que eu... enfim, vou falar um pouco do anterior também então.Sobre a morte da Elfa, gostei muito da sua comparação entre o preconceito dos irmãos e a cultura de estupro, o pensamento do reg me lembra da ideia de que mulher é um objeto de uso mesmo e nasceu pra isso (apesar de que pra alguém sair falando isso por aí tem que ser babaca além da conta, sabemos que é um conceito enraizado), o Sirius me lembra mais aquelas falácias de que se a menina estava bêbada ou com roupa curta, a culpa do estupro é dela. O mais foda dessas comparações que sempre dá pra fazer com Harry Potter é que os preconceitos são tão comuns no mundo da magia como no nosso, e é raro que fics também olhem esse lado, já te disse que te amo? (outro paralelo: Hermione tem a FALE, Emma tem o #HeForShe haha)E agora a fuga do Sirius... ia acontecer né :( Acho que a partir de agora é que os irmãos vão parar praticamente abandonar os laços... isso é triste, será que aquela foi a última vez que eles usaram o código secreto? Bom, acho que saber que uma cabeça foi decaptada naquele lugar pela sua mãe é um motivo razoável para se fugir (na verdade foi "só" a gota d‘água mesmo), eu realmente me assusto com a família Black e é triste saber que na verdade tem umas por aí. O pior é que o Reg está tão acostumado com aquele pensamente que acha tudo normal, e o Sirius é tão desiludido com a própria família que talvez nem ache que a mãe seja capaz de chorar por ele, fica mais horrível ainda quando se para pra pensar.Até o próximo cap, prometo tentar ser menos lerda. Beijin

    2015-02-14
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