Beco Diagonal
Beco Diagonal
O sol adentrava suavemente o quarto de Teddy através da janela, alcançando-lhe o rosto e despertando-o aos poucos. Quando abriu os olhos, o rapaz de cabelos azulados levantou-se de golpe. Levantou a vista para o despertador na escrivaninha ao lado: eram oito horas da manhá. De repente, lembrou-se de algo. Era o dia em que finalmente iria comprar o seu material escolar no Beco Diagonal. Fez sua higiene matinal e se dirigiu até a cozinha, onde sua avó o esperava. Andrômeda abriu um sorriso doce ao ver o neto desperto.
- Bom dia!
O menino se se sentou à mesa repleta de pãos e geléia e respondeu após uma breve pausa:
- Bom dia, vó. Depois de eu tomar meu café da manhã podemos ir ao Beco Diagonal.
Teddy deu uma mordida no pão, saboreando-o enquanto pensava sobre como seria sua vida em Hogwarts, longe da avó, longe do padrinho... Harry. Teddy não pôde evitar sentir seus lábios se curvarem em um sorriso ao lembrá-lo. Teddy podia não ter pais vivos para cuidar dele, mas com certeza Andrômeda, Harry e os Weasley deram a ele a melhor vida que um garoto da sua idade poderia ter. E quando pensava nos pais que morreram com certeza não ficava triste. Só sentia um pleno agradecimento desde que seu padrinho contara a ele que Remo disse que morreu tentando fazer do mundo um lugar melhor para o filho viver.
Ele sabia que o pai era lobisomem. E graças a Melim, Andrômeda dizia, ele não herdara isso. Herdou, porém, o dom de metarmofogo de sua mãe, o que significava que poderia ter a aparência que quisesse. Teddy estava sempre com o cabelo azul e os olhos âmbares que lhe eram naturais. Ele concordava com a avó que se tivesse sorte poderia ser uma pessoa tão íntegra quanto eles foram.
Terminou de comer e levantou-se da mesa. Andrômeda o mandou se arrumar e o menino atendeu prontamente aos pedidos da avó. Logo estava com uma roupa adequável aos olhos dela para ir a um lugar como o Beco Diagonal.
Os dois foram para frente da lareira. Teddy foi primeiro, pegou um pouco de pó de flú e dirigiu-se até ela. Pronunciou o nome do local e logo se sentiu zonzo. De repente estava em um local cheio de números de lareiras pelas quais poderia escolher. Ele sabia qual daria na Floreios e Borrões, mas resolveu esperar primeiro a avó para verificar se ela não preferia levá-lo primeiro ao Olivaras, loja de varinhas. Ele soube que o velho que lá trabalhava tinha se aposentado e havia um novo artesão em seu lugar. Mesmo assim, os núcleos das varinhas continuavam os mesmos: pelo de unicórnio, pena de fênix e corda de coração de dragão.
Sua avó tocou-lhe o ombro e apontou para o número da lareira que iriam utilizar. Ambos foram até ela e Teddy saiu em uma loja escura que lhe deu arrepios. As luzes se acenderam e ele pôde ver um homem de olhos verdes e cabelo louro acinzentado observá-lo com curiosidade.
- Você é um cliente? – perguntou com a maior naturalidade possível.
- Acho que sou. – respondeu Teddy, meio tímido. Ao seu lado, Andrômeda começou a falar com o homem, combinando as formas de pagamento. Quando terminaram o vendedor conjurou na frente de Teddy uma fita métrica para medí-lo em seu braço direito (ao parecer Andrômeda lhe avisou que ele era destro). Depois disso, pegou uma varinha e lhe colocou em sua mão.
- Sabugueiro, corda de coração de dragão, meio flexível, vinte e três centímetros.
Teddy segurou a varinha, meio nervoso. Nada aconteceu.
- Não é essa. – ele procurou nas estantes um tempo e retirou outra. – Talvez essa. Pêlo de unicórnio, carvalho vermelho, inflexível, dezoito centímetros.
O menino tentou segurá-la e novamente não aconteceu nada.
Mais cinco varinhas foram testadas. Até que ele recebeu uma. Ela encaixou-se perfeitamente na mão de Teddy, que sentiu um calor atravessar seu corpo e faíscas saírem da ponta dela.
- Essa é a sua. Sorveira, pena de fênix, meio flexível, trinta e três centímetros.
Após a compra da varinha, Teddy e Andrômeda foram até Madame Malkins – Roupas Para Todas Ocasiões. Dentro da loja havia um garoto ruivo, que lembrou Teddy muito dos Weasley, família da esposa de Harry. Ele parecia estar esperando a vendedora voltar com as roupas. Ele virou-se e Teddy pôde ver os olhos castanho-esverdeados do garoto.
- Primeiro ano em Hogwarts? – perguntou o garoto simpaticamente. Teddy assentiu. – Nevoso?
- Um pouco. – confessou Teddy. – E você?
- Ando uma pilha de nervos desde que minha carta chegou. Aliás, me chamo Isaque. – apresentou-se. – Sou nascido touxa. Você não imagina a surpresa da minha mãe quando soube que o filho era bruxo... Foi impagável. Mas depois eu me tornei consciente de que tinha poderes inimagináveis e ia estudar pessoas que tinham mais ainda.
- Não acho que você tenha menos poderes que os outros. – disse Teddy, sentando-se no banco ao lado do menino. – Meu avô é nascido trouxa, ou seja, não tem pais bruxos. E Hermione Granger, amiga do meu padrinho, também é e conseguiu ser uma das bruxas mais brilhantes que o Mundo Mágico já viu.
- Então sua tia é famosa? – perguntou Isaque.
- Mais ou menos. – riu Teddy nervosamente. – Ela é amiga do cara que derrotou o Lorde das Trevas, um bruxo terrível. E também trabalha no Ministério da Magia no departamento de leis mágicas.
- Entendi. – na hora que o ruivo disse isso uma mulher chegou com umas vestes e entregou a ele.
- Bem, nos vemos por aí. – Isaque se despediu e se encaminhou para fora da loja. Nesse momento entrou outro garoto, este forte e de expressões duras e frias. Seus cabelos castanhos lhe caíam sobre os ombros e seus olhos amarelados e ameaçadores fizeram Teddy estremecer ligeiramente.
- Sente-se ali. – a senhora, que Teddy achou que devia ser Madame Malkins, ordenou ao menino apontando o lugar deixado por Isaque. Em poucos minutos o garoto estava perto de Teddy, que intimamente torcia para que ele não tentasse puxar conversa. - Venha cá. – ela chamou Teddy, que saiu o mais rapidamente possível de perto do recém-chegado. Ele sentiu fitas métricas o medirem magicamente e então a vendedora mandou-lhe aguardar que ela já voltaria com as roupas.
- Você é o garoto Lupin? – perguntou o menino de aparência ameaçadora. Teddy engoliu um seco antes de voltar-se para ele e responder:
- Sim, sou. De onde você me conhece? – tentou parecer displiscente.
- Do jornal, oras. Você vive saindo na foto com seu padrinho, o famoso Harry Potter. –ele pronunciou o nome do padrinho de Teddy como se fosse algum tipo de piada.
- Ah. – Teddy envergonhou-se. – Você gosta dele?
- Detesto.
Teddy não pôde evitar estremecer diante das palavras do louro corpulento.
- Hum. – ele não sabia o que dizer e também não sabia onde enfiar a cara. Se aquele garoto não gostava de Harry Potter certamente também não gostava dele.
- Eu acho que o Lorde das Trevas deveria ter ganhado a batalha. – o garoto comentou, com ar despreocupado, como se não tivesse na frente de uma pessoa pela qual pais tinham sido brutalmente assassinados por seguidores da pessoa que ele apoiava. Teddy sentiu o sangue ferver. Estava pronto para dizer algo quando a mulher retornou com o uniforme. Teddy pagou-a e saiu pela porta da loja, encontrando sua avó na frente dela.
Foi a primeira vez que ele conheceu alguém que apoiava Lorde Voldemort. E não pôde evitar pensar, enquanto acompanhava a avó para ir comprar seus livros, que em Hogwarts teria muito mais.
Mas também – pensou ele, o que lhe serviu como alívio – teriam muitas pessoas que gostavam do herói do Mundo Mágico, o famoso Harry Potter. Isso não queria dizer que gostariam dele, pensou veemente, mas pelo menos não o detestariam sem conhecê-lo como provavelmente o fazia aquele garoto.
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