Encontro com Alice
- 39. Encontro com Alice
A aula de transfiguração parecia não ter fim naquela tarde. Regulus estava feliz porque iria encontrar sua amiga após a aula no... Onde mesmo? Ele fez um grande esforço para lembrar, mas percebeu que os dois ficaram tão preocupados em ajustar as agendas que esqueceram de marcar o local dos encontros. Ele bufou. Professora McGonagall, que passava por perto perguntou:
- Alguma coisa errada com sua varinha, senhor Black?
Regulus não havia se dado conta, mas segurava a varinha com força e olhava para ela sem piscar, como se dali pudesse vir a resposta para seu pensamento. Ele olhou para os lados, todos colegas da Sonserina olhavam para ele, alguns com as varinhas a meio caminho de enfeitiçar o ratinho em sua frente. Sem graça, ele respondeu:
- Não tem nada, não senhora. Me distraí. Me desculpe.
- Pois não fique aí sonhando que a lua é um queijo e você não pode comer, pois isso não vai lhe render boas notas na minha aula. A não ser que consiga transfigurar a lua em um queijo, naturalmente.
Regulus abaixou a cabeça. Sabia que apesar do comentário parecer uma brincadeira, era sempre melhor não brincar com a professora, a não ser que ele quisesse experimentar uma nova detenção.
- Desculpe, senhora. Vou prestar mais atenção.
McGonagall ficou parada em sua frente por mais alguns segundos e disse:
- Muito bem. Como o senhor não prestou muita atenção na minha aula hoje, creio que dois pergaminhos sobre o bom uso da Transfiguração na vida diária serão suficientes para o senhor refletir sobre seus compromissos, Black. Me entregue na próxima aula, junto com sua lição de casa.
E dizendo isso, ela virou as costas. Dois pergaminhos inteiros? Mais a lição de Transfiguração, de Herbologia, de Feitiços e as cartas Astronomia... além disso, o treino de quadribol, o clube de duelos e os encontros com Alice... quer dizer, não são realmente encontros, não é mesmo? Regulus tentou enganar-se a si mesmo a respeito do que o motivava encontrar com Alice. Ele era muito novo para compreender que todo aquele entusiasmo que sentia a cada vez que a encontrava estava fazendo uma nova e rara semente brotar em seu peito. Uma semente chamada amor. Mais uma vez ele se perdia em devaneios, agora sem ao menos tentar disfarçar segurando a varinha. Olhava para fora da sala, o sol poente e os pássaros migrando com o fim do outono. Professora McGonagall veio novamente até ele e disse:
- Demonstre-me agora o que aprendeu na aula de hoje ou ficará em detenção.
Ela falava com voz firme, mas calma. Aquilo era só um aviso, mas havia algo escondido em suas palavras que ele não conseguia compreender, era como se ela estivesse brincando. Mas McGonagall nunca brincava. Então ele pegou sua varinha e apontou para seu ratinho:
- Vera Verto!
Para sua surpresa, nada aconteceu. Ele olhou para a professora e disse:
- Não entendo. Tinha que funcionar!
- Porque não usa sua varinha, então?
Ele olhou para a mão, estava empunhando a varinha, mas agora que a professora havia mencionado, a varinha parecia, de fato, estranha, um pouco mais leve que o normal. Para sua surpresa, havia outra varinha sobre a mesa, idêntica a sua. Ele a tomou nas mãos, franzindo a testa.
- Não entendo.
- Claro que você não entende. Está tão distraído que não percebeu que eu havia transfigurado sua pena em uma varinha idêntica à sua.
E dizendo isso, ela desfez o feitiço e olhou no fundo de seus olhos:
- Pense nisso, Black. Não esperava que como apanhador você pudesse ser tão distraído. Como pode não notar o que fiz debaixo do seu nariz? Refaça o feitiço.
- Mas eu não sei como transfigurar a pena em varinha.
- O que você aprendeu em aula. – respondeu a professora, parecendo ligeiramente nervosa.
- Vera Verto.
Imediatamente o rato se transformou em uma taça de vidro, transparente como a água. McGonagall sorriu:
- Não poderia esperar outra coisa de um filho de Walburga.
- A senhora conhece minha mãe? - Ele perguntou, arregalando os olhos. Minerva sorriu:
- Sim, estudamos juntas.
- A senhora tem certeza de que era boa em Transfiguração?
- Melhor que você e Sirius. Ela realmente tinha o dom. Pelo seu tom de surpresa, creio que não o use para nada mais.
- Não tenho muita certeza... Para onde iriam então todos os ratos daquela casa?
McGonagall pareceu sorrir levemente. Então disse para todos:
- Classe dispensada. Black, não é porque você conseguiu se sair bem com a transfiguração de hoje que será dispensado do seu trabalho extra. Ainda quero dois pergaminhos em minha mesa na próxima semana.
- Certo, professora.
E dizendo isso ele saiu correndo porta afora, precisava descobrir onde encontrar Alice. Ele descia as escadas cheias de alunos para o segundo andar quando esbarrou em uma garota, derrubando-a por alguns degraus. Ele correu para acudir: era Alice. Com a queda, todas as coisas dela haviam se espalhado pela escada e pelo corredor abaixo. Então Regulus, após ajudá-la a se levantar, ajoelhou-se e começou a juntar as coisas dela.
Neste momento, Rachel subia as escadas. Ela usava um sapato azul de cetim, que provavelmente devia combinar com sua gravata e laço no cabelo, mas Regulus não levantou os olhos para ver, pois aquele sapato azul, bicudo e de saltinho estava a esmagar seus dedos da mão direita, como quem esmaga uma barata:
- Você deveria se envergonhar de rastejar no chão desta forma, Black. Nem parece um bruxo.
O sangue de Regulus ferveu em suas veias. Passou por sua cabeça uma série de insultos e maneiras pouco polidas de responder à provocação de Rachel, somados a tudo o que ele andara aprendendo no clube de duelos, mas ele se conteve. Ele forçou-se a lembrar que Rachel era uma garota e ele, como um cavalheiro, deveria guardar para si suas observações e sua varinha. Então ele terminou de recolher o material de Alice e disparou escada abaixo sem olhar para trás. A voz debochada de Rachel estava ecoando em sua cabeça. O que ela queria? Por quanto tempo ele conseguiria manter as boas maneiras?
Alice conseguiu alcança-lo após alguns minutos:
- Hey, Reg! Me espere!
Ele parou para aguardar por ela:
- Me desculpe a pressa, Alice.
Ela sorriu e os dois voltaram a caminhar lado a lado pelo longo corredor:
- Mais do que compreensível. Rachel dá nos nervos de qualquer um.
- Tive que me conter para não sacar minha varinha... Poderia ter feito alguma besteira. Queria poder esquecer que ela é uma garota só por um segundo...
Alice arregalou os olhos e perguntou:
- Como assim?
Regulus sorriu e parou em frente a uma janela. Olhava o céu colorido do entardecer se enchendo de nuvens cinzentas. Em breve teriam neve em Hogwarts. Então suspirou e disse:
- Meu pai diz que devemos respeitar as garotas mesmo quando elas parecem não merecer.
- Foi por isso que você ajudou ela a se reerguer na vassoura no último jogo de Quadribol?
- Por isso e também tem outro motivo menos nobre... – ele sorriu envergonhado – eu queria ver de perto a cara de decepção dela ao me ver com o pomo na mão.
Alice sorriu de volta. E perguntou:
- E como era?
- A cara dela? Mais ou menos assim, ó. – e ele fez uma careta muito engraçada, franzindo os lábios para baixo ao mesmo tempo que erguia as sobrancelhas e mostrava a ponta da língua. Alice explodiu em uma gargalhada e ele também não conseguiu se conter e riu a valer.
- É, mas quando ela passou por mim indo para os vestiários a cara dela era assim, ó. – E Alice também usou toda sua imaginação para fazer a mais feia careta que conseguiu: franzindo as sobrancelhas e fazendo um bico com a boca, puxado para o lado esquerdo. Novamente os dois riram muito juntos. Alice segurou-se na mão de Regulus para continuar a caminhar, uma vez que as pernas dela estavam bambas de tanto rir. Ele sentiu-se orgulhoso em sentir que a amiga encontrara nele o apoio que precisava e assim os dois seguiram sem destino pelos corredores do castelo, conversando e rindo de mãos dadas até a hora do jantar.
Comentários (2)
Convordo com o John!Essa dúvida está me matando:A Alice é nascida trouxa ou mestiça?Não consigo parar de ler, desculpe não comentar tanto, estava com um problema na minha conta.
2014-06-15Bom, parece que o Regulus voltou a gostar da Alice depois do período com a Rachel. Ele já se decidiu ? Aposto que vai escolher a Alice, mas alguma coisa vai acontecer para ele mudar de ideia, não é ? Ela é nascida trouxa ou mestiça ? John P.S.: Me desculpe por não ter comentado antes, e tabém por não ter comentado os outros capiítulos que você postou. Ontem eu estava com lição de casa até o pescoço pra fazer, e quando terminei ainda tive que ajudar o meu irmão a fazer a dele. Eu li muito rápido porque não aguentei esperar até hoje, e saiba que eu estou adorando sua historia cada vez mais.
2013-08-04