Ritual
Os seus pais faziam capa no Profeta Diário, juntamente com Ethan. “A nossa maior esperança contra o Quem-Nós-Sabemos”. Era um artigo de opinião, bastante optimista, que descrevia os acontecimentos da Taça Mundial de Quidditch e como isso poderia ser o despertar de uma nova era das Trevas.
Todas as guerras precisavam de símbolos e heróis, e aquele jornalista escolhera, sem surpresas, a família Potter para colocar as suas esperanças.
Os Potter serão, uma vez mais, os símbolos da Luz em tempos de Guerra, era a linha final do artigo, uma linha que o moreno se viu obrigado a reler e a deixar as palavras ecoar na sua mente.
Gwydion suspirou, ao ler o artigo. Saberia aquele jornalista que os seus pais haviam sido capazes de o sacrificar em prol do irmão? Concordaria com o acto? Veria nele heroísmo, ou apenas crueldade?
Levantou-se. Eu já não sou um Potter, eles não são os meus pais. Foi tudo o que conseguiu pensar.
Suspirou, e consultou o relógio. Dentro de alguns minutos um homem entraria por aquela porta, e caminharia até ao quarto de Viktor no convés do navio. O seu cabelo seria rapado, ao estilo militar, e uma fénix de duas cabeças, o símbolo de Durmstrang, seria tatuado no seu ombro esquerdo.
Karkaroff teria escolhido Krum como um dos seus Preferetti: os alunos que os professores concordavam terem as melhores hipóteses de vencer, e, por isso, receberiam um treino intensivo, ao longo da viagem, e durante a estadia em Hogwarts.
Krum era a melhor opção de Karkaroff, e Gwydion Black sabia-o. Havia muito poucas coisas que Gwydion não conseguisse deduzir. Durmstrang só havia aumentado o seu poder de observação.
Levantou-se do sofá onde lia o jornal, sem interesse em ver Krum a ser tatuado, como todos fariam dentro de alguns minutos. Saiu do convés, e correu até à proa, sentando-se no púlpito. Disfarçando-se no nevoeiro matinal.
- Gwydion. – Ouviu um sussurro doce no seu ouvido. – Anda.
Olhou. Valkyrie. Os olhos perdiam-se no nevoeiro, porém os cabelos ruivos destacavam-se por entre os tons de branco e cinza. Tinha a espada às costas, o que significava que acabara de forjá-la na noite anterior, antes de embarcarem.
Como será que Hogwarts reagiria à Espada de Valkyrie? Eles que estavam atrasados em termos de conhecimento e desenvolvimento. A guerra tinha a tendência para deixar esse tipo de vestígios num país, principalmente num país onde o medo e o preconceito são alimentados por um velho que todos consideram sábio.
- Eu não estou pronto para regressar a Hogwarts. – Gwydion levantou-se.
- Harry ou Gwydion? – Valkyrie perguntou, friamente. Conseguia sentir o impacto da voz dela dentro de si. – Quem és tu, afinal? És o rapaz desesperado por agradar aos pais que se submete à sombra do irmão? Ou és o independente prodígio de Durmstrang que decidiu lançar as mãos ao seu próprio destino? Quem é que tu escolhes ser?
Gwydion observou-se. Os olhos escureceram ao entender a veracidade das palavras dela. Havia demasiado de Harry em si. Ainda era o rapaz que queria que os pais sentissem o mesmo orgulho por si que sentiam pelo irmão. Era o rapaz que se assustava com a rejeição. “Bom trabalho”, pensou, deixando as palavras ecoar novamente no seu cérebro.
Abanou a cabeça devagar, fintando Valkyrie nos olhos. Os seus olhos tornaram-se ainda mais sombrios. Gwydion era o seu presente, Gwydion era quem ele era e quem ele queria ser. Estava na altura de ser Gwydion a tempo inteiro.
- Gwydion. – Respondeu. – Gwydion Black.
Ela sorriu. Agarrou-lhe no pulso, e puxou-o devagar.
A meia dúzia de passos ficava um compartimento vazio. Ela lavou-lhe o cabelo, e depois rapou-o com um punhal. Sentia-se honrado, mas gostava do seu cabelo comprido, e prometeu a si mesmo deixá-lo crescer assim que o torneio tivesse acabado.
Depois, ela despiu-lhe a camisa devagar. Ele via o seu reflexo no espelho para o qual estava virado. Com um punhal e ajuda de alguns feitiços, ela começou a desenhar a fénix de duas cabeças no seu ombro. Ela deixou-se levar. No braço direito, desenhou um bracelete com o Dragão de Haus Feuer.
Gwydion olhou para si mesmo, observando o seu reflexo. A barba perfeitamente aparada, o odor a lavado que emanava de si próprio, o cabelo num estilo militar e as tatuagens a assustar quem passava. Era ele, como Prefferetti de Durmstrang.
Virou-se para trás devagar, e beijou Valkyrie nos lábios.
N/A: Desculpem a demora. Fico feliz que estejam a gostar! Comentários? Críticas? Sugestões?
Comentários (2)
Faltou alguma coisa q não sei o q é, mas parece incompleto! Mas gostei pois teve att!!! Kkkkkkkkk quando vai ser a próxima atualização? Por favor não faça isso novamente! Essa demora não foi legal!
2013-09-01Gostei demais desse capitulo tem tudo para ser uma otima fic...
2013-08-29