O Às Na Manga
Capítulo 18: O Ás Na Manga
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
[Soneto de Separação – Vinícius de Moraes]
Alguns tímidos raios de sol entravam pela fresta que havia entre as duas partes da cortina da sala do apartamento da advobruxa Virgínia Weasley. Manhã de sábado, começo de outubro e fazia um mês que ela e Draco tinham voltado de San Andres.
A ruiva tinha adormecido apoiada sobre a papelada que estivera revisando na noite anterior para uma audiência que teria na 2ª feira.
A campainha então tocou, mas não foi o suficiente para fazer Virgínia sair de seu sono. No entanto, a pessoa não desistiu e tocou mais insistentemente. A ruiva acordou de repente e instantaneamente levantou-se da cadeira em que estava sentada. Sentiu uma tontura, a qual atribuiu a ter levantado tão rapidamente. Apoiou-se um pouco na mesa, de cabeça baixa, enquanto tentava recuperar o equilíbrio e gritou para a porta:
-Já vai!
-Já não era sem tempo! –ouviu a resposta e soube naquele instante que era Hermione.
Virgínia bocejou, enquanto fazia um coque improvisado no cabelo e então foi atender a porta.
-Bom dia, dorminhoca. –a morena abraçou-a.
-Por quê? Que horas são?!? –perguntou, sentindo-se um pouco desnorteada.
-Nove da manhã. –respondeu calmamente.
-Nove? Ai não, eu tô atrasada! –declarou e correu à procura de seu celular, vendo que havia três chamadas do chefe não atendidas –O Draco me ligou três vezes, se ele não estiver num bom dia acho que vou receber uma bronca quilométrica. –fez menção de discar para ele, mas a cunhada tirou-lhe o celular da mão –Não tão cedo, mocinha.
-Como é que é, Hermione?!? Eu tenho que ir trabalhar, é sábado.
-Gina, você já se olhou no espelho? Você está péssima, amiga. Não é possível que o Malfoy seja tão carrasco a ponto de te obrigar a trabalhar como uma workaholic. Só te devolvo o celular se você ligar para ele para dizer que vai tirar um dia de folga. Acredite em mim, você está precisando.
Ela bufou após olhar-se no espelho:
-Hunf! Está bem.
-Assim é que se faz. –a morena sorriu, entregando o aparelho trouxa.
Gina discou, pensando que deveria medir a suas palavras ao telefone para que Hermione não desconfiasse:
-Alô? Draco, é a Gina.
-Eu sei, vi seu número no visor antes de atender. Mas até que enfim me ligou. Eu fiquei preocupado. O que aconteceu? Você não é de se atrasar. –ele respondeu do outro lado da linha.
-Desculpe. Acontece que eu dormi na minha escrivaninha.
-Trabalhando até tarde de novo, Virginia? Quantas vezes eu tenho que te dizer para não fazer isso?!?
-Sem sermão, Draco. –ela reclamou –Eu te liguei para dizer que vou tirar o dia de folga hoje.
-Nossa! O que te fez tomar tão sábia decisão? Tudo bem, pode tirar a sua folga. Depois eu passo aí.
-Foi a Hermione que me disse para fazer isso. Não sei o que ela pretende com isso.
Do outro lado da linha Draco respirou profundamente:
-Parece que a Granger tem alguma sensatez naquela cabeça dela. Então mais tarde eu te ligo.
-Está bem. –ela concordou.
-Vou sentir falta de você me dizendo que sou a pessoa mais egocêntrica que você conhece e que não deveríamos nos beijar no elevador, porque corremos o risco de sermos pegos, mas eu sempre acabo te convencendo.
“Mais é convencido mesmo. Mas traduzindo, ele provavelmente quis dizer que vai sentir a minha falta.” Pensou e sorriu.
-O mesmo. Mas é só um dia de folga. Eu acho que você e a M Corporation podem sobreviver sem mim por um dia, apesar de eu saber o quanto sou importante.
-Convencida. –ele retrucou.
-De onde será que vem essa influência? –perguntou sarcástica –Mas então, Draco, eu tenho que desligar e ver o que a minha querida cunhada quer.
-Está bem. Aproveite bastante o dia, mas nada da Granger querer arrumar pretendentes pra você, entendeu?
-Tá, eu sei. E a propósito, espero que você saiba também.
-Está duvidando da minha fidelidade?
-Não, mas é sempre bom lembrar. Assim como você faz.
-Ciumenta.
-Olha quem fala. –ela retrucou –Passar bem, querido chefe. –tentou ser o mais irônica possível por causa de Hermione.
-Você também, querida. Até mais. –e ele desligou.
Hermione parecia estar segurando-se para não rir:
-Nossa, não quero nem imaginar como deve ser a convivência entre você e o Malfoy. Vocês brigam até pelo telefone, imagine pessoalmente. Ele encheu muito o saco por você querer tirar folga?
-Não muito. Mas o que você veio fazer aqui a essa hora? E o Ed?
-Rony ficou cuidando dele para mim. Decidi que eu, você e a Fleur deveríamos sair. Faz muito tempo que não fazemos isso.
-E você decidiu isso do nada? Não acredito que não quer que eu vá trabalhar por...
-Olha o que vai dizer Virginia Molly Weasley. –alertou-a –Será que a nossa amizade foi relegada a último plano por você? –estreitou os olhos.
-Não é isso, Mione. É que eu não tenho tempo.
-Não tem porque não quer. O Malfoy te dá direito a uma folga por semana, você que não usa. –respondeu, já um tanto brava.
Virginia respirou profundamente:
-Está bem. Eu estou cansada, estou abusando no trabalho e nós devemos sair para espairecer. Era o que queria ouvir, feliz agora? –seu tom era sarcástico.
-Você tá andando muito com o Malfoy, até o tom “adorável” já pegou dele.
Gina corou e rapidamente quis mudar de assunto:
-É...Acho melhor eu ir tomar banho. Volto daqui a pouco, fique à vontade, Mione.
A morena foi até a cozinha e resolveu preparar café da manhã para as duas. Fez suco de acerola e pegou outros alimentos e acessórios necessários nos armários e geladeira.
Uns 20 minutos depois Gina apareceu na cozinha. Vestia uma calça preta tipo bailarina, uma blusa azul marinho de manga comprida, mas de tecido fino e tênis pretos. O cabelo preso num rabo de cavalo:
-Estou pronta, Hermione.
-Nós não vamos correr no parque, sabe?
-Eu gosto dessa roupa, tá? Sinto-me confortável com ela. –respondeu com o máximo de dignidade que conseguiu juntar.
-Ok. Não precisa ficar brava. Fiz o café-da-manhã.
-Muito gentil da sua parte, Mione. Mas eu não vou comer.
-Por quê não? –perguntou, surpresa –Você sempre disse que não consegue sair sem tomar café-da-manhã. O que deu em você?
-Nada, é só que o meu estômago anda meio embrulhado de manhã.
-Você já foi no St. Mungus pra ver isso?
-Não, provavelmente deve ser alguma coisa no trato digestório, mas não é nada demais. Sou muito ocupada pra ir até o hospital por qualquer coisinha. Bem, mas só pra não fazer uma desfeita, eu vou tomar o suco, tá?
-E as torradas com geléia de morango? Você adora, Gina.
-Sério, Mione. Não estou com vontade.
A morena lançou um olhar desconfiado a ela, mas nada disse.
***
Blás Zabini entrou no escritório de Draco.
-Bom dia, Draco. –cumprimentou, aproximando-se da mesa de Draco e apertando a mão do loiro.
-Bom dia, Blás. Está se saindo bem nas coisas que pedi para você averiguar?
-Claro que sim, Draco. O Zab aqui é o melhor.
Draco riu levemente pela presunção do amigo.
-Como vai o seu casamento? –o loiro perguntou.
-Bem. Acho que deixá-la ir naquele cruzeiro foi a melhor coisa que já fiz. Agora sim ela me dá mais atenção do que as jóias e roupas caras. E o seu?
-Tá na hora de cobrar a Parvati pra sair da minha casa. O prazo que eu dei pra ela já se esgotou. Um dia desses ela vai ter que ir embora.
-Você não se sente nem um pouquinho mal por estar fazendo isso?
-Não. É algo que eu preciso fazer, oras.
-A ruiva te deixou de quatro mesmo, hein, Draco? Quem diria que o meu melhor amigo ainda ia amar alguém. –o loiro lançou-lhe um olhar aborrecido por Blás estar falando dos sentimentos dele –Falando na Virginia, eu ainda não a vi hoje.
-E nem vai ver.
-Por que não? Larga de ser ciumento, eu não vou roubar ela de você. Apesar de achar que ela é gostosa...
-Zabini!
-Tá bom, Draco. Não está mais aqui quem falou. –ele defendeu-se.
Draco respirou profundamente:
-A Virginia não virá hoje trabalhar. Pediu para tirar o dia de folga.
-Hum e o que você achou disso? –perguntou, curioso.
-Bom. Ela merece, trabalha bem mais que o necessário.
-Parece alguém que eu conheço... –comentou sugestivamente.
-E você de menos, né, Blás? –Draco alfinetou.
-Hey! Não é porque não sou workaholic que nem vocês que posso ser taxado de vagabundo. O que pego pra fazer, eu faço bem.
-Oh, agora ele ficou bravinho. Acertei no seu ego, não é? –perguntou o loiro, divertindo-se.
-Haha, muito engraçadinho. –reclamou e quis mudar de assunto –Você e a Virginia estão bem?
-Nunca estivemos melhor. –Malfoy respondeu.
-Nossa, é realmente incrível. Parece que foi em outra vida que ela tentou te mandar pra Azkaban e você queria acabar com ela.
-O amanhã nunca se sabe.
-Então você ainda planeja se vingar dela? –o moreno perguntou, surpreso –Não faça isso, cara. Pra que estragar a sua felicidade? Juro que nunca te vi assim em toda minha vida. Você realmente a ama.
-Calma, Blás. Não estou mais pensando nisso. Ela se transformou no meu ópio. Eu sou viciado naquela ruiva.
***
Hermione e Gina estavam à porta da casa de Gui e Fleur e a morena tinha acabado de tocar a campainha. Momentos depois ouviram o barulho de uma chave sendo rodada na fechadura e então a porta foi aberta.
-Gina, Hermione. Que supresa! –Gui comentou e cumprimentou cada uma com um beijo e abraço.
-A Fleur está aí, não é? –Hermione perguntou.
-Sim, por quê? –o ruivo, perguntou, curioso.
-Viemos chamá-la pra sair com a gente. –a medibruxa respondeu.
-Hum, ok. Acho que ela está mesmo precisando sair um pouco pra se distrair. Você também se sentia entediada quando estava grávida?
-Sim. –a morena respondeu –Vamos salvá-la do tédio então.
Gui acompanhou-as até a sala, onde Fleur estava lendo um romance bruxo bem açucarado e Evelyn brincava com um kit de poções para crianças.
-Querida, temos visitas. –Gui avisou a mulher.
Instantaneamente a loira fechou o livro e Evelyn levantou-se, correndo para cumprimentar as duas recém-chegadas:
-Tia Gina, Tia Mione! –exclamou, feliz, subindo no colo de Gina e já aproveitando para cumprimentar Hermione.
-Evelyn Delacour Weasley! Isso são modos?
-Desculpe, mamãe. –murmurou, fazendo uma cara de cão sem dono que derreteu o coração de Fleur na mesma hora.
-Oh, meu anjinho. A mamãe não tá brava com você. Apenas se comporte bem, querida. Vem dar um beijo na mamãe.
Eve obedientemente foi até Fleur e deu um beijo estalado em uma de suas bochechas.
Gina e Hermione aproximaram-se mais de mãe e filha:
-Fleur, a gente vai sair. Vai se arrumar. –Gina falou.
-Como é que é? Sair pra onde?
-É, idéia da Hermione. Ela fez eu pedir folga pro Draco, então agora você tem que sair com a gente também.
Fleur sorriu:
-Ok. Mas vamos pra onde?
-Shopping. –Hermione respondeu.
-Oba! –Fleur exclamou.
-Não gaste demais, Fleur. –Gui advertiu, sério. –Ou...
A loira logo atendeu a ameaça e respondeu:
-Não se preocupe, querido.
-Posso ir junto? –Eve perguntou.
-Eve, vai ser chato pra você. –Hermione disse.
-Coisas de adultos de novo? –ela bufou –Poxa, não vejo a hora de ser adulta também.
-Acredite, Eve, quando você for adulta vai querer voltar a ser criança. –Gina segredou-lhe –Mas a gente pode trazer algo pra você, tá?
-Promete?
-Claro. –Gina exibiu um grande sorriso sincero para a sobrinha.
-Vou me arrumar, volto em alguns minutinhos.
Porém, os minutinhos de Fleur tornaram-se meia hora e nesse meio tempo Gina conversava com Gui e Hermione ensinava a Eve coisas básicas sobre poções.
Assim que Fleur declarou-se pronta e as três despediram-se de Gui e Eve, partiram no carro de Hermione, um Peugeot compacto, mas confortável. A morena começou a ouvir uma rádio trouxa e cantar a música baixinho enquanto dirigia.
Gina conversava com Fleur:
-Como vai a Eve? –quis saber.
-Gina, você acabou de vê-la. –Fleur respondeu.
-Quero saber se ela ainda tem os tais pesadelos ou qualquer outro problema.
-Ah. Bem, passou. Sabe o que eu tenho de novo pra contar sobre ela?
-Não. O quê?
-Ela já fez mágica ivoluntária. –a loira comentou, feliz.
-Sério? Ah, não acredito que perdi isso! Mas então, o que foi que ela fez?
-Bem, na hora eu me assustei. A Eve fez eu flutuar cerca de meio metro do chão. Eu gritei, estava preocupada que ela me deixasse cair e na queda eu machucasse o bebê. Logo o Gui veio correndo e desfez o feitiço de levitação. Ele ficou bem bravo com a Eve naquela hora e disse que a deixaria de castigo por um mês sem fazer as coisas que ela mais gostava. Bem, daí e Evelyn teve um ataque de fúria que fez cair prateleira abaixo todos os livros da biblioteca. Bem, agora estamos tentando ser cuidadosos com o humor dela.
-Merlin! Bem, mas se precisar, me chame.
-Sim, eu sei. Às vezes ela parece obedecer mais você do que eu. –Fleur comentou um tanto enciumada.
A ruiva revirou os olhos:
-Não precisa ter ciúmes, Fleur. Você é a mãe dela, ela sempre vai te amar. –afirmou, convincente –Ah, e como vai o bebê?
-Bem! Ainda ontem eu fui ao St. Mungus para ver qual era o sexo... –fez suspense propositadamente.
-Não me deixa assim curiosa, sua veela malvada! –Gina fez cara de falsa indignação, o que fez a loira rir –Mas é sério, quero saber.
-Vai ser uma menina.
-Outra menina? O que o Gui achou disso?
Fleur corou um pouco ao responder:
-Ele disse que seria linda e adorável como a mãe, depois disso tivemos uma noite memorável. –disse a última parte baixinho.
-E qual vai ser o nome?
-Melanie.
-Hum, Melanie Delacour Weasley. É, soa bem. –Gina sorriu.
-E é claro, você será a madrinha, como eu havia prometido antes.
O sorriso da ruiva aumentou mais ainda:
-Que bom. Porque na ocasião do nascimento da Eve, você escolheu a sua irmã, que nem é tão presente assim na vida da garota.
-Quem é a ciumenta agora? –Fleur ironizou, o que fez a advobruxa bufar –A Gabrielle vive viajando, a carreira dela exige isso. –defendeu a irmã.
Antes que Virginia pudesse responder, Hermione parou do carro e as três desceram, Fleur com alguma dificuldade devido à barriga de cinco meses. Saíram do estacionamento do shopping e pegaram um elevador pra ir até o piso térreo. Primeiro decidiram que iriam ao cinema. Resolveram assistir uma comédia romântica chamada Nunca é Tarde Para Amar. (1)
Depois de discutirem o suficiente a história do filme, foram jogar boliche. A loira decidiu apenas olhar as duas amigas jogarem:
-Eu acho melhor não arriscar com essa barriga, sabe?
-Ok então. Veja como a futura madrinha da Melanie vai fazer a Mione comer poeira. –Gina falou, convencida.
-Hey! –Hermione indignou-se –Até parece. Veremos quem vai fazer quem comer poeira. –a morena ameaçou.
As duas jogaram para ganhar e foi uma disputa acirradíssima. Quase uma hora depois, Gina deu-se por vencida. Hermione estava pouquíssimos pontos a frente, mas a ruiva sentia cansaço e grande fome.
-Eu disse que eu ia ganhar. –Hermione comemorou, feliz.
-Só porque eu tive que parar. Estou morrendo de fome e a partida me cansou. Se eu tivesse dormido melhor, não estaria tão cansada.
-Não dormiu bem, é? Teve boa companhia à noite? –Fleur perguntou, maliciosa, enquanto elas andavam pelo shopping, em direção à praça de alimentação.
Gina corou, apesar de saber claramente que o máximo que teve de companhia foram os pergaminhos em sua escrivaninha, já que havia dito a Draco que precisava trabalhar e ele então não tinha passado a noite com ela.
-Não, Fleur. Quando eu cheguei, a Gina tava dormindo à escrivaninha com os papéis como travesseiro. –Hermione respondeu –A Gina tava mesmo precisando sair, anda trabalhando demais.
-Concordo com a Mione.
-Mas então, onde vamos comer? –a ruiva perguntou, ansiosa, querendo mudar de assunto.
-Você tá com tanta fome assim? –a morena perguntou e Gina fez que sim –Mas você comeu uma pipoca média sozinha e tomou coca-cola, o que, aliás, é estranho, uma vez que você não é muito chegada em refrigerantes.
-Haha. Agora é proibido querer variar de vez em quando? –perguntou, um tanto incomodada, levantando uma de suas sobrancelhas.
-Acho que você está convivendo tempo demais com o Malfoy, até o olhar sarcástico e superior dele você está imitando. –Hermione caçoou.
-Gina, é verdade o que dizem sobre o Malfoy? –a loira perguntou, animada.
-Qual das trocentas coisas que dizem sobre ele? –Gina devolveu, rolando os olhos.
-Que ele é mulherengo e que o casamento com a Parvati é uma fachada, uma bem encenada, mas ainda assim uma fachada? Ele já deu em cima de você?
Gina sentiu o rubor assomar-lhe a face enormemente, o que a denunciou para a loira. Fleur riu:
-Nossa, não precisa ficar roxa. Acho que vou chamar um bombeiro pra apagar o incêndio.
-Gina, você própria se denuncia. –Hermione censurou –Podia pelo menos não ter ficado tão vermelha. O que aconteceu com a advobruxa durona que eu conheço?
-Foi dar uma voltinha. –respondeu, sem-graça, não encarando nenhuma das duas –Olha só, vamos ali!
-O quê? McDonalds?!? –Hermione perguntou, incrédula –O que há com você hoje, Gina? E as conversas sobre fast food não prestar? Quem é você e o que fez com a verdadeira Virgínia Weasley?!?
Gina revirou os olhos, com visível cansaço:
-Pára de fazer cena, Hermione! Já que você quis me tirar da rotina, façamos direito então. –defendeu-se com um olhar que não admitia contestações e agora sim parecia a mulher que muitos temiam no tribunal.
-Tá bom, tá bom. –respondeu Hermione.
-Bom mesmo. –a ruiva rebateu.
-Querem fazer o favor de parar com as briguinhas? Qual é? Nós somos adultas e somos amigas. –Fleur disse sabiamente.
As outras duas abaixaram a cabeça e começaram a andar na direção do estabelecimento vermelho e amarelo. Fleur pediu uma salada, água de coco e nuggets. Hermione pediu batatas fritas, um mcfish e suco de uva. O pedido de Gina consistiu em nuggets, um bigmac e um refrigerante sprite.
Elas sentaram-se num lugar da praça de alimentação em que poderiam ter uma visão da fonte que ali havia.
Estavam no meio da refeição quando uma resolveu oferecer a outra um pouco de seus lanches para que experimentassem algo diferente. Ao morder um pedaço do lanche de Hermione, Gina percebeu que era peixe. Não que aquele peixe fosse assim, mas a fez lembrar-se de outro tipo de peixe, frito com bastante óleo e com temperos fortes. Isso fez seu estômago embrulhar.
-Com licença! –ela disse rapidamente, correndo para o banheiro, que por sorte era próximo.
Graças a Deus o banheiro não estava cheio e Gina não precisou esperar para entrar num boxe. Fechou a porta e mal tinha levantado a tampa da bacia quando vomitou. Ouviu vagamente Hermione bater à porta e perguntar:
-Tá tudo bem, Gina?
Assim que a ruiva achou que seu enjôo passara completamente, limpou a boca com papel higiênico e respondeu:
-Tá tudo bem, Mione. –e deu descarga, saindo do boxe em seguida.
-Não, Gina, não tá tudo bem. –a morena insistiu –Você está pálida demais.
-O que você esperava? Acabei de passar mal. Queria que eu tivesse no rosto a coloração rosada de uma camponesa? –perguntou, sarcástica.
A medibruxa respirou profundamente e entregou à ruiva a escova de dente e uma pasta de dente. Instantaneamente Gina sentiu-se culpada:
-Desculpe, Mione. Muito obrigada por trazer a minha escova e a pasta.
-Pensei que você precisaria. Ah, e a Fleur ficou lá guardando a mesa e tomando conta das nossas coisas.
-Hum. –fez Gina, já com a escova na boca.
-Sabe, Gi. –a morena começou, com toda a cautela do mundo e viu Gina olhar para ela através da imagem do espelho –Bem, é que...eu e a Fleur trocamos algumas palavrinhas e...Gina, você tá grávida?
Virginia ficou mais que surpresa com a pergunta e cuspiu pasta de dente no espelho como um ato-reflexo:
-Droga! –resmungou, apressando-se para limpar o espelho e olhando para a morena por ele –Hermione, isso é impossível.
-Impossível por quê? Por que você não tem transado ou por que tá usando poção anticoncepcional?
Gina ficou da cor dos cabelos enquanto enxaguava a boca com água. Demorou o máximo possível antes de erguer a cabeça e pegar papel-toalha para secar o rosto ao redor da boca.
-E-eu...Droga, Hermione Granger Weasley. Poção, está bem?
A morena deu um risinho:
-Você e o Dave, hein?
-Mione, não. Eu só saí uma vez com o seu amigo. Ele é muito legal, realmente fofo e bonito, mas não aconteceu nada.
-Porque você não quis. Bem, mas então explica porque ele ficou cabisbaixo e tenta fugir do assunto quando eu menciono você.
-Hum. –a ruiva fez, já querendo dirigir-se para fora do banheiro, Hermione, porém, segurou-a –Que foi? –fez cara de inocente.
-Com quem você anda dormindo, Virginia Weasley?!? E nem pra contar pra sua melhor amiga. É mesmo uma ingrata!
-Mione, é que...eu não sei nem por onde começar. Eu tenho até vergonha de dizer...acontece que eu o amo.
-Ama? Mas quem...? Não me atrevo a dizer o que estou pensando.
Gian deu um suspiro profundo:
-Eu amo o Draco, Mione. –e a morena arregalou os olhos –Por favor, não me julgue.
-Por Merlin e Morgana! Gina, isso é muito sério! O Malfoy é casado e é um cafajeste. Esqueceu disso? Como você foi cair na lábia dele?
-Mas ele vai se separar da Parvati.
-Foi isso o que ele disse para te convencer?
-É sério, Mione. O Draco também me ama, ele me disse.
-Merlin do céu!
-Hermione, pare de dizer o nome de Merlin em vão ou ele virá puxar o seu pé de noite.
-Haha, não é hora pra brincadeiras, Virginia. Você me diz que está tendo um caso com o Malfoy e quer que eu aceite como algo normal? Faça-me o favor.
Gina bufou:
-Hunf! Não é a hora e o lugar para discutirmos isso. –a ruiva irritou-se e saiu apressadamente do banheiro.
Ao chegar na mesa, Fleur perguntou:
-Quem é o pai, Gina?
-Eu não estou grávida, porra! –exclamou, irritada, pegando sua bolsa e deixando as duas amigas boquiabertas com tal comportamento explosivo.
***
Draco tinha decidido contar a seus pais sobre sua decisão de se separar de Parvati. Não gostava de usar pó-de-flu, mas estava sem tempo hábil para viajar até Marselha de avião. Usou a lareira de sua sala. Pegando pó-de-flu, entrou na mesma e bradou o mais claramente que pôde:
-Mansão Malfoy de Marselha.
Draco saiu da lareira do escritório de Lúcio Malfoy, o qual encontrava-se absorto em algumas papeladas.
-Droga de flu. –Draco reclamou, espanando-se com as próprias mãos, até se lembrar que era bruxo e como tal poderia efetuar um feitiço de limpeza, o que ele logo fez.
-Bom dia também, Draco. –Lúcio ironizou, diante do aborrecimento do filho –O que é que te fez lembrar que os seus pais existem?
O loiro mais novo pareceu ofendido:
-Não é como se eu esquecesse que vocês existem, é só que sou muito ocupado. Vocês deveriam saber disso. –ele defendeu-se, mas no fundo sabia que nos últimos tempos não tinha dado muita atenção a Lúcio e Narcisa.
Lúcio revirou os olhos:
-Então a que devo a honra de sua presença, filho?
-Você nem parece feliz em me ver. –Draco disse, evasivo.
-Hum... –Lúcio pareceu ponderar –Você veio tratar de algo delicado ou não estaria sendo evasivo e iria direto ao ponto. –e levantou-se, aproximando-se de Draco e dando-lhe um breve abraço –Eu te conheço mais do que pensa.
Draco engoliu em seco e respirou fundo:
-Preciso ter uma conversa com você e a mamãe.
-Claro. Vamos ao encontro da Cissy. Ela vai ficar feliz em te ver.
Enquanto Lúcio acompanhava o filho pela mansão, Draco pensava que o pai estava certo. Aquele assunto que viera tratar ela delicado. Não tanto por seu pai, mas por sua mãe. Narcisa demonstrava gostar de Parvati e fazia muito gosto por ela ser casada com seu filho.
Antes que ele pudesse pensar na maneira ideal de convencer a mãe de que o que fazia era o melhor, chegaram na sala de visitas, onde Narcisa tomava chá com uma de suas amigas, Miriam Santiago.
-Olá Miriam. -Lúcio fez uma leve mesura para a mulher morena –Cissy, nosso filho está aqui. –acrescentou.
Imediatamente, a loira pousou o chá sobre a mesinha e levantou-se, dirigindo-se até Draco.
-Draco! –e abraçou-o fortemente –Senti sua falta. Quantas vezes eu tenho que dizer que não seja um filho desnaturado?!?
-Desculpe, mãe. –ele murmurou, assim que se desvencilhou do abraço dela –Prometo ser mais presente daqui pra frente.
A loira ergueu uma sobrancelha:
-E será que devo confiar nessa sua promessa?
-Mas é claro que sim. –respondeu e em seguida virou-se para a amiga da mãe –Sra. Santiago, como vai?
-Muito bem, obrigada. –e houve alguns segundos de silêncio antes que ela continuasse –Narcisa, estou de saída, depois conversamos. Até mais. –despediu-se e saiu do aposento, percebendo que os três deveriam ficar a sós.
-Sentem-se. –Draco falou e observou os pais sentarem-se lado a lado num dos sofás.
Draco sentou-se numa poltrona à frente deles e observou Lúcio manter uma mão de Narcisa junto a sua. Por mais que muitos pensassem que os Malfoys eram frios em família, estavam enganados. Lúcio e Narcisa não tinham um casamento de aparências e não fingiam que se preocupavam com o filho. No entanto, não necessitavam e nem desejavam que as pessoas soubessem que tinham laços estreitos. A mente de Draco começou a devanear sobre sua infância, mas tal coisa não durou quase nada. Foi trazido de volta pela voz grave, arrastada e sibilante de seu pai:
-Estamos esperando. –ele cobrou.
Draco respirou profundamente e disse de uma vez só:
-Vou me divorciar.
Lúcio franziu o cenho, demonstrando surpresa. Narcisa arregalou os olhos e não conteve que saísse de seus lábios um:
-O quê?!? Como assim, Draco?
-Acalme-se, Cissy. –Lúcio sussurrou no ouvido da esposa e segurou o braço dela, para evitar que ela se levantasse.
-Como me acalmar, Lúcio? Nenhuma família puro-sangue costuma desfazer os casamentos. Isso é coisa de gentinha, sangue-ruins e trouxas. –torceu o nariz.
Draco passou a mão por seus cabelos, em gesto de nervosismo. É, aquilo realmente estava sendo mais difícil do que ele pensava. Antes que pudesse responder, Lúcio disse:
-Sabe que sua mãe tem razão, Draco. O casamento-bruxo é um ato contratual mágico. Se desfeito, não é bem visto.
Draco fingiu manter a pose indiferente, mas por dentro estava incomodado. Por que eles não poderiam apenas aceitar e pronto? Que a ala conservadora da sociedade bruxa se explodisse!
-Por Merlin! Esses são novos tempos. Bruxos também desfazem casamentos. Não sejam tão retrógrados.
-Quem é que você está chamando de antiquado, garoto? –Lúcio perguntou, perigosamente.
-Só queremos o melhor para nossa família. Não queremos que o nome dos Malfoy seja jogado na lama por nada. Por que você quer se separar da Parvati? Ela é uma boa moça, te adora e faz tudo por você, Draco. Até um cego vê que você está sendo um idiota ao pensar em deixá-la. –Narcisa tentou chamá-lo ao que ela pensava ser a razão.
-Vocês sabem muito bem que eu não amo a Parvati. Nunca escondi isso de vocês...
Narcisa interrompeu-o:
-Então! Não consigo entender porque isso agora! Seja racional, meu filho, como você sempre se orgulhou de ser.
Lúcio pareceu estar entendendo a situação. E de fato entendeu, Draco pôde perceber ao ouvi-lo perguntar:
-Quem é ela?
-C-como? –Draco devolveu, surpreso.
-A mulher que te deixou de quatro. –foi explícito.
-Lúcio! –Narcisa exclamou em tom de reprovação, mas em seguida dirigiu-se ao filho –Tem mesmo outra na história, Draco? Seja sincero com a sua mãe.
Não era hora de fraquejar. Precisava concluir o que tinha vindo ali fazer:
-Sim, há uma outra mulher na história.
-Draco, eu não vou permitir que você largue a Parvati para ficar com uma amante interesseira. –Narcisa falou –Além do mais é sua obrigação ter um casamento e produzir ao menos um herdeiro. Quando é que eu vou ver meus netinhos se você largar a Parvati?
Os olhos de Draco estreitaram-se, ele já estava começando a perder a paciência, mas não deixaria que eles percebessem isso:
-A Gina seria uma mãe muito melhor do que a Parvati, estejam certos disso.
-Gina? –Narcisa perguntou –Está falando da Virginia Weasley?
-Sim, ela mesma.
Lúcio deu um pequeno sorriso:
-Não posso deixar de dizer que você realmente é um homem que consegue o que quer. A Virginia é uma bela mulher. –e recebeu um olhar mortal da loira –Não quer dizer que você não seja, Cissy. –acrescentou –E muito competente. Apesar de eu ter colocado aquele diário no caldeirão dela em sua época de Hogwarts, ela não pareceu guardar rancor e fez um excelente trabalho para me livrar do julgo do tribunal francês.
-E isso quer dizer que me apóia? –Draco perguntou.
-Se é o que você quer fazer... –deu de ombros.
Narcisa lançou um olhar frio ao marido antes de dirigir-se ao filho:
-Mas Draco, não é possível que você queira acabar com o seu casamento por causa de uma simples amante. A Virginia pode não ser interesseira, mas a paixão que você sente vai passar e...
-Mãe, eu a amo. –ele disse simplesmente e aquilo teve o efeito esperado.
Narcisa respirou profundamente:
-Você pretende se casar com ela futuramente?
Draco revirou os olhos:
-Mãe, ainda é cedo para pensar nisso. Mas eu pretendo e também te darei uma criança para que você banque a avó coruja, satisfeita?
-Hum...Pois bem, se ela te fizer feliz, então você tem o meu apoio. Traga ela aqui qualquer dia para um jantar, por exemplo.
Draco abriu um grande sorriso:
-Obrigado. –disse, olhando para os pais.
-Não é como se você não fosse fazer se nós não aprovássemos... –Lúcio murmurou.
-É. –Draco concordou –Mas é sempre melhor quando vocês aprovam. Não ia agüentar mais a Dona Narcisa dizendo o quanto eu sou um mau filho. –disse em tom divertido.
***
Gina encontrava-se mentalmente transtornada. Tanto que decidiu que não estava em perfeitas condições para aparatar e acabou pegando um táxi. Logo que chegou em seu apartamento, dirigiu-se para a geladeira. Não que ela estivesse com fome, pelo contrário, as insinuações de Fleur e Hermione haviam tirado seu apetite. Foi até o eletrodoméstico por ser ali que costumava guardar todas as suas poções para assim as manter conservadas por maior tempo. Abriu a geladeira e pegou um dos frascos que estavam na prateleira do meio da porta. Examinou o frasco e viu que ali havia um líquido branco-rosado. Parecia uma poção anticonceptiva normal, mas continuou examinando. Tirou a tampa do frasco e cheirou o conteúdo.
“Hortelã com menta?” perguntou-se e então bebeu “O gosto está normal. Mas esse cheiro é de poção contra dor-de-garganta. E eu não tenho dor-de-garganta há um bom tempo...Merda! Eu não acredito nisso!!! Estive tomando todo esse tempo poção contra dor-de-garganta. E se eu estiver mesmo grávida?!?”
A ruiva foi imediatamente para o quarto. Só tirou os sapatos e jogou-se na cama. Deitou-se em posição fetal. Sentia-se confusa, desamparada e indefesa. Como Draco reagiria se ela contasse sobre suas suspeitas? Tinha medo do que poderia acontecer. Chorou por um tempo inconsolavelmente, como não chorava há muito. Permaneceu deitada o dia inteiro e acabou por adormecer.
Ela não sabia quanto tempo tinha se passado, quando sentiu mãos fortes chacoalhando-a levemente:
-Virginia, acorde!
Ela abriu os olhos lentamente. Deveriam estar vermelhos e inchados, pois assim que os focou no rosto de Malfoy, ele foi logo perguntando:
-Gina, o que aconteceu com você?
O semblante do loiro era preocupado, ela pôde perceber. Ela sentou-se na cama e jogou-se nos braços dele, segurando-o contra si num abraçado apertado e desesperado. Malfoy por sua vez acariciou as madeixas rubras:
-Draco... –ela murmurou e ele esperou que ela continuasse, o que não aconteceu.
-Por favor, Virginia. Conte-me o que houve. Foi a sangue-ruim que te magoou?
-Não a chame assim, Draco. –ela repreendeu-o –Acontece que...eu nem sei como te contar...
-Que tal pelo começo? –perguntou, tentando botar o mínimo de sarcasmo possível em seu tom.
-Eu fui para o shopping com a Fleur e a Mione. Senti grande fome e meu estômago embrulhou por pensar em peixe. Eu acho que eu estou...eu não sei, mas talvez...grávida...
Imediatamente o Malfoy soltou-se do abraço da advobruxa e encarou-a seriamente. Gina teve vontade de morrer por dentro ao ver aqueles olhos cinzas parecerem tão vazios de emoções. Frieza? Seria esse o tratamento que receberia dele dali em diante?
-Pensei que você tomasse poção anticoncepcional. –ele falou após algum tempo.
-Eu também. Eu juro, Draco. A Adelina deve ter trocado de lugar sem querer a poção para dor-de-garganta com a anti, já que elas só diferem aparentemente no cheiro. Então eu não percebi que estive tomando a poção errada.
-Hum... –ele murmurou.
A ruiva estava ficando brava por ele não dizer nada de muito concreto:
-E nem pense em perguntar se o bebê é seu, porque é óbvio que é. Nos últimos meses eu só fui pra cama com você. Se eu estiver mesmo grávida, você tem que assumir as devidas responsabilidades, mesmo que não queira mais saber de mim...
Draco depositou um breve beijo nos lábios da Weasley:
-E quem disse que eu não quero mais saber de você? Não vou mentir dizendo que eu queria ser pai nesse momento, mas se tem alguma mulher nesse mundo que eu quero que seja a mãe dos meus filhos é você. –falou, com a expressão ilegível, mas seus olhos transmitiam mais calor que momentos atrás.
Gina sorriu genuinamente e beijou-o calorosamente:
-Eu te amo, Draco. –e foi a vez dele sorrir –Eu ainda não tenho certeza da gravidez, por enquanto é apenas uma suspeita. Mas na semana que vem eu irei até o St. Mungus marcar uma consulta.
-Semana que vem? Não, vá amanhã. Quanto antes soubermos o resultado, melhor. Quer que eu vá com você?
-Draco...Você sabe que não seria bom se as pessoas nos vissem juntos. –ela comentou tristemente –Você ainda é um homem casado.
-Não precisamos agir como um casal e...
-A Hermione sabe. –Gina cortou-o.
-Sabe do quê? Sobre nós? Eu pensei que o fato de eu ter que me esconder debaixo da cama significava que você não queria que a sua amiguinha soubesse sobre nós. –comentou, observando-a atentamente.
-Ela me interrogou quando eu passei mal no shopping hoje. Sim. Eu, ela e a Fleur fomos passear no shopping. Eu tive que falar. Ela me olhou de um modo que fez eu me sentir suja e vil. Eu passei por cima de tudo o que eu costumava acreditar pra ficar com você, Draco.
-Eu também. –e colocou as mãos dela entre as suas, acariciando-as –Sei que é difícil. Mas aproveite que a Granger é medibruxa e faça a consulta com ela.
-A Hermione tem um filho agora, ela não trabalha mais de domingo. Mas eu irei até o St. Mungus amanhã e marcarei uma consulta para segunda-feira de tarde, o que acha?
-Que você torna bem complicado pra mim. Tenho várias coisas para fazer na 2ª-feira.
-Draco, é legal da sua parte querer ir comigo para me dar apoio, mas não é necessário.
-Eu vou dar um jeito de cancelar os compromissos que tenho após o almoço. –respondeu, teimoso, como se nem tivesse ouvido o que ela tinha falado.
Gina respirou profundamente:
-Tá bom, se você insiste. –e o loiro deu um sorrisinho vitorioso –Draco, posso te pedir um favor?
-Pedir pode, mas se eu vou conceder já é uma outra história.
Ela deu um leve tapa no ombro dele:
-Engraçadinho. Bem, acontece que...eu queria que você ficasse aqui comigo. –pediu timidamente.
-Medo de ficar sozinha? –ele zombou.
-Cansado demais para ser páreo para mim? –devolveu com o mesmo tom que ele havia usado.
-Nunca. –respondeu, deitando-a na cama e começando a beijá-la vorazmente.
Gina correspondeu o beijo, deixando que as mãos dele deslizassem de forma precisa sobre seu corpo, arrancando as roupas dela enquanto ela procurava fazer o mesmo com as dele. Sentia-se aliviada por ele ter aceitado bem a situação.
“Eu ainda não tenho certeza, mas se não estiver grávida...Eu nem tomei nenhuma poção anticoncepcional.” Forçou-se a pensar, porque era extremamente difícil manter algum pensamento coerente quando se tinha a boca de Draco Malfoy descendo de seu pescoço para os seios.
-Draco, pára...É sério, Draco. –e ele parou de beijá-la.
Os dois já se encontravam em trajes de baixo. O loiro encarou-a:
-O que houve?
-Se eu não estiver grávida agora, posso ficar.
-Droga, eu não trouxe nenhuma camisinha. –ele bateu a mão na testa –A gente não costuma usar e é só com você que eu transo, então... –ele defendeu-se.
-Eu até poderia procurar as verdadeiras poções anti na geladeira, porque eu acho que a Adelina só deve ter trocado de lugar, mas se eu tomar e estiver grávida, suponho que possa fazer mal ao bebê.
-Tá tudo bem, Virginia. –ele respondeu calmamente, apesar de estar frustrado –Vamos dormir.
Draco cobriu os dois com um lençol e virou-se para um lado:
-Boa noite. –murmurou, neutro.
Malfoy estava de costas para si. Gina sentiu um aperto no coração ao pensar que ele poderia estar bravo com ela. Tomou coragem e passou uma mão sobre o corpo dele, acariciando:
-Draco, você ficou chateado comigo?
Imediatamente o loiro mudou de posição na cama, ficando de frente para ela:
-Estou tentando digerir a situação como um todo. Acredite, não é fácil. Estou lutando contra uma congestão. –metaforizou.
A advobruxa mirou profundamente os olhos azul-acinzentados e com uma mão afastou uma mecha de cabelos loiros platinados dos olhos dele:
-Boa noite, Draco. Eu vou te deixar pensar em paz. –disse suavemente, roçando levemente seus lábios nos dele e em seguida afastando-se um pouco e virando-se de costas para ele.
Malfoy passou um braço pela cintura dela e puxou-a contra si, abraçando-a. Afundou seu rosto na curva do pescoço dela:
-Não tenha medo. –ele sussurrou.
Nos lábios da ruiva surgiu um sorriso de agradecimento, o qual Draco não viu. Mas ela não podia saber que o loiro falara aquilo mais para si mesmo do que para ela. Pensar em ser pai sempre tinha sido uma coisa distante e assustadora para Draco Malfoy e ele agora se via diante dessa possibilidade.
“Eu realmente não esperava por isso. A Virginia é a mulher que eu amo, mas ter um filho é definitivo demais. Uma criança indefesa dependendo de mim, chorando à noite, tendo que ser alimentada, tendo suas fraldas trocadas freqüentemente, me chamando de papai e me considerando seu herói. Não sei se estou preparado para isso. Crianças sempre me aborreceram. A Evelyn é a única criança de quem eu já gostei. Será que se eu tivesse uma filha ela seria como a Virginia, lembrando a Eve? Ou será que um garoto seria igual a mim? Nomes...Meu filho ou filha terá um nome imponente, um nome digno da família Malfoy e da sonserina. Claro, porque a sonserina é a melhor casa e é pra onde qualquer Malfoy deve ir. Se for um garoto eu gosto bastante do nome Alexander. Alexander Weasley Malfoy. Parece bom. E se for uma garotinha? Bem, acho que a Virginia não deixaria que eu colocasse o nome da minha mãe, então...Talvez Elise. Elise Weasley Malfoy. Também acho que soa bem. Se a Virginia estiver mesmo grávida, eu vou contar a ela as minhas sugestões de nome.” Pensou e deu um profundo suspiro antes de fechar os olhos.
***
Hermione tinha dormido mal aquela noite. Não apenas era seu dia de levantar à noite para dar de mamar ao pequeno Edward (ela e Rony revesavam-se para tal tarefa) como se sentia mal por Gina. A morena se sentia culpada e pensava ter sido muito dura com a amiga. Sentia a necessidade de desculpar-se e resolveu que faria isso logo de manhã.
Depois de arrumar-se, tomou café da manhã, deu um beijo de despedida no marido, pegou uma bolsa e o filho e foi de carro até a casa da ruiva. Não achava recomendável aparatar com Edward, sendo ele tão novinho. Tinha até pensado em pedir para que Rony fosse consigo, mas depois descobriu que aquilo realmente não era uma boa idéia.
A porta do apartamento da advobruxa não estava fechada e Hermione estranhou isso. Entrou e colocou o filho adormecido deitado no sofá, deixando a bolsa por ali também. Pegou sua varinha, receosa de que a casa da amiga tivesse sido invadida e o invasor ainda estivesse presente. Em parte Hermione tinha uma certa razão...
A morena dirigiu-se com passos silenciosos como os de um gato até o quarto de Virginia e assim que adentrou o cômodo teve uma grande surpresa:
-Merlin! –ela gritou, sem se conter e sua varinha caiu no chão.
Draco e Gina, que se encontravam deitados na cama e dormindo tranquilamente, imediatamente acordaram e sentaram-se ao ouvir o grito da medibruxa.
-Mione! Ai, meu Deus! Mione, eu...Eu não esperava...Como você entrou aqui? –perguntou enquanto a amiga abaixava-se e pegava a varinha do chão.
-Ops... –o loiro falou, após um bocejo –Eu acho que eu esqueci de trancar a porta ontem.
-Ahn, com licença. Eu te espero na sala, Gina. O Ed acordou. –falou ao ouvir o choro do bebê e saiu dali, tentando evitar olhar para o casal na cama.
-Acho que traumatizamos a Granger. –Draco riu.
-Isso não é pra se brincar. –a ruiva repreendeu-o, fazendo menção de sair da cama.
Draco puxou-a para si e sentou-a em seu colo:
-Aonde a Srta. pensa que vai? –perguntou, enlaçando a cintura dela.
-Draco, não. A Hermione tá me esperando.
-E você por acaso prefere ela do que eu? –fez-se de indignado.
-Draco, não venha com comparações idiotas. –e saiu do colo dele –Sei que está fazendo isso porque nunca gostou da Hermione. Mas ela é legal e é minha amiga. Está na hora de você amadurecer.
Malfoy lançou um olhar de afronta para Gina:
-Eu sou maduro, Virginia. Você vai ver só. –e levantou-se da cama, começando a vestir-se.
Assim que ambos estavam vestidos e tinham feito sua higiene matinal, Draco pegou a ruiva pela mão e puxou-a para a sala:
-Olá, Granger. –ele falou e inclinou-se, beijando uma das faces da morena, que ninava o filho e pareceu mais que surpresa pelo gesto do loiro.
-É Weasley agora, Malfoy. Mas como seria estranho você me chamar assim e você está tendo um relacionamento com a Gina, me chame de Hermione.
-Ok. Como vai o Weasley, digo...Ronald?
Hermione levantou ambas sobrancelhas e lançou um olhar suspeito para Gina:
-Ele vai bem, só não entendo porque você se importaria.
-É meu cunhadinho. –ele deu de ombros –E então esse é o seu filho, certo? Como é mesmo o nome dele?
-Edward.
-Escolheram bem.
-Hum, Malfoy. Eu vim conversar com a Gina sobre algo particular e...
-Eu posso perfeitamente bem ouvir. A Gina não tem segredos comigo. –ele respondeu, calmamente, sentando-se no sofá.
Gina engoliu em seco com o que ele tinha dito e Hermione disse:
-Quero conversar sobre ontem. Vai mesmo deixar ele ouvir nossa conversa?
-Sim...Eu já contei a ele sobre a suspeita de gravidez. –ela falou e sentou-se ao lado de Draco que enlaçou uma mão na dela.
-Então agora você concorda que não é impossível estar grávida? –Hermione sentou-se no outro sofá, ainda com o filho nos braços.
-Sim. Eu descobri ontem que a poção que eu estava tomando era contra dor-de-garganta.
-Ixi, eu sei como elas são parecidas. –disse e então se virou para o loiro -O que você pretende fazer se a Gina estiver mesmo grávida, Malfoy?
-Eu estou me divorciando da Parvati. Tenho um advobruxo com os papéis prontos. A Parvati assinará assim que sair de casa. A Virginia vai morar comigo e eu assumirei a criança.
-Hum...E quando você pensa fazer uma consulta para descobrir se está mesmo grávida, Gina?
-Eu gostaria de que você fosse a medibruxa com quem vou me consultar. Estava pensando em ir hoje no St. Mungus para marcar a consulta para segunda-feira à tarde.
-Não precisa marcar, amiga. Apenas apareça e eu te atenderei, ok?
-Hermione...-Draco disse e pausou, percebendo o quanto dizer o primeiro nome dela soava estranho vindo de si –Posso te pedir um favor?
-Qual?
-Posso pegar um pouco o seu filho no colo?
A morena ficou novamente surpresa, mas assentiu, levando a criança até onde Draco estava e passando a ele com cuidado. Num primeiro momento, Draco apenas observou o bebê. Seus olhos eram azuis como os do pai e surpreendentemente os cabelos não eram ruivos e sim castanho-claros.
“Parece tão delicado...E apesar de ser filho da Granger e do Weasley é bem bonitinho.” Pensou.
-Oi Edward. –disse calmamente e o pequeno pareceu sorrir e acabou pegando o dedo indicador de Draco.
Ao perceber que as mãozinhas de Ed estavam molhadas de baba e por isso deixando o dedo dele babado, Draco puxou o dedo. O movimento foi mais brusco do que ele pretendia e então a criança começou a chorar. Hermione pegou o filho no colo novamente:
-Shiu. Calma, Ed. Não foi nada.
-Desculpe. –Draco murmurou e era sincero.
-Não foi nada, Malfoy. Você apenas não tem jeito com crianças, é natural. O Rony também não tinha.
Ainda assim, ele não se sentiu melhor. Ter sido comparado e considerado igual a Ronald Weasley não era para ele a melhor das coisas:
-Eu vou ser um péssimo pai. –ele comentou, desanimado.
Hermione pensava “Homens são todos iguais, só mudam de endereço. Não sei quantas vezes já ouvi o Rony dizendo isso.”
Gina abraçou-o:
-Não vai não.É só falta de costume. Você será um ótimo pai, Draco. –e deu um selinho nele, que o loiro aprofundou.
-Hem, hem. –Hermione pigarreou –Não é por nada não, mas eu ainda preciso de mais tempo para me acostumar com a idéia de que vocês dois estão juntos. Então se puderem não se agarrar na minha frente, eu agradeço.
Draco sorriu maliciosamente, tinha várias repostas afiadas para dar a ela e teve que se controlar para não dizê-las:
-Tudo bem. –ele respondeu e em seguida levantou-se –Eu vou indo, Gina. Vou deixar você à vontade com a sua amiga. Amanhã a gente se vê. Até mais, Hermione. –e ele despediu-se dando um beijo no rosto dela novamente.
Gina acompanhou Draco até a porta:
-Arrancou algum pedaço seu ser educado com ela? –perguntou, um tanto manhosa, abrindo a porta e deixando que ele passasse por ela.
-Não. Eu apenas tive que contradizer os meus princípios de “Desprezo o Potter e Companhia”. –foi irônico.
A porta ainda continuava aberta e apostando que Hermione poderia vê-los, Draco quis provocar a cunhada de Gina. Trouxe a ruiva contra si, enlaçando-a fortemente pela cintura e alcançou os lábios dela. Ele pressionou as costas de Gina contra o batente da porta e beijou a Weasley com vontade. Após dar-se por satisfeito com aquele senhor amasso, ele soltou-a e ainda deu-lhe um selinho antes de dizer:
-Até logo. –e deu uma piscadela, em seguida afastando-se dela.
Gina deu um profundo suspiro que dizia com todas as letras “Eu estou completamente derretida por Draco Malfoy” e fechou a porta com um ar sonhador. Caminhou até Hermione e assim que se sentou no sofá falou:
-Aqui estou, Mione.
-Você quer dizer, o seu corpo está. Porque aposto que a sua alma foi sugada pelo Malfoy depois daquele beijo. Se com isso vocês já se empolgaram, não quero nem imaginar o que fazem na cama.
Gina voltou bruscamente à Terra e encontrava-se extremamente corada:
-Mione! E-eu...o Draco não deixa que eu exatamente pense quando faz isso, sabe?
Hermione deu um sorriso safado:
-Pelo que você já tinha me contado, ele é bom de cama, né?
-Muito. Mais que bom, ele é ótimo. –ela falou automaticamente e quando se deu conta do que tinha dito, ficou ainda mais vermelha e levou a mão temporariamente à boca –Bem...Não que eu tenha muita base de comparação... –tentou consertar –Ai, Hermione! Viu o que você faz?
-Eu faço? –ela perguntou, inocentemente.
-Sim. Você me deixa muito encabulada quando me faz essas perguntas indiscretas.
-Gina, você já se deu conta do quão perdidamente apaixonada pelo Malfoy está? –a morena adquiriu um tom sério.
A ruiva suspirou tristemente:
-Pior é que eu tenho...Acho que nem com o Harry era assim. Eu o amava, mas nunca houve tanto fogo de paixão entre nós como há entre Draco e eu. Estou perdida, Mione. Quando não o vejo, o dia não parece estar completo. Eu fiquei dependente demais dele. Eu, Hermione! Como é que isso foi acontecer? Como?!? –encarou a amiga e em seus olhos havia desespero.
-Quer mesmo que eu responda? Porque eu tenho algumas boas razões para isso...Ele é atraente e você já se sentia atraída por ele antes, você conheceu uma parte dele que você não sabia existir...
Gina cortou-a:
-Tá bom, chega de motivos!
-Mas Gina, o que você vai fazer sobre o “Dossiê Draco Malfoy”? Esqueceu qual foi o motivo que te levou a trabalhar pra ele?
A advobruxa afundou a cabeça no braço do sofá e disse numa voz abafada:
-Eu sei disso, Mione. Mas se eu estiver mesmo grávida...Eu não poderia fazer isso com o pai do meu filho. Sacrificar o amor que eu sinto por ele seria mais que doloroso, mas sacrificar o direito da criança ser feliz e ter um pai é inadmissível. O que eu iria dizer? “Papai tá em Azkaban porque a mamãe o colocou lá”? Eu sei que o Draco não é nenhum santo, Mione, e também sei que eu prometi trancar o Draco em Azkaban...É tão difícil pra mim, Mione.
Hermione abraçou Gina e sentiu que a ruiva começava a chorar.
“Eu sei que realmente é uma situação difícil, mas a Gina deve estar muito sensível para chorar assim. Ela evita o máximo chorar na frente dos outros. Tenho quase certeza de que ela está grávida.” Pensou, acariciando as costas da amiga.
-Calma, Gi. Vai ficar tudo bem, você vai ver.
-É o que eu mais quero, Mi. –respondeu, em tom choroso.
***
Assim que chegou na Mansão Malfoy, Draco foi direto tomar banho. Estava no chuveiro quando ouviu passos e em seguida a porta do Box abriu-se violentamente:
-SEU INSENSÍVEL MISERÁVEL! –Parvati gritou –Você podia ter me avisado ao menos que ia passar a noite fora! Eu fiquei preocupada, pensando se algo de ruim tinha acontecido com você...
-PÁRA! Pára já com isso, Parvati. –ele respondeu, ríspido –Aliás, quem você pensa que é para invadir o banheiro enquanto tomo banho?
-Sua esposa! –respondeu automaticamente, como se fosse óbvio.
-Não por muito tempo! –ele disse e fechou o Box com força.
Parvati olhou com ódio para a sombra do loiro que ela podia enxergar através do material translúcido.
“Aquela Weasley desgraçada! Nunca mais o Draco quis encostar em mim ou sequer dividir a mesma cama comigo após aquela noite em que anunciou que queria se separar. Grr! Que ódio! O DRACO É MEU! MEU E MEU!” bufou e saiu pisando duro.
Assim que ouviu o barulho da porta do banheiro batendo, Malfoy deu um soco na parede. Sim, aquilo tinha doído, mas ele sentira a necessidade de extravasar a raiva. A convivência com Parvati ia ficando pior a cada dia. Ela cobrava as ausências dele, queria saber aonde ia, que horas voltava e por várias vezes tentara se insinuar para ele.
“Digno de pena. Amanhã à noite mesmo eu darei o ultimato. A Parvati terá que deixar essa casa por bem ou por mal.” Foi o que ele decidiu.
Para melhorar o estado de espírito do Malfoy, o celular dele tocou no meio da noite. Tateou até encontrar o aparelho e então o pegou:
-Quem é o cretino que ousa me perturbar a essa hora? –e a pessoa do outro lado da linha nada disse –Mas que diabos...
A fala do loiro foi interrompida:
-Malfoy, é você? –a voz de Percy perguntou, um tanto temerosa.
-Não, é Merlin vestido pra dançar cancan. –de sua voz pingava sarcasmo.
Do outro lado, Percy fez um barulho indicando impaciência:
-Não liguei só para ouvir os seus magníficos comentários, se é o que quer saber.
-Então diga que merda você quer, Weasley. Eu estava dormindo, caso você não saiba.
O ruivo ignorou a reclamação de Draco e falou:
-Eu te vi saindo do prédio onde a minha irmã mora.
-E daí? –perguntou, antes de bocejar –Virginia é minha funcionária e...
Foi cortado:
-Acontece que eu vi você entrando no prédio ontem. –e deu uma pausa, na qual Draco estava se preparando para dizer outro “e daí” e inventar alguma desculpa, mas Percy continuou –Com a mesma roupa que você saiu hoje.
Draco deu um profundo suspiro:
-O que você quer que eu diga? O que quer ouvir ou o que é verdade? –comentou, calmamente.
Percy ficou bravo:
-Estamos falando da minha irmã caçula, Malfoy! Eu não vou deixar que ela...
-Tarde demais, Weasley.
-Ora, seu...
-Ei, ei. Calminha aí. As minhas intenções com ela são as melhores.
-Assim como eram com a Chang? –o ruivo alfinetou.
Foi a vez de Draco ficar bravo:
-Olha aqui, Weasley. Não faça comparações sobre coisas que você não sabe. Agora vá transar com a sua mulher que você ganha mais e pare de se meter na minha vida querendo saber com quem eu transo ou deixo de transar.
-Eu sabia! Não vou permitir que você transforme a Gina numa das suas meretrizes.
-Cala a boca, Weasley! Quem manda em você sou eu e não o contrário. Você está me deixando com dor-de-cabeça. Se quiser falar sobre isso, vá amanhã de manhã a M Corporation e conversaremos. Agora por tudo que você mais preza me deixe dormir ou eu não me responsabilizo pelos meus atos.
-Ok, Malfoy. Amanhã vou acertar as contas com você. –ele falou seriamente e Draco revirou os olhos –Até.
-Boa noite pra você também. –falou ironicamente e em resposta o ouviu bater o telefone.
“Ah, agora sim posso dormir em paz. Descontei minha raiva em alguém. Se bem que eu acho que deixei o Weasley bravo demais. Ah, mas amanhã eu arrumo as coisas e pronto.” Pensou antes de deitar novamente a cabeça sobre o travesseiro e fechar os olhos.
***
Manhã de segunda-feira, prédio da M Corporation.
Gina andava distraída pelo Saguão de Entrada da M Corporation. Pensava na consulta que faria à tarde e repreendia-se por não estar pensando na audiência com um juiz que teria em 2h. Entrou no elevador vazio e logo atrás de si, o loiro entrou:
-Bom dia, Virginia. Eu estava esperando você chegar, então estava fazendo hora conversando com um funcionário da portaria. –falou, enlaçando-a pela cintura.
-Bom dia, Draco. E, hum...eu já te disse milhões de vezes...
Malfoy colou os lábios nos dela e deu-lhe um beijo sôfrego e apaixonado, ao que a ruiva correspondeu avidamente. Assim que ele separou suas bocas, perguntou cinicamente:
-O que você dizia mesmo?
No entanto, para a surpresa do loiro, ao invés do olhar de ódio mortal e sermão usuais, ela respondeu:
-Dane-se o que eu dizia. –e então empurrou Draco contra uma das paredes para depois puxá-lo pela gravata.
“Se ela pretende me enlouquecer, está no caminho certo. Como é que ela pode querer me incendiar desse jeito nesse lugar?!?” pensou ao sentir a ruiva acariciando partes sensíveis de seu corpo.
Com um último selinho, no qual ela mordeu levemente o lábio inferior do Malfoy, finalizou o beijo. Draco mirou-a com desejo e ao mesmo tempo surpreso:
-Que atrevimento, Srta. Weasley. –ele falou, brincalhão, dando-lhe um leve tapa em uma das nádegas.
-Que animação, Sr. Malfoy. –ela disse olhando para um já perceptível volume na altura da braguilha da calça social que ele usava.
Para finalizar seu comentário com chave de ouro, ela deu um beliscão na bunda dele para rivalizar o tapinha. Em seguida a porta do elevador abriu-se e a ruiva saiu deixando para trás um Draco desconcertado e com bochechas coradas.
Por alguns segundos, Malfoy observou Gina sair e caminhar para longe dele. Mas então, como se tivesse acontecido um click dentro dele, o loiro também saiu do elevador e fez o mesmo caminho que a advobruxa fazia. A sala dele era a última, mas ele não estava planejando ir para sua sala agora, não depois do que tinha acontecido no elevador...
“Isso não vai ficar assim.” Foi tudo o que pensou.
Draco entrou na sala da ruiva, poucos segundos depois que ela:
-Alohomora. –fez questão de trancar a porta.
-Draco, o que você...? –ela perguntou, sem entender, enquanto ele se aproximava dela com um olhar faminto.
Quando chegou perto o suficiente, sussurrou roucamente no ouvido dela:
-Eu preciso de você, Virginia. Agora.
Um arrepio percorreu o corpo dela. Como se não bastasse a voz incrivelmente sexy e provocante, ele tinha também de roçar aqueles tentadores lábios rosados por seu pescoço? Como resistir? Contra toda sua sensatez, a qual regia sua vida por muitas vezes, ela perguntou:
-Mesa ou sofá?
Com um sorriso safado, Draco respondeu:
-Os dois. –e passou a beijar pra valer o pescoço dela.
Gina fechou os olhos:
-Draco, você sabe da possibilidade, não sabe? –perguntou, ainda tentando pensar.
-Sei. Mas que se dane. Seja qual for o resultado, eu vou estar com você. –ele respondeu e para a ruiva foi o suficiente.
Virginia puxou-o contra si. Queria senti-lo de novo e tão intensamente quanto possível, como se fosse a última vez...Fazia apenas alguns dias que não faziam amor, mas para eles pareciam meses. Sentiam uma necessidade desesperada de se amarem que necessitava ser satisfeita.
Olhos nos olhos. Draco focava seus olhos cinzentos nos castanhos dela, enquanto a carregava e a fazia sentar-se sobre a mesa. Nessa hora, Gina agradeceu o fato de ser organizada e não deixar nada sobre a mesa quando terminava o expediente. A ruiva passou uma mão pelo rosto de Malfoy, acariciando-o. Draco fechou os olhos languidamente, concentrado em sentir a textura macia da mão dela.
Ao vê-lo de olhos fechados, parecendo tão inofensivo e entregue, aumentou ainda mais a libido que corria nas veias de Virginia Weasley. Queria bagunçar aqueles cabelos loiros claríssimos, ver o brilho intenso daquele mar acinzentado, ouvir a sinfonia dos gemidos instigantes dele em seus ouvidos. Naquele instante sabia que o tinha nas mãos.
-Meu loiro. –ela murmurou contra os lábios dele.
-Minha ruiva. –ele murmurou de volta, abrindo os olhos e subindo a saia dela.
Gina tirou o terno de Draco e ergueu a camisa dele, para que seus dedos delicados pudessem deslizar levemente pela barriga dele, causando nele um observável tremor, ao que ela riu levemente.
-É assim, é? –perguntou e vingou-se fazendo cócegas.
-Draco!
Ele parou:
-Sim, estávamos fazendo coisas mais interessantes antes. –e deu um sorriso carregado de segundas, terceiras e até quartas intenções.
-Concordo. –ela disse, arranhando as costas dele em gesto de provocação.
Draco posicionou-se entre as pernas dela e beijou-a de forma lenta, fazendo movimentos de sobe e desce com suas mãos pelas coxas dela, no mesmo ritmo do beijo. Gina apertou o corpo dele contra o seu o máximo que pôde enquanto ameaçava arrancar o cinto dele, o que ela logo acabou fazendo. Estava disposta a fazê-lo aumentar a velocidade daquele beijo e das carícias. Ela abriu o botão e em seguida desceu o zíper. Abaixou a box o suficiente e passou a estimular o membro teso dele, não que estivesse parecendo que precisasse de algum estímulo a mais...
Diante de tal gesto de Virginia, Draco ofegou. O beijo tornou-se tremendamente necessitado e as mãos ansiosas dele já davam um jeito de puxar para baixo sua calcinha.
-Ah...Gina...isso...assim... –ele meio gemia, meio ofegava.
A respiração quente e descompassada do loiro somada às lamúrias que escapavam tão naturalmente dos lábios dele e aos olhos semicerrados como duas fendas felinas, faziam com que a advobruxa quisesse proporcionar cada vez mais prazer a ele.
Assim que Draco se viu livre da calcinha preta de renda que Gina estava usando, colocou as duas mãos dela atrás de seu pescoço e puxou-a contra si pela cintura. Ao senti-lo dentro de si de repente, uma reclamação escapou:
-Ai!
Malfoy ficou parado e encostou a testa na sua:
-Desculpa. Machucou? –perguntou, preocupado.
-Não. –ela murmurou suavemente –Tá tudo bem. –e pegou as duas laterais do rosto dele, trazendo os lábios dele até os seus.
Virginia apoiou-se nos ombros de Draco. Ele a torturava com movimentos lentos variando apenas na profundidade. Mordeu o lábio inferior e intensificou a pressão sobre os ombros dele:
-Draco... –a respiração dela era falha –Você é...mau...
-Ah é? –ele perguntou, com um sorriso cínico e acelerou seus movimentos.
-Uh...-fez Gina, jogando a cabeça pra trás e apoiando-se na mesa com suas próprias mãos –Se você parar...te mato. –ela ameaçou.
Malfoy usou a tática “deixa ela pensar que está no comando”. Por mais que Gina quisesse refrear seus gemidos, era quase impossível com a intensidade que se sentia unida a Draco. Ela reclinou-se ainda mais para trás, deitando-se sobre a mesa e fazendo Draco inclinar-se sobre si. Foi a vez do loiro apoiar suas mãos na mesa para manter o equilíbrio. Gina, por sua vez, passou suas pernas ao redor da cintura dele e os braços ao redor do pescoço dele. Repentinamente Draco parou. Os dois olharam-se fixamente. Ambos já possuíam vestígios de suor na pele. Gina reparou que a camisa dele estava amassada e parte dos botões não estavam mais ali. Ele tinha os cabelos desalinhados e alguns fios grudados na pele. Os olhos dele estavam com a tonalidade mais voltada para o azul e nos lábios podia notar-se um sorriso ladino.
-Draco, o que você tanto me olha? Eu devo estar horrível, o cabelo um...
-Nunca. –e deu um selinho nos lábios dela, para em seguida erguê-la e carregá-la para fora da mesa –Estava me perguntando se você vai realmente me matar.
-Se você não terminar o que começou pode ter certeza que a probabilidade de homicídio será bem alta. –ela sussurrou, provocante no ouvido dele, passando a ponta da língua pelo lóbulo da orelha dele para em seguida morder levemente.
-Consegue se segurar? –perguntou com a voz rouca e um tanto arrastada.
-Isso foi um desafio? –ela perguntou, mas não obteve resposta, pelo menos não uma verbal.
Malfoy prensou a Weasley contra a parede mais próxima. Ela o sentiu deslizar dentro de si. O calor começou tomar conta de seu corpo mais uma vez e ela sentia como se nunca fosse enjoar de fazer amor com ele. Draco distribuía beijos molhados no pescoço da ruiva enquanto sentia crescente prazer. O fato de fazerem isso dentro das dependências da M Corporation, o que era inviável, apenas aumentava o excitamento de ambos. A ruiva estava chegando ao ápice. Ela direcionou um breve olhar para cima:
-Oh Merlin! –e então olhou bem fundo nos olhos de Draco –Aaaaah... –deu um gemido mais longo que os anteriores e abraçou-o o mais forte que o seu corpo lânguido conseguiu.
Draco desencaixou-se dela e carregou-a até o sofá de couro branco, que fazia grande contraste com as madeixas rubras.
-Ainda não acabamos, Virginia. –Draco falou, lançando um olhar nem um pouco casto.
Ela sorriu:
-Então vem cá, loiro insaciável. –fez um gesto com a mão, chamando-o.
Ele sentou-se ao lado dela no sofá e tomou-lhe as mãos, beijando-as. Virginia quase suspirou em derretimento por aquele gesto. Terminou de abrir a camisa dele e atirou-a num canto. Agora podia correr seus dedos pelo tronco dele como desejava. Puxou-o pela gravata e beijou-o calmamente como se quisesse decorar cada sensação avassaladora que aquele toque poderia causar. Draco abriu a camisa preta e outrora bem passada que a ruiva vestia. Tamanha ansiedade ele tinha para tocá-la novamente que nem percebeu onde jogou a camisa dela e já partiu para desabotoar o sutiã. O loiro já tinha se segurado demais, queria que ela o levasse ao auge do prazer. No entanto, a despeito da pressa que Malfoy tinha em se unir a ela mais uma vez, ele deu mais que devida atenção aos seios dela. Ele acariciava, beijava com entusiasmo. Podia ouvir a respiração cada vez mais ruidosa e alguns gemidos da advobruxa quando sugava ou mordia de leve. Sentia as mãos dela bagunçando o seu cabelo e ele poderia jurar que talvez ela nem mais tivesse consciência de quais caminhos suas mãos percorriam nos fios platinados.
Quando ele parou, ela já estava excitada de novo, os enrijecidos e rosados bicos dos seios diziam isso claramente. Gina fez o que pôde para tentar baixar a calça do loiro, mas na posição em que ele se encontrava era complicado. Ele deu um sorriso charmoso, achando graça nas tentativas frustradas dela em livrá-lo da peça. Levantou-se por um instante e rapidamente livrou-se de suas calças e da cueca box preta. Virginia passou a ponta da língua por seus lábios para atiçá-lo, o que funcionou muito bem. Draco ajudou-a a livrar-se da saia, única peça remanescente no corpo esguio da Weasley. A ruiva inverteu as posições, queria comandar. Passou as mãos pelo corpo dele, provocante. Com um sorriso malicioso sentou-se sobre ele, permitindo-se ser penetrada. Malfoy ofegou e era visível que estava no limite de seu autocontrole. Aproveitando-se da ansiedade de Draco, Gina inclinou-se um pouco e encarando-o, pegou a mão direita dele e levou o dedo indicador dele a boca. Sugou-o e mordeu levemente. Definitivamente, aquilo estava tirando-o do sério:
-Depois eu que sou mau... –tentava ainda controlar-se e então ela passou a rebolar lentamente por cima dele–Uh...Você vai pro inferno, Virginia... –ele murmurou.
-Calma, amor. –ela falou em tom zombeteiro e o loiro percebeu isso.
“É assim, é?” pensou antes de levar suas mãos aos lados do quadril da Weasley e começar a movimentá-la do jeito que ele queria.
Gina apoiou melhor suas mãos no peitoral de Draco, para que não perdesse o equilíbrio. No entanto, não precisou preocupar-se com isso por muito tempo. O loiro virou o jogo e decidiu-se não se vingar da ruiva também com movimentos lentos. Não agora que se encontrava tão excitado, ainda mais por estar em posição de domínio. Virginia sentia-se à completa mercê de Draco. Os pensamentos racionais pareciam fazer parte de um passado distante e tudo o que importava era aquele momento. Passou suas pernas pela cintura do loiro e enterrou suas unhas nas costas dele enquanto o puxava contra si. Nem tentavam controlar o volume dos gemidos e das poucas e curtas palavras que saíam de seus lábios. Por sorte a sala era enfeitiçada para ser imperturbável e assim não teriam como ser ouvidos pelo lado de fora.
Draco encontrava-se inteiramente inebriado. Aquela mulher o fazia perder o chão. Odiava pensar em outros caras dando em cima dela. Queria que todos soubessem que ela era sua. Mas para o bem de ambos, sabia que deveria esperar até que pudessem aparecer em público como um casal. Agora que acreditava na existência de amor, prometeu a si mesmo que nunca permitiria que ela o deixasse.
Com um gemido mais longo e um estremecer de corpos, provaram do néctar dos deuses. O loiro tombou a seu lado, respirando aceleradamente assim como Gina. Ela o abraçou e afagou os cabelos dele com carinho. Ela ergueu um pouco o queixo dele, fazendo-o focar seus olhos nos dela:
-Eu te amo, Draco.
Ele percebeu que ela estava com uma cara de fala-pra-mim-de-novo e então disse pela segunda vez que a amava:
-Eu também te amo, Virginia. –e ela presenteou-lhe com um belo sorriso.
Meia hora depois Virginia chegava à audiência com o juiz. Consideravelmente atrasada, mas totalmente apresentável (o que a magia não faz?) e com um sorriso eu-tenho-32-dentes.
***
Mais tarde, naquele mesmo dia.
Virginia estava dentro da sala de Hermione no St. Mungus. As duas esperavam por Malfoy.
-Gina, tem certeza que não quer começar a consulta? –a morena perguntou pelo que pareceu ser a décima vez.
-Não, Mione. O Draco já vai chegar, não seja tão impaciente.
Hermione revirou os olhos e bufou. Será que o Malfoy era insolente o suficiente para chegar atrasado de propósito? Era o que perguntava-se, quando ouviram batidas à porta.
-Entre. –Hermione concedeu.
Era Draco. Ele entrou, fechando a porta e caminhando-se até as duas. Deu um beijo na face da medibruxa:
-Olá, Draco Atrasado Malfoy. –ela não pôde deixar de dizer.
Ele ignorou o comentário dela e voltou-se para Gina. Beijou-a brevemente, pois não estava com paciência para agüentar Hermione falar que eles estavam se agarrando na frente dela:
-Desculpe o atraso, Virginia. Tive um almoço de negócios e o cara era muito ressabiado. Demorei a convencê-lo a fazer o que eu queria. Não foi minha intenção demorar tanto. –mentiu, a verdade era que o almoço fora com Percy Weasley e ele não gostaria de falar sobre isso na frente da medibruxa.
-Tudo bem. O importante é que você está aqui. –Gina sorriu.
-Hum...Desculpe interromper, mas temos que fazer os exames. É perfeitamente simples. O que irei fazer é colher uma amostra sua de urina e fazer com magia uma ultra-sonografia da sua barriga. –falou e entregou à Gina um potinho –Vá ao banheiro e traga uma amostra de urina.
-Já volto. –falou, principalmente a Draco, lançando-lhe um olhar que dizia claramente que ele deveria se comportar.
Draco sentou-se na cadeira que Gina estivera sentada. Um silêncio incômodo pairava no ar. Até que ele resolveu perguntar:
-Acha mesmo que ela está grávida?
-Ao que tudo indica sim. Ela tem os sintomas. Mas ainda há a possibilidade de ser uma gravidez psicológica. A Gina trabalha demais, poderia ser uma forma do corpo dela pedir que ela não se cobre demais.
-Bem, eu sou suspeito para falar sobre quantidade de horas trabalhadas. Mas tenha certeza que eu não a obrigo a trabalhar tanto, ela faz porque quer. Eu adoraria fazer uma longa viagem com ela no meu iate, mas não posso. O máximo que posso é viajar com ela a trabalho e tomar muito cuidado quando saímos juntos para que não pensem que há algo entre nós. E ainda assim, eu aposto que tem gente que já desconfia. Esquece, você nunca teve que namorar escondida com o Ronald, não entenderia.
-Não é porque não vivenciei que eu não entenda, Malfoy. Antes do tribunal em que a Gina te acusou, as pessoas apenas achavam que havia a possibilidade de você ser adúltero, mas depois elas tiveram certeza. E começaram a falar que todas as mulheres que foram vistas com você tinham sido suas amantes. Você sabe como a sociedade vê mal as “destruidoras de lares”, não é mesmo? É por isso que você tenta ter cuidado para não dar provas concretas que você e a Gina tem um relacionamento, certo? Estou certa em dizer que você quer proteger a reputação dela?
O loiro sorriu:
-Nunca dei o devido crédito a sua inteligência, Granger. Parabéns.
A morena sorriu de volta:
-Você só está tentando me tratar melhor por causa da Gina.
-Não precisa esfregar na cara. –ele retrucou.
-Isso o torna mais merecedor dela, Malfoy. Ela está completamente apaixonada por você e pelo visto você não se encontra em situação muito diferente. Mas...se você magoar a Gina, vai perder toda a minha consideração.
-Muito tocante, Granger. –ele respondeu, irônico –Você é a mãe dela por acaso? Não, não responda, porque é óbvio que não é. Mas por que é que todos acham que eu vou magoá-la?
-Amor não é o suficiente para não se magoar alguém.
Antes que qualquer um dos dois pudesse falar mais alguma coisa. Gina estava de volta:
-Muito bem. –ela falou –Aparentemente não houve nenhum duelo mortal. Viu só? Nem foi tão difícil assim.
Como nenhum dos dois disse nada, a ruiva deu de ombros e colocou o potinho fechado em cima da mesa da medibruxa. Hermione foi até um armário e retirou de lá um teste de gravidez trouxa. Abriu o potinho e seguiu todas as instruções da caixinha do teste e deixou sobre sua mesa. Os três ficaram olhando em silêncio. Uma fina linha azul formou-se. A morena apenas ergueu as sobrancelhas e sem explicar qualquer coisa, foi até o leito do consultório e disse:
-Gina, venha até aqui.
Sem questionar, a ruiva obedeceu. Draco seguiu-a. Gina deitou no leito e segurou a mão de Draco, que estava parado, em pé, ao lado dela. Hermione sacou a varinha, fechou os olhos e fez um feitiço não-verbal. Passou a varinha lentamente por sobre o ventre de Gina. Após alguns poucos minutos que pareceram horas, ela finalizou o feitiço.
A morena caminhou para sua mesa e sentou-se na sua cadeira. Pegou um pergaminho, uma pena e um tinteiro. Molhou a pena e começou a escrever.
Draco ajudou a ruiva a descer do leito e os dois foram até a medibruxa:
-E então, Hermione? –ela perguntou, impaciente –Quer nos matar de curiosidade?
A morena terminou de escrever e então os encarou:
-Gina, eu não sei se darei a notícia que vocês querem ouvir. Hum, mas de fato você está grávida. Pelo nível de desenvolvimento do embrião, posso dizer que você está grávida há mais ou menos um mês.
A ruiva engoliu em seco:
-Eu vou ser mãe... –murmurou com um tom perdido, de quem estava sem chão.
Draco também passava por sua dose de torpor. A suspeita era uma coisa...Agora eles tinham a certeza. Ele abraçou a ruiva.
-Draco...eu nem sei o que dizer. –falou, devolvendo o abraço dele e lágrimas brotaram de seus olhos.
-Não chore, Virginia. –ele falou, carinhosamente, limpando as lágrimas dela –O que foi feito, foi feito. Além do mais, minha mãe está louca para ganhar netinhos.
-Mas e você, Malfoy? Quer ser pai? Se sente preparado para isso? –Hermione perguntou.
-Vou fazer o meu melhor, se é o que quer saber. –ele respondeu, neutro.
-O que quero saber é se está feliz com a confirmação. –insistiu.
-Pára, Hermione. Pare de tentar forçar o Draco a responder coisas que ele não quer. -Deixa, Virginia. Acontece que a sua amiguinha quer encontrar motivos para te convencer que eu não sou o homem ideal pra ficar com você. Sinto desapontá-la, Hermione Weasley, mas não vai conseguir.
A morena sorriu:
-Posso estar tentando encontrar tais motivos, mas torço para não encontrá-los. –e passou a Gina o pergaminho em que estivera escrevendo –Aqui eu prescrevi uma dieta rica em cálcio, ferro, proteínas, ácido fólico e líquidos. Além de poções para alguns dos sintomas mais freqüentes. Parabéns, Gina, eu sei que você será uma ótima mãe. Hum, e parabéns também, Malfoy.
Os dois despediram-se de Hermione e saíram de lá, lado a lado, mas não de mãos dadas. Saíram pela entrada trouxa do hospital e entraram na limusine de Draco. Virginia olhava pela janela e seu olhar parecia perdido. De repente ela sentiu Malfoy enlaçar suas mãos e então ela voltou seu olhar para ele:
-Virginia, não fique assim. Eu estou feliz por termos essa criança. Já disse que não consigo imaginar melhor mãe para os meus filhos que você, vejo como trata a Evelyn. Eu apenas não esperava que isso fosse acontecer agora. –e aconchegou-a em seus braços –Vai dar tudo certo, seremos uma família.
-Eu estou preocupada, Draco. O que é que a minha família vai dizer disso?
A família inteira de Gina, ele não sabia. Mas ele torcia para que a reação dos outros não fossem ainda piores do que a de Percy Weasley...
***Flashback***
Draco estava com um ar completamente satisfeito quando passou por Samantha Parker:
-Bom dia, Samantha.
-Bom dia, Sr. Malfoy. Devo avisá-lo que tem alguém na sua sala.
-Tão cedo e o Blás já vem me importunar? –disse em tom brincalhão.
-Bem...Não é o Sr. Zabini. É Percy Weasley. Eu disse a ele que o senhor ainda não tinha chegado e que ele não poderia esperar lá dentro, mas ele não quis me ouvir. –defendeu-se, enquanto colocava uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.
-Está tudo bem. –o tom do Malfoy mudou para sério –Não quero ser interrompido, Samantha. –e caminhou, decidido, até sua sala.
Draco entrou e fechou a porta para depois se encaminhar para sua mesa. Percy estava sentado em frente a ela:
-Bom dia, Weasley. –Draco estendeu a mão, mas Percy não a apertou e lançou-lhe um olhar de profundo ódio.
Draco respirou profundamente e sentou-se em sua cadeira atrás da mesa, ficando de frente para o ruivo:
-Muito bem, em que posso ajudá-lo? –perguntou, com a máxima calma que conseguiu aparentar.
-Já esqueceu da conversa que tivemos pelo telefone, Malfoy?
-Como poderia esquecer a sua doce e calma voz me acordando? –perguntou, irônico.
-Não estou com paciência para as suas graças. Vim aqui para tirar satisfações. A Gina é minha irmã caçula, você não pode...
-Não me venha dizer o que eu posso ou não fazer, Weasley. Além do mais a sua irmã já é bem crescidinha e sabe o que faz. Aí está a sua explicação.
Percy parecia controlar-se para não partir para um duelo ou mesmo agressão física. A última opção parecia ser melhor para extravasar sua raiva, mas ele teria muito a perder com aquilo. A começar pelo seu físico que deixava a desejar em músculos perto do de Draco.
-Quantas vezes? –forçou calma em sua voz.
-Quantas vezes o quê? –o loiro perguntou, um tanto distraído, já que estivera pensando em seus momentos com Gina há pouco na sala dela.
-Quantas vezes você forçou a minha irmã a ir para a cama com você?
-Nenhuma. Eu nunca a forcei. Que tipo de homem você acha que sou, Weasley, um estuprador? Faça-me o favor! Como se eu precisasse obrigar uma mulher a...
-Tá bom, Malfoy. Mas como é que você queria que eu aceitasse que a Gina foi pra cama com você por livre e espontânea vontade? Ela sempre foi...
-Adepta das regras dos grifinórios metidos a perfeitinhos. –Draco cortou o ruivo –Eu não te escondi que desde o começo achei a sua irmã atraente.
-Mas eu ainda não consigo entender. A Gina não é o tipo de mulher que se contenta em ser a outra. Eu conheço a minha irmã há bem mais tempo que você e posso afirmar que ela sempre foi assim.
-Ponto pra você, Weasley. Ela realmente não se contenta em ser a outra.
-Então espere aí um instante. O advobruxo especializado em casos cíveis que você pediu que eu indicasse era pra você? Eu entendi bem? Você está se separando da Parvati por causa da Gina?
-Bingo, Weasley. Já estava achando que precisaria desenhar...Mas pelo visto, ainda sobrou capacidade dedutiva nessa sua cabeça. Ainda honra a fama de inteligente que tinha em Hogwarts.
Percy arrumou-se na cadeira e parecia menos bravo. Aquilo era o máximo de elogio que conseguiria de Malfoy, ele sabia. E também sabia que se não fosse de valia para o loiro, ele não estaria dignando-se se explicar.
-Quais são suas intenções com a minha irmã? Ela já sofreu demais por causa do Potter. Pode ser difícil alguém entrar no coração da Gina, mas quando ela ama é intensamente. Se você pretender usar a minha irmã e depois abandoná-la com o coração partido, juro que não serei nem um pouco compreensivo.
-Oh, não sabia que Weasleys também faziam ameaças. –ele zombou, mas em seguida disse seriamente –Você não deveria se preocupar. A Virginia está em boas mãos.
***Fim do Flashback***
-Não sei, Virginia. Mas não acha que já é adulta o suficiente para se preocupar tanto assim com o que sua família irá dizer? A vida é sua. Além do mais, se você estiver feliz, eles também estarão felizes. Não é assim que deve ser na sua família certinha e grifinória?
-Mais ou menos. –sorriu timidamente.
-Como foi a audiência com o juiz? Espero que o seu atraso não tenha sido prejudicial.
-Não se preocupe, correu tudo bem. Um certo loiro maravilhoso me deu inspiração, sabe?
-Hum...E quem seria tal cara? Não admito competições...
-Nem uma competição consigo mesmo?
Ele riu e então mudou de assunto:
-Hum, eu estava pensando...Sei que tenho muitas coisas para fazer na M Corporation, mas nós precisamos comemorar. O que acha de alugarmos alguns filmes e depois sairmos pra jantar?
-Draco, tem certeza que podemos nos dar ao luxo de fazer isso? –perguntou, incerta.
-Sim, nem que tenhamos que fazer hora extra amanhã. –ele respondeu.
-Eu e você, na M Corporation sozinhos após o expediente? Isso soa bem sugestivo... –acariciou a parte interna da mão dele.
-Não me tente, Virginia. Quando eu disse trabalho, eu realmente quis dizer trabalho. Mas posso pensar no seu caso...
Os dois foram até uma locadora e alugaram dois filmes. Um escolhido pelo Malfoy e o outro pela Weasley. O que ele tinha escolhido era “O Poderoso Chefão” e ela tinha escolhido era “Amor à 2ª vista”. Assistiram no apartamento dela, comendo pipoca. Tomaram banho e se vestiram. Draco já tinha uma gaveta com suas roupas no guarda-roupa da ruiva. Ele fez questão que ela se esmerasse na aparência, pois iriam jantar em um restaurante bem requintado. O restaurante ficava na cobertura de um hotel. Os dois ficaram em uma mesa que ficava localizada em um local mais reservado. Como não era aconselhável que a Weasley consumisse bebidas alcoólicas, Draco pediu apenas drinques sem álcool. Conversaram sobre diversas coisas, inclusive sobre a escolha do nome do bebê:
-Eu pensei em Alexander para menino. E Elise para menina. O que acha?
-Eu gosto. –ela respondeu e Draco passou a mão levemente pela barriga dela.
Gina comeu um pouco mais que o normal, Malfoy percebeu. Assim que já estavam na limusine, ele disse:
-É bom que coma mais mesmo. Assim, o nosso filho vai ser tão saudável e bonito quanto o pai.
-Haha, mas e se for menina?
-Eu espero que ela seja incrível e linda como a mãe.
-Você sabe mesmo como derreter uma mulher, não? –ela perguntou e ele respondeu-lhe com um beijo.
Ao chegarem à porta do apartamento, Gina falou:
-Hoje foi um dia maravilhoso, Draco. Obrigado por ser tão compreensivo comigo. Faz tudo valer a pena. –ela sorriu.
-Não foi nada. –deu um casto beijo em uma das mãos dela, como um perfeito cavalheiro -Agora, infelizmente tenho que ir. Está na hora da Parvati deixar de ser folgada e sair de uma vez da minha casa. –completou, seriamente e ela viu um brilho de raiva passar pelos olhos dele, o que a fez se afastar um pouco –O que foi?
-Nada. Apenas um pouco de tontura. –ela mentiu.
Draco lançou-lhe um olhar complacente e enlaçou a cintura dela:
-Minha mãe me disse certa vez que a gravidez dela não foi das mais tranqüilas. Espero que a sua seja. E é claro, você pode me ligar a qualquer hora. Inclusive se estiver com vontade de comer algo, mesmo que só tenha do outro lado do mundo.
-Obrigada por se oferecer, mas eu realmente não me sentiria confortável fazendo isso. Acho que estaria abusando...
Ele cortou-a:
-Não mesmo. Eu te intimo. Nada vai faltar a essa criança.
Ela revirou os olhos:
-A criança vai ficar mimada e insuportável como você é?
Draco encostou-a contra a parede:
-Mimado e insuportável que você mima e suporta, Virginia.
-Eu não acho...
Não conseguiu terminar de falar, pois Draco tinha colado seus lábios aos dela num beijo calmo e profundo. Pouco depois ele já beijava o pescoço dela:
-Draco, você não disse que tinha que ir embora?
Ele parou:
-Está me expulsando, Virginia? –perguntou, inexpressivo.
-Não, Draco. Mas foi você mesmo que disse que tinha que ir. Vai resolver o que você tem que resolver. É óbvio que eu não quero ficar longe de você, mas eu tenho senso. –e ele fez uma cara de quem duvidava –Ok, não tanto como eu costumava ter, mas ainda sobrou um pouquinho. –defendeu-se.
Ele encarou-a por um tempo. Ela sabia que ele estava pensando em algo, mas não conseguia sequer imaginar no quê. O rosto dele parecia vazio de emoções e o corredor estava à meia luz, não permitindo que ela enxergasse os olhos dele claramente. Passou uma mão pelo rosto dele, acariciando ternamente, o que o fez abrir um pequeno sorriso. Ergueu-se na ponta dos pés e deu um selinho nele. A seguir, Draco soltou-a:
-Tenha uma boa noite, Gina. –falou, suavemente –Não hesite em me ligar, Srta. Weasley. –mudou o tom para autoritário.
A primeira coisa que fez ao entrar no apartamento foi abrir a gaveta que sempre deixava trancada. Pegou de lá o “Dossiê Draco Malfoy”. Folheou-o rapidamente. Ali estavam todas suas antigas convicções sobre o Malfoy. Estava a razão pela qual tinha se aproximado dele e agora a razão pela qual não mais poderia olhar para aquilo sem sentir enorme e consumidora culpa. Tomando coragem, transformou todas aquelas páginas em cinzas e jogou-as no lixo da cozinha. Era isso. Estava acabado. Não poderia colocar o pai de seu filho na cadeia.
Não muito depois, a ruiva dormia e tinha sonhos em que ela, um garotinho loiro e Draco passeavam por uma praia à noite como uma família feliz...
***
Parvati encontrava-se com os nervos à flor da pele. Estava esperando Draco chegar e já estava um pouco tarde. Mas não era exatamente por isso que ela estava tão abalada. Colocaria seu plano A em prática àquela noite. Aquele era seu Às na manga. Tinha um envelope em mãos e o conteúdo dele, ela imaginava, finalmente colocaria um ponto final na decisão do loiro em separar-se dela.
Desde que se casou com Draco, ela sonhava em ter filhos com ele. Sabia que seriam lindos e acabariam por encantá-lo mais cedo ou mais tarde. Sofria com as traições do marido, a maior parte do tempo calada. Por isso já tentara engravidar por diversas vezes com o objetivo de fazê-lo ficar mais voltado ao seu casamento. No entanto, não funcionara. Sem que Draco soubesse, ela tinha ido ao St. Mungus e falado com um medibruxo de sua confiança, com quem ela já namorara antes do Malfoy entrar na sua vida. Apesar do término do namoro, eram bons amigos. Parvati tivera uma surpresa enorme ao descobrir que era estéril. Chorou sozinha, por diversos dias, não deixando que o marido percebesse a sua tristeza. Sabia que as famílias puro-sangue tradicionais tinham que possuir algum herdeiro para cuidar dos negócios da família. Também sabia que no momento em que Draco soubesse da situação, o casamento estaria completamente arruinado. Sentia-se a última das mulheres por não poder ter filhos com aquele homem que tanto amava.
Agora, sentada à cama do quarto de casal, com aquele envelope que tinha um resultado falsificado...Esperava ao menos ganhar tempo. O exame falsificado pelo medibruxo amigo dela dizia que ela estava grávida. Draco não precisava saber que ela não estava e nunca estaria...Pelo menos não enquanto ela não extinguisse a ameaça Weasley da vida dele.
Quando Draco entrou pela porta do quarto, Parvati prendeu a respiração.
“Ele está lindo como sempre. Mas esse olhar de desprezo na minha direção corta o meu coração. Como você pode agir assim comigo, Draco? Justo comigo que sou sua mulher, que estive ao seu lado sempre que você precisou por todos esses anos? Eu te amo tanto! Não faz assim comigo, Draco. Você viu o que eu sou obrigada a fazer?”
-Oi. –ela cumprimentou-o.
-O que faz aqui, Parvati? Pensei ter deixado bem claro que você não dormiria mais aqui.
Ela respirou fundo:
-Está me vendo de camisola ou pijamas? Não, então já sabe que não estou aqui para partilhar a cama com você.
Foi a vez do loiro respirar fundo:
-Olha, Parvati. Eu já fui tolerante demais com você. Já te dei mais que o mês que você tinha me pedido. Quando eu chegar amanhã à noite do trabalho, quero que você já tenha deixado esta casa. Se quiser posso pedir para o Blás, por exemplo, que te compre uma passagem num vôo para a Austrália.
-VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO, DRACO! –ela alterou-se.
-Não só posso, como estou fazendo. A Virginia está grávida. Mais do que nunca você tornou-se um estorvo na minha vida, Parvati.
-Então por quê não me mata?!? Seria o fim dos seus problemas e também dos meus! Apenas saiba que se me matar, estará matando também o seu filho!
-Eu ainda tenho um pouco de consideração por você, não te mataria...e...O que foi que você disse?!?
-Eu estou grávida, Draco.
Malfoy pegou a morena pelos ombros e chacoalhou-a:
-Não minta para mim, Parvati! Você vai sair dessa casa! Eu estou mandando. Vá embora de uma vez ou eu vou te deixar sem um nuque sequer.
-Você não pode fazer isso comigo, Draco! Se fizer, eu vou contar para a imprensa inteira que está abandonando a sua mulher grávida por uma amante! Não seria nem um pouco bom para a sua imagem...Ferraria muitos de seus negócios...Você sabe como a parcela conservadora das pessoas pensa.
-Eu não acredito em você. Está mentindo.
-Draco, foi no dia em que dormimos juntos pela última vez, eu sei que foi. Você não pode me deixar agora. –pediu suplicante –O seu legítimo herdeiro precisa de você. Não pode dar mais atenção a uma amante e um bastardo.
Draco teve uma vontade insana de apertar o pescoço de Parvati até que ela tombasse sem vida, mas não o fez. Aquilo levantaria suspeitas demais. Não podia arruinar seus negócios e também não podia deixar a imprensa descobrir que teria um filho fora do casamento. Seria muito mais simples se Parvati não estivesse grávida...
-Se você não acredita em mim, veja o resultado desse exame.
Draco pegou o envelope e viu que realmente atestava que ela estava grávida.
-Aborte. –e aquilo não era um pedido e sim uma ordem.
-NÃO! –Parvati gritou –Draco, você é um monstro. Como pode..?!?
-Parvati Patil, será que não entende que não importa o que aconteça você morreu como mulher para mim? Essa criança só vai sofrer se eu for forçado a conviver com você.
-Draco, eu estive com você em todos os momentos. Eu sempre fiz tudo o que você quis. Eu sempre fui o seu ombro amigo. A pessoa que sempre esteve lá por você. E tudo isso por amor! Mesmo você me tratando assim, eu ainda te amo, Draco. Tenho certeza de que quando essa criança nascer, você vai se tocar que...
-Cale-se, Parvati.
-Eu não vou abortar! Peça para aquela sua prostituta de luxo aborte.
Dessa vez o loiro não se controlou. Sua mão dirigiu-se firme e decidida para o pescoço da mulher. Os olhos dele tinham escurecido e estreitaram-se, sinal de perigo:
-Nunca...Nunca mais nessa sua vidinha medíocre, dirija-se assim quando falar da Virginia. Ela vale muito mais do que você. Pensa que não sei que engravidou de propósito? –e então soltou o pescoço dela.
Parvati tossiu e demorou um pouco a recobrar a respiração normal:
-E o que te faz pensar que ela não engravidou de propósito?
-Porque a culpa foi da empregada dela. A Vance vai me ouvir, ah se vai.
-Draco, se você não pedir pra Weasley abortar, quando a criança nascer, provavelmente vai parecer com você. E se isso acontecer, você estará ferrado. A sociedade conservadora nunca te perdoaria por ter um bastardo.
O loiro olhou com ódio para a mulher e saiu do quarto, batendo a porta ao sair.
***
8h da manhã, M Corporation
Draco Malfoy encontrava-se adormecido. Estava sentado em sua cadeira de presidente e com o tronco apoiado sobre os braços que estavam em cima da mesa. Passara a madrugada inteira ali, tentando escapar de seu tormento interior através do trabalho. Ainda assim não funcionara muito bem tal tática. Fora inevitável a presença das grossas lágrimas que rolaram timidamente por seu rosto, como se tivessem desaprendido o que fazer por terem ficado tanto tempo sem fazer tal caminho. O que Parvati estava fazendo era pedir que escolhesse entra a cruz e a espada. Era amor versus dinheiro, mas não era tão simples assim...Havia muito mais que isso. Por Merlin, ele não era nenhum maldito herói grifinório! Como poderiam esperar que ele viesse com uma solução brilhante que salvaria o mundo?!? Sabia que não havia meio termo naquela situação e que em qualquer dos lados havia sacrifícios, coisas a serem abdicadas. Maldita hora em que empenhara sua palavra! Se bem que...se não o fizesse, estava ciente de que Azkaban seria seu derradeiro lar... Não, não era hora para pensar nas escolhas feitas no passado. Era hora de enfrentar o presente e tomar uma decisão, a mais difícil de sua vida. E assim, após muito pensar e já se ter decidido, as pálpebras pesadas venceram Draco Malfoy.
Acordou sentindo que mexiam em seus cabelos. Ah, aquele toque...O ímpar e inesquecível toque dela. Gostaria de poder ficar assim indefinidamente, mas sabia não ser possível. Foi com grande pesar que abriu os olhos e esfregou-os, ficando em seguida ereto na cadeira. Virginia o olhava ao mesmo tempo preocupada e surpresa, ele percebeu:
-O que foi? –perguntou com a voz enrolada de quem acabou de acordar.
-O que foi?!? Eu deveria perguntar isso a você, Draco. Você andou chorando?
-Não. –mentiu descaradamente –Deve ser conjuntivite.
-Draco, você não me engana. Seus olhos estão vermelhos e inchados.–e colocou suas mãos sobre as dele, tentando passar apoio –Confie em mim. Qual é o seu problema?
O loiro puxou as mãos de debaixo das dela, gesto que a ruiva estranhou. Não se sentia digno da preocupação dela naquele instante. Não quando sabia que dentro de instantes ela passaria a odiá-lo. E ver ódio nos olhos de Virginia era algo que o incomodava imensamente. Ele olhava para um ponto fixo, mais sério do que nunca.
-O que houve, Draco Malfoy? –ela insistiu.
Draco voltou seus olhos à advobruxa e respirou profundamente:
-Sente-se. –e curiosa Gina obedeceu, sem questionar –Virginia, e-eu...estou numa situação muitíssimo delicada. –fez-se um silêncio, o qual a ruiva não ousava quebrar –A Parvati...Eu falei com ela ontem à noite.
-E? –cobrou, ansiosa.
-Ela...Ela está grávida... –murmurou baixinho, como se pudesse assim tornar a verdade menos dolorosa do que era.
Virginia sentiu sua garganta fechar-se, os olhos umidecerem e teve a impressão de sentir o mundo desabar sobre sua cabeça. Forçou-se a parecer forte:
-Então acabou entre nós? Você não vai se separar da Parvati, certo?
-Não quero que acabe o que temos, Virginia. Eu nunca me senti tão completo em toda minha vida como me sinto ao seu lado. Estou deixando meu orgulho de lado e sendo completamente sincero com você. Infelizmente eu não vou poder me divorciar da Parvati agora. Na verdade, não nos próximos 3 ou 4 anos. Até que a criança esteja um pouco maior e não seja um total escândalo. Ela me chantageou, prometeu que se eu insistisse em colocá-la para fora de casa, faria a minha caveira para a imprensa. Isso prejudicaria os meus negócios lícitos, Virginia. E tem mais uma coisa...não podemos ter essa criança que você está esperando. –ele falou a última parte com grande pesar, segurando-se para não deixar que seus olhos o traíssem novamente.
-Não, Draco! Você não pode me pedir para tirar o nosso filho! Por favor, tudo menos aborto! –implorou.
-Virginia... –ele tentou pegar as mãos dela, para envolvê-las com as suas.
-Não me toque, Malfoy! –ela fugiu do toque dele.
-Virginia, você não pode imaginar o quanto eu gostaria que pudesse ser diferente. Eu não mudei de opinião. Continuo querendo ter filhos com você, mas isso não é possível agora. Por favor, entenda. –suplicou.
A ruiva bufou e levantou-se num rompante:
-Está me pedindo para te esperar por não sei quantos anos?!? Isso é em vão, Malfoy! Assim como fez um filho nela, pode fazer outros. E eu confiei em você. Jurou que só estava indo pra cama comigo. Com quantas mais você terá ido sem que eu saiba?!? –ela explodiu, o rosto contorcido numa expressão que mesclava raiva e sofrimento e mais do que nunca os olhos tentavam conter um mar de lágrimas.
Gina abaixou a cabeça e uma cascata de cabelos rubros cobriu sua face. Nem percebeu que Draco se levantava e só foi reparar que ele estava atrás de si, quando ele abraçou-a. Virginia tentou soltar-se:
-Me larga! Seu traidor! Insensível, assassino. Tenho que admitir que me enganou direitinho. Eu acreditei no seu amor e arrisquei tudo por isso. No fim, você apenas me fez ser mais uma das suas conquistas que você usa e joga fora.
-Não! Por Merlin, Virginia! Eu juro até por Deus!
-Um Deus em que você não crê? –perguntou, o mais fria que conseguiu, para remediar o fato de não estar mais tentando soltar-se do abraço dele, visto ele ser muito mais forte.
O loiro respirou profundamente:
-Eu creio, mas isso não vem ao caso. O importante é você acreditar em mim. Eu te juro que se houvesse outra maneira de ficarmos juntos definitivamente sem que eu tivesse que matar a Parvati, eu não estaria te pedindo isso. Você diz se sentir enganada. Eu também me sinto. Nunca percebi que a Parvati poderia ser tão maquiavélica. Na noite em que eu disse que me divorciaria dela, ela pediu pra ir pra cama comigo uma última vez pelos anos que tínhamos vivido juntos. Eu atendi. Fui um idiota, assumo. Mas essa foi a última vez. Só que ela engravidou. Se você soubesse o quanto me arrependo disso, Virginia. –e apoiou o queixo num dos ombros dela.
A ruiva virou o rosto para o outro lado:
-Nada disso me comove. Você não vai me enganar de novo, Malfoy. Não vai!
-Se você soubesse o quanto eu preciso de você...eu não posso te perder, Virginia. Sentiria falta de tudo. Do seu cheiro, dos seus cabelos, da sua pele, dos seus beijos, da sua voz, de cada gesto e olhar...
-N-não... –lágrimas começaram a rolar por sua face, sem que ela conseguisse contê-las mais –Por favor, Draco. Não diga isso...Eu não...
-Only you, can make the world seem right. –ele começou a cantar sussurrado no ouvido dela -Only you, can make the darkness bright. Only you, and you alone, can thrill me like you do and fill my heart with love for only you. –ela fechou os olhos e estava de volta à San Andres com Draco ao piano tocando e cantando essa música antes de confessar que a amava. Mais lágrimas rolaram silenciosas por sua face, aquele dia fora tão maravilhoso e parecia tão distante... -Only you, can make this change in me. For it’s true, you are my destiny. –ele dava pequenos beijos pelo pescoço dela em algumas pausas.When you hold my hand I understand the magic that you do. You’re my dream come true. My one and only you. –Gina virou-se para ele e colocou um dedo sobre os lábios dele.
-Isso vai me custar mais do que você pode imaginar. O nosso bebê vai embora e vai levar uma parte de mim com ele... –e ele fez menção de falar, mas ela não deixou e beijou-o.
Aquele fora um beijo diferente de todos os anteriores. Falava de tristeza, devoção e amor incondicional. Draco apertou a ruiva em seus braços e não queria ter que soltá-la nunca mais. Jamais fora dado a pressentimentos, mas algo dentro de si o prevenia a esse respeito e ele sentiu uma angústia enorme em seu peito, que quase o sufocava. Passou a beijar Virginia com ainda mais intensidade. O beijo tornou-se salgado, uma mistura das lágrimas de ambos. Após um longo tempo, que para eles parecera uma fração de segundo, a ruiva quebrou o beijo:
-Você está chorando, Draco?
O loiro limpou os olhos e o rosto:
-Um cisco caiu no meu olho.
-Mentiroso. Eu não vou te achar menos homem ao descobrir que você é capaz de chorar.
Ele desviou o olhar:
-Eu sinto muito, Virginia. Sei que estou pedindo a você mais do que mereço, mas...
-Shiu. Eu sei. –e acariciou o rosto dele, enquanto ele deslizava as mãos por seus fios acobreados –Eu te amo, Draco. Não esqueça disso nunca.
O loiro abraçou-a, afundando a cabeça nos ombros dela. Era um homem, mas naquele momento sentia-se como um garotinho acuado que estava sendo consolado. Draco simplesmente odiava a idéia de parecer fraco, mas não podia evitar sentir-se daquela maneira. Impotente diante da chantagem de Parvati. Ah, mas ela iria pagar por isso. Ah, se iria! Draco prometeu a si mesmo.
***
St. Mungus
-Por favor, eu gostaria de falar com a Diretora Geral. –Virginia, fingiu muito bem uma segurança que não sentia.
-Perdoe-me, Srta. Weasley, mas tem hora marcada? A Sra. Hermione Weasley é muito ocupada e...
-E irá me receber, tenho certeza. Diga a ela que é urgente.
A recepcionista respirou profundamente e por fim disse:
-Muito bem, acompanhe-me até a sala da Sra. Weasley.
Antes de sair do balcão de atendimento da recepção, a mulher certificou-se de que outra ficaria em seu lugar. Em seguida, conduziu Virginia pelos largos e compridos corredores do hospital. Assim que chegaram à sala de Hermione, a recepcionista bateu à porta e em seguida abriu-a um pouco, suficiente para que colocasse a cabeça para dentro.
-Sra. Weasley, a Srta. Virginia Weasley está aqui para vê-la. Devo mandar entrar?
-Mas é claro. –Hermione respondeu, baixando os pergaminhos que lia.
Gina entrou na grande e arejada sala. Ali tudo era branco e tanta brancura fê-la sentir um pouco de tontura:
-Que surpresa, Gina! –e abraçou a amiga –Está tudo bem? Você não deveria estar trabalhando? Teve enjôo hoje de manhã?
A advobruxa resolveu, por hora, responder apenas a última pergunta:
-Sim, tive um enjôo matinal.
-Quer que eu receite uma poção mais potente?
-Não, Mione. Não será necessário. E-eu...vim fazer um aborto.
-COMO?!? –Hermione deixou o queixo cair e tinha uma expressão de quem viu a volta de Voldemort –Não pode estar falando sério, Gina! Mas que brincadeira sem graça!
-Não é brincadeira, é sério, Mi. –e a ruiva esforçava-se para parecer decidida –Eu não posso ter esse filho.
-O que o desgraçado do Malfoy te fez? –ela perguntou, seus olhos soltando faíscas.
-A Parvati está grávida e fez uma chantagem com ele. Eu não posso ter esse filho, Mione. Ele seria olhado pela sociedade como um bastardo e eu como uma mulher que fracassou ao dar o golpe do baú.
-Gina, mas você sabe que isso não é verdade! Qual a opinião do Malfoy sobre isso?
-Ele disse que sente muito, que não queria que eu tivesse que tirar a criança, mas que era necessário.
-Crápula! –a morena exclamou –Gina, você vai se sujeitar a ser a outra?
-Não. Eu vou pedir demissão. Não vou agüentar conviver com o Draco e não poder demonstrar o que sinto por ele. Ele me disse que pode demorar alguns anos, mas que ainda vai se separar da Parvati. Mas eu não sei, Mione. Até lá muita coisa pode acontecer. Na verdade...Eu sinto que o perdi. Por favor, Mione. Compreenda. Eu preciso tirar esse filho. Prefiro que seja você a medibruxa a fazer isso, assim manterá em segredo. Mas se não for com você, eu vou fazer com outra pessoa.
Hermione tinha uma expressão de profunda tristeza no rosto:
-Oh, Gina. Eu sinto tanto por você, amiga. Eu sei o quanto você sempre sonhou em ser mãe. Mas tudo bem, se não há outro jeito...eu farei isso por você, mesmo que não ache certo.
Virginia deu um abraço forte em Hermione e falou:
-Muito obrigada, Mione. Sabia que poderia contar com você.
-Hum, quando pretende fazer o procedimento?
-O mais rápido possível. Agora, se você puder.
-Tem certeza que não quer pensar um pouco mais sobre isso? –anda tentou mais uma vez dissuadi-la da idéia.
-Tenho, Mione.
Meia hora depois, a ruiva estava deitada numa maca e vestia o camisolão usado por pacientes no hospital. Estava nervosa e tinha medo, mas a única coisa que podia demonstrar que não estava bem era a maneira com que fechava os punhos, deixando os nós dos dedos brancos.
Hermione vestia um uniforme azul claro com uma máscara que cobria sua boca e nariz e uma toca na cabeça. Igualmente vestido a ela, havia um medibruxo que serviria como assistente. Aqueles olhos azuis esverdeados eram inconfundíveis. Hermione tinha chamado David Harrison. Gina apenas o reconheceu quando ele colocou uma máscara com anestesia gasosa.
-Vamos dilatar o colo do seu útero para então fazermos a curetagem. Você não vai sentir dor, Gina. –David informou –Estará num estado de semiconsciência.
A ruiva agarrou a mão do medibruxo e lançou um olhar a ele de quem precisava de apoio. Ele respirou profundamente e então segurou a mão dela. Não muito depois, a ruiva começava a delirar.
-Dave, acalme a Gina. – Hermione demandou.
-Estou tentando. –defendeu-se enquanto a advobruxa quase esmagava sua mão –Calma, Gina. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui do seu lado.
-Draco...Não! –ela dizia, remexendo-se na maca, com a voz meio abafada e engrolada devido à máscara anestésica –Não posso...é o nosso filho, Draco. Não! O meu bebê não! –lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela.
-Falta muito, Hermione? –David perguntou, preocupado.
-A dilatação do útero está quase perfeita, mas... –Hermione sacou sua varinha e apontou para a amiga –Estupefaça.
***
Sentia-se zonza. Abriu os olhos e o branco que atingiu suas retinas era tão forte que teve que fechá-los novamente.
-Gina, você está bem? –a voz preocupada de Hermione parecia vir de muito longe.
Por um momento, a ruiva sentiu-se perdida, não lembrando onde estava e o porquê. No entanto, rapidamente um fluxo de informações pareceu ser despejado em sua mente e ela lembrou-se de tudo. Automaticamente quis levantar-se e a despeito da luz que incomodara tanto seus olhos a segundos atrás, mantinha-os abertos:
-Hermione! Você tirou o meu bebê?!? Eu acho que...
-CALMA! –a morena exclamou, sobrepondo-se a voz da amiga –Tenha calma, Gina. E nem pense em se levantar daí agora. Você está alterada, precisa descansar.
-Hermione, o meu bebê! Eu preciso saber se...
-Não, você ainda está grávida. –David se pronunciou pela primeira vez desde que a advobruxa tinha acordado.
-Eu não pude, Gina. Você estava gritando para que eu não fizesse e mesmo que fossem delírios...
Virginia abraçou Hermione fortemente:
-Obrigada! Eu percebi que eu não posso tirar esse filho, Mione. É importante demais para mim.
-E o que você vai dizer ao Malfoy? –a medibruxa indagou.
-Nada. Não creio que ele vá entender. O Draco sabe ser egoísta quando quer.
-Draco Malfoy é mesmo o pai? –David perguntou um tanto decepcionado e a ruiva fez que sim.
-Mas mesmo que você não trabalhe mais para ele, você acha que o fato da Dama Ruiva dos Tribunais estar grávida vai passar despercebido pela imprensa? Você é mais esperta que isso, Gina.
-Eu sei, Hermione. Vou me mudar para o longe de Londres, algum lugar trouxa em que ninguém me conheça. Pronto.
-E você acha que é tão simples assim? Malfoy é um homem poderoso, ele vai te procurar e mais cedo ou mais tarde vai achar.
-Não se eu puder evitar! –a ruiva teimou –Vocês vão manter segredo sobre isso, não irão?
-Claro. –David respondeu prontamente.
-Como se eu fosse colaborar com o Malfoy depois dele ter dito a você que fizesse um aborto... –a morena comentou, com um tom desaprovador.
-Ok, então é isso. Agora preciso que me dê alta.
-Mas Gina, seria melhor que você ficasse em observação... –David começou, mas foi interrompido pela advobruxa.
-Nem comece, David. Eu estou bem e sei perfeitamente o que estou fazendo.
A advobruxa acabou por conseguir a alta. Foi até o banco Gringotes e retirou todo o dinheiro que possuía. Pediu a um dos duendes que chamasse Gui Weasley em pessoa e foi atendida em poucos minutos:
-Por que é que você vai levar todo o seu dinheiro, Gina? O que está aprontando?
Ignorou a última pergunta dele:
-Quero que converta em dinheiro trouxa e quero comprar uma casa. Não quero ir até o Profeta Diário ver os anúncios. Fazer por intermédio de Gringotes é muito mais sigiloso.
-Você vai ou não me explicar, Virginia Molly Weasley? –o irmão mais velho encarou-a, sério.
-Sim, mas não agora. Sério, Gui. Prometo. Mas agora eu não posso, estou com pressa.
O ruivo confiou na irmã e apresentou a ela um catálogo com informações sobre diversas propriedades que estavam para serem negociadas por intermédio do banco.
Gostou especialmente de uma casa de tijolos a vista. Possuía um andar e um sótão. Era grande para que apenas uma pessoa vivesse lá, mas ainda assim a ruiva decidiu que compraria. Tal casa estava localizada na cidade de Dover, que ficava no litoral sudeste da Inglaterra. Pagou o respectivo valor da casa e Gui entregou-lhe a chave:
-Vá me visitar, maninho, e eu lhe explicarei tudo. –garantiu, dando um beijo na bochecha dele.
Ainda naquela noite, a ruiva pegaria no apartamento o que julgava ser mais importante para levar nas malas e partiria, deixando uma parte de sua vida para trás. Não poderia adivinhar as conseqüências advindas de tal decisão...
N/A: (1) Nunca É Tarde Para Amar: Não estou fazendo exatamente uma propaganda do filme, mesmo porque eu não assisti, então não sei dizer se é bom ou ruim. Mas pelo trailer que eu vi no you tube parece ser legal, me deu vontade de assistir e como é uma comédia romântica, achei que seria bom que a Fleur, a Mione e a Gina assistissem se o motivo para saírem foi para se descontraírem.
Plz, comentem!
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