Cuidados de irmão mais velho
- Que foi, Sir?
- Não sei, você estava gritando.
- Ah, só um sonho, nada demais. Você não precisava ter me acordado...
- Eu pensei que...
- Pensou o quê?
-Ah, deixa pra lá. O que você fez com a Simone a tarde inteira? Soube que você foi à casa dela...
- Ela me mostrou alguns livros, contou sobre coisas que elas estudam lá da Beaxbatons.
- Ihhhhhhh, você e essa sua nova mania de estudar... Você está passando muito tempo com o Ranhoso lá na escola, daqui a pouco vai começar a esquecer do banho, como ele...
- Não enche, Sir. Vamos dormir. – e dizendo isso, virou-se de lado e não falou mais nada. Estava aliviado que Sirius não havia se interessado em saber o que tanto ele estudava ou o que acabara de sonhar.
Os dias se passaram e já estavam em meados de agosto, faltando pouco menos de duas semanas para o início de mais um ano letivo. Sophie e Simone já haviam voltado para a escola e chegou o dia dos irmãos Black deixarem a casa dos avós e retornarem para sua casa em Londres. Regulus estava ansioso para voltar para casa. Ele queria ter alguma privacidade para pôr em prática o que estava aprendendo, pois precisava parar de dividir o quarto com o irmão para poder fazer isso.
Na mesma noite em que retornaram ao Largo Grimmauld, Regulus chamou Kreacher para o seu quarto. Kreacher atendeu prontamente, estava sentindo falta dos garotos:
- Master Regulus! Onde está Master Sirius? – perguntou Kreacher, olhando à sua volta, após fazer uma longa reverência.
- Master? O que é isso, Kreacher? Você nunca me chamou assim antes...
- A senhora sua mãe está ensinando Kreacher como se portar na presença de seus senhores. Uma grande honra. Agora Kreacher está aprendendo o ofício do verdadeiro elfo-doméstico. – disse ele, batendo com o punho no peito, cheio de orgulho.
- Pensei que sua função aqui em casa era brincar comigo e com o Sirius...
- Era, agora meus mestres estão crescendo e não precisam mais de mim para brincar. Kreacher fez o jantar, posso trazer um pouco se Regulus assim desejar.
- Ahn, não precisa. Estou sem fome. O chamei aqui para lhe pedir que me trouxesse alguns camundongos.
Kreacher desaparatou no mesmo instante, e no instante seguinte voltou com as mãos cheias de camundongos que tentavam fugir por entre seus dedos. Regulus pegou o lençol e jogou em cima dos animais:
- Kreacher, rápido, uma gaiola.
Novamente o elfo desaparatou e voltou rapidamente com uma gaiola, colocando os animais assustados lá. Depois ficou olhando para Regulus com olhar interessado, sem ter coragem de perguntar o que o garoto iria fazer. Regulus apenas lhe disse:
- Obrigado, agora você pode ir.
Sem questionar, o elfo desaparatou novamente. Regulus olhou para os camundongos que andavam sem parar dentro da gaiola. Deveriam servir. Virou as costas para examinar seus pergaminhos. Ele achava que havia chegado a uma solução. Resolveu testar o primeiro feitiço. Pegou um camundongo, colocou sobre a mesa de cabeceira e acenou sua varinha em direção ao animal.
- Bulla inflare.
A medida que o pequeno camundongo inflava como um balão, os olhos de Regulus iam se abrindo e sua boca escancarando-se em admiração e orgulho próprio. E estava quase a dar pulos de alegria quando a criatura estourou, sujando o rosto de Regulus com sangue e vísceras. Ele cuspiu o sangue de sua boca, limpou o rosto com as costas da mão e mais do que depressa chamou Kreacher; precisava que o elfo limpasse aquela bagunça. Kreacher imediatamente apareceu em sua frente, arregalou um pouco os olhos mas, como sempre, não lhe faltou. Prontamente limpou os restos do ratinho e saiu, sem perguntar nada. Não era do seu feitio questionar seus mestres.
Regulus voltou a pesquisar em suas anotações. Não era sua intenção explodir ninguém. Apenas queria inventar uma azaração que fizesse alguém inflar um pouco. Ele rabiscava agitado suas anotações e comentava seus pensamentos para uma plateia de camundongos assustados.
- Encher, inflar, inchar... É isso! Palavra errada. Vamos ver: inchar...
E após algumas pesquisas, ele resolveu testar a versão em nórdico antigo. Mais um ratinho fora da gaiola, mais um aceno de varinha:
- Svella.
O pobre camundongo inchou rapidamente e murchou em seguida, ficando seco, totalmente sem ar, parecendo uma uva-passa. Desta vez Regulus nem se deu ao trabalho de chamar Kreacher, apenas colocou o camundongo de lado e continuou a checar suas anotações, andando de um lado para outro. Tentou saxão antigo:
- Swellan!
Outro camundongo explodido. Ele limpou o rosto rapidamente com um lenço e continuou. Estava determinado, teria que conseguir. Se Snape conseguia, porque ele não conseguiria também? Passava da meia noite e ele continuava determinado. Daquela noite não passaria. Após muitos feitiços mal elaborados, e muitos camundongos mortos, ele, já irritado, tentou outra vez uma versão em Latim:
- Tumescere.
O ratinho inchou um pouco, sem estourar.
- Consegui!!!
Gritou Regulus, animado. Gritou tão alto que chamou a atenção de Sirius, que dormia no quarto ao lado. Sirius levantou-se e foi correndo ao encontro do irmão, escancarando a porta, sem bater:
- E aí, Reg! O que foi que...
Ele ia dizendo, animado, quando percebeu o cenário grotesco em que Regulus se encontrava. Ele tinha sangue e víscera de camundongo pelos cabelos, haviam alguns animais mortos no chão e um sobre a mesa de cabeceira, super inchado que começava a verter líquido de seu corpo.
- O que é isso, Reg? O que você está fazendo?
Ele perguntou, assustado. Regulus respondeu:
- Não é da sua conta, Sir. Vai embora daqui.
Sirius sai pelo corredor à procura de seus pais. Não que tivesse pena dos animais, Sirius apenas estava preocupado com o que Regulus estivesse planejando.
Seus pais já estavam dormindo quando ele entrou no quarto deles:
- Mãe! Pai! O Regulus está praticando umas magias pra lá de esquisitas lá no quarto dele!
Sua mãe acordou, assustada. Orion continuou a roncar sonoramente ao seu lado. Dona Walburga levantou-se e seguiu Sirius até o quarto de Regulus. Pediu que Sirius aguardasse do lado de fora e conversou rapidamente com Regulus, depois chamou Kreacher, que chegou sonolento ao quarto, e ordenou que ele limpasse a bagunça.
Sirius aguardava no corredor. E então, mamãe?
- Seu irmão estava apenas testando alguns feitiços. – ela disse, calmamente.
- Mas mãe, ele estava explodindo camundongos! Isso não é apenas testar feitiços! – Sirius gritou em resposta.
- Sirius, um Black precisa conhecer seus limites. Quem decide aqui o que é permitido ou não sou eu!
- Mas mãe! E o sigilo sobre magia? Daqui a pouco vai ter gente do ministério batendo aqui na porta e...
- E eu vou dizer que estava mostrando alguns feitiços para os meus filhos, testando suas varinhas... Esse decreto de sigilo sobre magia é uma grande bobagem! Não deveria existir! Nenhuma forma de magia deveria ser proibida! – Disse Walburga, irritada.
- Ah, sim... e se seu amado filhinho começar a testar isso em pessoas? Hein? O que você vai dizer? Já sei, vai achar lindo! A senhora é perversa! – gritou Sirius, empunhando sua varinha.
Então Regulus saiu do seu quarto e encurralou o irmão contra a parede:
- Você não pode falar assim com a mamãe!
Regulus ficou uma fera, não sabia que ele fora o motivo da briga. Apontou a varinha para Sirius. Sirius falou, sorrindo debochado:
- Você vai me azarar bem debaixo do nariz da dona Walburga? Essa eu quero ver...
Neste momento Orion chegou arrastando seus chinelos. Ao ver Regulus apontando a varinha para o irmão e este para Dona Walburga, gritou:
- Sirius, já para o quarto. E não sairá de lá até o fim das férias, mandarei Kreacher levar suas refeições para o quarto. Agora vamos, os dois, para a cama!
Os garotos foram para seus quartos sem dizer uma palavra. Sirius bateu sua porta com força.
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