A ajuda de Sirius
A ajuda de Sirius
O dia havia demorado muito para passar, Regulus mal conseguia se conter agora que faltavam somente quinze minutos para meia noite e a casa parecia, finalmente, silenciosa. Ele virou-se de lado. Não era incrível que Sirius conseguisse dormir mesmo depois de passar tanto tempo dormindo? Melhor assim, ele conseguiria sair sem ter que responder perguntas. Se bem que Sirius havia passado o dia inteiro sem conversar, não seria agora, meia noite, que ele resolveria abrir a boca, não é mesmo?
Regulus levantou-se sorrateiro e abriu a porta com cuidado, olhou para os lados: não havia nada nem ninguém lá, a não ser o corredor escuro com a janela no final. Ele saiu caminhando na ponta dos pés. Onde estaria a lua do outro dia? O corredor parecia agora mais longo e mais escuro do que nunca, seu coração batia forte, no compasso da sinfonia de roncos que ecoava pelo corredor. Estaria Rosier esperando por ele? Ou quem sabe, Voldemort em pessoa? Seu coração perdeu uma batida e o pé direito tropeçou no esquerdo. Seria mesmo como um sonho realizado conhecer Voldemort. Certamente era algo importante, se não Severus não teria feito tanto mistério em torno do encontro.
Perdido em seus pensamentos, Regulus desceu as escadas e seguiu em direção à lareira distraidamente. Tão distraidamente que esbarrou em uma mesa minúscula sobre a qual havia uma xícara de chá esquecida ali horas antes. A mesa cambaleou, rapidamente ele pegou a varinha que estava no bolso da calça e acenou. Mas já era tarde demais, a xícara caíra para um lado quebrando-se em mil cacos, enquanto ele suspendia a mesa com um feitiço. O som da xícara quebrando o distraiu e deixou cair a mesa, que também se quebrou e produziu um som alto.
Não demorou muito para que se pudesse ouvir passos apressados na escada. Sem saber o que fazer, ele pegou o pote de pó de flu e se escondeu atrás de uma poltrona.
- O que você está fazendo aí agarrado neste pote horroroso?
Sirius sussurrou, divertindo-se com a situação. A cena era realmente curiosa, Regulus agarrava fortemente o pote, como se dele dependesse sua vida.
- Tenho um encontro... – respondeu evasivamente também sussurrando.
Sirius o olhou com interesse e continuaram a conversar aos sussurros.
- Rachel Broadmore?
Regulus o olhou indignado.
- O quê? - chacoalhou a cabeça para os lados – eu não me daria o trabalho... vou encontrar A...
Mas o nome de Alice não chegou a ser pronunciado.
- Quem está aí?
A voz de Orion rompia o ar da quase silenciosa sala. Regulus estremeceu, Sirius colocou a mão sobre a cabeça dele, abaixando-o para trás do sofá novamente.
- Sou eu, pai! – gritou Sirius, fingindo irritação – me deixam dias dormindo sem comer e nem tenho o direito de um chá à meia noite? O que vocês pretendem? Me matar de fome?
- Claro que não, filho. Você poderia ter me acordado, ou chamado Kreacher e ele teria levado algo em sua cama... – respondeu Walburga com doçura, deixando transparecer o sentimento de culpa que a condenava em cada palavra.
- Na cama? Será que não tenho mais o direito de esticar as pernas? – Sirius gritou em resposta, caminhando em direção aos pais, gesticulando bastante.
- Calma, filho. Vamos até a cozinha, eu mesma preparo o chá para você... – respondeu a mãe, colocando a mão sobre o ombro do filho, que ergueu o ombro repetidas vezes até que ela tirasse a mão de lá. E depois seguiu com a mãe e o pai para a cozinha, erguendo a mão sobre a cabeça, supostamente para coçar o cabelo, mas acenando para a escuridão.
Regulus compreendeu que era sua deixa. Assim que o irmão e os pais sumiram na escuridão do pequeno corredor que levava à cozinha, ele saltou por cima da poltrona, pegou uma pitada de pó de flu, devolveu o pote em seu lugar, jogou a pitada nas chamas e assim que se fizeram verdes, ele entrou na lareira, sussurrando:
- Spinner’s End, 27. Cokeworth.
Num piscar de olhos as chamas o engoliram e ele se viu viajando por diversas lareiras até chegar ao seu destino.
Aquela era a menor lareira que ele já havia visto, mas cabia uma pessoa em pé. Sughorn provavelmente entalaria, ele pensou. Mas não teve tempo de rir da própria piada. Assim que a fuligem abaixou, conseguiu ver o vulto magro e alto de Snape em sua frente. Ele saiu da lareira com cuidado, olhando para os lados, enquanto tirava a fuligem dos ombros.
- E aí? – falou, num misto de curiosidade e cumprimento.
- Você demorou. – Comentou Snape. – pensei que não viria mais...
- Tive problemas, quase fui pego por meus pais... Onde estão os outros?
Severus franziu a testa.
- Onde mais estariam? Dormindo, é claro... Ou você acha que eu chamaria você aqui para conversarmos enquanto meu pai estivesse acordado?
Regulus desanimou. Então não havia Rosier, nem Voldemort. Era só Snape numa casa simples, iluminada por velas, esperando para conversar enquanto os pais dormiam. Ele deixou escapar um sorriso amarelo.
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