Minha Obscuridade II - O retor



Minha Obscuridade II – O retorno



Draco não sabia exatamente o que fazer, naquele dia. Com ela deitada em seus braços, com os cabelos rubros a lhe tocar as bochechas. Mas ele tinha consciência que se não fugisse agora, colocaria a vida de Gina, e a própria vida em perigo.



“A última coisa que quero agora é a morte dela...”.



Ele temia, já havia alguns dias, por esse momento, a maldita consagração como comensal. Realmente, Draco Malfoy não queria isso. Mas o seu futuro já estava escrito, como contorna-lo?



“Não há volta. Não tenho outra escolha”.



Não havia contorno. Lúcio Malfoy fora bem claro, ao lhe dizer, ainda em Hogwarts, que seria como ele, seria um servo. Malfoys não eram servos de ninguém! Nunca foram, há séculos, até Lúcio se render a isso, por puro... Medo.



Draco se levantou vagarosamente da cama, colocando ela na mesma, carinhosamente. Ele não fazia nada para impedir as lágrimas de rolarem livres por sua face. Ele não podia mais engolir aquele rancor, preso dentro de si mesmo, ciente da derrota. A única forma de não se magoar mais ainda, era transformar isso em lágrimas salgadas, rancorosas, grossas.



Ele acariciou, brevemente, a face da amada.



“Não quero prolongar mais... Eu preciso, Gin... Me desculpe...”.



Levantou-se, depois de mais alguns minutos observando o sono pesaroso de Gina, e colocou a capa preta, tão comum em sua casa. Não. A Mansão Malfoy não era mais considerada sua casa, seu lar. Olhou mais uma vez para Gina, que ainda dormia, com as marcas vermelhas das lágrimas a pouco derramadas. As dele nunca deixariam marcas, pois sempre estariam livres para correr o rosto, ele não iria conter mais nenhum rancor dali pra frente!



Pegou as malas, sem coragem de encarar novamente o sono da mulher naquela cama, que seria sempre lembrada e guardada na mente do loiro. Olhou pro chão.



“Eu não devia nem ter começado isso... E agora, tenho que encarar a conseqüência... da PIOR forma...”.



Pegou a varinha e aparatou, primeiramente, em frente à Mansão. Encarar todo o próprio mísero passado, bem agora que havia conhecido o melhor futuro (ou seria presente que fora passado?) que poderia lhe ocorrer, não era muito bom. Um aperto frio em seu peito lhe avisou que tudo voltara à tona, agora, da forma mais trágica possível.



“Não posso... Gina... NÃO POSSO!”.



Ele queria voltar, abraçar Gina bem forte, dizer que lhe amava, que morreria por ela, que não a deixaria sofrer nunca, que nunca mais a faria chorar novamente. Mas isso já não era possível. Lúcio estava na janela mais alta, com as cortinas de feltro preto, em seu próprio quarto, que dividia, anteriormente, com Narcisa Malfoy, mãe de Draco.



Ele sorria, de modo triunfal. Afinal, Draco havia comparecido à Mansão, confirmando a idéia de se tornar um comensal.



Draco encarou, com um pesar lhe caindo as costas, o olhar de seu “pai”. Sim, pai somente da boca pra fora, pois o carinho real de um pai Draco nunca teve. Mas... Quem disse que Malfoys nasceram para serem carinhosos?



Ele abriu, como se estivesse a caminho da morte, os portões prateados, com um “M” grande ao centro. Encaminhou-se até a porta principal. Lúcio já estava ali para lhe receber.



Draco, Draco... Pensou que fugiria de mim, não?



Exatamente – disse Draco, com um tom irônico que não agradara, nunca, em todos os anos anteriores, o pai.



Nunca fuja de mim. Te acharei aonde for, seu tolo! – Lúcio praticamente “cuspia” as palavras para Draco, que continuava impassível, ainda permitindo que as lágrimas caíssem mais firmemente ainda, até a sua capa.



“Eu preciso voltar... Gin...”.



Não sou preso a você. Vou aonde bem entender.



Ahn... Parece que andou aprendendo muito, a me desrespeitar, nesses 4 meses longe de mim, hã? Precisará aprender tudo novamente?



Aprender o quê? A ser um idiota, rendido a um ser obscuro, que se alto denomina Lord? Quem foi que me ensinou, aos meus 12 anos, que Malfoys não eram, nunca seriam, servos? Não tenho nada a aprender com você, seu estúpido! – Draco não media as palavras, apenas as deixava escapulir da sua boca, ciente apenas de que estava irritando quem um dia fora seu pai – Na verdade, não sei o que estou fazendo aqui!



CALE A BOCA! Você sabe muito bem porque está aqui, idiota! Sabia que eu te seguiria, sabia que eu te encontraria e, de qualquer forma, te mataria!



Eu... Vou fugir novamente, de uma forma ou outra. VOCÊ NÃO VAI ME ACHAR! NUNCA MAIS! – Draco suspirou, cheio de remorso, lembrando, como se a imagem de Gina estivesse flutuando na sua frente, os últimos momentos deles juntos. Ela já estaria acordada à essa hora?



Ah, claro... Pensei que teria orgulho de ser um Malfoy, um renomado, respeitado. Mas... Não, não, eu nunca me engano. Você se deixou levar pela Weasley pobretona! Tsk, tsk, tsk... Que decepção, Draco! – Lúcio agora debochava de Draco, sem um pingo de dó.



Você... Você me espionou esse tempo todo? – Draco largara as malas pesadamente no chão, surpreso.



Claro... Vi você tentando se matar. Quem você acha que deixou aquela carta, na sua cama de cabeceira? Eu. Pensei que era mais esperto e firme, Draco. Mas não, você se acabava de chorar, NOS OMBROS DAQUELA NOGENTA!



NÃO A CHAME ASSIM! SE TEM UMA COISA DE QUE TENHO ORGULHO É DE SER CAPAZ DE FAZER O QUE BEM ENTENDO... INDEPENDENTE DE QUEM EU SEJA!



Você está cego de... AMOR! Malfoys não amam, Draco! Você DESONROU A NOSSA FAMÍLIA!



Uma vez... – disse Draco, aos sussurros, tamanha era a sua raiva pelo pai – Você me disse que a razão sempre fala mais alto, do que QUALQUER coisa. INCLUSIVE... Do próprio SOBRENOME.



Draco admirou como nunca, o silêncio repentino de Lúcio. Ele o pegara no ponto fraco, de uma forma ou outra. Afinal, Lúcio Malfoy sempre “pensava três vezes antes de impor as palavras...” Será que ele fizera isso desta vez?



A sua razão nunca foi voltada para o amor, Draco. Nunca amamos, nunca amaremos, lembra-se?



“Como irei esquecer a última vez que vi minha mãe? Mesmo que numa promessa inútil... Eu tenho que voltar... O que estou fazendo aqui?”.



Aquela foi a sua promessa, filho. E por quê essas lágrimas ridículas? Você amou aquela Weasley, Draco! SEU...



NÃO ME CHAME DE FILHO! NÃO SOU SEU FILHO, NUNCA FUI! VOCÊ TAMPOUCO FORA MEU PAI!



CALADO! – Draco se calou, apenas por lembrar mais uma vez de Gina, que deveria estar acordada a essa hora – Você amou... RIDÍCULO!



“Amei?”.



Eu não amei Gina!



Hahaha... Sim, amou... Mas, claro... Vai esquece-la logo, logo. O mestre já tem algumas tarefas para você, Draco. Mal posso ansiar por hoje à noite...



Draco nem o ouvia. A imagem de Gina lhe veio à cabeça. Por que nunca lhe dissera que a amara? Por que nunca nem insinuou seus verdadeiros sentimentos?



“Eu não a amei...”.



Ele amou Gina Weasley. Pela primeira vez, um sentimento novo, inesperado. Talvez, esquecido com o tempo...



“Eu... Tenho de esquece-la, deixar ela viver a vida dela... Feliz”.



É. Com certeza ela estaria mais feliz longe dele. Longe da escuridão que ele levava a qualquer lugar, a sombra de seu passado, que se tornara nada mais do que o presente, tão odiado agora.



Fora apenas o pensamento de fazer Gina feliz novamente que o obrigara a entrar de vez na mansão. De novo, se sentia deslocado, longe do seu mundo verdadeiro. Mesmo sabendo que vivera ali toda a sua vida, todo o seu passado... Mas ele não queria justamente esquecer o passado? Não valia a pena lembrar de tudo o que passou antes.



“Não posso me forçar a fazer o impossível. O passado... Não posso esquece-lo, é uma parte cravada em mim...”.



Ele observou o grande salão, agora completamente modificado, sem Narcisa estar ali para decora-lo. Tudo estava no gosto de Lúcio. Tudo NEGRO. Completamente modificado, o próprio quarto também estava da mesma forma. Dava-lhe mais raiva ainda, ao ver as cortinas, antigamente azuis, agora pretas. Lençol preto, abajur preto, fronha preta, vestes pretas... Exatamente como se sentia: fechado, preso, deslocado, magoado, triste, PRETO.



Retirou a capa preta que vestia, mas se arrependeu amargamente, pois o local estava ainda mais frio.



“Exatamente como eu... PRECISO VOLTAR!”.



Draco chegara até a pegar as malas. Mas largou-as novamente. Não tinha para onde ir, não poderia voltar para Gina, ela tinha de ser feliz longe dele... E SERIA. Desviou seus pensamentos, ou pelo menos tentou. Como ela estaria agora? Chorando, desesperada, por não te-lo mais ao seu lado? Não. Definitivamente não. Ela, provavelmente, estaria filmando, agora, com um outro ator em seu lugar, sem constrangimentos. Mas... Ela o amava!



Ele, no fundo, queria voltar, queria estar nos braços dela novamente. Mas não queria faze-la sofrer. Não dali pra frente. Fugira exatamente por isso. Lúcio iria atrás dele, juntamente com os seus “amigos comensais”, o perseguiria, perseguiria Gina, e a mataria. O que ele iria fazer se isso acontecesse? Morreria junto? Agora, longe dela, ele não sabia.



Sentou, embaixo da única janela do aposento, encostado à parede. Não queria encostar-se a mais nada que não fosse as próprias vestes, malas, chão e parede. Fitou o próprio braço esquerdo, onde, futuramente, naquela noite, estaria um marca eterna, que ele sabia que o faria sofrer, matar e morrer.



“Não posso... Não quero!”.



Pensamentos, que, para Lúcio seriam “inconscientes”, inundavam a cabeça de Draco, profundamente. Mas não eram exatamente inconscientes. Era o resto da razão dele, o que restara, o que não se voltava automaticamente para Gina. Por que estava se rendendo àquilo? Ele não queria ser um comensal! Estava se mostrando frágil, justo quando era para ser FORTE, mais do que antes.



Ele achara, quando recebera a carta, que o próprio futuro já estava escrito... Mas agora esses pensamentos estavam sendo distorcidos. Todos em direção à Gina. Ela estava esperando-o. Estava lì no mesmo local, sentada, abraçada aos joelhos, chorando, como sempre fazia quando se sentia perdida. Essas cenas sempre se repetiam no beco onde se encontravam, primeiramente.



Ele tinha aquele poder.



O poder de mudar o próprio futuro.



Estava em suas mãos, à espera de uma decisão final.



Ele olhou para as próprias mãos, como se esperasse que uma luz aparecesse ali. E para surpresa de Draco, apareceu. Era o reflexo do rosto de Gina. Era para ela que ele tinha que se voltar, afinal. Mas não podia.



Ele tinha que mudar o futuro dos dois, ao mesmo tempo. O de Gina, era simples: permanecer longe dela, pra sempre. E o do próprio Draco... Fugir. Era um direito seu, fugir (“Malfoys não fogem!”), se esconder, permanecer longe, morrer, viver, falar, mover, andar... TUDO. Só dependia da própria razão de querer.



Levantou-se, decidido. Pegou a própria capa preta, jogada em cima da única mala que levava consigo. Precisava de dinheiro, se assim fosse. Foi até a gaveta, que sempre ficara do lado esquerdo do quarto, em uma cômoda marfim. Lì como sempre, estava os brilhantes galeões. Milhares. A gaveta fora enfeitiçada, para aumentar seu conteúdo. Virou tudo dentro da própria mala e colocara um pouco em um saquinho preto, que ficava no bolso interno da capa.



Fechou a mala, colocou o saquinho no bolso.



“Está fácil demais... Vai dar alguma coisa errada”.



O senso perfeito do cérebro de Draco nunca falhara antes, e esta não seria a primeira vez. Lúcio estava na porta, com a varinha em mãos. Draco nunca o vira tão sério em toda a sua vida. Ele mesmo não tardou a agarrar a própria varinha. Iria fugir, e ninguém iria mudar isso.



Aonde pensa que vai, seu imbecil? Não se esqueça que não pode fugir de mim...



Eu fujo, fugi, e fugirei de novo. É um direito meu, que você não vai mudar!



Você não vai sair daqui! – Lúcio dava passos vagarosos em direção a Draco – Sua consagração está próxima. O Lord está à sua espera.



O Lord? E quem disse que obedecerei a alguma ordem do Lord?



Não se faça de ridículo! Você já é um servo do mestre. Está em seu sangue!



O SANGUE QUE CORRE EM MINHAS VEIAS NÃO É O MESMO QUE CORRE NAS SUAS, LÚCIO! EU SOU DIFERENTE DE VOCÊ! – ele nunca o chamara de Lúcio, cara-a-cara, como agora. Aquilo, visivelmente, chocara o próprio Lúcio.



SE PONHA EM SEU LUGAR! E EU SOU SEU PAI! – ele olhou brevemente para a mala de Draco, nas mãos do filho – Você não pode fugir do seu destino iminente no lado das trevas.



Se eu quiser... – Draco fitou a varinha do pai. E se ele o matasse ali, agora? Estaria livre para fazer o que bem entendesse, afinal... – EU POSSO!



EU NÃO DEIXAREI VOCÊ ARRUINAR O NOME QUE EU LUTEI PARA GANHAR! Se você não vai pra consagração, você vai para a morte. – Lúcio firmou a varinha, à sua frente, ao mesmo tempo que Draco largava a sua mala pesadamente no chão, decidido.



É melhor morrer, do que se render.



“Já não posso voltar para Gina... Não vai fazer diferença”.



Sempre esperei por esse momento, Draco... – disse Lúcio, se distanciando, para duelar, ao menos, corretamente – O momento de te MATAR.



Está mentindo. – Draco se distanciava também, e começava a se encaminhar ao centro, assim como Lúcio – Teve milhões de chances de fazer isso, no passado.



Draco, Draco... Você ainda não aprendeu nada da vida ou da morte.



Tem razão. Não aprendi nada. Talvez porque eu já soubesse de tudo, mesmo que o meu incompetente pai não me ensinara isso, pelo próprio não saber.



Não diga o que não sabe. – Agora, os dois se viravam, de costas um para o outro, andando firmemente.



Eu não sei. Eu tenho certeza.



Draco agora posicionava a mão com a varinha acima da cabeça, morrendo antecipadamente por ter largado Gina, sozinha. Lúcio fazia o mesmo e, logo, contava “Um... Dois... Tr...”.



Antes, do três, Draco já lançara um “Expelliarmus”, que errou o alvo, por pouco. Lúcio, mais irritado ainda, mandara um início de um “Tarantallegra”, não completado pelo “Protego!” mandado por Draco, na hora certa.



Seu insolente!



Ainda MAIS furioso, se é possível, Lúcio firmara a varinha nas mãos. Tremia, de raiva e ódio. Os olhos, mais azuis do que cinzas, agora estavam “trovejando”, praticamente prateado. Mas um prateado escuro, triste.



CRUCIO!



Draco não largou a varinha, mas não podia impedir que a maldição não o atingisse. Afinal, as maldições imperdoáveis não podiam ser canceladas. Tinha a impressão de que milhões de facas atravessavam-no, ao mesmo tempo. Os ossos, estavam praticamente se rompendo em muitos pedaços. Nunca sentira dor igual.



“Não vou gritar... Não vou... AHHHHHHH”.



Draco gritava silenciosamente, para si mesmo. Não queria dar o prazer triunfante de ver Draco morrendo de dor. Mas não conseguia deixar de chorar pela mesma dor impiedosa. Para Lúcio, não poderia ter imagem melhor. Admirava Draco, se contorcendo no chão. Mas ainda faltava alguma coisa... Ah, sim... Sangue.



Lúcio abaixou a varinha. Draco mal conseguia respirar. A dor atingia os pulmões, que pareciam se romper, a cada vez que “sugava” o ar à sua volta. Enquanto era atingido pelo feitiço, não se lembrara de respirar, nem, tampouco, de segurar a varinha.



Ao se dar conta disso, Draco agarrou a varinha ao seu lado, no chão. Levantou-se devagar, mal acreditando que ainda tinha ossos para se firmar no chão. Ele sentia o gosto salgado e ao mesmo tempo amargo das lágrimas de dor. Limpou-as com raiva e se apoiou na cama, se sentindo tonto. Quando “o quarto parou de girar”, voltou à posição de duelo, pronto para atacar. Novamente, Lúcio lançara outra maldição “Cruciatus” nele.



Agora, nem chorar Draco chorava. Não sentia mais dor. Na verdade, não sentia mais nada. O corpo estava completamente dormente. Só sentia saudades do aconchego de estar bem próximo á Gina, abraçando-a e sendo abraçado, com os cabelos vermelho-vivo dela, exalando aquele cheiro perfeito de Rosas...



Aquilo já estava perdendo a graça, para Lúcio. Draco também tinha de lutar, afinal. Mas era bem melhor admirar, encantado, o “ex-filho” se contorcer, de novo, no chão. Mas ele não chorava, não gritava, não fazia caretas nem nada. O legal da “brincadeira” era justamente ver a pessoa morrer de dor. Mas ele não ligou muito pra isso. Não baixou a varinha, durante um minuto inteiro.



Draco estava inconciente. Não desmaiara, mas não sentia mais nada. De repente, a dor voltara toda, ao mesmo tempo. Não suportou e acabou gritando de desespero.



“Não... Posso... Me... Render... Gin...”.



Ele tinha que se manter vivo, ao menos para olha-la mais uma vez e ver que estava viva. Ou então, seria melhor, queria se manter vivo para viver o resto da eternidade com ela.



Novamente, ficou inconciente. Mas ouviu os passos pesados de Lúcio, em sua direção. Era a sua chance. Reuniu todo o ódio, rancor, decepção, raiva que sentia de Lúcio. Ele tinha que mata-lo. A consciência, enfim, voltara, mas Draco não abriu os olhos.



Eu disse para não tentar fugir de mim, Draco. E, muito menos, fugir do mestre. Inútil. O seu lugar é mesmo no céu... Ou melhor, inferno.



Draco direcionou a varinha para Lúcio, que estava ao seu lado, com a varinha segura fracamente em suas mãos. Desprotegido.



Ava... – Draco não conseguia mover a mandíbula, lhe custava uma dor enorme.



O que...? Ainda está vivo? Hahaha... Não acredito! Poupe seu fôlego, queridinho logo, logo estará morto. Tenha paciência... Hahaha... O mestre irá ficar orgu...



Draco abriu os olhos, viu, em um borrão indistinto de cores, o contorno de Lúcio Malfoy. Reuniu todos aqueles sentimentos horríveis que possuía de Lúcio e gritou “AVADA KEDAVRA!” E admirou, feliz, antes de desmaiar novamente, uma luz verde vivo sair de sua varinha, e em seguida, o baque surdo do corpo inerte de seu ex-pai bater no chão. Morto.





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Gina ficou olhando Pichitinho voar, até não conseguir mais vê-la.



Ela sabia o que tinha de fazer agora. Tinha de comer todos os 3 pratos cheios que sua mãe deixara na cômoda de seu quarto, tomar um banho, colocar uma roupa nova e descer, para tentar pegar uma cor. Tinha de estar perfeita para quando Draco voltasse.



“Ele TEM que voltar...”.



Levantou-se, devagar, estava extremamente fraca, afinal. E se encaminhou à cômoda. Simplesmente devorou a comida, quando pegou o garfo. Nunca dera tanto valor à um prato de comida ou a um copo de suco de abóbora. Depois, se levantou, com um pouco mais de energia, e se direcionou à janela, novamente. Estava muito cansada ainda, mas queria ver o pôr-do-sol, que sempre fora lindo, da vista da janela do próprio quarto. Mas não estava bonito desta vez.



“Se Draco estivesse aqui...”.



Não queria, de forma alguma, pensar no lado ruim da questão, como... E se ele não voltar? Isso lhe doía até o fundo, uma dor cegante. Foi até o calendário, ao lado da cama, e constatou que era Sábado. Harry ainda estava em casa, ela sabia. Quando chegara, o vira lì e não teve coragem de chorar na sua frente e tampouco lhe dirigir a palavra. Ela não gostava mais dele, aquilo, em Hogwarts era somente uma paixonite de “criança”.



Foi ao banheiro, e encarou o próprio reflexo no espelho. Escuras e fundas olheiras deixavam seus olhos castanhos mais escuros, e até sombrios. Gina estava MEDONHA. Extremamente pálida, poderia se ver confundir com a parede do banheiro, branca como a neve. E tudo isso por causa dele...



Só agora, ligada ao mundo, ela percebeu que começara a chover. Uma fina garoa, que inundava o ar com aquele cheiro tão comum para Gina, de grama molhada...



Ela imitou o gesto do céu. Deixou que as lágrimas rolassem pelo seu rosto, como tanto fizera, enquanto estava inundada na escuridão que se transformara seu quarto e sua alma.



Por que ele não voltava logo? Por que não acabava com todo esse sofrimento de uma vez, para que pudessem ser felizes novamente? Por que ele estava dificultando tanto as coisas? Onde ele estÿ Draco está vivo? Tornou-se um comensal?



Tantas questões e ao mesmo tempo tanto silêncio... Sem respostas. Perguntas mudas que gritavam na mente de Gina, fazendo-a ir ao chão, socando o próprio, descontando a própria raiva nele.



“Draco...”.



De repente, ela se lembrou do porquê de estar ali no banheiro. Tinha de tomar banho, descer, tornar a sorrir e esperar ansiosa o retorno de Draco. E se esse retorno não acontecesse? Ignorou a pergunta. Ora é claro que ele iria retornar! Ele não iria querer que Gina sofresse por ele... Ele não queria, realmente.



“Ele vai voltar... Eu preciso disso... Draco... Por favor...”.



Gina se levantou, ignorando as finas lágrimas que escorriam pelo seu rosto e finalmente paravam absorvidas em suas vestes, quase pretas, de tanto que Gina já se viu jogada ao chão, gritando, chorando, morrendo para depois ressuscitar de novo. Encaminhou-se diretamente ao Box do banheiro. Não queria se ver novamente. Não quando não tinha um belo sorriso emoldurando-o e nem um certo loiro ao seu lado...



Tomou um banho demorado, afinal, estava necessitada daquilo já havia alguns dias. Colocou um vestido preto que tinha. Não poderia se vestir com uma cor mais alegre, ela tinha de deixar o rancor que estava guardando há tantos dias se mostrar fisicamente. Não queria guardar as próprias mágoas para si mesma... Nunca mais.



Penteou os cabelos, vagarosamente, devido aos milhões de nós que se encontravam ali. E, quando estava pronta, finalmente, encarou o quarto, onde se auto aprisionara, para não tornar as coisas mais difíceis ainda... Ela não podia ir atrás dele. Só iria dificultar tudo mais ainda, e ela não queria sofrer mais do que já sofria.



Esse foi o sacrifício imposto por ela mesma.



Ficar calada, sozinha, quieta...



Quando estava tão ansiosa por gritar, te-lo em seus braços, correr atrás dele...



O quarto estava tão sombrio quanto ela mesma. Espelhos quebrados pelo chão, colchas rasgadas, cadeiras quebradas, vidros, roupas rasgadas da pior forma possível... Tudo tão doentio.



Abriu a porta devagar, para ver se não havia ninguém ali. Não queria ser pega de surpresa. Ouviu o ranger dos talheres na sala de jantar. É, realmente não havia como se esconder. Enxugou as lágrimas, e se pôs a andar, com os sapatos boneca a ranger baixinho no assoalho. Os sons pararam, não haviam mais talheres se mexendo. Haviam percebido que Gina “despertara”.



E isso só foi comprovado, quando ela chegou ao alto da escada que dava direto para a sala de jantar. Todos estavam ali, inclusive Gui, Carlinhos e Percy, que voltara para o lado da família, depois do breve desentendimento. Não se surpreendeu ao perceber que Hermione também estava ali, além de Harry. Eles pareciam morar na Toca, após o término de Hogwarts.



Todos calados, olhando para Gina... Assombrados. Ela ignorou os olhares, afinal, não esperara nada diferente, ficara cinco dias trancafiada no quarto... Nada diferente do que a sua própria mente dizia-lhe.



Seu olhar percorreu toda a mesa. Não conseguia sorrir, sua mandíbula parecia estar dura, se recusava a obedecer Gina. E, logo tão quanto esperara, seus olhos baixaram na porta. Quando será que Draco passaria por ela, entraria correndo e a abraçaria, dizendo que a amava? Ele entraria, afinal?



Desceu as escadas lentamente, sentindo o esforço lhe doer, tamanha a fraqueza que voltara a sentir. Caminhou até a porta. Talvez ele estivesse esperando que Gina o convidasse para entrar... Delírios... Doce ilusão...



Abriu a porta e se deparou com a chuva, que caía agora com mais intensidade. Quando vira o pôr do Sol, há algum tempo atrás não vira nenhuma nuvem no céu. A chuva veio com os seus sentimentos, então.



Mas não havia nenhum cabelo reluzente, quase branco, iluminando os olhos azuis acinzentados daquele homem que lhe roubara o coração.



Não agüentou, e foi ao chão, novamente, mais pesadamente ainda, chorando de novo. Ignorou os gritos de surpresa dos irmãos e de seus pais...



Uma cena de pesar o coração, realmente. Harry nunca vira Gina Weasley naquele estado tão deprimente, tão... Mórbido. O que a fizera ficar assim? A vira entrar na casa, com as malas... Ela estivera longe, então. Percebera também a preocupação de todos os Weasley, em relação à caçula da família, que se trancara no quarto... Mas qual o exato motivo para isso? Nem ele, trancafiado igualmente na casa dos Dursley, se deixara ficar em tal estado. Algo muito ruim, realmente acontecera com ela...



Rony se levantou, junto de Fred, Jorge, Gui, Molly e Harry, e foram em direção à Gina. Ela estava agarrada a porta, gritando e chorando, ao mesmo tempo.



Gina, de repente, se viu ser levantada por várias mãos ao mesmo tempo. Mãos quentes, tão diferentes das mãos de Draco, agora longe... Tão diferentes também, do modo brusco, como ele lhe segurava, em seus beijos delirantes... Mas ela não fez nada para impedir. Estava imersa em seus pensamentos ofuscantes, que se dirigiam à Draco. Sentiu a maciez do sofá gasto em seu corpo. Isso sim foi um choque. Depois de dias, sempre se atirando ao chão, de ódio e saudade, o conforto ficara desconhecido para ela.



Decidiu abrir os olhos. Do que adiantaria ficar de olhos fechados, se quando assim feito só lhe aparecia a imagem de Draco? Deparou-se com a mãe chorando desesperada.



“O que eu fiz?”.



Ficou tão chocada com a cena, que se levantou bruscamente, tentando alcançar o rosto da mãe com as mãos, querendo espantar o sofrimento que estava levando á própria família, justo às pessoas a quem ela nunca quis mal...



E conseguiu. Limpou as lágrimas da mãe, rapidamente, querendo também que Draco estivesse ali para limpar as suas.



“Mas não está...”.



Abraçou-se à mãe, seu melhor apoio, sempre. Molly Weasley sempre fora tão carinhosa com Gina, tão delicada, que ela nunca imaginara existir mãe melhor. E, de fato, talvez não existisse. Ficou ali abraçada a ela por um rápido momento. Afinal, todos queriam saber o que acontecera com Gina para ela ficar... Tão... Obscura.



O que houve com você, Gin?



Gina se separou da mãe e encarou os olhos aflitos em volta dela. Um se destacava dos outros. Aqueles olhos verdes, tão perfeitos, os “olhos de sapinhos cozidos”, que um dia foram tão importantes pra ela... E agora, nem tanto. Hermione chorava também, o que não era novidade, ela sempre chorava em casos assim. Fred e Jorge não conseguiam se parecer preocupados, nunca aos olhos de Gina. Sempre tão engraçados, sempre tão sorridentes. Conseguiu até abrir um meio sorriso para eles, o que já era um avanço. Mas quanto ao que houve com ela, nos 2 meses em que estivera fora de casa... Ela não queria se lembrar. Apenas a fazia sofrer mais ainda. O meio sorriso se fora tão rapidamente quanto viera.



Eu... – todos pararam de respirar, pareciam temer até o esforço de falar de Gina – Ei, eu estou viva, sabe... – todos voltaram a respirar, aliviados de ela não ter desmaiado. Como eles podiam pensar isso dela? Logo dela? – Eu não quero falar... Falar sobre isso...



E, como sempre, frágil como era, Gina voltou a chorar. Fora tão excluída em Hogwarts por ser a “chorona Weasley” ou então a “bebezona Weasley”, que nem se preocupava em chorar mais um pouco... Nunca fez diferença, na escola.



“Eu não posso ficar chorando, assim... Eu tenho que me mostrar forte!”.



Ninguém fez mais perguntas, pelo resto da noite. Gina parou de chorar e sentou-se à mesa, tinha de comer, de uma vez por todas. Mas não podia fingir que não estava triste. De minuto em minuto ela olhava para a porta, com a esperança de que Draco entrasse por ela, como tanto sonhara acordada. Mas ele, talvez, nem houvesse recebido a carta, ainda...



O que você tanto olha pra porta, Gin? – perguntou Rony, preocupado.



Hã? – Gina estivera ocupada seriamente, pensando se Draco já recebera a carta, que nem se dera conta de que Rony falava com ela – Desculpe, Ron... O que disse?



O que você tanto olha pra porta?



Gina olhou pra porta novamente, pensando.



Estou esperando... Querendo que Dr... – Ela não podia falar! Como eles reagiriam se soubessem que estava sofrendo tanto por causa de Draco Malfoy?



Querendo que o quê? – perguntou Percy, que estava atento a qualquer movimento da irmã.



- Nada – odiava mentir para qualquer membro da família... Mas fazer o quê? Ela se sentia impedida de contar qualquer coisa relacionada ao seu relacionamento com Draco para eles.



Gina sentiu, do outro lado da mesa, o olhar de Percy recair com mais atenção sobre ela. Isso incomodava... E muito. De todos os irmãos, Percy era o mais investigativo, que prestava mais atenção em tudo o que ocorria n´A Toca. Hermione também tinha os mesmos olhares para cima de Gina.



Extremamente incomodada, e já satisfeita com a refeição, Gina se levantou.



Vou para o quarto, boa-no... – Gina foi interrompida com um barulho alto vindo da porta. Seria Draco?



Quando viu que todos haviam puxado as varinhas, Gina correu para a porta e a abriu, com estrondo.



“Tem que ser ele tem que ser...”.



Decepção.



Desilusão.



E muito mais se encaixavam na face de Gina, quando ela abriu a porta. Era apenas um galho da árvore que ficava na frente da casa, que fora arrancado com a ferocidade da chuva. Dessa vez, ela não chorou. Cansou de chorar. Havia outras formas de libertar todo o rancor que sentia. O silêncio. Dessa forma, ela fechou a porta e se virou para a família.



Era apenas um galho.



Apenas um galho... Gritou pra si mesma. Subiu as escadas e foi para o quarto, ainda sentindo os olhares incômodos de Percy e Hermione atravessarem o teto e o chão do próprio quarto. Eles haviam descoberto algo?



Desconcertada, Gina reparou todos os objetos que havia quebrado e “arrumou”, um pouco, o quarto. Quando Draco chegasse, ela queria que ele conhecesse o quarto dela, primeiramente, em bom estado. Tudo em função e direção de Draco, sempre.





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Draco acordou na manhã do dia seguinte, cansado, com o corpo ainda um pouco dolorido. Havia dormido no chão, ao lado do corpo frio de Lúcio. Tomou uma poção revitalizadora, que, para Draco, adiantou bem. Pegou a mala, sem nem comer, querendo sair dali o mais rápido possível, e aparatou em frente ao hotel onde Gina estava hospedada. Tinha de vê-la mais uma vez. Conferir se estava bem, viva.



Mas, para surpresa e espanto de Draco, ela não estava mais ali. De acordo com o diretor do filme, ela havia ido embora, logo após romper o contrato. Claro que ele não reconheceu Draco. Ele mesmo tomou o cuidado de ficar todo coberto pela capa de chuva, preta, bem discreta e mudar a voz.



“Então ela está bem”.



Magoado, por não ter podido ver Gina mais uma última vez, ele aparatou em frente ao Caldeirão Furado. Tinha de se hospedar em algum lugar, ao menos por alguns dias, enquanto não decidia o que fazer da vida. Entrou no local, que não foi muito bem com o seu agrado. Tinha que ficar em um lugar que fosse ao menos... A sua cara. Mas, aquele lugar ali estava mais do que bom, Draco não pretendia permanecer por muito tempo assim, perdido, sem rumo. Decidiu por si mesmo que no próximo dia iria procurar uma casa ou apartamento decente para morar.



Um homem corcunda veio em sua direção. Era realmente muito estranho, aquele local.



Deseja alguma coisa, senhor?



Eu... – ele sentiu a voz falhar um pouco – Eu gostaria de um quarto, para passar a noite.



Ah, claro... De casal ou solteiro?



A pergunta lhe fizera pensar em Gina. Se eles estivessem juntos, alugaria um de casal... A sensação de estar ao lado dela, abraçando-a, beijando-a, inundou o corpo dele por inteiro. A saudade fazendo-o quase chorar.



S-solteiro.



Draco seguiu o homem, até o balcão, onde pagou e pegou a chave. Subiu até o quarto de número 17, e não se espantou ao perceber que não lhe caía realmente no gosto, o lugar.



Não era muito bem iluminado, de certeza. Os barulhos de trem e do movimento incessantes do comércio no Beco Diagonal não o deixariam dormir, ele previu. Tinha de arranjar um lugar para morar. E rápido.



“Mas antes preciso deixar esse dinheiro em Gringotes”.



Era perigoso, mesmo para um bruxo, andar por aí com uma mala cheia de galeões. Retirou alguns da mala, e completou o saquinho preto que ficava no bolso interno de sua capa, do qual ele havia retirado os 10 galeões pelo quarto, que nem isso merecia, na opinião de Draco.



Retirou todas as roupas da mala, deixando só o dinheiro, e aparatou em frente ao banco, com a mala já na mão. Entrou. Aqueles Duendes estavam mais terríveis que nunca. Com a temível e grande ascensão de Voldemort ao poder, eles estavam vigilantes... Em excesso. Viu, brevemente, uma mulher chorando aos pés de um dos Duendes, que parecia nem perceber que a mulher ensopava os sapatos pequenos do próprio.



Mas com os Malfoys nunca havia problemas. Afinal, sempre traziam muito dinheiro para o banco, o que era de excelente agrado.



Cofre 101. – Draco foi diretamente ao Duende que conhecia de longe, quando viera ao banco com Lúcio. Ele até o convidara para tomar uma cerveja amanteigada, devido à grande quantia que Lúcio havia trago para aplicar ao cofre.



Draco seguiu o duende, em direção aos famosos vagões, que o levaria ao devido cofre. A família Malfoy era tão antiga, que possuía um dos primeiros cofres do banco. Sentou desconfortável no banco duro do transporte e logo sentiu o estômago dar reviravoltas, tamanha a rapidez com que se dirigia.



“Eu não estaria passando por isso se estivesse com Gina...”.



Novamente, ele se viu pensando na mulher de cabelos vermelhos, que roubara seu coração. Mas, então, se já se via amando Gina, o que ele estava fazendo ali? Era o que Draco devia ter se perguntado bem antes de fazer o que fez.



Chegando ao cofre, Draco suspirou, tendo coragem válida pelo resto da vida, por abrir a boca. Desceu do vagão e se dirigiu, atrás do Duende, ao cofre. O duende abriu-o e Draco se viu olhando para a maior montanha de galeões que já vira... A própria montanha. Despejou todos os galeões que tinha dentro da mala e aproveitou para pegar uns nuques, como dinheiro trocado. Não conseguiu se segurar e pegou mais uns galeões, de reserva.



Quando sentiu o vento no rosto, já fora do banco, deu um suspiro maior ainda, aliviado. Encarou o beco diagonal, com um fluxo ainda maior do que ele se lembrava, na época de Hogwarts, quando ia comprar o material. Passou primeiramente na Madame Malkin – Roupas para todas as ocasiões, pois precisava renovar o seu guarda-roupa, realmente. Achou um vestido branco, de seda pura. Logo veio à cabeça a imagem de Gina vestida nele.



Alguns minutos mais tarde, acabou comprando uma vassoura. Tanto como meio de transporte, como um objeto de luxo, do que Draco era realmente farto. Ele precisaria daquela vassoura, caso tivesse de fugir de alguém (comensais, na certa...). E acabou se encontrando mais uma vez pensando nela...



“Seria muito bom se eu pudesse procura-la... NÃO! Não posso!”.



Saiu da loja com a vassoura em mãos. Já nem tinha mais ânimo para fazer compras. A saudade ainda estava retida na memória de Draco, quando ele se deitou na cama, nada parecida com a cama do hotel ou da mansão. Não conseguiu dormir facilmente. Mas, enfim, quando conseguiu esquecer por um momento Gina, mergulhou em um sono pesado e em um sonho muito estranho...



Draco estava no hotel, Gina estava na varanda do quarto e ele havia acabado de acordar, nu, na cama. Vestiu-se rapidamente e foi em direção a ela, que estava quieta demais, estranhamente. A abraçou por trás e percebeu que ela sentia repulsa, pelo seu toque.



- O que foi? – Ele perguntou. Assustou-se quando ela se virou de frente a ele, chorando. – O que aconteceu, Gin?



- Draco... Não p-podemos ficar j-juntos... – ela soluçava, enquanto ele limpava as lágrimas dela.



- Por que não? Estamos longe de todas as pessoas que nos reconheceriam...– Ele estava confuso com as palavras de Gina.



- Não podemos... – Ela se distanciou e deixou claro que não queria que ele se aproximasse dela.



- Gin... – Draco estava começando a ficar desesperado. O que a fez pensar nisso? Estavam tão felizes juntos...



- NÃO! Não se aproxime... – Draco estava aflito, com os olhos arregalados. Ouviu um barulho atrás dele, mas não olhou pra trás, estava compenetrado em saber o que houve com ela.



- O que está havendo, afinal? DIGA-ME! – mas isso só fez ela chorar e soluçar mais ainda. A aflição agora se transformara em medo. Como viveria longe dela? Aproximou-se mais, quando a viu ficar estática, olhando para algum ponto além de Draco, atrás dele... Ele se virou e deparou com Lúcio, VIVO. O próprio deu risadas ameaçadoras, com a varinha em mãos.



- Pensei que fosse mais esperto, Draco...



- O que faz aqui? VÁ EMBORA! AGORA! – se distanciou dele, ao notar que tinha esquecido a varinha na cômoda do quarto, abraçou Gina desajeitadamente, estava de costas pra ela. Sentiu ela apertar com força a cintura de Draco, tremendo.



- Draco, acalme-se... – ela sussurrou.



-...Deixou-se levar por uma Weasley! Tsk, tsk, tsk... Que coisa… Pensei ter lhe dado educação o suficiente para saber que Malfoys não se misturam com Weasleys, pobretões...



- Está com sua varinha?- Draco perguntou, aos sussurros para Gina, sem retirar os olhos de Lúcio.



- N-não... – ela falou com um fiapo de voz.



- Sinto, Draco. Vou mata-la, para que vì diretamente, à sua consagração. O Lord o espera... – Lúcio falava calmamente, saboreando o gosto da vitória, aparentemente.



- NÃO ENCOSTE NELA! – Draco estava mais do que furioso. Sem varinhas, desprotegidos, e Lúcio querendo matar a única mulher que amou na vida...



- Saia da frente, Draco. – Lúcio agora soava sério, decidido. O que eles iriam fazer?



- NUNCA!



- Pois bem, já que é assim... IMPERIUS! – Draco se viu com a mente leve, quase feliz. Parecia estar flutuando, já nem sentia mais nada... Seria capaz de fazer o que quisessem, qualquer ordem... “MATE-A”. Virou-se para quem ele estava apontando, era Gina. “Não, não quero...” Draco pensou, tentando lutar, inutilmente, contra a voz que gritava para ele. Essa mesma voz gritou de novo “MATE-A AGORA!”.



Ele não queria, pra quê iria faze-lo?



- Draco, querido... Não... Draco...



Ele a ouvia gritando para ele. Tudo ficou mais leve e mais feliz ainda, na mente de Draco.



- Querido... D-draco... P-por favor... qu-querido...



“MATE-A NESSE INSTANTE! AGORA!”, Draco não resitou, pegou a varinha da mão esquerda de Lúcio e gritou “AVADA KEDAVRA!”, alto e ressonantemente.



Gina estava com os olhos vidrados, e caiu, como se em câmera lenta, no chão da varanda... Morta.




Draco acordou na cama do quarto do caldeirão furado, soando frio, enrolado no lençol, completamente grudado em seu corpo, devido ao suor intenso. Sentiu-se tonto e enjoado, e logo vomitou, no chão do quarto, completamente escuro, no meio da madrugada silenciosa e escura.



“O que eu fiz? Gina... Tenho que voltar...”.



Levantou-se bruscamente e acendeu a luz no interruptor da parede, com medo da escuridão engoli-lo vivo. Pôs-se a andar de um lado a outro, preocupado, com os olhos arregalados, temeroso. O que foi aquilo? Um sinal de que as coisas não iam bem com Gina? Ela estaria ao menos... Viva? Draco sentiu um frio percorrer sua espinha e congelar seu cérebro.



- Draco, querido... Não... Draco...



Ele ainda ouvia a voz de Gina, pedindo, implorando, murmurando para Draco... Mas não... Ele a matou, ele cometera o maior erro de sua vida.



“Foi só um sonho...”.



Só um sonho? Então por que tudo parecia tão real, tão vivo? E se Gina não tivesse, de fato, saído do hotel por pura e própria vontade? E se ela também estivesse sobre a maldição Imperius? E se Voldemort estivesse perseguindo-a, em razão da escolha de Draco de não se tornar um comensal? Vingança? E se ela estivesse morta, realmente?



Draco esperou as respostas, parado, chorando.



“Respondam!”.



Para quem Draco estava gritando?



“Vamos... Respondam-me!”.



Com quem, diabos, ele estava falando?



RESPONDAM! EU QUERO RESPOSTAS! GINA! Gin...



Draco gritou, para o silêncio da noite... Por que ninguém lhe respondia? Por que não lhe faziam o simples favor de somente lhe responder as perguntas? Ele queria obter respostas, afinal!



Draco se ajoelhou no chão, chorando, ainda esperando que alguém ao menos sussurrasse as respostas que ele tanto queria... De tantas pessoas no mundo, por que ninguém lhe respondia? Estava tudo tão silencioso, tudo tão quieto... E o seu coração insistia em querer pular pela boca, juntamente com o seu estômago, que girava em sua barriga.



Tudo lhe dizia e se voltava para uma única ação: procurar por Gina.



Mas... Ele não poderia fazer isso! Ela tinha de ser feliz, longe dele, longe de todo o mal que ele levava, a todo o canto em que fosse. Lembrou-se, nitidamente enquanto ia ajoelhado para um canto mais escuro do quarto, do quanto ele gritara com ela, no começo, descontando a sua raiva, o seu rancor, o seu ódio do mundo inteiro. Em cima dela. Ela suportara muito mais do que ele realmente imaginava. Todo o peso de suas palavras recaía sobre as costas de Gina, que não reclamava, e sempre voltava ao beco, para continuar a conversar...



Até aquele beijo...



De qualquer forma, Draco desperdiçou preciosos dias gritando com ela, amaldiçoando-a com pesadas palavras. E agora, o que não faria para voltar ao tempo, e desfazer todo o mal que fizera com ela?



“Faze-la se magoar”.



A resposta estava sempre a sua frente, para quase todas as coisas. Menos para aquelas malditas perguntas...



“Só um sonho? Então por que tudo parecia tão real, tão vivo? E se Gina não tivesse, de fato, saído do hotel por pura e própria vontade? E se ela também estivesse sobre a maldição Imperius? E se Voldemort estivesse perseguindo-a, em razão da escolha de Draco de não se tornar um comensal? Vingança? E se ela estivesse morta, realmente?”.



Se ele ainda estivesse com ela, nada disso estaria acontecendo. Ele ainda estaria do lado dela, amando-a como nunca amara um dia. Dormindo com ela, abraçada ao próprio corpo...



Um pensamento surgiu na mente de Draco, repentinamente.



E se o sonho fora a visão do que aconteceria, se ele não tivesse fugido? Gina estaria morta, não poderia mais sussurrar lindas palavras ao pé do ouvido de Draco, como ela sempre sussurrara, no beco, fazendo-o sentir-se melhor, mil vezes mais feliz...



Ela não mais exalaria aquele cheiro tão perfeito de rosas...



Ela não mais o beijaria, da mesma forma como beijou tão poucas vezes, antes...



Ela não mais o abraçaria, daquela forma tão especial, tão carinhosa...



Ela não mais estaria ao seu lado, o apoiando, o fazendo sorrir a cada segundo juntos, fazendo-o amá-la, inconscientemente, cada partícula do corpo perfeito dela...



Draco não percebeu que amanhecera, as cortinas estavam fechadas, impedindo que os raios de Sol iluminassem o quarto. Na realidade, toda aquela luz o fazia ter náuseas, estava enjoando os próprios olhos. Vagaroso, sem pressa, Draco foi, ainda ajoelhado de quatro, ao interruptor que inutilmente acendera, apenas por um medo tolo... Que diferença faria se a escuridão o engolisse? Ele queria era morrer, mesmo...



O quarto mergulhou em um breu total, como Draco queria. Satisfeito, voltou, da mesma forma que foi, ao canto isolado do quarto.



E ali, ele passou os próximos seis dias, inundado na própria obscuridade. Só descia quando queria, e mesmo assim somente para comer e beber. Não conseguiu dormir, mais. O medo de que aqueles sonhos voltassem era maior do que o sono... Mas ele tampouco sentia sono. Queria mais era que o mundo e a própria mente se explodissem, levando consigo a torturante saudade que sentia de Gina... Por inteira. Do jeito que ela era.



Tortura.



Nunca havia provado o sabor da própria tortura.



E não era bom, não mesmo. Era amargo, tinha gosto de morte e sofrimento... Ódio.



“Eu preciso morrer, antes que eu mesmo me mate...”.



Ele estava em um caminho muito bem sucedido a isso, antes daquela coruja chegar e ficar batendo com o bico no vidro da pequena janela, coberta pela cortina. Aquilo estava irritando-o, muito. E quem mandaria uma carta para ele, na situação em que estava? Naquele momento, não estava a fim de receber e nem ler nenhuma carta.



Mas aquele barulho estava irritando-o...



Ele rezava, internamente e gritava para que a coruja fosse embora, mas ela continuou ali. De repente, todos os barulhos do trem, do movimento no Beco Diagonal voltaram aos ouvidos de Draco, que antes estavam tão dormentes, pelo barulho da coruja, que não ouviam mais nada alheio. E a coisa da coruja não se cansava, de forma alguma!



Decidido a matar a coruja, Draco foi rastejando até em baixo da janela, se levantou, devagar, e abriu a cortina.



ARREE...



A luz, da qual tanto fugira por aqueles dias, cegara Draco, por alguns segundos. Na verdade, ele tinha pensado que ficaria cego pra sempre, ele sentira os olhos queimarem, com aquela luz tão viva do sol. Engraçado, ele jurara ter ouvido o barulho da chuva, há um dia.



Abriu a janela com raiva, quando conseguiu abrir os olhos, mesmo que com uma fina abertura. Agarrou a coruja com força pelo pescoço, pronto para mata-la, o mais rápido que conseguisse. Mas parou, em meio caminho, ao ver a letra caprichosa e bonita... Dela.



Aquilo não era real. Não podia ser. Depois de seis dias longe um do outro... Ela ainda se lembrava dele? Draco passou por um grande conflito interno, antes de pegar a carta das pernas da coruja, que piava muito alto. Soltou a bendita coruja no chão, com estrondo, ainda de olho na carta.



“Eu não posso abrir essa carta... Não posso... Ela está feliz... Tem que estar”.



Largou a carta na cama e se virou, em direção ao banheiro. Agora que finalmente se levantara, ficou com fome. Mas parou. Se ela havia lhe mandado uma carta, deveria conter coisas felizes, não? E, afinal, ele não a havia visto, no hotel...



Com a preocupação como maior motivo, Draco foi relutante à cama e apanhou a carta. Exalava o mesmo delicioso cheiro de rosas... As saudades martelavam no peito de Draco, fazendo-o louco, com mais intensidade ainda.



Abriu a tal carta. O pergaminho estava molhado, ela deveria ter sido mandada há algum tempo. A letra bonita e caprichada do envelope não se encontrava no pergaminho onde estava escrita a carta. Estava trêmula, e em alguns pontos estava bem fraca... Gina estaria fraca?



Estranhando, começou a ler, destacando e arregalando os olhos, em alguns pontos...



“... não estou sabendo de nada que acontece em minha vida desde que nos separamos...”.



“Eu só tenho gritado, chorado e desmaiado de fraqueza nesses últimos cinco dias. Tenho vontade de morrer, para não ter que enfrentar a vida sozinha, sem você para me acompanhar...”.



“... Por que foi embora?...”.



“... estou no lado obscuro da vida nesse momento...”.



“... eu tinha nojo de você, raiva de você...”.



“Você havia desabafado comigo!”.



“... você estava tão perdido quanto eu...”.



“De uma forma meio indireta, você me salvou”.



“... eu tinha sentimentos por você...”.



“Por mais que gritasse comigo, que descontasse a sua raiva do mundo em mim, por mais que me xingasse, que me agredisse... Eu nunca fugi de você. E é isso que você acabou de fazer comigo”.



“A culpa não foi minha, Gin...”



Draco, a essa hora, já estava chorando. De rancor, raiva de si mesmo. Ele deixara pra trás a única pessoa que realmente o amou... E que amara. A única pessoa que poderia salva-lo da pessoa que estava predestinado a ser, só.



“... depender de você pra dormir, sonhar e sorrir...”.



“Você me olhava de uma forma tão diferente...”



Um trecho se destacou, de uma forma tão estranha, que Draco leu-o novamente, quando terminou, finalmente, a carta...



“ Eu pensava que tinha chegado ao fundo. Você apareceu me puxando, com a idéia de que eu não era a única pessoa infeliz no mundo. E eu cheguei, por alguns dias, ao topo, com a sua ajuda e, de repente, você soltou a corda que me segurava. Você me colocou mais no fundo ainda e devolveu à minha mente a idéia de que a morte é a melhor saída... Que eu estou morrendo de novo. Draco, você pôs tudo a perder, da noite pro dia, para nós... Para mim!”.



Então, afinal de contas, ele havia salvo a vida dela, brevemente, assim como ela salvara a dele, também por um tempo...



E ela ficaria esperando-o, o tempo que fosse preciso, na sala da própria casa. Mas ele não poderia ir! Ela tinha de ser feliz longe dele, de qualquer forma. Mas ela estava sofrendo tanto... Tão perdida quanto ele, tão obscura quanto ele mesmo. Se eles se encontrassem novamente, mais uma vez, talvez poderiam fazer felizes um ao outro, como naqueles perfeitos 23 dias. Draco queria ser feliz! Queria fazer Gina feliz, para o resto de suas vidas...



Mas isso parecia tão impossível!



Ela era uma Weasley, pobre, de uma classe tão mais baixa quanto a dele...



“Mas... A classe não importa... Não agora que tudo está claro”.



É, não importava agora. Ele sabia que Gina o amava e ele também sabia que a amava. Não adiantava mais o que Draco pensava. A decisão era encontra-la de novo, custando o que custasse... Ela não seria feliz longe dele, não mais. Isso estava bem transposto no conteúdo da carta, mesmo que não claramente.



Draco pegou o envelope, deixando-se inundar novamente em meio àquele cheiro tão perfeito e saudoso. O coração martelava contra seu peito e ele se via com mais do que saudade... O endereço estava ali, de qualquer forma. A coruja também. Era só segui-la, com a vassoura que ele havia comprado... Enfim, ele tinha tudo o que precisava para achar Gina.



Mas e o perigo? Draco não se via completamente livre das ameaças de Voldemort. Ele também poderia segui-lo, ou até os Comensais da Morte. Lúcio estava morto, assim mesmo... Não era o mesmo grande perigo que antes, quando ainda estava no hotel, gravando o filme...



Draco se levantou bruscamente. A saudade falava bem mais alto do que a razão, agora. Ele iria atrás dela. Seguro ou não.



“Não vou deixar você morrer, Gin... Não vou...”.



Foi ao banheiro e tomou um banho rápido, trocou de roupa (logicamente, a capa preta incluída) e arrumou as suas malas, rapidamente. Já estava pronto. A fraqueza já esquecida naquele canto escuro do quarto... Pegou a coruja e a colocou no próprio ombro, a qual não fez objeções, estava mais para morta, devido ao “ataque” de Draco do que para viva, de fato.



Jogou alguns galeões no balcão, na pressa que estava... nem ligava se desse mais dinheiro do que o necessário, tinha de sobra. Saiu do caldeirão furado, já estava à tarde pelo visto, e Draco nem se dera conta disso. Amarrou desajeitado a mala na vassoura e soltou a coruja, que quase caiu. Subiu na vassoura e logo já estava sentindo a fresca brisa da tarde, sobre a face.



A coruja nunca se cansava... Mas Draco sim. O corpo já começava a doer, na calada da noite, ainda sentado na vassoura, sobrevoando... A cada minuto, Draco olhava para trás, para ver se havia alguém o seguindo. Ele nem ao menos sabia onde estava. Mas aquela coruja o iria levar ao lugar certo, afinal de contas, ela que havia entregado a carta de Gina, não era?



Finalmente, quando sobrevoavam uma área muito deserta, da cidade, a coruja começou a descer... Draco via uma casa bem pequena, a partir da visão que tinha. O coração agora realmente não aquietava. Draco estava quase surdo, com as batidas incessantes do próprio... Ele iria rever Gina!



Desceu na terra firme, em frente a casa meio torta e de uma aparência bem antiga. O que de melhor ele esperaria dos Weasley? Ele chegou a cambalear, devido ao longo tempo que ficara na vassoura. Olhou para a janela mais alta, a luz estava apagada e foi pra lá que a coruja se dirigiu...



Começou a chover e, no desespero de ver Gina, Draco foi à porta da casa e gritou um “ALOHOMORA!” e logo já estava dentro da casa. Estavam jantando, aparentemente, e todos se viraram para Draco. Ele ignorou os olhares confusos e hostis de TODOS à mesa. Se virou para a porta do qual ele acabara de entrar, jogou a vassoura no chão e trancou todas as portas e janelas, com um único feitiço. O medo ainda fazia o próprio cérebro tremer.



Virou-se só para topar com todos levantados, com a varinha em mãos. Impaciente, Draco jogou a própria varinha no chão, para perto deles.



O que faz aqui, Malfoy? – perguntou... Não! Não podia ser! O que o cicatriz estava fazendo ali? Não importava agora, tinha de ver Gina, primeiramente. Estava começando a temer o reencontro.



Onde está Gina? – ele perguntou, de forma desesperada.



O que quer com ela? – perguntou, aparentemente, Arthur Weasley, o amante de trouxas.



Não importa! Onde ela estÿ – Draco agora olhava para todas as direções. Ela não estava à mesa, afinal. Esperava que ela aparecesse ali... Torcia por isso...



O QUE VOCÊ QUER COM ELA? – perguntou Rony. E se ela não estivesse ali, na casa?



Onde ela estÿ – Draco olhava realmente desesperado para todos os presentes na mesa (“até a sangue-ruim da Granger está aqui!”).



Nos dê ótimos motivos para lhe dizer isso, Malfoy. – perguntou Harry.



Escutem... Merda! – Draco estava desesperado MESMO, de FATO – ONDE ELA ESTÁ?



Malfoy...! – alertou Fred, um dos gêmeos.



EU PRECISO FALAR COM ELA! DIGAM-ME ONDE ELA ESTÁ! – ele já estava impaciente...



O que você tem com ela? – perguntou Jorge, o outro gêmeo.



Só me digam onde ela está... – Ele já estava quase pegando a varinha de volta no chão.



Draco? – ele se virou instantaneamente para o local de onde tinha ouvido a voz. Era ela.Gina. Mas ela chorava, tinha marcas de lágrimas pelo rosto, olheiras escuras e fundas nos olhos... Draco não suportou aquela visão. Ela estava parecendo tão... Sombria, quase morta. O que ele havia feito?



Gin! Me desculpe... – Ele não foi em direção a ela. Ela descia as escadas devagar. Draco se auto abraçava, se punindo inutilmente por ter feito o que fez. Não imaginara as conseqüências.



Por que, Draco? – ela olhava desconsolada pra ele... Mal acreditava nos próprios olhos.



Lúcio estava atrás de mim... – Ela olhou mais a fundo pra ele – Se eu não tivesse ido... Gin... Eu colocaria a sua vida em perigo... – os olhos dela se arregalaram e ela correu para o encontro dele, e o próprio se adiantou.



Ele fez alguma coisa com você? – ela estava preocupada, e puxava histericamente a manga esquerda da capa de Draco.



Eu não fui na consagração... – ela parou e olhou pra ele... E sorriu. O sorriso mais bonito, mais perfeito que ele já vira na face dela. Os olhos dela se iluminaram, ele podia ver. – Me desculpe...



Com um grande afeto e saudade, Gina abraçou Draco, que correspondeu ao abraço, de forma especial. Ela murmurava “Eu te amo, eu te amo muito, Draco...” e ele se condenava ainda, por te-la abandonado...



Eles se afastaram, ainda relutantes um do outro, e Gina ainda duvidosa, baixou os olhos para o braço esquerdo dele. É, realmente não havia nada ali... Nenhuma caveira, com uma cobra horrível saindo da boca... Nada disso.



Com uma paixão enorme (e saudade também), Gina se aproximou de Draco, lentamente, para saborear cada milésimo de milésimo de segundo daquele momento tão especial. Ela sabia que todos estavam cochichando (com a exceção de Rony, claro), mas estava nem ai, assim como ele.



Depois que ele saísse com vida daquela casa, ele queria dar à Gina um presente muito especial, bem guardado no fundo do seu bolso esquerdo, na capa preta que ainda vestia.



Com muito carinho, Draco envolveu a cintura de Gina com os braços, abriu um pequeno sorriso, com o canto da boca e se entregou, sem temer, ao longo e perfeito beijo que veio logo depois.





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N.A: Não me batam, não me batam, por favor! Eu SEI, eu SEI que vocês esperavam uma coisa super feliz e saltitante como continuação... Mas entendam... O título da fic é “MINHA OBSCURIDADE” e não minha Felicidade, entendem? Tipo... E eu tb sou uma dramática nata UU” (DRAMA QUEEN!)



Vocês não sabem o quanto eu sofri pra terminar essa bendita fanfic. Primeiramente, ela ficou milhões e zilhões de vezes maior do que o esperado: deu 16 páginas no Microsoft Word, o que é REALMENTE MUITA COISA. E, o pior de tudo, eu encalhei muito feio no final ;.; Eu fazia, apagava, com raiva, e tentava refazer de novo... O final de uma fanfic tem que ser perfeito, vocês não acham? Pois eu acho o elemento crucial para a imaginação dos leitores simplesmente fluírem e tentarem sonhar com o resto (ou terem pesadelos, tanto faz ‚). Eu ficava com muita raiva quando uma fanfic terminava de repente, sem mais nem menos... Mas agora eu entendo perfeitamente com é.



E, para não “terminar de repente” eu ainda vou fazer uma espécie de EPÍLOGO para essa fanfic. Vai formar uma trilogia super hiper mega dramática, não acham? Mas esse ainda deve demorar um pouquinho (não tanto quanto essa, prometo!), pq as minhas aulas começaram, e já tem prova marcada, para o meu total desespero ” Então, eu ainda tenho de betar essa fanfic pra depois começar a pensar em fazer o tal do epílogo...



Bom, soh pra vcs saberem e lerem... Eu acabei de publicar uma nova chortfic: se chama Por Causa da Consciência e é drama tb... Mas não se desesperem, não é tão intensa qto essa e nem tão melosa tb ‚” Mas não esperem ler essa shortfic esperando um final feliz...



Obrigada à todas as poucas pessoas que me mandam reviews e e-mails elogiando as fanfics, viu? Eu realmente fico bem mais feliz e motivada a continuar quando eu os leio Continuem assim!



Beijinhox



Emma Roseveltt :



me adicionem no MSN: [email protected]



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