Ajuda inesperada




  1. Ajuda inesperada…



Aquele mês de janeiro de 1975 foi um dos mais curtos na opinião de Regulus. Emma havia marcado dois treinos por semana, o que não parecia ser algo muito sensato, uma vez que só iriam jogar em março. O Natal foi muito inspirador para todos os professores, os garotos até mesmo estavam se perguntando se havia algum tipo de aposta acontecendo entre os professores para ver quem seria capaz de dar mais conteúdo em menos tempo e cobrar as pesquisas mais longas e tediosas que se poderia supor. Regulus estava exausto, mal conseguia manter os olhos abertos durante as aulas, uma vez que todas as noites passava pelo menos duas horas com Snape tentando variações sobre o Finite Incantatem. Os outros garotos resolveram fazer suas pesquisas em separado, já que julgaram ter sido uma traição o fato de Regulus e Snape não terem compartilhado suas pesquisas com eles durante as férias.



Regulus aproveitou o intervalo após o almoço, antes das aulas da tarde para ir à biblioteca tentar fazer suas lições de casa e alguma pesquisa sobre feitiços. Pelo vidro da porta da biblioteca ele viu Alice sentada em uma mesa próximo da janela, seus cabelos escuros brilhando sob os raios do sol tímido do inverno. Aquela era a sua mesa preferida. Ele sorriu e sentiu o peito se aquecer. Há tempos queria encontrar com Alice, mas por alguma razão ela parecia evaporar toda a vez que ele chegava perto. Desta vez, não. Ele entrou na biblioteca, confiante.



- Alice, como vai? Posso me sentar com você? – ele sorriu.



Alice levantou os olhos e reprimiu seu sorriso.



- Pode. – depois suspirou.



- Tenho sentido sua falta... Parece que toda vez que tento falar com você alguma coisa me impede... Bem, para falar a verdade, não tenho tentado o suficiente, talvez... quase não tenho tido muito tempo livre...



- Eu tenho visto você subindo aqui para a biblioteca com frequência. Os professores estão inspirados este ano, não?



Regulus colocou seus livros e anotações sobre a mesa, então olhou para a garota, sorrindo. Era muito bom poder conversar com Alice. Olhar para ela lhe enchia o peito com uma sensação inexplicavelmente boa, lhe trazia paz e alegria ao mesmo tempo. A luz que vinha pela janela desenhava uma aura brilhante no contorno de seu rosto e os olhos dele se perderam admirando aquela luz. “Alice é uma pessoa com luz própria,” ele pensou.



- Reg? Está tudo bem? – ela olhou para trás procurando ver onde os olhos dele se fixavam.



Regulus sorriu.



- Está tudo bem, sim... É, você tem razão, os professores estão muito inspirados... Devem ter feito alguma aposta para ver qual deles dará a lição de casa mais trabalhosa... ou então tomaram a poção do ensino... – ele respondeu, sorrindo.



- Poção do ensino? Isso lá existe?



Ele riu.



- Óbvio que existe. Professor Slughorn toma junto com uma xícara de chá todas as manhãs, em jejum...



- Verdade? Nunca pensei... Será que todos eles tomam? – ela perguntou, curiosa.



Regulus não conseguiu segurar a gargalhada.



- Não, eu acho que não... Inventei isso agora.



Alice sorriu.



- Psssssiu!



Madame Pince apareceu do nada e, da maneira como bufava, pareceu a Regulus que era melhor se sentar ao lado de Alice rapidamente.



- Me desculpe, senhora. Isso não vai mais acontecer.



- Se querem conversar, creio que existam na escola lugares muito mais aprazíveis que a biblioteca...



- A senhora tem toda a razão. Nós vamos ficar em silêncio, prometo. Tenho que estudar... Muitos deveres, sabe?



A jovem senhora ergueu as sobrancelhas e depois deu-lhes as costas.



- Pois bem. – ela disse, enquanto se afastava dos garotos, sumindo novamente por entre as altas estantes de livros, arrastando graciosamente a barra de sua capa azul marinho cintilante.



Os dois se olharam e Alice voltou a ler, enquanto Regulus abria um livro sobre contrafeitiços. Alguns minutos em silêncio depois, Alice arriscou:



- Então você foi esquiar? Nunca pensei que sua família fosse adepta aos esportes trouxas...



- Esquiar? – ele franziu as sobrancelhas – eu não. De onde você tirou isso?



Ele mal havia perguntado quando a resposta já aparecia clara em sua mente: a foto que ele havia arrancado das mães de Amifidel era de uma menina numa estação de esqui.



- Você está falando isso por causa da foto que eu estava olhando no trem?



- É... aquela com a garota bonita na estação de esqui...



- Ah, não é minha... É do Ami... aquela era uma menina que ele conheceu na França... acho que está meio que apaixonado, sei lá...  – ele riu.



Alice pareceu relaxar. Ele franziu a testa levemente, por que ela se importaria com uma foto daquela maneira? Aquilo não fazia sentido para ele. Então pensou que ela poderia estar evitando ele porque não gostava da ideia de um bruxo que se prestasse a praticar esportes trouxas. Um pensamento digno de um sangue-puro. Ele sorriu, satisfeito ao mesmo tempo que ela se inclinou em sua direção e olhou o livro que ele estava lendo, encostando levemente seu ombro no dele. O toque do braço dela fez com que ele sentisse borboletas em seu estômago. Regulus não se afastou.



- O que você está estudando, Reg? Isso não é para a aula de Feitiços, é?



- Ah, não, não é. É outra coisa.



- Outra coisa?



- É. Posso lhe contar um segredo? – ele cochichou.



Alice sorriu.



- Você pode confiar em mim, Reg.



- É uma coisa que eu e Snape estamos tentando descobrir... – ele começou a falar num impulso, mas percebeu o erro a tempo de mascarar a verdade - Ahn... Ele precisava se comunicar com... uma menina. Ela é nascida trouxa, então a lareira da casa dela não está ligada à rede de flu e ela não pode receber corujas, parece que a última vez que alguém mandou uma coruja um vizinho atirou nela. O vizinho é meio doido, do tipo que gosta de matar animais... Então ela tentou usar a lareira da biblioteca municipal, pois as lareiras antigas eram todas ligadas à rede de flu... Mas parece que a lareira foi desativada, provavelmente uma precaução antitrouxa... Eu descobri que são feitiços que são usados para desligar uma lareira da rede, então estamos tentando descobrir como reativá-la... Tudo pelo amor, sabe?



Alice soltou um longo suspiro.



- Que lindo! Severus tem sorte em ter você como amigo... A garota é a Lily?



Regulus percebeu que sua mentira precisava ser menos específica ou teria pernas muito curtas. Ele não gostava da ideia de mentir para Alice.



- Acho que não é a Lily. Nem sei se a garota estuda aqui, não a conheço. Faço isso por Severus, que sempre me deu ótimas dicas em Poções.



- Como se você precisasse... – ela disse em tom de elogio, virando seu rosto na direção do dele de modo a quase tocar sua bochecha. O calor da respiração da garota fez Regulus arrepiar-se. – Posso ajudar você e Severus... Me passe um livro...



- Você tem certeza?



- Na verdade, esta é minha maneira preferida de estudar... Um desafio desses é sempre empolgante. Tudo para ajudar um romance... Afinal, o dia dos namorados está chegando...



- Ah, é mesmo! Vamos poder ir à Hogsmeade, não? Acabei dividindo minhas varinhas açucaradas com os garotos e fiquei sem nenhuma agora...



Alice não respondeu, apenas soltou um longo suspiro. Regulus sentia-se feliz ao lado dela, embora se perguntasse se deveria ter contado a respeito da lareira. Ele olhou para seu rosto brevemente com o canto dos olhos. Ela lia, bastante compenetrada o livro que ele havia lhe entregado. Ele sorriu, esperançoso. Com a ajuda de Alice certamente ele conseguiria resolver a questão da lareira a tempo.


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