O Trem - Scorpio II



Ele sentia como se uma bola de chumbo tivesse descido por sua garganta e se alojado em seu estomago. Potter? Potter?! Só podia ser piada, o filho do homem que seu pai odiara a vida inteira, no mesmo ano que ele? Quais eram as possibilidades disso acontecer? E ele falara com ele, ficara na mesma cabine que ele, se seu pai descobrisse... Não, era melhor nem pensar no olhar de decepção que ele receberia.


- Scor? – Violet o chama de volta para a realidade – Você esta bem?


- Hm. – resmunga ele. E volta a olhar pela janela.


- Scor? – dessa vez ele não volta a olhar para ela – Scor! – nenhuma reação – Scorpio! – ele continuava olhando para a janela – SCORPIO MALFOY! – ela berrou tão alto que era possível que todo o trem o tivesse ouvido.


- O que foi?! – disse ele irritado.


- Eu estou tentando ter um dialogo aqui, se você não esta disposto a participar, eu vou procurar outra pessoa no trem que queira.


- Eu estou cansado de falar.


- O que deu em você? Você esta estranho desde que saímos da cabine daquele menino, Alvo.


- Hm. – ele resmungou de novo.


- Eu juro, juro por tudo nesse mundo Scorpio, juro por cada pelo na barba de Merlim, que se você me responder com “Hm” de novo eu vou bater a sua cabeça nessa janela.


- O que você quer que eu diga?


- O porquê de você estar desse jeito.


- Que jeito?


- Desse! – ela apontou para ele balançando a mão para cima e para baixo para englobar todo ele na definição de “jeito”.


- Não é nada.


- Não parece.


- Você vai continuar insistindo nisso? – ele perguntou com a cabeça doendo.


- Vou. – e para provar isso ela assumiu uma posição mais ereta no banco e arrebitou o nariz.


- Então você pode ir procurar outra pessoa no trem com quem dividir a cabine.


Os profundos olhos verdes dela se encheram de lagrimas, parecendo dois pântanos alagados, ela levou a mão até uma das lagrimas, a enxugou, fez com que elas cessassem e se levantou em silencio, antes de sair da cabine ela disse:


- Eu só estava querendo ajudar.


E então saiu da cabine para sumir no tumulto do corredor. Enquanto ele continuava encarando a janela, se arrependendo imensamente por ter dito o que disse.

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