Indiscrição
Capítulo 16: Indiscrição
Palavras não explicam nada
Eu tenho um amor secreto
Guardado lá no fundo do meu coração
(...)
Confundindo realidade com a ficção
Eu quero ver o meu amor chegar
Abrir aquela porta
Me envolver, me abraçar
(...)
Eu tenho um amor secreto
Trancado a sete chaves no meu coração
Está ficando a cada dia mais indiscreto
Não sei porque não quero ouvir a voz da razão
[Hyldon – Amor Secreto]
Era um típico sábado nublado. Virginia Weasley resolvera dar um dia de folga a si mesma e a sua empregada. Estava sozinha em seu apartamento. Fazia quase duas semanas que ela e Draco haviam voltado de Las Vegas. Ela sorriu ao lembrar-se de como se divertiram juntos por lá. Porém, sua expressão tornou-se séria ao pensar que por Draco ser muito conhecido, mesmo tão longe da Inglaterra tiveram de agir de maneira discreta. O loiro ainda não havia conversado com Parvati sobre a separação, dizendo a Gina que ela estava viajando com Lilá Brown num cruzeiro marítimo que era também uma espécie de SPA feminino. A advobruxa até desconfiara da veracidade da história, mas depois, ao ler no Profeta Diário sobre esse cruzeiro e os nomes da alta sociedade que estavam nele, concluiu ser verdade. Ainda assim, incomodava o fato de Draco Malfoy ainda ser casado. Aliás, isso era apenas uma das coisas nele que a incomodava. Porém, as que não incomodavam...Bem, essas já começavam a prevalecer.
Malfoy tinha ido numa rápida viagem de negócios para a Escócia com Blás Zabini, mas Gina não sabia quando ele voltava. Apenas pensava que no máximo, como ele mesmo dissera, na segunda-feira estaria de volta.
Após um tempo observando pela janela o movimento de Londres até onde seus olhos permitiam ver, ela decidiu assistir um pouco de televisão, o que não fazia há muito tempo. No entanto, antes disso, foi até a cozinha. Pegou alguns morangos e colocou-os dentro de um pequeno recipiente e em seguida jogou chocolate derretido (com uma pequena ajuda de sua varinha) por cima das frutas. Por fim pegou uma colher e seguiu então para a sala, logo ligando a televisão pelo controle remoto. Parou num canal em que estava passando um filme, o qual ela descobriu minutos depois se chamar “O Júri”.
“Por que os bruxos não fazem filmes? É algo tão interessante.” Ela pensou, assistindo ao filme e começando a comer o que tinha preparado.
Não esperava visitas, por isso seus cabelos rubros não estavam tão bem penteados e se encontravam em um rabo de cavalo mal feito. Isso sem contar que ainda vestia sua camisola. Mas como se adivinhando que ela não estava preparada, a Lei de Murphy fez questão de se mostrar “generosa”. Mal a ruiva tinha acabado de comer, ouviu o soar da campanhia.
-Merda. –resgungou, levantando-se.
Colocou o recipiente na pia da cozinha e buscou seu penhoar no quarto. Mais uma vez a campainha tocou:
-Já vai! –ela gritou do quarto, enquanto, amarrava pela cintura, de qualquer jeito o penhoar –Ai, se for o Rony reclamando novamente que não sabe ser pai, eu não sei do que sou capaz.
Abriu a porta com uma expressão não muito feliz e deu de cara com um loiro alto com vestes inteiramente pretas, exceto pela camisa que era branca.
-Draco, eu não pensei que você fosse voltar tão rápido. Se soubesse, não deixaria você me encontrar nesse estado deplorável. –ela reclamou.
-Hum. –e passou as mãos pelos cabelos –Os negócios foram resolvidos mais rápido do que eu previa. Não tinha porque eu ficar lá mais tempo. Eu só passei em casa para deixar as malas e vim direto pra cá. Mas se eu estou te atrapalhando... –deixou no ar, enquanto encostava-se no batente da porta.
-Não atrapalha. É só que eu me sinto pouquíssimo arrumada perto de você.
-Eu posso te desarrumar muito mais. Esse seu penhoar tá pedindo pra ir pro chão... –disse insinuante.
-Draco! –ela exclamou, um tanto envergonhada e ele riu.
-Ok, se te faz sentir melhor, eu posso desarrumar a minha aparência impecável.
-O quê…?
Ele passou as mãos no cabelo em movimentos rápido, desarrumando-os. Abriu os primeiros botões da camisa e afrouxou a gravata.
-Mais confortável agora? –perguntou zombeteiro –Mas o resto dos botões você mesma terá que desatar.
Virginia mirou o loiro, que parecia irresistível com a aparência um tanto descomposta e encostado ao batente da porta. O olhar que ele lançava era quente, mas aparentemente controlado.
-Com certeza. –ela respondeu, puxando-o pela gravata.
Ela fechou a porta atrás dele, encostando-o nesta. Em seguida subiu na ponta dos pés e procurou os lábios dele com os seus. Beijava-o levemente e voltou a apoiar-se em seus pés completamente, fazendo-o se abaixar. Enquanto Malfoy aprofundava o beijo, a Weasley desabotoava a camisa dele. O beijo dele estava lento, como se ele quisesse provar a boca dela, o que ela viu ser verdade, quando ele se afastou.
-Chocolate, é? –ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.
Ela lançou a ele um sorriso divertido:
-Com morangos.
O loiro passou obcenamente a língua pelos lábios, antes de sussurrar no ouvido dela:
-Eu adoro chocolate com morangos.
-Quer que eu pego pra você?
-Não vai te incomodar? –perguntou educadamente e ela negou –Então eu aceito.
-Eu vou na cozinha buscar. Fica um pouco aí na sala que eu já volto, tá?
O loiro concordou e dirigiu-se até o sofá, não sem antes dar um selinho em Gina. A advobruxa ficou aliviada por ele não querer acompanhá-la até a cozinha ou achava que ele perderia a idéia que tinha dela ser uma pessoa organizada. Respirou fundo e assim que adentrou a cozinha, realizou alguns feitiços para arrumar o local. Em seguida pegou apenas o necessário para fazer a iguaria para o loiro. Estava colocando o chocolate derretido sobre os morangos, quando sentiu mãos enlaçarem sua cintura e não pôde evitar um leve estremecimento quando os lábios dele passearam por seu pescoço. A ruiva respirou profundamente:
-Draco, eu disse que já voltava. O filme estava tão ruim assim? –perguntou, ainda sem se virar pra ele.
Ele soltou um muxoxo antes de responder:
-Como se algum aparelho trouxa pudesse de alguma forma ser mais interessante que a melhor advobruxa que há.
Ela corou:
-Eu não sou a melhor, Draco.
-Pra mim é. E não adianta você mencionar nomes de outras. Elas temem você.
-Como é que você soube que eu estava aqui e não na MCorporation?
-Eu tinha esperanças que dessa vez você tivesse seguido o meu conselho de tirar pelo menos o sábado de folga.
Gina virou-se para Draco:
-Pois bem. Eu aceitei, mas não espere que eu aceite sempre seus conselhos, Sr. Arrogância. - e entregou-lhe a tigela com o doce -Espero que aprecie. –falou antes de se digir até a sala e sentar-se no sofá.
Draco seguiu-a e sentou-se ao lado dela:
-Hum...Isso aqui tá uma delícia, Virginia.
-Obrigada. –agradeceu, mas sem tirar os olhos da tv.
Quando terminou de comer, Malfoy depositou a tigela com a colher em cima da mesinha de centro. Agora sua fome mudara de alvo para Virginia Weasley. Pegou uma mão dela e virou a palma para cima, acariciando provocantemente. A respiração de Gina estava acelerando-se e prestar atenção ao filme mostrou-se infrutífero. Postou seus olhos castanhos nos cinzentos e ficou inexpressiva, tentanto esconder o quanto a proximidade, o olhar e os toques dele em sua mão mexiam consigo.
-Senti sua falta. –Draco murmurou quase que para si mesmo, após algum tempo.
As feições da Weasley relaxaram e ela permitiu-se dirigir a ele um leve,mas ainda assim belo sorriso:
-Eu também. –murmurou de volta.
Aproveitando-se que o paletó do loiro já estava em algum canto do sofá e a camisa aberta, ela acariciou o peitoral largo dele. Draco enlaçou a cintura dela e beijou-a com fervor, enquanto abria o penhoar dela. Passou a beijar-lhe os ombros salpicados por sardas.
Ao ter sua boca desimpedida, Gina perguntou seriamente:
-Draco, quando é que você vai conversar com a Parvati sobre o divórcio?
Malfoy olhou-a nos olhos de forma um tanto desaprovadora:
-Você sabe mesmo quebrar um clima, hein?
Ela bufou:
-Eu estou falando sério, Draco. Essa situação me incomoda e você sabe disso.
O loiro respirou fundo e acariciou a face dela:
-Eu sei. Vou contar que quero o divórcio quando a Parvati voltar da viagem, ok?
-Hum. –ela murmurou, não sabendo exatamente o que dizer.
-Agora esqueça o mundo lá fora, Virginia ou então vou começar a pensar que você não sentiu minha falta.
-É assim, é? –perguntou entre divertida e indignada, empurrando o loiro para deitar no sofá.
A advobruxa ficou sobre ele e beijava castamente os lábios dele ao mesmo tempo em que suas mãos percorriam caminhos do corpo dele de maneira nem um pouco angelical. Draco trouxe o corpo dela o mais próximo possível do seu e passou a distribuir beijos sedentos pelo pescoço e queixo dela, até chegar à boca. As línguas de ambos faziam movimentos com perfeita sincronia. Estavam perdidos em seu próprio mundo, alheios a tudo e todos. No entanto... foram trazidos bruscamente à Terra com o barulho da campainha. A ruiva imediatamente descolou seus lábios dos dele.
-Você está esperando alguém? –Draco perguntou, sério.
-Não. –ela respondeu sinceramente.
-Então deixa tocar a campainha, a pessoa irá embora.
Gina fez cara de quem travava uma luta interna, mas quando Draco voltou a beijá-la, sucumbiu à vontade de ficar ali com ele. A campainha novamente tocou, dessa vez acompanhada por uma voz:
-Gina! Abre essa porta! Será que você ainda tá dormindo? Eu passei onde você trabalha e você não estava lá! Não quer ver seu sobrinho?
Dessa vez, a ruiva se afastou tão rapidamente de Draco que caiu do sofá:
-Oh não. –ela reclamou –ESPERA AÍ, MIONE. JÁ TÔ INDO! –gritou para a cunhada e depois voltou-se para Malfoy –Draco, se esconde no meu quarto. –disse, enquanto levantava-se.
-Como? –perguntou, achando não ter ouvido direito.
-Ela não pode te ver aqui.
Ele bufou:
-Porque você tem que falar com a Sangue-Ruim Granger?
A ruiva lançou um olhar mortal a ele:
-Não a chame assim. Hermione é minha cunhada e melhor amiga.
Ele respirou profundamente e revirou os olhos, como que a ignorer o comentário feito por Viginia:
-Ela já teve o filho, é?
-Sim, enquanto você estava na Escócia. É um bebê muito lindinho e se chama Edward.
-Hum, nome legal. –ele murmurou.
-Draco, levanta desse sofá, rápido! –ela o puxou.
-GINA!!!!!!!! –Hermione gritou.
-SÓ UM INSTANTE, MIONE!
O loiro calçava rapidamente os sapatos que outrora havia tirado com os próprios pés:
-Isso é humilhante, Virginia. –reclamou, enquanto ela o puxava com pressa, na direção do quarto.
-Desculpa, Draco. Mas tem que ser assim. Eu prometo te recompensar, ok? –piscou pra ele.
O loiro deu um sorriso malicioso:
-Eu vou cobrar. –murmurou antes de dar um beijo de tirar o fôlego em Gina.
Quando conseguiu que Malfoy a soltasse, Gina fechou a porta de seu quarto com ele lá dentro. Suspirou brevemente e foi correndo abrir a porta. Hermione tinha o que parecia ser um embrulho nos braços e tinha em sua face um expressão irritada:
-O que é que você estava fazendo, Gina? –a morena inquiriu, observando o quão “arrumada” a amiga estava –Parece que você andou se atracando com alguém e eu não sei em qual dos sentidos... –comentou e ajeitou o embrulho, que analisando melhor, Gina viu ser seu sobrinho enrolado em uma coberta.
A ruiva corou ao comentário da amiga:
-Hermione! Eu, e-eu apenas acordei agora a pouco de um sono agitado. Estava tendo um pesadelo que até me fez cair da cama. –mentiu –Mas então, que surpresa você e o Ed por aqui. Aliás, maior surpresa o Rony não estar com vocês.
A morena sorriu:
-O Rony é realmente um tanto desajeitado como pai, mas é engraçado e fofo ver como ele age com o filho. Mas eu finalmente conseguir convencê-lo de que eu estava bem e ele podia ir para o Ministério trabalhar. Acontece que ele ficou durante a semana enchendo eu e o Ed de mimos e o trabalho dele acabou ficando atrasado, sabe?
Virginia concordou, acenando afirmativamente:
-Bem, suponho que queira entrar e não ficar parada aí na porta, certo?
-Leu meus pensamentos. –Hermione respondeu um tanto debochadamente, como que diz “Até que enfim” –Posso colocar o Ed na sua cama, Gina? Ele está dormindo e como não é hora de amamentá-lo...
A ruiva engoliu em seco:
-Ai Mione, é que meu quarto está tão bagunçado e a cama tão desarrumada...Eu tenho vergonha de uma pessoa tão perfeccionista e organizada como você ver uma coisa dessas. –tentou puxar o saco.
-Ora, Gina. Não acredito que esteja tão bagunçado. Você costuma não ser muito desordeira. Deve é ser uma tempestade no copo d’água, como você sempre faz. –disse indo em direção ao quarto da ruiva.
-Mas Mione… -a ruiva ainda tentou intervir.
-Sem mas, Gina. –e abriu a porta do quarto.
“Oh meu Deus! Estou ferrada!” pensou, enterrando a cabeça nas mãos.
-Virginia Weasley, sua mentirosa! –a morena exclamou.
-Calma, Mione. Eu posso explicar. Não é o que você está pensando... –a advobruxa tentou dizer, mas foi interrompida.
-É sim! –a morena teimou –Seu quarto não está desarrumado coisa nenhuma. –e a ruiva fez uma cara confusa –O que está fora do lugar é mínimo e a sua cama nem está tão desarrumada assim. Vou colocar o Ed lá.
Gina olhou seu quarto e não viu Draco. Ao mesmo tempo em que respirou aliviada, perguntava-se onde ele teria se escondido. Observou a amiga depositar o filho em sua cama cuidadosamente:
-Fique aí quietinho, coisinha fofa da mamãe. –e em seguida olhou para a cunhada –Pronto. –sorriu, saindo do quarto –Não feche a porta ou então se o Ed chorar eu não escutarei.
Hermione ia sentar-se no sofá, mas viu um paletó preto no braço do qual iria sentar-se. Incarou inquisidoramente a ruiva ao perguntar:
-De quem é isso?
Mais uma vez Gina engoliu em seco:
-I-isso? –e forçou uma risada –É do Percy, ele esqueceu aí. Ele veio me fazer uma visita ontem e esqueceu, sabe?
-Estranho...O Percy não usa esse tipo de paletó e o perfume parece diferente.
A ruiva estendeu a mão para que Hermione passasse a ela o paletó e pegou-o:
-Será que as pessoas não tem mais o direito de quererem mudar de vez em quando?
-Calma, Gina. Sem estresse. Pelo visto um dia de folga não é suficiente para você. Precisa de férias, hein?
A ruiva bufou e sentou-se no sofá:
-Não, obrigada.
Hermione sentou-se ao lado dela:
-Ai, Gina. Aquela vez que você passou no hospital para me ver e ao Ed foi tão rápida e o Rony estava lá, então nem pudemos conversar direito.
-Hum. –a ruiva murmurou, começando a se preocupar com o rumo que aquela conversa tomaria –Como é ser mãe? Você está feliz?
A morena deu um sorriso radiante, que respondeu à segunda pergunta:
-É maravilhoso. Eu olho para o Ed e vejo que ele é um ser que tem características minhas e do Rony, que é o homem que amo e fica nos paparicando o tempo todo. –mais um sorriso –Eu não poderia estar mais feliz!
-Eu também fico feliz por você, Mione. Você e o Rony merecem essa felicidade. –disse sinceramente.
-Mas e você, Gina? Não pode ficar enterrada no trabalho pra sempre e ignorar sua vida pessoal. Olha, lembra que eu disse que iria te apresentar alguns medibruxos do St. Mungus? –e a ruiva fez que sim –Pois bem, não vou mais. –falou, quase fazendo Gina fazer uma cara de alívio, pois sabia que Draco não gostaria nenhum pouco daquela história.
-Não vai? -perguntou, neutra.
-Não. –e sorriu –Porque não é necessário que sejam vários. Gi, eu encontrei o homem perfeito para você.
-Mione, pára com isso. –a advobruxa tentou argumentar, mas foi interrompida.
-Me escuta, ok? Ele tem o cabelo loiro escuro e olhos entre verdes e azuis. É alto, tem porte atlético e é um amor de pessoa. Ele...
-Ah não! Não me diga que está falando do medibruxo que fez o seu parto.
-É dele mesmo que estou falando. Por quê? Não gostou dele?
-Eu não posso dizer se gostei dele ou não, não o conheço. Apenas o vi uma vez. Aquela vez em que fui visitá-la no hospital.
-Hum, mas ele gostou de você, Gina. Disse que gostaria de te conhecer e então eu disse a ele que marcaria um encontro entre os dois.
-VOCÊ O QUÊ?!?
-Calma, Gina. Quem vê você falar, parece que o Dave é um trasgo, o que é completamente o oposto da verdade. Duvido que você não o achou atraente.
A ruiva respirou profundamente antes de dizer:
-Bem, ele é bonito, mas e daí? Hermione, eu mudei de idéia. Não quero que me apresente a ninguém.
-Ai, Gina, mas eu prometi ao Dave que arranjaria um encontro com você. Os dois são solteiros, que mal há nisso? Vamos, Gina. Dê uma chance a David Harrison, ele merece. E você também merece ser feliz. Além do mais, você sabe que quando eu empenho a minha palavra...Eu não vou voltar atrás, entendeu?
A ruiva revirou os olhos:
-Está bem. Mas não o faça ter esperanças a mais, porque eu não vou ficar com ele. Fui clara?
-O que há com você, Virginia Weasley? Não quer deixar nenhum homem se aproximar de você...fica se fazendo de difícil... –e então os olhos de Hermione brilharam, indicando que ela lembrara de algo –Hum, falando em coisas difíceis. Você não me contou sobre a sua viagem a Las Vegas com o Malfoy.
A ruiva engoliu em seco:
-Hermione, achei que depois da gravidez você voltaria ao normal, mas pelo visto...Talvez as suas companhias no St. Mungus não sejam das melhores. –tentou desviar o assunto.
-Largue de ser chata, Gina. Eu apenas estou te perguntando como foi a viagem. Você saiu daqui tão revoltada com ele por ter te chamado pra viajar à trabalho bem no dia do seu aniversário.
-Foi legal. –respondeu com indiferença –Ele fechou o negócio dele e eu conheci vários lugares em Las Vegas.
-Hum, sozinha?
A Weasley ruiva revirou os olhos e respirou profundamente, antes de falar:
-Não, com o Malfoy.
-Hum…E em qual hotel ficaram hospedados?
-No Bellagio.
O queixo de Hermione caiu:
-N-no Bellagio?!? Oh, Merlin. É mesmo o Bellagio que estou pensando?
-Sim. É muito grande e bonito lá. Eu tenho que admitir que fiquei fascinada. –a advobruxa deu o braço a torcer.
-Mas e o Malfoy? Ele não tentou nada com você?
-Não, Mione. –respondeu seriamente, mas por dentro sentia-se culpada por mentir –E você sabe que eu fico muito satisfeita que ele não tenha tentado nada.
-Sim, eu sei. Virginia Weasley nunca teria um caso com um homem casado e que...
A ruiva fingiu um acesso de tosse, impedindo que a morena continuasse a frase.
-Cof, cof, cof, cof. –ela não parava.
-Merlin! –Hermione exclamou e sacou a varinha –Accio copo. Aguamenti. –e em seguida ofereceu à amiga um copo com água.
O rosto de Gina estava vermelho e os olhos um tanto marejados pelo forçado acesso de tosse. Aceitou a água e tomou-a de uma só vez. A seguir respirou profundamente por várias vezes:
-Nossa... –ofegou.
-Você está bem, Gina? –perguntou, ostentando um semblante preocupado.
-Sim, já passou. -a advobruxa respondeu e proferiu um feitiço para mandar o copo para a cozinha.
-Nossa, você me deu um susto. Como é que conseguiu engasgar tão de repente? –demonstrava surpresa.
-Não sei. –fez cara de inocente.
Então ouviram um choro de bebê:
-Ai, o Ed acordou. –a morena deu um suspiro cansado antes de se dirigir ao quarto –Oh, meu pequeno anjinho, a mamãe já vai trocar a sua fralda. Calminha. –o pegou no colo, embalando-o –Gina, me faz um favor, pega a bolsa que eu trouxe. Eu vou até o seu banheiro trocar o Ed. –acrescentou para a ruiva.
Gina fez o que lhe foi pedido e assim que Hermione fechou a porta do banheiro, a ruiva chamou baixinho:
-Draco. Draco,você ainda tá aqui?
Perguntava, enquanto margeava a cama. Foi quando sentiu algo pegar seu tornozelo direito e teve que se controlar para não soltar um grito. Malfoy então saiu de debaixo da cama, passando a mão pela própria roupa, como se estivesse tirando pó.
-É claro que ainda estou aqui. Eu só posso aparatar ou desaparatar daqui se eu estiver com você. Já que realizou feitiços para que você, a dona do apartamente, fazê-lo.
-Tá, tá. –a ruiva sussurrou, um tanto impaciente, puxando o loiro pra fora do quarto –Mas agora você precisa ir embora, antes que a Mione te pegue por aqui ou então eu terei muito o que explicar a ela.
Ele bufou:
-Hunf! Deixa eu pelo menos pegar o meu paletó.
-Não, Draco. –ela o impediu e abriu a porta –Depois eu te devolvo. Agora vai.
Ele lançou um olhar aborrecido para ela e antes que Gina pudesse reclamar mais uma vez da demora dele ou qualquer outra coisa, o loiro puxou-a contra si e beijou-a possessivamente. Era impossível à Virginia resistir aquele beijo. Teve vontade de jogar tudo pro alto e ficar nos braços dele até matar toda a sede que aquele desejo causava nela. No entanto, usou de toda sua força de vontade, que àquela altura não era das maiores, e empurrou-o. Olhou-o como um pedido silencioso que ele entendesse a situação. Draco respirou profundamente e lançou a ela um olhar resignado:
-Eu vou, mas mais tarde eu volto pra cobrar o que ficou pendente. Até mais Virginia.
A advobruxa fechou a porta e respirou aliviada. Logo Hermione estava de volta e sentou-se no sofá, preparando-se para dar de mamar ao filho. Gina olhou aquela cena um tanto fascinada.
“Será que algum dia poderei fazer isso?” perguntou-se, com os olhos brilhando. A ruiva enxergava uma aura positiva e especial na amiga ao observar a interação mãe-filho.
Hermione fizera questão de preparar o almoço das duas e enquanto isso Gina observava Ed como uma tia coruja:
-Desse jeito o garoto vai ficar mais metido que o Malfoy! –a morena gritou da cozinha e Gina não pôde deixar de rir.
O almoço foi tranqüilo e a medibruxa foi embora no meio da tarde, não sem que antes Gina se despedisse da amiga e do sobrinho, qua mais uma vez estava dormindo.
Assim que Hermione foi embora, Virginia passou as mãos pelos cabelos:
“Merlin, como foi difícil desviar o assunto quando a Mione queria falar do Draco. Será que ela desconfia de algo?!? Espero que não.” Pensou, dirigindo-se até a estante da sala e pegando um livro para ler, sobre advobruxia para variar...
Sentou-se no sofá e pegou o paletó de Draco que ali estava, levando-o até o nariz e inspirando profundamente. Logo o cheiro delicioso do perfume importado dele preencheu suas narinas e entorpeceu seus sentidos. Automaticamente abraçou a peça de roupa, só naquele instante percebendo que havia coisas nos bolsos: o celular, a varinha, a carteira.
Ela riu ao imaginá-lo sem aquelas três coisas que ele julgava tão essenciais. Teve vontade de mexer no celular e na carteira, mas não o fez. Porque se ela o fizesse e ele descobrisse...Não queria nem pensar. A relação entre eles ia bem e a ruiva não queria conhecer tão cedo o lado mais sombrio de Draco. Não queria perder o grau de confiança que já tinha conseguido que ele depositasse nela.
“Mas de qualquer maneira descobrirei assim que mandá-lo para Azkaban. Ele não vai ficar nenhum pouco feliz com isso.” Ela pensou e tal pensamento incomodou-a de uma forma que ela não sabia explicar.
Depositou o paletó do loiro onde estava anteriormente e abriu o livro, tentando afastar o poderoso Draco Malfoy de seus pensamentos. A leitura fez com que relaxasse e esquecesse dos problemas, porém a campainha tocou. O coração da ruiva deu um salto:
-Será que é o Draco? –perguntou-se e lembrou das últimas palavras dele:Eu vou, mas mais tarde eu volto pra cobrar o que ficou pendente. Até mais Virginia.
Respirou fundo, guardando o livro para depois ir até a porta. Abriu-a e para seu desapontamento ou não, estavam em sua frente Gui, Fleur e Evelyn, esta entre os pais, tendo suas mão seguras por eles. Gina sorriu:
-Mas que surpresa ver vocês! –ela sorriu e cumprimentou Gui e Fleur com um beijo no rosto.
-E eu, Tia Gina?
A ruiva lançou um sorriso divertido para a sobrinha e abaixou-se, abrindo os braços, sinalizando que a pegaria no colo e foi o que fez:
-Eve, minha bonequinha sapeca. –ela murmurou –Você tá se comportando direitinho com seus pais?
-Sim. Eu sou a plin...-e fez cara de pensativa –a princesinha do papai.
-Isso mesmo, Eve. –Gui sorriu –Uma princesinha muito travessa por sinal.
-E eu digo que você não deveria incentivá-la a virar uma cópia feminina dos gêmeos, Gui. –Fleur o repreendeu, enquanto Gina colocava a sobrinha no chão novamente.
-Deixa a criança ser feliz, Fleur. –Gina interveio e a loira fez menção de falar, mas a ruiva o fez primeiro –O sorriso da Eve não é o suficiente para você não ficar brava quando ela faz alguma travessura?
-Bem... –a cunhada passava a mão por sua barriga já um tanto proeminente e não sabia o que dizer.
-Como vai o bebê? –Virginia perguntou ao ver o gesto de Fleur.
A loira sorriu:
-Vai bem, mas estou tendo alguns problemas com essa gravidez...
Foi interrompida por Evelyn:
-E ninguém ainda me disse como os bebês são feitos... –ela comentou, com um leve bico e as mãos na cintura.
Gui achou engraçada a situação, mas ao receber um olhar severo da esposa, pigarreou, tentando ficar sério e disse à filha:
-Princesa, porque você não pega a boneca que você trouxe nessa sua mochilinha e vai brincar com ela?
A menina lançou ao pai um olhar que com certeza havia aprendido com a mãe:
-De novo conversa de adultos? –bufou.
-Obedece o papai, Eve. –Fleur disse, imponentente e doce ao mesmo tempo –Quer que a gente pense que não gosta da boneca que te demos? Você queria tanto ganhá-la, não se lembra?
-Tá bom. –a ruivinha concordou e fez o que foi pedido e saiu correndo para um canto das sala, onde se sentou no tapete.
Fleur revirou os olhos como se reclamando para si mesma por a filha ter corrido e sentado no chão, mas nada disse a esse respeito:
-Como eu ia dizendo, Gina, estou tendo alguns problemas com a gravidez.
-Mas não é nada grave, não é? –a ruiva preocupou-se –Já foi ao St. Mungus?
A loira permitiu-se sorrir diante da preocupação da outra e tranqüilizou-a:
-Não se preocupe, não é nada disso. Bem, a fase dos enjôos passou. Agora de vez em quando eu tenho vontade de comer algumas coisas estranhas e também de ter alguma privacidade com o Gui, sabe? –e as bochechas dela coraram.
–A Eve nos interrompeu umas seis vezes essa semana. –Gui completou.
-Então vocês querem que eu fique com ela para poderem ter a sua privacidade? –falou de uma maneira que fez os dois ficarem vermelhos como pimentões.
-Não precisa fazer esse tom, maninha. Saiba que não me sinto confortável falando dessas coisas pra você. Nós não queremos te incomodar. Passamos por aqui para saber se está tudo bem com você para a Eve te ver. Nós pretendemos deixar a Eve na casa da mamãe, mas só por essa noite.
-Imagine. A Eve não incomodaria. Eu posso perfeitamente ficar com ela, não há problemas. –Gina respondeu com um grande sorriso e eles fizeram uma cara incerta –É sério, não se preocupem. Eu vou cuidar bem dela e prometo não viajar com ela dessa vez, ok? Amanhã eu a levo até a casa de vocês.
-Hum, ok então. Obrigada, Gina. –Fleur disse.
-De nada. Nossa, nem convidei vocês para entrarem. Que lapso de memória esse, hein?
-Não se incomode. –Gui falou –Já estamos de partida. Bem, mas não sem antes te entregar isso. –e estendeu um pacote para a irmã.
-O que é? –ela perguntou, aceitando o pacote e olhando curiosa.
-Nosso presente de aniversário para você. Foi uma pena que esse ano não teve almoço na Toca para comemorar o seu aniversário.
-Tudo bem, mas não precisavam se incomodar. –falou, começando a abrir o presente.
Era o kit de maquilagem mais famoso da comunidade bruxa do Reino Unido:
-Gostou? –Fleur perguntou, com os olhos brilhando.
-Sim. Só não sei se usarei muito, pois praticamente não saio para me divertir. Mas as mais discretas eu vou usar bastante. Pode não parecer, mas eu costumo ser vaidosa. Muito obrigada.
-De nada. –os dois disseram em uníssono –Mas agora acho melhor irmos.
A ruiva deu um sorriso malicioso:
-Não vêem a hora de aproveitar os momentos à dois, hein? –e os dois ficaram super vermelhos na hora –Calma, gente. Foi só uma brincadeira e a cara de vocês foi hilária. –recebeu um olhar fuzilante dos dois –Tá, tá, já percebi que a minha brincadeira não agradou vocês. –e virou-se para a sobrinha –Eve, vem se despedir dos seus pais!
Após alguns segundos a ruivinha juntou-se a eles:
-A gente não ia na casa da avó Molly?
-Bem. –Gui começou a explicar –A sua Tia Gina vai ficar com você.
-Tá. –e o ruivo sorriu por sua filha ser compreensiva.
Gui pegou a filha em seus braços fortes e rodou-a no ar, fazendo-a rir:
-Te amo, princesinha. Seja uma boa menina. –deu um beijo na bochecha dela.
Para que Fleur não fizesse força para carregá-la, o marido aproximou-se dela com a filha no colo. Os olhos da loira ficaram marejados:
-Você vai ficar bem, né querida? Vai obedecer a Tia Gina direitinho, não vai?
-Por que você tá chorando, mamãe? –perguntou lentamente, secando uma lágrima da mãe.
-Nada, eu sou uma boba mesmo. –e beijou a bochecha da filha.
Enquanto isso, Gui mexeu os lábios para a irmã, dizendo claramente “Variação instantânea de humor” e a ruiva sorriu, compreensiva.
Após o casal ter se despedido da filha e de Gina, foram embora abraçados. Gina fechou a porta e logo ouviu a voz da sobrinha:
-Tia Gina, por que a mamãe tava chorando?
Virginia respirou fundo:
-Porque quando uma mulher está esperando um bebê, pode ficar mais emotiva, ou seja, é mais fácil ela chorar. Mas você não tem que se preocupar com isso, a Fleur vai ficar bem.
-Hum. E como os bebês são feitos?
Gina riu:
-Isso eu não posso te responder pelo menos nos próximos anos, até você se tornar uma mocinha.
-Mas eu sou uma mocinha. Já tenho 6 aninhos.
Mais uma vez Gina riu:
-Isso não é idade suficiente para saber disso. Quando eu tinha a sua idade eu não sabia. Aliás, eu só fiquei sabendo quando tinha uns 13 anos numa conversa entre minhas amigas.
-Ahn...Então promete que me conta quando eu tiver 13 anos, Tia Gina? Promete! Promete!
A ruiva sorriu:
-Ok, se você não souber até lá, eu te conto. –concordou. -Mas não diga a sua mãe que eu te prometi isso, ok? Nosso segredinho.
Evelyn sorriu cúmplice:
-A gente pode brincar com a Jessie?
A advobruxa, fez uma cara confusa:
-Jessie? Quem é Jessie?
-A minha boneca. –apontou para onde estivera sentada anteriormente.
Gina sorriu:
-Até que não é má idéia. Faz muitos anos que não brinco de boneca, me deu saudades agora. –disse nostalgicamente.
Virginia quando criança não vira a hora de ser adulta. No entanto, percebia que se soubesse antes que ser adulta era tão complicado, preferiria continuar sendo criança. Aqueles tempos não tinham volta. Porém, poderia matar um pouco as saudades ao brincar com sua sobrinha. Estavam num faz-de-conta que Jessie estava indo para Hogwarts pela primeira vez. Virginia lembrou-se de como sentira-se ao avistar o imponente castelo do pequeno bote em que estava. Ficara maravilhada. Lembrava também de ter tremido feito vara verde assim que seu nome foi anunciado e ela teve que se sentar perante a escola inteira com um chapéu em sua cabeça. Tivera um medo enorme de não entrar para a Grifinória apesar de toda sua família ter sido de lá. E temera mais ainda entrar na sonserina, ainda mais quando o chapéu seletor disse-lhe que o medo dela daquela era infudado e ela poderia se dar bem. Nunca contara isso à ninguém, a não ser para o diário de Tom Riddle, e ficara mais do que aliviada ao ser mandada para a Grifinória. Lembrava de ficar observando Harry de longe e sonhar em ser sua namorada. Passou por sua mente também a conversa entre ela, Luna, Amanda Summers e Julia Smith, no dia em que ela descobrira o que era sexo.
*Flashback*
Era um dia ensolarado de verão e os exames finais já haviam terminado. Gina e Amanda da Grifinória juntamente com Luna e Julia da Corvinal, estavam sentadas debaixo de uma árvore, aproveitando sua sombra e observando o lago.
-Aqui está tão bom. –a ruiva comentou –Me sinto tão aliviada pelo fim das provas.
As outras três acenaram afirmativamente com a cabeça.
-Julia, onde está o seu namorado? –Amanda perguntou.
-Jogando snap explosivo com os amigos. –deu de ombros.
-Como é que você consegue namorar um sonserino? –Gina perguntou.
Ela deu um sorrisinho malicioso:
-Sonserinos tem “a pegada”, entendeu?
Gina fez uma cara confusa e ia falar algo, mas Luna foi mais rápida:
-Claro, sonserinos costumam deixar pegadas na neve. Será que é por causa do tipo de sapatos que usam?
Gina e Julia seguraram o riso pela resposta espontânea e lunática da loira. A ruiva podia não saber exatamente do que Julia falava, mas pelo sorriso que ela tinha dado podia adivinhar que a tal “pegada” não era nada relacionado a sapatos ou pegadas na neve. Amanda revirou os olhos:
-Sinceramente, Luna!
-Então explique o que é, já que você acha que sabe tanto, Amanda. –Luna retrucou.
Amanda corou e colocou os cabelos castanhos e ondulados para trás das orelhas:
-Bem...é que...é o jeito que um garoto...hum...
-Eu falo. –Julia se voluntariou –“A pegada” é a maneira com que um garoto te toca, te beija...Essas coisas, sabe? Os sonserinos fazem isso muito bem, vocês não acham?
-Bem, tem alguns sonserinos que são bonitos, mas eu não ficaria com nenhum deles. –Amanda respondeu.
-Eu também não. –Luna e Gina concordaram.
-Vocês não sabem o que perdem. –Julia retrucou e então deu um sorriso –Quando o Adam me beija eu quase perco o controle.
-Perder o controle? –a ruiva indagou.
-É. –Julia murmurou, corando –O Adam queria que fizéssemos amor, mas eu disse a ele que ainda não estava preparada. Então ele disse que tudo bem e que esperaria.
-Fazer amor? –Luna indagou –Não é assim que se fazem os bebês?
-É verdade, ouvi dizer que sim. –Amanda concordou.
-Vocês sabem a Cindy, minha prima da Beauxbatons? –Julia perguntou e as amigas fizeram que sim –Ela me disse que ela e o namorado dela já fizeram amor.
-Então eles tem um bebê? –a ruiva perguntou inocentemente.
-Não. –Julia negou e olhou em volta, certificando-se de que não havia ninguém antes de continuar –Ela disse que eles tomaram as devidas precauções, mas eu não sei o que ela quis dizer com isso. O que eu sei é que fiquei curiosa e perguntei para a Cindy como se fazia amor.
-E como se faz? –Amanda perguntou, curiosa.
-Todos sabem que são as fadas mordentes quem trazem uma sementinha que um homem que ama uma mulher deposita nela.
-Isso é papo furado, Luna. –Gina respondeu –Uma vez entreouvi meu pai dizendo aos gêmeos que estava na hora deles deixarem de acreditar nessa história e ele contaria a verdade.
-Então você sabe a verdade, Gina? –Julia perguntou, esperançosa de que Gina a ajudasse a explicar para as outras duas.
Porém, para a decepção de Julia, a ruiva disse:
-Não, não sei. Minha mãe me deu uma bronca por ouvir atrás da porta e me tirou de lá.
-Conta, Julia. –Amanda insistiu.
Julia passou a mãos por seus cabelos negros e lisos, respirou profundamente:
-Ok então. Bem, vocês freqüentaram escolas trouxas assim como eu antes de vir para Hogwarts, certo? –e todas concordaram –Lembram da aula sobre o corpo humano e as diferenças entre homens e mulheres? –mais um gesto afirmativo das três –Bem...para fazer amor, o homem...ele... –tomou coragem para continuar -...coloca o...pênisdelenavaginadamulher. –disse num fôlego só.
-O quê? –perguntaram em uníssono.
-Ah, não. Não me façam repetir. Eu sei que vocês entenderam. –Julia murmurou envergonhada.
-Hum...é isso? –Amanda perguntou, fazendo um círculo com o indicador e o polegar da mão direita e fazendo o indicador de sua mão esquerda passar por dentro do círculo.
Luna ficou surpresa, assim como Gina:
-Uau. É ainda mais fantástico que as fadas mordentes. –a loira falou.
-Hum...E as pessoas fazem isso só para ter bebês? –a ruiva perguntou.
-Não, as pessoas fazem isso porque se amam. –Amanda disse num tom de quem sabe das coisas.
-Mas é estranho. –a Weasley insistiu, olhando para Julia, a qual deu de ombros.
-A Cindy disse que dói no começo, mas que depois é bom.
-E você já pensou em fazer isso com o Adam? –Amanda perguntou e mais uma vez assistiram Julia Smith corar perante a insaciável curiosidade de Amanda Summers.
***Fim do Flashback***
-TIA GINA!!!!!!!!!!! –Evelyn gritou e a ruiva acordou do transe.
-Evelyn? O que foi? Por quê está gritando?
-Eu tentei te chamar antes. Mas você não respondeu, Tia Gina. –e fez uma carinha chateada.
Gina abraçou a menina e disse:
-Oh, minha lindinha. Acho que a Tia está cansada e precisa de um banho. Você me desculpa a desatenção? –e a ruivinha fez que sim –Boa menina. Quer assistir televisão enquanto eu tomo banho?
-Oba! Tevelisão! –comemorou, enquanto Gina se levantava e levava a sobrinha até um dos sofás.
Vendo que o paletó de Draco ainda ali estava, recolheu-o. Ligou a televisão e escolheu um canal em que estava passando um desenho animado.
-A Tia já volta, anjinho.
-Tá. –a criança respondeu, já entretida com a “tevelisão”.
Gina dobrou o paletó do loiro e colocou-o em um lugar de fácil visão dentro de seu guarda-roupa. Então pegou uma toalha e rumou para o banheiro. Após despir-se, jogar a roupa no ropeiro e pendurar a toalha, a Weasley entrou no Box e ligou o chuveiro. A água morna lhe trouxe uma sensação relaxante. Seus pensamentos voltaram-se mais uma vez para o passado. Após aquela conversa com as amigas, ficara imaginando como seria se ela e Harry fizessem amor. Porém, lembrou-se que seu primeiro sonho erótico que não fora interrompido, prosseguindo até o final, não fora com Harry e sim com...
“Como pude me esquecer disso? Nunca contei para ninguém que tive aquele sonho com o Draco. Culpa das meninas que no dia anterior estavam comentando, ainda mais, sobre como ele era gostoso depois que ele resolveu tirar a parte de cima das vestes do uniforme após uma partida de quadribol. Eu sei que dei umas boas olhadas...Mas se não ficassem dizendo o quanto ele estava gostoso e etc, eu não teria sonhado. Não me lembro exatamente do sonho…Aliás, lembro muito pouco. Tudo o que lembro foi que do nada eu apareci em uma casa que não estava mobiliada. O piso era negro e polido, quase como se fosse mármore negro. Eu podia até me ver refletida naquele piso. As paredes eram incrivelmente brancas. Eu fui observando o lugar, claramente confusa por não saber aonde estava. Cheguei ao que pareceu ser uma cozinha, devido a pia típica de se encontrar em cozinhas e lá não havia mais nenhum outro móvel. Fui surpreendida pela repentina presença de Draco Malfoy. É, ele apareceu de repente na minha frente, lindo, com os cabelos loiros quase a cair sobre seus olhos, dando um ar misterioso e nos lábios ele tinha um sorriso malicioso. Eu sorri timidamente e ele aproximou-se, sem desviar seus olhos cinzas, como um predador aproxima-se da presa. Sim, parece até que estou narrando um filme ou algo do tipo, mas tudo bem...O fato é que ele me beijou de uma maneira faminta, quase que desesperada. Num momento estávamos vestidos enquanto nos beijávamos e no próximo ele me prensava contra a parede enquanto transávamos. Não houve palavras de carinho, não houve “eu te amo” sussurrado no ouvido de maneira lânguida ou quaisquer promessas. Éramos apenas eu, ele e aquele intenso momentode prazer que compartilhávamos. Apenas nos comunicávamos por meio de gemidos e movimentos quase que sincronizados, como se nossos corpos tivessem o poder de dizer muito mais que palavras. Aliás, naquele momento, era impossível formular frases e palavras pareciam fazer parte de um outro mundo. Não tenho muitos flashes dessa parte do sonho. Depois disso acordei sentindo-me satisfeita. Eu simplesmente não conseguia entender o porquê de ter sonhado com alguém que eu odiava. Talvez eu já me sentisse atraída por ele naquela época. Não sei dizer com certeza, mas deve ter sido isso.”
Assim que terminou o banho, fechou a torneira do chuveiro e saiu do box. Enrolou a toalha em volta de seu corpo e arrumou um pouco o banheiro. Ouviu então a campainha tocar e apressou-se em pentear os cabelos. Dirigiu-se até a porta de entrada e perguntou:
-Quem é?
-É o Lobo Mau que veio comer a Chapeuzinho Vermelho.
A ruiva reconheceu a voz do loiro e abriu a porta. Rapidamente ele passou pela porta e olhou cobiçosamente para a ruiva que estava apenas enrolada na toalha. Gina lançou um olhar em direção ao sofá e constatou que Evelyn estava dormindo, então voltou seus olhos castanhos para o loiro, que avançava perigosamente. Gina colocou as duas mãos no peitoral dele, impedindo-o de se aproximar:
-Não gostei nenhum pouco do seu comentário, Draco Malfoy. Lobo Mau, é? Aqui não tem lugar para Lobo Mau. –falou em tom superior.
O loiro, que até agora mantivera os braços para trás das costas os trouxe para frente, revelando um buquê com jasmins. Virginia não pôde controlar o sorriso que surgiu em sua face. Draco estendeu para ela.
-Obrigada. –agradeceu –Você foi muito gentil em me trazer flores. –falou e rapidamente arranjou um vaso com água para colocar as flores.
Assim que terminou de ajeitar as flores, sentiu as mãos de Draco envolverem sua cintura e a cabeça dele se apoiar sobre seu ombro:
-Virginia, eu te quero. Você só de toalha está me provocando imenso. –sussurrou numa voz rouca e sensual ao ouvido dela.
A ruiva arrepiou-se, mas usou de todo o seu bom senso ao dizer:
-Draco, a Evelyn tá aqui.
O loiro imediatamente soltou Gina e perguntou:
-Aonde?
-No sofá. Sorte que ela está dormindo, eu ela me faria perguntas bem inconvenientes. Você pode me fazer o favor de carregá-la até o meu quarto?
Draco fez que sim. Dirigiu-se para o sofá e pegou a menina no colo delicadamente. Gina seguiu-o e quando Draco depositou o corpo adormecido de Evelyn na cama, a ruiva a cobriu. Malfoy deu um sorriso, acariciando levemente as mechas ruivas da pequena, mas quando ela mexeu-se um pouco ele parou com medo de acordá-la.
-Eu preciso me vestir, Draco. Será que você pode me esperar na sala?
-Precisa mesmo? –perguntou num tom que ela classificaria como manhoso e Gina balançou a cabeça afirmativamente –Tá bem, eu vou. –o loiro se deu por vencido e retirou-se do quarto.
“Será que sempre que ele aparece aqui vai me ver em trajes inapropriados?” perguntou-se, quase rindo da situação.
Era verão e a temperatura dentro de seu apartamento estava agradável. Vestiu um conjunto de calcinha e sutiã preto. Uma saia preta um pouco rodada, uma blusa pólo vermelha e uma sandália rasteirinha. Olhou no espelho e ficou satisfeita com o que viu. Saiu então do quarto e não avistou Draco. Andou alguns passos e então ele abraçou-a por trás, virando-a para si quase que imediatamente.
-Você está linda, Virginia. E de uma maneira que te faz parecer um tanto sapeca com essa roupa.
Ela riu:
-Na maioria das vezes você está acostumado me ver em roupas sociais, não é mesmo, Draco?
-Sim. Com roupas sociais você parece bem misteriosa e com esse tipo de roupa você parece uma menina tímida, mas travessa.
-Não tão tímida assim. –ela deu um sorriso malicioso e acariciou o peito dele, para em seguida puxá-lo pela gravata para um beijo sedento.
Draco prensou-a contra a parede, o que fez a ruiva lembrar-se do sonho que estava pensando no chuveiro. No entanto, fez com que ele se afastasse dela:
-O que houve, Virginia? –ele perguntou, confuso.
-A Eve. Ela pode acordar e nos ver.
-Hum. –ele murmurou soltando-a –Sabe, eu tinha vindo aqui pensando em te levar para jantar na minha casa. Mas já que não podemos deixar a Eve sozinha, acho que teremos que nos virar para fazer o jantar, quero dizer, você ainda não jantou, não é?
-Não, ainda não jantei. Mas o que você quer dizer com “nos virar”? Você vai me ajudar a cozinhar? Draco Todo Poderoso Malfoy não sabe cozinhar. –ela desdenhou.
-Eu estava pensando em pedir algo pelo telefone. –ele comentou casualmente, mas em seguida fez uma expressão séria –Mas agora você me desafiou, Virginia. Eu vou mostrar que sei sim cozinhar.
A ruiva tentou não rir, mas foi em vão:
-Draco, eu agradeço a sua boa vontade. Mas não, obrigada. Não quero minha cozinha pegando fogo. Eu posso cozinhar para nós dois.
-Você não está entendendo, Virginia. –e ele tinha um brilho nos olhos –Eu não resisto a um desafio. Agora já é tarde demais e terá que correr o risco ou...
-Ou? –ela quis saber.
-Ou terá que corer o risco. –sorriu –Não há escolhas. Você vai ter que confiar em mim.
Ela suspirou:
-Ok, mas eu quero ver então.
-Tudo bem. Mas com uma condição. –disse de maneira intransigente.
-Qual? –perguntou curiosa.
-Você não vai dar palpites.
Ela bufou, mas concordou:
-Ok, Draco Malfoy. Vamos descobrir se você é mesmo bom na cozinha ou só está fazendo charme.
Ele deu um selinho nos lábios dela:
-Você não vai se arrepender. –e puxou-a pela mão para a cozinha.
-Posso perguntar pelo menos o que você vai fazer? –indagou e fez uma cara esperançosa.
Draco ia dizer que não, mas mudou de idéia ao ver a expressão angélica no rosto dela:
-Pode, mas primeiro eu tenho que saber o que tem por aqui. Então daí eu decidirei o que fazer. Ah, e de que tipo de cozinha você mais gosta?
-Bem, eu vou te dizer do que não gosto. Nem pense em fazer coisas exóticas demais, lembra como eu disse que vomitaria aquela lesma que você tentou me oferecer uma vez no restaurante?
-Não é lesma, Virginia. Scragot é um caracol. Mas que seja. Não farei nada do tipo. Também não poderei fazer algo que leve muito tempo, porque meu estômago já está protestando.
A ruiva sorriu:
-O meu também. –ela concordou e observou-o pegando alguns ingredientes e arregaçar as mangas de sua camisa preta.
-Você tem um avental, Virginia?
-Sim, mas tem certeza que você quer usar ele?
-Não me dia que é rosa...
-Não, é azul. Mas é que talvez eu não resista e te agarre.
Draco riu:
-Está me confessando uma fantasia sua, é? –perguntou, enquanto a ruiva lhe estendia o avental.
As bochechas de Gina ficaram levemente rosadas:
-Bem, eu sempre quis que um homem cozinhasse para mim, sabe? O Harry não era lá muito bom na cozinha...
-Que tal estou, Virginia? –perguntou em tom divertido.
-Ridiculamente gostoso e atraente. –ela respondeu –Não me olhe assim, Draco...Ou eu não me responsabilizo pelos meus atos e esse jantar não sairá nunca.
-É uma proposta tentadora, Gina. Mas eu realmente preciso matar a fome do meu estômago primeiro para depois matar a fome de você.
A ruiva sentou-se numa das cadeiras que haviam ao redor da mesa e ficou observando o loiro. Entre outras coisas, ele pegou farinha de trigo, ovos e sal.
-Quer ajuda, Draco?
-Não, obrigado. Eu me viro bem. Hum...Onde ficam as panelas?
Virginia apontou uma parte do armário no alto. Draco foi até lá e pegou três panelas e colocou-as sobre o fogão e depois aproveitou para pegar um recipiente no qual foi colocando os ingredientes. A ruiva analisou-o meticulosamente e ele tinha cara de que sabia o que estava fazendo, o que não era novidade, porque mesmo quando Draco Malfoy não sabia, fazia as pessoas pensar que sabia.
“Será que ele realmente vai fazer algo bom?” ela perguntou-se, mas sem coragem de perguntar para ele algo do tipo.
Draco mexeu a mistura de farinha, ovos e sal. Quando ficou consistente, ele fez um feitiço de limpeza sobre a mesa e colocou a massa estirada sobre ela.
-Rolo de macarrão? –perguntou à ruiva.
-Aquele armário, porta da esquerda. –respondeu, tentando soar indiferente –Draco, promete que não vai deixar a minha cozinha uma bagunça?
O loiro pegou o rolo de macarrão e fechou o armário, foi colocando um pouco de farinha no rolo ao dizer:
-Eu não sou exatamente o mestre dos feitiços de limpeza...
-Eu deveria saber que ia sobrar pra mim. –a ruiva bufou.
-Hey, você não me deixou terminar. Mas se você me ensinar alguns feitiços eu posso te ajudar.
-Hum... –ela murmurou desconfiada –Você está muito bonzinho hoje, Draco. Primeiro se oferece para cozinhar e agora quer me ajudar na limpeza. O que você está querendo?
O loiro sorriu, enquanto passava o rolo sobre a massa e ainda sem tirar os olhos do que fazia respondeu, após abrir um leve sorriso:
-Eu não posso fazer nada sem que tenha algum motivo por trás, é?
A ruiva fez um muxoxo:
-Tsc. Você? Draco, você é sonserino de ponta a ponta. Você é calculista, não dá ponto sem nó.
-É essa a sua opinião sobre mim? –perguntou, neutro.
-É a verdade. –deu de ombros.
Ele respirou profundamente:
-Sim, é a verdade.
-E então?
-Então o quê? –virou a massa de lado.
Gina revirou os olhos, enquanto o via recomeçar a passar o rolo de macarrão sobre a massa:
-Por que você está bonzinho demais?
Ele deu um sorriso irônico:
-Você quer que eu seja mau, Virginia? –perguntou num tom que mandou arrepios pela espinha dela.
-Não! –apressou-se a responder –Apenas estou curiosa.
-Virginia, fazia cinco dias que não nos víamos. –falou como se encerrasse a questão.
Porém, Virginia Molly Weasley era conhecia por ser uma porta de teimosia quando queria:
-E?
Draco bufou, já um tanto irritado:
-Depois eu é que sou o insensível da história. O que você quer ouvir, Virginia? –e passou a cortar a massa em retângulos finos com cerca de 15cm por 5cm.
-Não sei. Diga-me você o que quer falar sobre isso.
-Eu apenas queria passar um tempo com você, caramba! –ele exclamou e então, fechou a cara antes de fazer feitiços não verbais que tivessem o mesmo efeito que se a massa tivesse descansado o tempo necessário –Você tem carne moída? –perguntou, seco e a ruiva fez que não –Cebola, alho, margarina, creme de leite, molho de tomate?
A ruiva apontou os lugares e Draco foi pegar. Com uma faca, Draco descascou a cebola e alguns dentes de alho, mas usou magia para picá-los, em seguida, distribuindo-os em duas panelas. Adcionou a manteiga nas duas panelas e ligou as respectivas bocas do fogão em fogo baixo, com alguma dificuldade –“Malditas engenhocas trouxas!” ele pensou –Em seguida, pegou a terceira panela e encheu-a de água e ligou outra boca do fogão, mas dessa vez em fogo médio e logo depois, colocou os retângulos de massa na água.
A essa altura, Gina já tinha percebido que Draco estava fazendo uma lasanha. A advobruxa nunca tinha feito uma lasanha com massa caseira e nem dois tipos de molhos, sua mãe era quem costumava fazer. Suspirou, sabia que o tinha irritado e ele passou a não falar com ela mais que o estritamente necessário. Agora ele mexia com uma colher de pau as panelas em que estavam os temperos. Tomando coragem, Virginia levantou-se da cadeira em que estava e se aproximou do loiro, estendeu a mão para acariciar o rosto dele:
-Desculpe, Draco. –murmurou timidamente –Eu sei que você ficou bravo comigo.
Malfoy continuou inexpressivo e limitou-se a responder:
-Estou cozinhando, Virginia.
-Eu sei. Está fazendo uma lasanha. –parou de acariciar o rosto dele –Onde foi que aprendeu a cozinhar?
Ele deu um sorriso desdenhoso, enquanto adcionava creme de leite e um pouco de farinha de trigo e leite a uma das panelas:
-Mais um dos segredos de Draco Malfoy.
-Ok, se você não quiser contar, eu não vou insistir. Mas…
-O quê?
-A Parvati gosta da sua comida?
-Está acusando minha comida de ser intragável de maneira indireta? –ergueu uma sobrancelha.
-Não, Draco. Eu só queria saber, na verdade, se você já cozinhou muitas vezes para a Parvati.
Malfoy ficou em silêncio e a ruiva não insistiu na pergunta, mas ficou parada ao lado dele. Quando Draco parou de mexer o molho branco e colocava o conteúdo da lata de tomate na outra panela, respondeu:
-Não. Eu nunca cozinhei para a Parvati. –admitiu.
A ruiva reprimiu a grande vontade que tinha de sorrir e não sabia o que falar, murmurou apenas:
-Hum...
Draco sorriu ao ver o encabulamento dela e aproveitou para fazer um de seus comentários espirituosos:
-Sinta-se privilegiada por provar da minha comida. Há pouquíssimas pessoas no mundo que podem dizer que tiveram essa chance.
Ela deu um leve tapa no ombro dele:
-O mesmo convencido de sempre.
-Oh, também te adoro. –falou cinicamente.
Draco adcionou sal aos dois molhos, orégano ao molho de tomate e queijo parmesão ralado ao molho branco:
-Hum, isso está cheirando bem. –a ruiva comentou e Draco ofereceu-lhe um sorriso genuíno, enquanto mexia ao mesmo tempo as duas panelas com molho. Quando os molhos ferveram, ele desligou as panelas e pouco depois desligou a panela com a massa da lasanha.
-Agora eu vou precisar de uma travessa grande. Onde tem?
-Eu pego pra você.
-Não precisa.
-Eu pego. –deu um selinho nele.
A ruiva havia dito isso inocentemente, apenas queria sentir-se útil de alguma maneira. No entanto, Draco não interpretou essa ajuda dela de maneira tão inocente assim...O lugar onde a ruiva guardava as travessas era baixo, portanto, ela precisou abaixar. Como ela estava usando uma saia acima do joelho, Draco teve uma visão previlegiada da parte de trás das coxas dela. Mordeu o lábio inferior, um pouco mais e poderia ver a parte inferior dos glúteos.
-Você está bem, Draco? –ela perguntou, entregando a ele a travessa.
-Ahn...Se não quiser que eu me descontrolole, não me provoque desse jeito.
-Como assim? –perguntou, confusa.
-Pensa que eu não sei que foi pegar essa travessa só porque teria que abaixar? Você está de saia.
As bochechas dela ficaram vermelhas:
-Eu não fiz de propósito. –disse num tom um tanto magoado, mas depois disse maliciosamente –Gostou do que viu?
-Não me provoque. –tentou ficar sério –E me diga onde está o escorredor de macarrão, porque eu mesmo irei pegar.
Ela riu:
-Está justamente onde você me viu pegar a travessa.
Draco foi até lá e voltou rapidamente. Escorreu a água da panela da massa, colocando esta dentro do escorredor. Pegou duas conchas e colocou uma em cada penela de molho. Começou colocando e espalhando molho de tomate no fundo da travessa. Então forrou por cima com massa e depositou molho branco sobre esta, para depositar mais uma camada de massa. Assim ele foi intercalando camadas de massa e dos molhos. Até que chegou na última, a qual espalhou por cima molho branco e salpicou com queijo ralado. Ligou o forno e depositou a travessa dentro dele, fechando a porta do forno em seguida.
-Pronto. –ele falou –Agora só precisamos esperar. Fiz um feitiço que nos alertará quando estiver no ponto.
-Agora temos que limpar. –Gina disse, olhando desaprovadoramente para as panelas, talheres e mesa sujos. Além dos ingredientes que ele tinha usado ainda estarem pela mesa.
A ruiva ensinou alguns feitiços para o Malfoy e corrigiu-o em alguns que ele estava fazendo. Depois de alguns poucos minutos, tudo estava limpo e em seu devido lugar.
-Agora só temos que esperar a lasanha ficar pronta. –a Weasley declarou.
-E o que faremos enquanto esperamos? –o loiro indagou, insinuante, enquanto avançava.
-Que tal me contar como foi a sua viagem? –foi recuando, até que bateu as nádegas na mesa e não tinha mais como ir para trás.
Draco sorriu ao prensar o corpo dela com o seu:
-Acho que podemos fazer coisas mais interessantes. –e beijou o pescoço dela.
-Eu acho melhor não, Draco. A Eve... –disse, os olhos fechados, desfrutando dos beijos dele.
O loiro parou e acariciou a face dela, fazendo-a abrir os olhos castanhos:
-A Evelyn deve estar em seu décimo sétimo sono, não vai acordar agora. –falou calmamente, num tom de quem entende das coisas.
Gina acariciou os cabelos loiros e macios:
-Conheceu alguma escocesa? –perguntou, fingindo neutralidade.
-Apenas a mulher do homem com quem negociei. –ele respondeu e os olhos da ruiva ficaram frios, além dela ter parado o carinho –Está com ciúmes, Virginia?
-Não. Deveria? –ofereceu a ele um sorriso falso –Você sabe o que me prometeu, Draco Malfoy. –acrescentou seriamente.
-Sim, eu sei. Você não precisa ficar assim. A mulher dele tinha cerca de 50 anos. Até a minha mãe é mais nova que ela. Além do mais eu prefiro as ruivas teimosas que fingem não ter ciúme e não conseguem pensar em perder o loiro gostosão.
-Seu egocêntrico! –deu um tapa no peito dele.
-Bate que eu gamo. –respondeu, cínico, enquanto tomava os lábios dela com ardor.
A Weasley passou os braços em volta do pescoço do Malfoy. Ele enlaçoua cintura dela e levantou-a, fazendo com que se sentasse na mesa. Draco colocou-se entre as pernas dela e acariciou as coxas enquanto a beijava com crescente desejo. A ruiva posicionou suas mãos por debaixo do tecido da camisa do loiro, acariciando o torso dele. Estavam deveras entretidos com o amasso, quando foram interrompidos por uma voz de criança:
-TIA GINA! TIA GINA! –ela entrou na cozinha e o casal soltou-se como se tivessem levado um choque.
-Oi, Eve, querida. Você não estava dormindo? –a advobruxa perguntou, rubra de vergonha, tentando ajeitar suas vestes enquanto descia da mesa.
-Tava, mas eu tive um pesadelo. Então vim aqui e... –fez uma cara sapeca –TÁ NAMORANDO! TÁ NAMORANDO!
Draco passou a mão pelos cabelos, sem conseguir dizer nada. Virginia censurou-o com um olhar de eu-bem-que-te-avisei:
-Evelyn, você está imaginando coisas, querida. –tentou consertar a situação.
A ruivinha balançou a cabeça de um lado pro outro:
-Não, não. Eu sei o que vi. Tia Gina e Tio Draco namorando! –teimou –Eu vi o beijo. E a mão do Tio Draco tava na sua perna, Tia Gina. Eu não sou boba. Sou uma mocinha. –disse com ar superior –Já peguei a mamãe e o papai assim.
Gina sentou-se numa cadeira e enterrou o rosto nas mãos. Draco saiu de seu estado estático e pegou a ruivinha no colo e sentou-se em outra cadeira. Evelyn deu um beijo na bochecha do loiro, que apesar da situação sorriu:
-Tio Draco, tô tão feliz que você e a Tia Gina tão namorando. –disse animada.
-Olha, Evelyn. –ele começou sério –Ok, eu confesso que sua tia e eu estamos namorando...Mas...Já ouviu falar no feitiço da memória? –e ela fez que não –É um feitiço que faz com que você esqueça determinadas coisas e eu posso fazer você esquecer esse incidente, mas eu não gostaria de ter que fazer isso. Você é muito novinha para receber esse feitiço. Então se você ficou feliz em ver eu e a sua tia juntos e não quer esquecer disso, tem que me prometer que não vai contar para ninguém.
-Eu prometo, Tio Draco. –falou obediente.
-É uma promessa séria, uma promessa de mocinha. Você consegue cumprir? É um segredo nosso, ok?
-Sim, Tio Draco. –Eve abraçou-o.
Draco correu as mão pelos cabelos dela, acariciando-os:
-Boa menina.
-Eu e o Draco só podemos ficar juntos se você mantiver segredo. –a Gina reforçou.
-Sim, Tia Gina. Eu entendi.
-Oh, lindinha. A gente não queria que você visse. Era pra ser uma surpresa.
Evelyn riu:
-Surpresa? Eu sabia desde o começo que vocês iam ficar juntos.
-Sabia? –Draco e Gina perguntaram surpresos –Ela tem algum poder de clarividência? –o loiro indagou.
-Não pelo que eu saiba. –a ruiva respondeu –Como você sabia, Eve?
-Ah, vocês são um casal tão bonitinho. –comentou sonhadora e fez Draco rir –Nossa, que cheiro bom!
-É da lasanha do Draco. –Gina explicou.
-Oba! O Tio Draco sabe cozinhar?
-É o que vamos descobrir. –alfinetou-o.
-Vai engolir suas palavras, Virginia. –disse, um tanto rancoroso.
Poucos minutos depois, quando o feitiço alertou-o, o loiro desligou o fono e retirou a travessa com a lasanha de lá de dentro, depositando-a sobre a mesa. Evelyn estava com cara de quem estava com água na boca. Gina foi até a geladeira e pegou uma jarra que continha suco de morango, sorriu ao lembrar-se dos episódios dela e Draco com morangos...
Depositou a jarra na mesa e em seguida pegou copos e guardanapos, enquanto o loiro pegava pratos e talheres. Malfoy serviu primeiro Evelyn, a qual não esperou pelos dois e começou a comer:
-Ai! Tá quente. –choramingou e passou a soprar a comida.
-Toma cuidado, Evelyn. –a ruiva reprendeu-a, enquanto Draco servia o prato dela –Obrigada. –agradeceu-o.
-De nada. –ele murmurou e então serviu seu próprio prato.
Gina cortou um pedaço e soprou. Olhava para Draco, que a olhava de volta, em espectativa. Ela então levou a boca e colocou uma expressão neutra em sua face enquanto mastigava.
-E então? –ele indagou.
-Tá muito bom! –Evelyn exclamou antes que a tia pudesse responder qualquer coisa e Draco sorriu para a criança.
-Acho que definitivamente a sua lasanha pode concorrer com a da minha mãe. –Gina disse, fazendo com que Malfoy voltasse a atenção para si.
Ele arqueou uma sobrancelha:
-Devo encarar isso como um elogio?
Ela sorriu:
-Se não encarar este comentário como elogio, espero que encare este: Te quero na minha cozinha todos os dias.
Um sorriso malicioso formou-se nos lábios finos dele:
-Em qual sentido?
-Draco, a Evelyn! –ela sussurrou, mas ele continuou com uma expressão indagadora em sua face –Todos os sentidos. –ela apenas mexeu os lábios, o que fez o sorriso dele aumentar.
Em seguida, ao ver o sorriso ao mesmo tempo desdenhoso e satisfeito que ele exibia, ela baixou os olhos para seu prato e comeu com vontade. Após a refeição, Gina fez com que a sobrinha escovasse os dentes e disse:
-Eve, não é hora para você estar acordada. Seus pais ficariam bravos comigo.
Ela fez uma carinha de coitada:
-Eu tenho medo, Tia Gina. O pesadelo... –e Gina abraçou a sobrinha.
-Oh, minha querida. Eu deixo a luz do abajur acessa pra você, ok?
-Sim, mas eu quero que você e o Tio Draco me contem uma história. –pediu.
A ruiva lançou um olhar a Draco e ele deu de ombros:
-Por mim tudo bem.
Os dois levaram a menina para o quarto e deitaram-na na cama. Draco puxou o cobertor e beijou a testa dela assim como Gina. A ruiva sentou-se na beirada da cama e Malfoy ficou perto dela, mas em pé.
-História! –Evelyn fez uma cara sapeca.
-Hum...Era uma vez... –a ruiva começou, mas foi interrompida por Draco.
-Um príncipe chamado Alexander e ele...
-Gostava de uma princesa? –a ruivinha arriscou.
Draco fez que não e Evelyn fez uma cara surpresa.
-Você gosta do nome Alexander, Draco? –Gina perguntou.
-Sim, é um nome forte, assim como o meu. –sorriu presunçoso –Mas voltando a história. O príncipe Alexander tinha tudo o que queria, menos uma coisa.
-O quê? –Eve perguntou, curiosa.
-Liberdade. –Gina completou –Os pais do príncipe era muito protetores e rígidos com ele. Não o deixavam sair dos limites do palácio.
-E isso irritava o príncipe. –o loiro completou –Então um dia, ele resolveu que iria conhecer o povoado e ninguém o iria dissuadir da idéia.
-Então o príncipe conseguiu escapar das vistas dos pais e de seus empregados do palácio e saiu por uma das saídas secundárias do palácio. Estava passando pelo jardim quando avistou uma garota. –Gina contou antes que Draco a interrompesse.
-Era uma linda garota, que deveria ter mais ou menos a mesma idade do príncipe. Mas ao contrário dele, as vestes dela eram simples e gastas. Num primeiro momento, o príncipe nem percebeu o quanto ela era bonita, sendo que ela estava de costas. O que mais chamou atenção nela naquele instante foram os longos e chamativos cabelos ruivos.
Gina o interrompeu, sentindo-se um pouco aborrecida pelo fato de Draco ter falado que cabelos ruivos são chamativos, quis vingar-se:
-A garota estava regando as flores do jardim do palácio, mas ao virar-se viu um garoto indo em direção ao portão. Só a família real tinha os cabelos tão –enfatizou maldosamente -loiros e usava roupas tão finas. “Príncipe Alexander!” ela gritou e o príncipe virou-se, correndo até onde ela estava. –Gina tinha se levantado, ficando de frente para Draco e agora além de narrar a história, eles interpretavam.
-“Não grite, criada!” Ele disse irritado “Ninguém pode me ver.”
-“Perdão, Alteza” ela respondeu, fazendo uma leve reverência “Mas devo alertá-lo que não deve sair dos limites do palácio”
-“E o que te garante que eu iria sair?” ele questionou de modo superior, fazendo a garota corar de raiva.
-“Desculpe supor isso, Alteza. Mas era o que estava parecendo. Vossa Alteza estava indo até o portão, teria problema com os guardas. Eles avisariam imediatamente o Rei e a Rainha.” Foi a vez dela explicar superiormente.
-O príncipe ergueu o rosto da garota pelo queixo, sem muita delicadeza e olhou nos belos olhos castanhos dela. “Qual o seu nome?” perguntou.
-“Melanie, Alteza.” Respondeu de maneira tímida, não encararando os olhos cinzas do príncipe.
-“Olhe para mim, Melanie.” Pediu.
-“Não posso, Alteza. Desde que me entendo por gente fui ensinada a não encarar pessoas da Família Real.” Explicou, já começando a sentir-se estranha com a proximidade dele.
-O Príncipe ficou sério. “Eu, Vossa Alteza, o Príncipe Alexander Christian Phillip Henri Edward Lancaster(1), ordeno que olhe para mim.”.
-Relutantemente, Melanie encarou o Príncipe e estava claramente assustada pela pouca distância a que seus rostos estavam. O silêncio fazia com que ela corasse cada vez mais, então resolveu quebrá-lo. “Alteza, não é prudente que me encontrem conversando com o senhor.”
-“Eu digo o mesmo.” Voltou a sua pose indiferente “Mas preciso de sua ajuda, Melanie.”
-“O que posso fazer por Vossa Alteza?”
-“Eu quero ir até o povoado.”
-“Perdão, Alteza. Mas não é permitido que...” tentou explicar.
-“Cale-se! Eu não quero saber se é certo ou não. Eu apenas quero e vou. Você vai me ajudar, entendeu?”
-“Sim, Alteza” Melanie respondeu e apesar de achar o Príncipe Alexander bonito, não pôde deixar de reparar o quanto ele era mimado e grosso. Melanie nunca tinha falado antes com o Príncipe, mas sempre o observava de longe. Sabia que nutria por ele um amor platônico e secreto. Isso era uma das trocentas coisas que não eram permitidas naquela sociedade.
-“Preciso passar despercebido pelos guardas e de alguém para me guiar, porque eu não conheço nada no povoado. Você me arrumará roupas e me guiará pelo povoado.”
-Melanie deu um suspiro. Sabia que aquilo ainda daria confusão, mas não podia se indispor com o herdeiro real. “Ok, siga-me.” E os dois seguiram até uma casinha nos fundos que estava vazia.
-O Príncipe vestiu roupas do irmão da Melanie e por cima uma capa com capuz, que o impediria de ser reconhecido. Então os dois partiram para o povoado. O Príncipe adorou a sensação de liberdade e adorou também, só que secretamente, a companhia de Melanie.
-A Melanie tinha medo de que o Príncipe descobrisse o que ela sentia por ele e passasse a tratá-la mal, fazia de tudo para esconder seus sentimentos.
-Mas o Príncipe foi se apaixonando gradualmente por Melanie e sabia que era errado, mas queria viver esse amor. Então num dos passeios ao povoado, ele beijou Melanie.
-Melanie correspondeu, mas ficou assustada com a atitude dele. Tinha sonhado por dias sem fim receber um beijo dele, mas nunca pensara ser possível. Depois disso, Melanie passou a evitar o Príncipe.
-Mas o Príncipe Alexander já tinha percebido que não conseguia ficar feliz se não tivesse Melanie por perto. Ele a amava muito, mas sabia que seus pais nunca permitiriam que o herdeiro real casasse com uma simples criada. Então o Príncipe tomou uma decisão. Procurou pela amada e confessou que a amava e que queria ficar com ela.
-O coração de Melanie deu pulos de alegria, mas ela sabia que a realidade não possibilitava que eles ficassem juntos. “Não podemos, Alteza.” Tentou chamá-lo à razão.
-O Príncipe não se deu por vencido e propôs algo muito sério e louco ao mesmo tempo. “Já te disse incontáveis vezes para me chamar pelo nome, Melanie. Eu sei que você me ama também. Se não podemos ficar juntos aqui, vamos fugir para um lugar em que possamos.”
-Melanie ficou sem palavras, mas acabou aceitando. Então eles fugiram e foram felizes para sempre. –a ruiva finalizou e olhou para a sobrinha, descobrindo que ela já tinha dormido –Evelyn? –chamou e a garota não respondeu –Ai, Draco, não acredito que ela dormiu. Eu aqui me empenhando para criar uma história que ela gostasse e ela dorme.
O loiro sorriu:
-Eita, ruiva esquentada. Calma, Virginia. Deixa a menina dormir. –ele a puxou pela mão para fora do quarto –Eu vou embora.
-Já? –ela perguntou automaticamente.
-Sim. Nós não podemos fazer nada...A Evelyn pode acordar de novo e você sabe que não seria uma situação nem um pouco agradável se ela nos pegasse fazendo...
Ela o interrompeu:
-Eu sei disso. Eu apenas estava pensando se você queria dormir comigo, no sentido literal, sabe?
-Dormir onde? No sofá? –perguntou sarcasticamente.
-Não, eu posso conjurar um colchão. Daí a gente afasta o sofá e pronto.
Malfoy fez cara de pensativo, o que ela estava pedindo definitivamente não fazia o estilo dele. Draco nunca deitava na cama com uma mulher se não fossem fazer sexo e nunca ficava muito tempo na cama com suas amantes após o ato. No entanto, até o momento, todas as vezes em que tinha transado com a advobruxa, tinha dormido com ela e acordado com o corpo dela enlaçado por seus braços. Ele tinha uma imensa vontade de dizer sim e dormir abraçado a ela. Porém, sentia que já estava perdendo o controle da situação. Precisava lutar contra isso e era o que faria, por mais que lhe custasse:
-Melhor não, Virginia. Durma com a Evelyn. Se ela tiver outro pesadelo, vai se sentir mais segura com você por perto.
-Hum...Não sabia que se preocupava tanto com crianças, Draco. –ela disse, tentando esconder que a negativa dele a tinha de algum modo magoado.
-Esse nível de preocupação apenas com a Evelyn. –ele sorriu, já que indiretamente, ela o tinha juntado com a Weasley.
Gina retornou ao quarto após dizer que voltava logo e tirou de seu guarda-roupa o paletó de Draco, entregando a ele. O loiro entrelaçou seus dedos numa mão dela como num pedido silencioso e discreto de desculpas por não ficar. Ao chegar na porta, ele virou-se para a advobruxa. Enlaçou a cintura dela de maneira possessiva e buscou os lábios dela de uma maneira que a fez perder o chão. Ela passou os braços em volta do pescoço dele, procurando deixá-lo o mais próximo de si. Nenhum dos dois queria que aquele beijo acabasse, mas em certo momento, o qual nenhum dos dois saberia precisar, o ar faltou e tiveram que quebrá-lo:
-Boa noite, Virginia. –ele murmurou, focando profundamente os olhos castanhos.
-Boa noite, Draco. –ela respondeu.
Logo que ele se foi, ela trancou a porta e suspirou.
“Que beijo! Ai, será que tudo o que ele quer de mim é sexo? Não quis ficar aqui comigo hoje...Bem, eu não posso esquecer de quem se trata e portanto não posso exigir muito.” Pensou, dirigindo-se para o quarto e ainda sentindo a pressão que os lábios de Draco tinham feito sobre os seus.
Deitou-se ao lado da sobrinha e a última coisa que veio em sua mente antes de adormecer foi a imagem de Draco Malfoy cozinhando, o que provocou em seus lábios um leve sorriso.
***
Assim que aparatou em sua Mansão, Draco Malfoy foi direto para seu quarto. Despiu suas roupas, trocando-as por uma samba-canção. Deitou-se na cama e cobriu-se. Se ele pensava que dormiria rápido, enganou-se profundamente. Ficou virando-se na cama de um lado para o outro. Seu corpo arrependia-se profundamente por não ter cedido à proposta da Weasley. Sua mente, no entanto, dizia-lhe o contrário. Draco, sendo racional como era, sentia que deveria dominar o que sentia pela advobruxa e não deixar-se dominar por isso. Ficou furioso consigo mesmo ao perceber que não conseguia dormir por ficar pensando em Virginia Weasley. Afinal, Draco Malfoy não era homem de perder o sono por causa de uma mulher. No geral, as mulheres que se perdiam em pensamentos sobre ele. Amaldiçoando-se pela dicotomia que ia em seu ser, o Malfoy decidiu que faria vista grossa à necessidade de ficar com a Weasley e não a visitaria no domingo.
“Talvez meus pensamentos entrem nos eixos se eu deixar de vê-la com tanta freqüência. Afinal, vou vê-la no trabalho na 2ª-feira mesmo. Não posso deixar que a Virgínia vire a minha mente de pernas pro ar. Eu cozinhei pra ela...A única mulher para quem já cozinhei foi a minha mãe. Oh...A Gina está se tornando importante demais para mim e eu não sei como remediar a situação. Não consigo me afastar dela por muito tempo. Eu poderia ter ficado mais dias na Escócia, mas não, fiz o possível e o quase impossível para resolver a negociação o mais rápido que pude. E por quê? Porque estava com saudades da ruiva...Como ela pode fazer isso comigo?!? Preciso manter a calma. É apenas uma fase. Estamos no começo do relacionamento, essa dependência vai passar.” Tentou convencer-se.
Na manhã seguinte acordou tarde, já quase meio-dia. Ao olhar no espelho do banheiro, percebeu que a expressão cansada denunciava as poucas horas de sono. De fato, apenas tinha conseguido adormecer quando o sol já estava nascendo.
Pulou o café-da-manhã, almoçando direto. Tirou o dia para analisar papeladas importantes sobre seus negócios e para fazer contato com seus informantes. Fez de tudo para manter sua mente ocupada e conseguiu seu intento: Não pensar demasiadamente em Virginia Molly Weasley.
Quando caiu a noite, estava demasiado cansado. Tomou um banho quente e relaxante e desabou na cama. Dessa vez não teve problemas para dormir, o cansaço encarregou-se de fazê-lo cair nos braços de Morfeu (2). Na 2ª-feira acordou às 7h e sentia-se bem disposto. Chegou com uma certa antecedência à sua sala de presidente na MCorporation. Ligou seu notebook e pegou o IB para falar com Zabini:
-Blás?
-Bom dia, Draco.
-Bom dia. Será que pode vir aqui um instante?
-Claro, Draco.
Pouco tempo depois, Blás bateu à porta e entrou:
-Sobre o que queria falar, Draco?
-Você checou sobre o transporte da carga contrabandeada de Scotch Whisky? –perguntou, cauteloso.
-Claro. –respondeu, eficiente –A carga já está à caminho.
-Ótimo. –Malfoy deu um sorriso satisfeito –Pode ir, Blás.
O moreno fez que não, sorrindo maliciosamente:
-Matou as saudades da Virginia?
O sorriso de Draco morreu:
-Não é da sua conta, Consiglieri. –disse, seco.
-Oh, o Capo está de bom humor. –respondeu ironicamente.
O loiro lançou um olhar mortífero para o vice-presidente:
-Não brinque com a situação, Blás.
-Oh, ele não conseguiu tirar o atraso com a ruivinha. –zombou, mas então ficou sério ao prever que Draco estava prestes a sacar a varinha –O que aconteceu, Draco?
Malfoy respirou profundamente, antes de dizer:
-Aconteceram alguns imprevistos. A medibruxa sangue-ruim apareceu...
-Ela pegou vocês no ato? –Blás perguntou, curioso, interrompendo Draco.
-Não. A porta estava trancada e nós ainda não tínhamos chegado lá. –revirou os olhos cinzentos –Eu me escondi, mas logo que deu, fui embora sem que a mulher do Weasley me visse. Então voltei à noite. Mas também não deu porque a Evelyn estava lá.
-E ontem?
-Larga de ser curioso, Blás!
-Qual é, Draco? Por que você não quer me falar sobre as vezes que você e a Virginia transaram? Das outras você falava se eu perguntasse. Por que com ela tem que ser diferente?
O loiro bufou:
-Eu nem a vi ontem. E antes que você pergunte foi porque eu não queria e tinha muitas coisas para fazer. Agora saia da minha sala, porque eu vou chamar a Virginia.
-Ok, eu já vou indo. Não quero servir de vela. Bem, se quer um conselho...Desocupe essa mesa ou então coisas como o seu precioso notebook virão abaixo.
-Zabini... –o loiro disse em tom de aviso –Sem comentários desse tipo, entendeu? –falou num tom tom extremamente perigoso.
Ele deu de ombros:
-Depois não diga que eu não avisei... –murmurou atrevidamente antes de se retirar da sala.
Draco pegou mais uma vez o IB e discou o número da sala da ruiva:
-Virginia?
-Sim, Draco. O que deseja? –perguntou um tanto indiferente, ele percebeu.
-Venha até aqui, por favor. –pediu e ouviu-a respirar profundamente do outro lado antes que concordasse e desligasse o aparelho.
Apesar de seus cabelos estarem impecáveis, Draco sentiu a necessidade de penteá-los com seus dedos. Ajeitou a gravata e logo Gina adentrou a sala. Ela vestia um conjunto azul petróleo de terninho e saia. Usava meia calça cor-de-pele e sapatos pretos. O cabelo estava preso num rabo de cavalo. Logo que a viu, Malfoy sentiu a região do baixo ventre pulsar e se ele não estivesse tão ocupado em admirar a imagem imponente da mulher ruiva e parecer indiferente a isso, teria notado que seu coração tinha perdido o compasso.
Virginia mordeu o lábio inferior. Sempre tiveram uma queda por homens de terno, mas Draco a fazia ter um abismo! Ele estava tão...
“Sexy? Atraente? Lindo? Por Merlin! Controle-se, Virginia! Ele nem foi te visitar ontem!” tentou repreender-se.
Ela estava dividida entre fazer-se de indiferente, o que sem dúvida ele merecia, e jogar tudo pro alto beijando-o até ficar sem ar. Porém, conhecemos Virginia Weasley o suficiente para saber que é uma mulher orgulhosa e teimosa. Por mais que lhe apetecesse sentir os lábios de Draco sobre os seus, não poderia desconsiderar que ele a tinha magoado negando-se a ficar no apartamente dela quando ela tinha convidado e ainda por cima não visitá-la no dia seguinte. Sabia que o tipo de relação que tinham não permitia que ela fizesse muitas cobranças, mas não a impedia de chatear-se com Malfoy. Afinal, ele tinha ferido o ego dela.
“O que ele pensa que sou? Algum brinquedinho que ele usa de vez em quando e depois deixa jogado em qualquer lugar? Mas não hein!”
A despeito da raiva causada pela mágoa que sentia, parecia haver borboletas em polvorosa em seu estômago ao mirar os belos olhos cinzentos. Forçou-se a ficar inexpressiva e fazer uma voz indiferente:
-Bom dia, Draco. Estou ocupada. Por que me chamou?
-Bom dia, Virginia. –cumprimentou –Deve estar se perguntando porque não fui te ver ontem. Eu estava ocupado trabalhando.
-De domingo? –cruzou os braços e deixou claro que não acreditava no que ele dizia.
-Sim, no domingo.
-Ok. Era só isso o que queria dizer? Meu tempo é muito precioso...
Draco interrompeu-a e levantou da cadeira, aproximando-se de Gina:
-Não estava com outra mulher, se é o que está pensando. –respirou profundamente –Eu sei o que prometi e não gosto de quebrar minhas promessas. Mas quanto ao resto, não me pode cobrar nada.
Ela fez cara de desdém:
-Como se eu estivesse cobrando...Por acasou me ouviu perguntar “Oh, Draco, por que você não foi me ver? Enjoou de mim?”
O Malfoy revirou os olhos:
-Se você não se importasse, não estaria agindo dessa maneira.
-Eu não disse que não me importo. Disse que não estou te cobrando. –falou e de seus olhos quase soltavam faíscas de frustração.
Ele ergueu uma mão e passou-a pelo rosto dela, acariciando. Draco não podia dizer a verdade, que tinha tentado evitá-la justamente pelo poder que ela tinha sobre ele e não porque não dava a mínima:
-Gina...Eu não menti quando disse que senti a sua falta. –murmurou, sério e ela fez menção de falar, mas ele não deixou –É tudo o que posso dizer.
Ela fez um gesto afirmativo e tentando lançar um olhar indiferente, comentou:
-Draco, há algo que eu preciso te dizer.
-Sou todo ouvidos. –respondeu e ela não saberia dizer se ele estava tentando ser sarcástico ou não.
Ainda assim, começou a falar:
-Bem, eu não sei se você ouviu algo da minha conversa com a Mione.
Draco parou de acariciar a face da ruiva e apoiou-se contra a escrivaninha, cruzando os braços:
-Não vou mentir. Ouvi quase tudo.
-Então presumo que você deva ter ouvido ela falando de David Harrison.
-Sim, ouvi. David Harrison, solteiro, competente medibruxo, 28 anos. Já foi noivo, mas terminou o noivado ao pegar a noiva na cama com outro.
-Como você sabe de tudo isso? Quem estava na cama com a noiva dele era você? –perguntou desconfiada.
-Não. –ele negou –Que mente suja você tem a meu respeito. Eu apenas andei pesquisando sobre ele... –e era verdade, tinha se informado do medibruxo ainda ontem –Tenho contatos no St. Mungus.
“St. Mungus, Azkaban...Fora as outras coisas...Só falta ele ter contatos no alto escalão do Ministério da Magia, o que eu não duvido muito.”
-Continuando. Eu vou sair com ele para honrar a palavra da Hermione. Ela não sabe de nós dois e prometeu a ele que arrumaria um encontro comigo.
“Eu não acredito que ela realmente vai nesse encontro!” pensou, cheio de raiva, mas continuou agindo indiferentemente. Apenas seus punhos, os quais tinham cerrado-se repentinamente, poderiam denunciar o quanto ele detestava a situação.
-Por que está me dizendo isso?
-Para que se alguém te disser que me viu com ele, você não pense que estou te traindo.
-Ah que ótimo. Então porque sei antecipadamente serei menos corno? –perguntou com sarcasmo em cada sílaba.
Gina bufou:
-Draco, é apenas um encontro! Não vai acontecer nada demais. Eu prometo, você não confia em mim?
-Tsc, eu não confio nele. Aliás, eu não confio nas intenções de qualquer homem com você.
A ruiva passou os braços em volta do pescoço do loiro:
-Draco, não precisa ter ciúmes. Eu vou fazer ele perceber que não quero ter nada com ele.
-Eu não tenho ciúmes. –retrucou, sério.
-E eu sou a mulher de Merlin. –ela disse em motejo, puxando-o em seguida para um beijo.
Draco colocou Gina contra a escrivaninha e ela agradeceu mentalmente por isso, uma vez que seus joelhos pareciam ter se transformado em geléia. Com uma de suas mãos, ela acariciava os fios loiros na região da nuca. Não era realmente a coisa mais prudente do mundo que ficassem aos beijos ali. Alguém poderia entrar a qualquer momento, mesmo que Draco tivesse proibido as pessoas de entrarem sem antes baterem à porta, mas nunca se sabe...Se tivessem ainda um pouco de sensatez naquele instante, poderiam parar. Porém, nenhum dos dois queria ouvir a voz da razão.
A sensação da língua de Draco contra a sua arrepiava-lhe. O corpo dela clamava pelo dele e a julgar por um certo volume que Gina começava a sentir, Malfoy sentia o mesmo. O loiro dirigiu a boca para o pescoço dela e foi descendo, procurando beijar cada pedaço de pele que conseguia. A advobruxa automaticamente começou a desabotoar a camisa dele. Gina tinha sucumbido ao desejo, assim como Draco. Não adiantou que ela pensasse que ele não tinha sido o mais gentil dos cavalheiros ao nem ter avisado que não a veria no domingo, fazendo com que ela o tivesse esperado em vão. Assim como não adiantou Draco querer recuperar o controle da situação ficando longe da ruiva. No momento em que se olharam naquela sala tiveram suas resoluções abaladas e no momento em que seus lábios entraram em contato o fogo havia sido lançado no rastilho de pólvora e o barril desta explodira. Louco e insensato desejo que manipulava as ações de ambos. Vil e traiçoeiro desejo que mascarava os sentimentos que ambos tinham trancado à sete chaves e agora ameaçavam vir à tona. Parecia ser mais forte que eles. Era uma verdadeira armadilha do destino que os encaminhava para um caminho nebuloso e desconhecido. O futuro era incerto. Aliás, certeza era uma das últimas coisas que andava guiando suas vidas nos últimos tempos. Era um jogo perigoso. Um passo em falso e as conseqüências poderiam ser das mais graves.
Teriam se deixado levar até o final, se não tivessem ouvido baterem à porta. Aqueles barulhos na madeira da porta tiveram efeito imediato sobre Draco e Gina. Fez com que se soltassem imediatamente e tentassem se arrumar o máximo possível.
-Um instante! –Draco exclamou, abotoando os botões e tentando ajeitar a gravata –Entre.
Era Samantha Parker. A morena entrou e após lançar um certo olhar analisador sobre os dois, disse:
-Bom dia, Sr. Malfoy. Não pensei que estivesse ocupado com a Virginia. Vim perguntar se precisava de algo, já que hoje não deixou nenhuma mensagem na secretária eletrônica do meu IB.
-Eu estava agora mesmo discutindo com a Virginia que precisava pedir a você aquele relatório com a lista dos clientes da M Corporation do mês e o nível de satisfação deles com os serviços prestados. –o loiro disse sem pestanejar.
-Ok. Com licença, volto num instante.
Assim que a secretária saiu, a ruiva murmurou:
-Ufa, essa foi por pouco. Draco, nós não devíamos ter feito isso, quase fomos pegos. Precisamos ser mais discretos.
-Sim, você tem razão. No final do expediente me espere três quadras a frente.
Gina balançou a cabeça afirmativamente:
-Tá. Agora vou voltar ao trabalho. Qualquer coisa...bem, qualquer coisa sobre o trabalho, me chame. –ela disse e dirigiu-se à porta que dava acesso à sua sala.
Draco voltou ao trabalho tranquilamente, certo de que sua mentira improvisada e diga-se de passagem, bem encenada, tinha convencido Samantha de que não tinha acontecido nada demais entre o chefe e a advobruxa. Mal sabia que estava enganado. Samantha Parker não era boba e aquela insdiscrição seria apenas o começo dos problemas para Draco Malfoy e Virginia Weasley.
N/A1: (1) Lancaster: O Draco estava fazendo referência à Dinastia de reis que governaram a Inglaterra entre 1399 e 1471.
(2)Cair nos braços de Morfeu: cair nos braços de Morfeu
A expressão significa "adormecer", e nasce de um pequeno equívoco mitológico: Morfeu era, na verdade, o deus dos sonhos em que apareciam as formas humanas; o deus do sono era seu pai, Hypnos, que dormia eternamente no fundo de uma caverna silenciosa, cercado de canteiros de papoula, a flor de onde se extrai o ópio. A confusão, contudo, ficou consagrada há muitos séculos. Quando o farmacêutico alemão F.W.Setürmer isolou, em 1803, o alcalóide ativo do ópio, chamou-o morphium, numa alusão a Morfeu. Este nome foi em seguida mudado para morfina, recebendo a terminação padrão de outros alcalóides, como a estricnina, a cafeína, a atropina e a cocaína.
N/A2: Espero que tenham gostado do cap e q façam uma autora feliz comentando XD!
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