Capítulo 30
30. Capítulo 30
Hermione Malfoy
Abriu os olhos, preguiçosamente, piscando para poder ajustá-los à fina claridade que passava pelas cortinas. Estava começando a amanhecer mais cedo. Ela adorava os sinais da primavera. Debaixo das cobertas, conseguia sentir o calor do corpo de Draco muito próximo ao seu. A respiração pesada de seu sono era constante e quase próxima demais de seu ouvido. Virou-se para encará-lo e, por um minuto, esqueceu-se dos últimos dias. Observou sua bonita expressão relaxada.
Draco pareceria um garoto ali, se não fosse pela barba apontando por toda sua mandíbula. Seu rosto meio enterrado no travesseiro e sua respiração ritmada. Hermione sorriu e quase estendeu a mão para tocar seu rosto como teria feito em qualquer outro dia. Ele tinha o sono extremamente leve, e então, acordaria. Hermione usaria sua voz, quase inaudível e rouca da manhã, para dizer que ele iria se atrasar. Draco iria sorrir rapidamente, como sempre fazia ainda sonolento, moveria tentando se espreguiçar, e então, levantaria para tomar o rumo do lavatório. Ela não se atrasaria tanto, levantaria também, se juntando a ele no chuveiro.
Aquela seria uma manhã qualquer para eles, se mais ou menos, há uma semana, Draco não tivesse simplesmente, mudado sua forma de agir, como se alguém tivesse apertado algum botão em seu cérebro e trocado por inteiro seu comportamento para com ela. Hermione soltou o ar com calma e virou-se novamente para tê-lo longe de sua visão. Acordava todos os dias, desde então, se sentindo uma idiota. Uma idiota porque não sabia como conseguia se sentir, inteiramente despedaçada, quando na verdade, sabia que deveria ser completamente indiferente. Estava decepcionada consigo mesma por ter se deixado enganar por algo que Draco Malfoy não era. Mal podia acreditar que ele a fizera esquecer que não era exclusiva, que ao mesmo tempo que a tinha, também tinha outras. Ela não conseguia entender como sua própria mente bloqueara essa parte, a parte que havia concordado consigo mesma, de que não era única e que devia ser indiferente a isso, que não deveria se importar porque simplesmente não queria, nem precisava ser exclusiva. Quando isso havia mudado?
Lembrava-se perfeitamente do momento, em que Draco havia aberto a boca para lhe contar sobre ter feito sexo com Parkinson, como se estivesse contando sobre algum problema em seu departamento do qual tivera que enfrentar no dia. Havia sido quase um soco em seu estômago e conter qualquer reação fora um trabalho árduo, mas bem sucedido, embora, rapidamente, sua frieza tivesse atraído-os para uma discussão. Hermione se sentia traída. Não deveria, mas se sentia, e o lembrete fora claro o suficiente para que ela recordasse sobre o acordo silencioso que os dois tinham desde que haviam se casado: eram livres. Não se amavam, não se queriam e não tinham direitos um sobre o outro, independente do que haviam passado, independente do que passariam.
Virou para o outro lado, fechou os olhos e tentou se deslocar para algum lugar vazio dentro de sua própria cabeça. Lugar este, em que não se sentisse uma idiota. Não demorou a cair num cochilo, que pareceu uma simples piscada. Quando tornou a abrir os olhos, escutou o barulho distante do chuveiro ligado e o calor do corpo de Draco ao seu lado já não existia mais. Hermione se sentia estranha, dessa vez. Sabia bem que estava enjoada e que isso duraria a manhã inteira. Tinha que levantar para comer algo antes que sua situação piorasse, mas seu corpo estava mole. Sentia que poderia dormir por mais umas doze horas, no mínimo.
Sentou-se, colocou os pés para fora da cama e cobriu o rosto para esfregar os olhos. O som do chuveiro cessou e ela tentou não se concentrar na constante ânsia, que lhe subia repetidas vezes. Quando se levantou, vestiu seu robe e abriu as cortinas para poder observar o dia começar do lado de fora. A neve estava derretida e Hermione mal podia esperar pelo verde vivo da grama novamente, ao menos aquilo, ela poderia usar de consolo. Sentiu-se tentada a abrir as portas da varanda para poder respirar um pouco do ar puro do lado de fora, mas sabia que se sentiria decepcionada, por sentir o ar ainda um tanto gelado, quando em qualquer outro lugar, longe da vista de Dementadores, ele seria fresco e renovador. Desceu direto para a sala de jantar que, estava milimetricamente arrumada, com o café da manhã. Não se sentou, pois sabia que se tivesse que fugir dali, se levantar seria uma barreira a menos a enfrentar. Então, apenas empurrou sua cadeira e lutou um tempo contra a vontade de correr dali, para depois se engajar, na difícil decisão, de algo que fosse menos apelativo para seu paladar. Acabou por pegar algumas torradas e tentou empurrá-las garganta abaixo, enquanto abria o Diário do Imperador sobre a mesa.
“Hermione Malfoy grávida?” Era a primeira notícia da primeira página. Poderia soltar uma risada de desgosto, se não estivesse se concentrando para conseguir comer e ao mesmo tempo manter-se distraída do enjoo, usando o jornal. Aquele informativo era precário. O Profeta Diário jamais teria colocado aquilo estampado na primeira página, por mais interessado que o público fosse com a vida alheia.
“Foram quatro dias intensos de acampamento nos portões da residência de Draco e Hermione Malfoy, em busca de respostas, quando, no fim da madrugada da última quarta-feira, carros da extensão do Hospital Saint Mungus começaram a se amontoar no pátio de entrada da casa do novo casal. A imprensa foi totalmente privada de qualquer depoimento aprofundado sobre o caso, mas foi bem esclarecida de que Hermione Malfoy era quem requisitava da assistência dos medibruxos. Há seis dias, quando os carros do St. Mungus finalmente deixaram a residência do casal, fontes do hospital que preferiram não se identificar, informaram que nos laudos emitidos pelos medibruxos, apontavam vários testes de gravidez positivos em diferentes dias, além de listas de indicações de poções com uso restrito para grávidas. Ainda não se sabe ao certo, o que realmente aconteceu com a Sra. Malfoy, mas os medibruxos tem sido positivos ao emitir notas para a imprensa, dizendo que não há nada com o que se preocupar e que o caso não é sério, embora, precise de um pouco de atenção no momento. Na Catedral, o grupo com o qual ela estivera trabalhando nos últimos meses, informou que estão aguardando ansiosos pela recuperação e não confirmaram nada quanto a um possível estado de gravidez...”
Hermione parou de ler, cansada de tanta enrolação. Sabia que Draco encontraria uma forma de fazer com que aquela especulação se confirmasse dentro de mais alguns dias e não duvidava nada, que aquela matéria na primeira página, fosse obra dele ou, até mesmo, de Narcisa. Pensou em virar para a página seguinte, mas naquele mesmo momento Draco apareceu.
Enquanto caminhava para sua cadeira, os olhos dele focaram-se nela e, por um segundo, ela pensou que ele fosse perguntar o porquê ainda estava vestida em seu robe ou se estava tudo bem, como normalmente teria feito, por mais frio e indiferente que fosse. Mas a verdade, é que Draco não demorou em desviar o olhar, para então, sentar-se em sua cadeira e encher sua xícara de chá, ignorando por completo a presença dela. Hermione apenas se limitou a apertar os lábios e dobrar novamente o jornal, devolvendo-o ao lugar de onde havia o tirado. Forçou-se a pegar mais algumas torradas e saiu dali, antes que o cheiro da comida piorasse seu estado.
No momento, em que alcançou o quarto, já não conseguiu mais segurar. Apressou o passo até o lavatório e despejou tudo que havia empurrado para dentro do estômago na pia. O alívio momentâneo a invadiu, quando ela acabou o serviço e precisou de sua varinha para limpar o estrago. Seu corpo pesou tanto que não teve tempo para muita coisa antes, de se arrastar para cama, tomando o caminho mais curto, o que a fez acabar deitando do lado em que Draco dormia. O cheiro dele a invadiu e a envolveu. Ela se permitiu fechar os olhos, sentindo-se exausta. Sentia-se grata, por ao menos saber que já estava deixando o primeiro e mais difícil trimestre da gestação. Na maioria dos dias, Hermione se sentia bem, aquele, infelizmente, não estava sendo um, mas ela sabia que seria momentâneo. Havia tido dias piores quando ainda estava no seu segundo mês e torcia, quase que diariamente, para que Draco não questionasse nada porque ainda tentava convencer a si mesma de que apenas havia ingerido algo que não lhe caíra bem, quando na verdade, sabia o que estava realmente acontecendo com seu corpo.
A pretensão dela era apenas ficar ali alguns segundos, até se recuperar, mas quando eles foram se passando, Hermione foi achando cada vez mais difícil abrir novamente os olhos e acabou por se entregar. Mal soube em que momento, foi tragada pelo sono. Sua consciência vagou por mundos perdidos em sua cabeça, mas, ainda assim, seu sono estava leve o suficiente para que conseguisse ter a noção de que estava deitada em sua cama, em seu quarto, em sua casa. Em algum momento, ao qual seu sono ficou demasiadamente leve, ela sentiu algo tocar seu rosto, como se fossem dedos gelados correndo lentamente por sua têmpora. Quis acordar, se mover, dizer algo. Talvez fosse Draco. Mas seu corpo estava totalmente entregue e Hermione apenas continuou naquele mundo, escuro e pacífico.
Dentro do que pareceu segundos, sua consciência começou a trazê-la de volta à realidade muito lentamente. Moveu-se preguiçosamente, sentindo que sua cama nunca fora tão confortável. O cheiro de Draco era constante e ela abraçou o travesseiro enterrando o rosto ali, para fugir da claridade excessiva. Não se obrigou, nem se forçou a nada. Deixou que seu próprio corpo a guiasse e abriu os olhos somente quando quis. Sentou-se quase arrastada e esfregou os olhos, se perguntando, se não era melhor apenas ficar deitada pelo resto do dia. O dia brilhava cinzento do lado de fora, como sempre, e iluminava todo o quarto, fazendo-a ter que piscar várias vezes para ajustar suas pupilas.
Não demorou a ver na cabeceira ao seu lado, um frasco de poção. Fez sua mão alcançá-lo e leu o rótulo. Era sua poção para indisposição. Os medibruxos haviam lhe passado uma lista de poções e ela evitava mais de noventa por cento dela. Aquele pequeno frasco, no entanto, era seu grande companheiro de quase todos os dias, pelo menos, seria durante seu primeiro trimestre, isso, Hermione tinha certeza. Aquela gravidez estava se saindo bem mais intensa do que a anterior havia sido. Sono excessivo, enjoos, indisposição. Tinha que lutar contra tudo aquilo todos os dias.
Abriu o frasco e o tomou. O girou entre os dedos depois e leu mais uma vez o rótulo. Ela não se lembrava de ter pegado aquela poção, antes de se deitar na cama. Tentou refazer seu caminho desde o lavatório até a cama novamente e, em nenhum momento, se viu parar na cabeceira. Seu olhar vagamente mapeou o quarto e parou alguns segundos sobre o relógio em cima da lareira. Piscou algumas vezes, ainda se sentindo grogue, mas não demorou até que arregalasse os olhos e praguejasse pulando para fora da cama.
Eram quinze para as dez e ela nem sequer estava pronta. Apressou-se no chuveiro para ter mais tempo no closet. No momento, em que colocava sua saia, Tryn surgiu anunciando a chegada de Narcisa Malfoy e Hermione praguejou pela pontualidade da mulher. Teve que se apressar ainda mais, lutando com as roupas que não lhe cabiam mais e ficou extremamente grata por ter aprendido a ordenar sua varinha a fazer penteados, simples e rápidos, que tinha certeza, agradariam o gosto de Narcisa. Desceu minutos depois para receber a Sra. Malfoy que, pacientemente, esperava sentada num dos sofás em das salas privadas, próximo a escada principal.
- Ora, isso foi extremamente inconveniente da sua parte. – foram as primeiras palavras da mulher entretida com uma revista aberta em seu colo. Ela a fechou e ergueu os olhos para Hermione. – Você está absurdamente atrasada. – os olhos dela percorreram Hermione dos pés a cabeça. – E sua saia está torta. – uma sobrancelha se ergueu ao comentário final, como se estivesse decepcionada que a rápida inspeção não tivesse recebido um resultado melhor.
- Sinto muito, estava dormindo. – justificou-se, enquanto ajeitava o cós da saia.
- São dez da manhã. – Narcisa a lembrou.
- Sei disso. Apenas tenho tido bastante sono ultimamente.
- Não me compre com sua gravidez, quando nem um por cento dessa cidade sabe ainda, se realmente está grávida. – ela se levantou. – Precisamos nos apressar, temos que voltar para o seu closet, não vou sair com você vestida assim. Não que esteja ruim, apenas não é mais como devemos apresentá-la.
Hermione suspirou um tanto cansada, já sabendo que receberia algum comentário daquele tipo.
- Minhas roupas não me cabem mais.
Narcisa a avaliou rapidamente mais uma vez.
- O que está dizendo? Eu mal posso ver sua barriga.
- Também pensava assim, até ser obrigada a descartar metade do meu guarda-roupa essa manhã.
A mulher soltou o ar em resposta.
- Certo, mas tenho certeza que vamos encontrar algo melhor do que... isso. – apontou para roupa que usava e deu as costas, tomando a direção da escada principal. Parou logo quando percebeu que Hermione não a seguiu. Voltou-se novamente para ela. – Nós estamos atrasadas, Hermione.
Hermione respirou profundamente, sentindo a angústia de seu receio quando abriu a boca:
- Podemos, por favor, não ir? – foi quase uma súplica.
Narcisa apertou os lábios com um olhar severo.
- Você sabe muito bem a importância disso.
- Sim, eu sei. Mas, por favor, acredite, eu realmente não estou me sentindo bem.
- Você nunca está se sentindo bem.
- Eu estou grávida! Acha que gosto de ficar assim? Me sinto inútil!
Narcisa continuou com seu olhar severo por mais alguns segundos, até finalmente, soltar o ar e suavizar sua expressão. O silêncio ainda durou mais alguns segundos, até que a Narcisa se deslocasse novamente até ela, dessa vez com um ar menos rígido.
- Trouxe algo para você. – parou de frente para ela, chamou por Tryn e pediu por algo que havia trazido.
Em dois estalos a elfa retornou, carregando uma caixa pequena feita de madeira. Narcisa a entregou à Hermione. Não era pesada. Foi cuidadosa ao abrir e ficou surpresa ao ver do lado de dentro o par de sapatos minúsculo. Era um tipo oxford de couro marrom com xadrez e os calçados de bebê eram tão minúsculos que quando Hermione segurou um em sua mão, não conseguiu deixar de ficar assustada com o quão pequeno o pé de um bebê podia ser.
- É tão pequeno... – sussurrou aquele pensamento, mais para si mesma do que para Narcisa. Quando ergueu os olhos para a mulher, ela tinha nos olhos com um brilho bonito e fixava toda sua atenção no pequeno sapato que Hermione segurava.
- Foi de Draco. – Narcisa disse e aquilo surpreendeu Hermione ainda mais. – Eu não guardei nada dele. Lucio disse que não iríamos mais ter filhos e que não havia nada que justificasse o ato de juntar inutilidades. Eu me desfiz de tudo, mas só não consegui me desfazer disso. Foi a primeira coisa que comprei quando soube que estava grávida. – ela sorriu vagamente e pegou o outro par que estava ainda dentro da caixa. – Demorei seis anos para engravidar porque Lucio nunca foi muito... presente. – ela analisou o sapatinho. - E acredito que ele tenha tido medo de ter filhos por algum tempo também. Às vezes, quando se é um Malfoy, parece que se está carregando algum tipo de maldição. – ela encarou Hermione. – Mas eu fiquei imensamente feliz. Até porque não havia muita coisa que me fizesse feliz. Acabei me apegando demais a ideia de ter um filho e eu sabia que precisava ser um menino. Lucio queria um menino e a linhagem Malfoy precisava de um menino. Eu sentia que minha única obrigação dentro da família era gerar um herdeiro. Eu precisava ter fé e comprei isso com a esperança de que estivesse realmente gerando um menino. Foi um grande alívio quando eu soube que era Draco. – ela sorriu uma última vez e devolveu o sapatinho a caixa. – Quero que fique com ele.
- Eu não posso. – Hermione disse, embora, ainda estivesse confusa sobre como deveria reagir a tudo àquilo. – É a única lembrança que tem do seu bebê.
- Meu bebê mora aqui nessa casa, Hermione. Ele sempre será meu bebê. Eu não preciso das peças antigas dele para me lembrar disso. – a voz dela foi amável, materna e sincera. Aquilo era extremamente raro vindo de Narcisa. – Quero que fique com esse porque irá usá-lo nos meus netos. Precisa acreditar que são meninos.
Hermione se sentiu obrigada a sorrir. Estava realmente grata por aquilo. Às vezes, se sentia grata por ao menos ter Narcisa, por mais fria que ela fosse, havia ainda algo escondido em seu coração que ela deixava transparecer raramente e isso gerava algum tipo de conforto em Hermione. Abaixou os olhos para a caixa e devolveu o sapatinho para o lugar de onde havia o tirado.
- Obrigada. Eu sei que isso significa algo importante para você. – sua voz saiu baixa e por alguns segundos ela hesitou. – Mas e se forem meninas...
- Eu sei que está preocupada com o que aconteceu com seu último bebê, mas precisa se lembrar que aquilo não vai acontecer novamente. Mesmo se forem meninas. – Narcisa a cortou. – E precisamos voltar ao seu closet, exatamente agora, ou ficaremos mais atrasadas do que já estamos. – Hermione murchou os ombros ao escutar aquilo. – Não existe outra opção, Hermione. Sinto muito. As pessoas precisam ver que você está bem e precisamos colocar você e Draco no “olho” da mídia, de uma vez por todas. Temos uma imagem para construir de vocês dois e vai ser complicado desfazer a antipatia que muitos tem do sobrenome Malfoy. Isso não vai ser fácil.
Tudo que Hermione se sentiu permitida a fazer foi revirar os olhos e seguir Narcisa. Deixou a caixa que havia recebido sob a cabeceira da cama e seguiu para o closet. Narcisa parecia conhecê-lo muito melhor do que ela mesma.
Ficou surpresa quando recebeu uma saia média simples de tecido leve e de um tom vermelho real profundo. O corte era rodado e aquilo a intrigou. Narcisa não gostava de colocar nada muito rodado. Recebeu um suéter de listras horizontais e largas que variavam entre, um cinza quase branco e um preto marcante, de gola larga e folgada. Hermione colocou sem questionar e puxou as mangas como deveria, antes mesmo que Narcisa a mandasse. O restante de seus acessórios foram de ouro e tudo muito simples, nada tão extravagante. O sapato era o que havia de mais confortável no seu closet, dourado e sem salto. A bolsa que Narcisa a estendeu era pequena e tinha uma alça fina e longa. Quando a mulher pediu para que Hermione prendesse o cabelo no alto, sentiu-se extremamente tentada a questionar, mas não ousou destruir o espírito criativo em que ela parecia ter imergido.
Olhou no espelho o resultado final. O rabo-de-cavalo um tanto torto no topo de sua cabeça, o suéter, a saia, a sapatilha, a bolsa e os acessórios. Aquilo não era nada parecido com o que costumava usar. Não era feio, estava bem montado, as roupas eram peças famosas, tinham qualidade, mas não estava certa se aquilo havia saído realmente da cabeça de Narcisa. Se sentia confortável demais para que fosse certo.
- Me parece bem... – ela procurou a palavra mas nenhuma se encaixar bem. – ...confortável.
- Sim, é disso que precisamos. Não pude fazer muito milagre, devido ao guarda-roupa que tem agora, mas vamos mudar isso hoje. – Narcisa disse satisfeita. – As pessoas precisam ver um pouco do que você se parece fora da Catedral. Nós te traduzimos como alguém muito profissional porque sempre está lidando com o profissional e, graças a isso, conseguimos reformular o elegante que se era vendido nas lojas. Agora, precisamos passar para o seu elegante despojado, te aproximar mais do natural, mostrar seu lado mais humano. Você terá que se mostrar mais nas ruas, terá que se mostrar mais sensível, mais acessível, se livrar um pouco do ar intimidador, das cores mais pesadas. Sei que ainda está usando algumas cores escuras, mas nós temos um quase branco no seu suéter e ainda é início de primavera. – ela parecia realmente satisfeita. - Olhe bem para você. Não tem nada de muito carregado. Você está mais jovem, mais leve, mais natural. Terão a impressão de que estava em casa, preparando seu jardim para a primavera, quando eu resolvi te arrastar para o um simples passeio no centro.
Hermione apenas assentiu. A ideia de criar um novo visual, para a imagem que venderia do seu eu descontraído fora da Catedral, fora ideia de Narcisa. Draco pouco se importava com as roupas que usava, ele sempre estava mais atento a parte da atuação, a parte de ser o casal perfeito. Narcisa insistia que as roupas que usavam eram uma grande chave para a encenação. Ela também parecia estar trabalhando essa parte com Draco porque, aparentemente, ele também nunca havia se preocupado em construir uma imagem fora da Catedral.
Aquilo tudo era cansativo, irritante e enjoativo, mas se fosse para dar uma chance de segurança para os filhos que estava gerando, definitivamente, evitaria murmurar ou resmungar. Isso a fez entrar na carruagem de Narcisa em silêncio.
Assim que desceu no centro e começou seu dia com Narcisa, Hermione foi logo obrigada a confessar que nunca se sentira tão incomodada com o fato, de toda e qualquer alma, se preocupar tanto com sua vida. Ela estava se cansando de sorrir e responder que se sentia bem melhor. Estava se cansando de ignorar as perguntas sobre estar grávida ou respondê-las, apenas dizendo que não podia respondê-las. Estava se cansando de estar ali, como sempre se cansava. O teatro a cansava, a encenação, a mentira.
Narcisa havia contratado uma mulher que Hermione se lembrava de seu casamento. Ela havia ficado responsável de contatar três dos estilistas que mais entendiam do estilo de Hermione, para desenhar as roupas que ela usaria para vender sua nova imagem, sem perder seu poder e sua elegância. Hermione teve que olhar todos os desenhos e algumas das peças que já haviam sido confeccionadas. Teve que mostrar interesse e conhecimento do assunto. A verdade era que, pelo menos, o fato de que poderia usar tecidos mais leves e roupas mais soltas, já lhe alegrava um pouco, mesmo que fosse somente mais para o verão e quando sua barriga estivesse maior.
Passou por uma verdadeira aula sobre seu novo guarda-roupa. Crepe de seda, chiffon, musseline, lã fria e rendas, tudo fazia parte do cardápio. Embora o tweed, o brocado ou o jacquard ainda fizesse parte de algumas das peças iniciais da transição do inverno para a primavera, eram pouquíssimas peças. A paleta de cores variava nos tons pastéis, sem chegar perto do infantil. Explorava o perolado, mostarda envelhecido, rosa chá, cinzas, beges e marrons desbotados. Havia chapéus com todos os tipos de fitas e tamanhos, luvas com todos os tipos de textura, sandálias das mais confortáveis que já colocara na vida e, finalmente, sapatos t-straps, ao invés, de pumps e plataformas que deixavam seus pés em péssimo estado tão frequentemente.
Hermione pareceria um adorável embrulho de presente, se não fosse pelo constante ar vitoriano que era trazido nas estampas, nas texturas, no jogo de cores, de transparências, de camadas e até mesmo nos cortes. Sem dúvidas, não seria inteiramente adorável. Ainda haveria aquele elemento de poder que a tornaria intimidadora. Era uma Malfoy, afinal. Estampas pequenas e florais estavam proibidas, ela não precisava ser adorável a esse ponto, nem mesmo poderia arriscar parecer uma adolescente de quatorze anos.
Narcisa como uma boa entendedora, sempre questionava quando algo pesado demais aparecia, mas aparentava estar muito satisfeita com o resultado, o que foi um sinal para que Hermione desse bastante ouvido ao que era se falado e explicado. Quando a tarde chegou, ela se sentiu bem melhor e o incomodo de antes deu lugar para sua distração. Aprender sobre moda sempre lhe fora mais um dos fardos que deveria carregar como uma Malfoy e, constantemente, quando se empenhava naquela tarefa, se pegava se distraindo com facilidade. Narcisa notou aquilo e várias vezes estalou os dedos discretamente para chamar sua atenção para algo.
Quando a tortura chegou ao fim, ela pensou que poderia se sentir aliviada e respirar fundo, mas no momento que deixou o edifício em que estava, a notícia sobre sua presença no centro havia se espalhado, o que fizera a mídia se amontoar à sua espera. Colocar um sorriso no rosto foi quase como puxar energia, de onde já não lhe havia mais.
- Como está se sentindo?
- Bem, obrigada. – avançou junto com Narcisa pelo amontoado de flashes e perguntas.
- É verdade que está grávida?
- Não posso responder isso agora, sinto muito.
- O que aconteceu com você? Ficamos todos preocupados!
- Agradeço a preocupação. – eles não haviam ficado preocupados, haviam ficado curiosos, isso sim. - Eu acabei tendo um colapso de stress. – informou o que havia sido dito para informar. - Estive envolvida em um intenso trabalhando com Draco esses últimos meses. A verdade é que sempre estive do outro lado trabalhando com ele como uma agente dupla e nunca tive a visão de como as coisas dentro da Catedral podem se tornar um pouco... burocráticas demais, por assim dizer. As pessoas pensam que estamos no topo e que temos o poder para tomar qualquer tipo de decisão, mas também temos que lidar com aqueles que querem nos derrubar e isso é o que mais nos atrapalha. Draco e eu, apenas estamos tentando trabalhar para tornar o mundo um lugar seguro, pacífico e bem organizado para nossa família, para a família que queremos construir, e consequentemente para todos. Mas, aparentemente, alguns comensais preferem um mundo debaixo do caos, onde todos nós precisamos nos proteger dentro de fortes e excluídos do restante do mundo para que possam ter o prazer de dificultar nosso serviço.
- Acaso Astoria Bennett tem atrapalhado algum de seus serviços?
Hermione não entendeu o porquê ainda tentavam remeter sua imagem, ao mundo das intrigas femininas das famílias tradicionais.
- Astoria Bennett é uma amiga e não estamos falando sobre a próxima festa a ser executada na Catedral. – tentou ser o mais gentil e compreensível possível.
- Quando diz sobre estarem enfrentando dificuldades, por pessoas que querem tomar o poder de vocês na Catedral, se refere a Seção Financeira que não está liberando verba para mover o acampamento de York? As notas diárias oficiais da Catedral tem informado que esse é um dos motivos pelo qual o general Draco Malfoy ainda não foi capaz de executar sua nova tentativa no território. – um outro jornalista de manifestou.
Hermione não sabia sobre essa parte, mas respirou fundo e respondeu com propriedade:
- Às vezes, as barreiras que enfrentamos são consequências do trabalho de terceiros, o que me deixa duvidar de que um departamento inteiro como a Seção Financeira se colocaria contra Draco.
- Você poderia afirmar que esse trabalho se aproxima a um tipo de conspiração contra a sua família? Contra Draco e Hermione Malfoy?
- Eu não apostaria na palavra conspiração, evidentemente. Mas garanto que o jogo de interesses, de poder e hierarquia, tende a ir contra nós dois. Sentamos no patamar mais alto do trono depois do mestre. Seria uma surpresa se fôssemos soberanos e intocáveis, o que não somos, mas estamos preparados, pode ter certeza. Sempre tivemos muita consciência dos ataques. Draco já tem os enfrentado por um bom tempo e agora estamos fazendo isso juntos. – aquilo seria suficiente para amedrontar quem deveria.
- O Conselho pode ser considerado uma das barreiras...
- Sinto muito, mas não posso continuar me aprofundando nos assuntos da Catedral e nem do exército. Só estou tentando ter um dia tranquilo com parte da minha família e voltar para o meu marido, em casa mais tarde. É importante buscar por um pouco de normalidade, com licença. – ela cortou o jornalista.
Os gritos se misturaram um por cima do outro, na esperança de conseguirem chamar atenção com uma boa pergunta que a fizesse parar novamente. Hermione apenas continuou seu caminho, recebendo o auxilio dos seguranças do edifício que estivera a abrigando, para chegar até a carruagem de Narcisa.
Quando as portas se fecharam e a cabine começou a se mover, Narcisa mantinha o olhar sobre ela, o que a fez esperar pacientemente pelo momento em que a mulher fosse abrir a boca para comentar o que deveria. Não levou tantos segundos quanto esperava que fosse levar.
- Foram palavras inteligente, devo admitir. – Narcisa se manifestou. – Mas não deixaram de ser perigosas.
- Vão comprar a saída da Seção Financeira do caminho de Draco, pode ter certeza. Eu acabei de lembrar Brampton Fort e todos os outros fortes, quem é que senta ao lado de Voldemort na hierarquia do trono.
- Hermione, você acabou de dar uma esperança ao povo que ninguém nunca havia ousado dar em lugar nenhum dentro do mundo do Lorde das Trevas, antes. – Narcisa disse e Hermione franziu o cenho confusa. – Você acabou de mostrar que você está empenhada em dar toda a sua energia pelo bem de sua família, o que, consequentemente, vai afetar todo o restante. Ninguém faz nada por ninguém no mundo de Voldemort. Aqui cada um luta por si mesmo. Você acabou de lembrá-los que pessoas como você, realmente existem. Não é necessário que faça mais nada, já conquistou o coração de todos eles.
- É disso que precisamos, não é?
- Sim.
- Ótimo.
Às vezes, ela se sentia como Draco. Sentia que falava como Draco, que agia como Draco, que lançava ordens como Draco, mas isso se dava apenas porque era ele quem havia sido o modelo que ela observara. Queria se tornar como ele, forte como ele, resistente como ele. Sentia que estava chegando lá, que conseguia construir bem sua armadura protetora todos os dias, o único problema, era que embora sua armadura estivesse se tornando forte, não era o suficiente para amenizar nada do que sentia. Podia estar aprendendo a não demonstrar, mas o sentimento ficava ali escondido e enclausurado.
- Você esteve completamente distante hoje. – Narcisa se manifestou novamente depois de alguns minutos.
- Desculpe. – foi tudo que ela respondeu, mesmo sabendo que Narcisa não apreciava quando ela se desculpava, assim como Draco também, não. Elas entraram novamente no silêncio por mais um tempo, enquanto Hermione refletia sobre o que havia dito aos repórteres e sobre as perguntas feitas a ela. – A última vez que conversei com Draco, ele havia me dito que o exército moveria o acampamento de York essa semana. Eu esperei pelo dia em que ele fosse deixar Brampton Fort, mas a semana está acabando e ele continua aqui. O que a Seção Financeira tem com relação a isso?
- Ele não te contou.
- Não.
Narcisa ajeitou-se em seu banco.
- Quando foi a última vez que conversou com Draco?
- Quero saber sobre a Seção Financeira, Narcisa. – Hermione redirecionou a conversa para o curso inicial.
Narcisa suspirou.
- A Seção Financeira não estava querendo patrocinar a nova ação. O mestre não quis intervir e Draco acredita que tudo isso é obra do Conselho. Draco nunca falhou três vezes seguidas, e se ele falhar novamente, usando uma tentativa que foi ideia dele e que teve uma massiva oposição por parte do Conselho, vai carregar um mandato de destituição cheio de justificativas plausíveis para apresentar ao mestre.
- Eles querem destituir Draco?
- Não é segredo para ninguém, que existem pessoas querendo destituir Draco desde que ele assumiu o cargo de general. O Conselho com certeza deve ter enchido o ouvido de Severo, que consequentemente, encheu o ouvido do mestre para que ele se mantivesse imparcial, e eles também possuem contatos dentro de todas as Seções importantes da Catedral. Fazer a cabeça de alguma peça de influência dentro da Seção de Finanças não deve ter sido muito difícil.
- Você me parece tranquila com relação a isso.
- Draco é esperto, Hermione.
- Sim, a ideia é desfazer o Conselho quando ele ganhar e se ele ganhar. Como acha que ele ganharia sem apoio de metade da Catedral.
- Ele tem os homens dele.
- Os homens dele não acreditam na causa.
- Os homens dele são fiéis a ele. Draco os testa constantemente e, por mais que o cenário não pareça muito favorável, eles lutarão o sangue deles por Draco. Faz parte do treinamento deles. Draco fez questão de construir isso dentro do programa de treinamento, da maneira mais sorrateira possível, durante todos esses últimos anos.
- Draco não tem apoio financeiro, não tem apoio do mestre, não tem apoio do Conselho e a Ordem ainda está usando uma magia muito incerta, instável e poderosa. Se ele falhar mais uma vez, não há duvidas de que o Conselho deixará o terreno bem preparado para que ele perca o cargo de general.
Narcisa suspirou um tanto impaciente.
- Você é uma Malfoy, Hermione? – ela indagou e Hermione não entendeu o questionamento fora de contexto.
- Sim. – ao menos era o que diziam seus novos documentos.
- Então guarde o seu desespero para você. – findou Narcisa.
Hermione não viu outra saída que não fosse o silêncio. Colocar sua máscara não era mais difícil, lidar com o que sentia que era. Por mais tranquila que pudesse conseguir aparentar, deixar de pensar que agora ela não tinha apenas um filho para proteger, mas dois, era o suficiente para que sentisse uma constante dor de cabeça.
- Me diga o que há de errado entre você e Draco. – a voz de Narcisa tornou a soar no silêncio novamente.
Hermione levou os olhos para ela mais uma vez.
- Não há nada de errado entre Draco e eu. – respondeu. – Na verdade, nunca houve nada certo entre eu e ele para que ficasse errado.
- Hum. – ela apertou os lábios. – Isso já diz o bastante.
Hermione uniu as sobrancelhas.
- Por que me parece que você sempre sabe mais sobre eu e ele do que ele e eu?
Narcisa sorriu.
- Acredite, Hermione. Eu sei. – aquilo não agradou Hermione e Narcisa percebeu. – A verdade é que entendo mais sobre você e ele, do que vocês mesmos. Posso não saber muita coisa, mas consigo compreender bem a situação, a figura por inteiro, por assim dizer. Seja paciente com Draco.
Hermione estreitou os olhos.
- Ser paciente com Draco? – não era possível que Narcisa estivesse colocando Draco naquela posição. – Acaso Draco é paciente comigo?
- Ele se permite demais com você, Hermione. Isso pode acabar sendo um pouco demais para ele em alguns momentos.
- Eu não me importo. Draco deve saber que sou humana tanto quanto ele. Eu não tenho somente um cérebro, também tenho um coração.
- Draco não sabe o que isso significa. Ter um coração. Ele cresceu cercado de pessoas que não tem.
- Você tem um e ele sabe te tratar com decência. Ele sabe ser justo, compreensivo e até mesmo carinhoso com você.
- E acaso pensa que minha relação com Draco sempre foi assim? Você não tem a menor ideia, de como foi difícil chegar ao ponto em que estamos hoje, Hermione. O problema com Draco é que ele demorou muito tempo para abrir os olhos para aquilo que realmente possui significando e, mesmo assim, ainda tem muito que aprender. – suspirou – Portanto, seja paciente, você terá que ficar com ele por muito tempo. Entenda que ele ainda não tem ideia do significado de certas coisas e, talvez, nunca tenha.
- Da mesma forma que você é compreensiva com seu marido porque ele não faz ideia do significado de absolutamente nada? – ela não segurou a língua. – Você pode amar Lúcio e ser compreensiva com ele o quanto quiser, mas eu não amo Draco e nunca vou deixar que ele abuse de mim, por não entender o limite de certas coisas. Serei compreensiva sempre que tiver consciência de que o ato é recíproco. Posso não ser um péssimo ser humano, mas não gosto que me façam de idiota.
Narcisa suspirou e desviou o olhar.
- Faça como quiser, Hermione. – ela se distraiu com a paisagem. – Você e Draco são tão teimosos, às vezes, que vou acabar desistindo de gastar minha saliva com vocês.
Hermione se limitou a permanecer calada o resto do percurso até sua casa e Narcisa também não tornou a abrir a boca. As duas permaneceram num silencio confortável, um silencio do qual ela havia se acostumado por ter tido a companhia de Narcisa com frequência, nos últimos dias.
Era extremamente grata pela existência daquela mulher em Brampton Fort. Por mais que Narcisa fosse calada, ela sempre estava presente, verificando se Hermione estava bem, se sentia dor, se havia febre, se estava tomando as poções que deveria. E em momentos que menos esperava, mas, consequentemente os que ela mais precisava, a sogra abria a boca para soltar num tom calmo e paciente que tudo ficaria bem e que precisava ser forte. Muitas vezes, aquilo dava brecha para que Hermione pensasse que poderia usá-la como costumava usar sua mãe, mas Narcisa não era o tipo de mulher que a receberia em seu colo, que afagaria seus cabelos, que sussurraria palavras bonitas e diria que a amava no final. Entretanto, a frieza de tudo que a cercava, fazia Narcisa parecer calorosa mais do que o suficiente e isso era tudo que Hermione conseguiria vivendo aquela nova vida.
Assim que chegou em casa, tratou de verificar os memorandos da Comissão, que o grupo com o qual estava trabalhando tinha a bondade de enviar a ela, assim que Tryn os entregou. Fechou-se numa das salas daquele mesmo andar, para poder analisar aquilo que haviam enviado. Eles estavam trabalhando em cima de um padrão que Hermione havia dado a eles para aprimorarem o feitiço de proteção que usariam para as fronteiras do acampamento de York. Ela era mestre em manter-se segura dentro de zonas inimigas. Havia feito a Ordem sobreviver debaixo de seus feitiços, por muito tempo. Tinha propriedade para cuidar do assunto e ficava grata que a Comissão desse inteira liberdade a ela. Nunca pensou que ter tido Minerva MacGonagall como tutora, pudesse lhe dar tanta influência no meio de altos conhecedores de magia.
Mesmo que tudo parecesse estável, nos informativos enviados pela Comissão, que tudo parecesse estar em perfeita ordem, Hermione temia pelo poder da Ordem que era absurdamente instável e imprevisível, o que fez com que ela mais uma vez analisasse tudo aos detalhes. Não queria deixar passar nada. Precisava ter certeza de que não havia nenhuma brecha naquela magia. Precisava ter certeza de que Draco e seus homens ficariam seguros.
O relógio ao lado do sofá onde havia se sentado soou um singelo alerta, quando atingiu uma hora redonda a fazendo sair de um cochilo que não se lembrava de ter entrado. Esfregou os olhos e se sentou martirizando-se por ter acabado dormindo, mais uma vez. Detestava ficar em casa sem ter muito que fazer, principalmente, quando poderia estar tendo um dia produtivo na Catedral.
Olhou o horário, se levantou sem pressa, foi até o casa de poções no sótão deixar todos os pergaminhos que havia recebido da Comissão para analisar mais tarde, desceu até a cozinha para ter certeza de que Tryn estava administrando bem o preparo do jantar e voltou para a sala de jantar onde começou a abrir os armários de prataria para escolher qual deles usaria aquela noite.
Optou por um jogo novo que havia se sentido obrigada a comprar em um de seus passeios com Astoria e Elise. O idealizou na mesa de jantar e começou a montá-la sem pressa também. Havia aprendido a gostar de fazer aquilo, primeiramente, porque aquilo fora um dos principais motivos que causara grandes discussões entre Draco e ela logo que se casaram, segundo, porque gostava de como havia toda uma história por trás da hierarquia de uma mesa bem apresentada e ela gostava de tudo que carregava um peso histórico, por mais fútil que fosse.
Escutou Draco chegando, não muito tempo depois. Quando ele apareceu na sala de jantar, como sempre aparecia, livrando-se da gravata e dobrando as mangas da blusa, ela finalizava o alinhamento dos últimos talheres. Eles trocaram um rápido olhar e Hermione esperou por qualquer cumprimento mínimo que fosse, mas ele desviou o olhar e seguiu seu caminho até sua cadeira em silêncio.
Ambos se sentaram e Draco logo tratou de chamar por Tryn para ordenar o inicio do jantar. Eles foram servidos com uma salada inicialmente e Draco passou a se alimentar, enquanto abria um envelope que carregara consigo desde que passara para o lado de dentro da sala de jantar e se perdeu na leitura entre suas garfadas.
Era sua salada favorita e ela não foi capaz de apreciar o sabor da noz em sua boca, nem os bons pedaços de morango com alface porque, mais uma vez, suas entranhas reviravam com o quão incômodo era ser ignorada por Draco. Quando ele ordenou a troca para o prato principal, sem sequer passar os olhos no de Hermione para saber se ela havia ou não terminado sua entrada, ela sentiu sua língua coçar.
Segurou-se o quanto pode e quando se deu conta de que ele estava finalizando sua refeição, assim como sua carta, e se levantaria sem nem mesmo pedir licença, ela não conseguiu mais se conter.
- Quando pretendia me contar sobre a resistência da Seção Financeira com a nova investida em York?
Ele não respondeu nada por alguns segundos, deixando a voz dela morrer no silêncio. Os olhos dele continuaram fixos e inabalados, sobre a enorme carta que tinha nas mãos.
- Tenho mesmo que te contar tudo agora? – foi tudo que ele se limitou a dizer, sem nem mesmo olhá-la, entre o intervalo de um parágrafo e outro.
Hermione mal pode acreditar no que havia escutado. Na indiferença, na frieza, na falta de respeito. Ela se indignou. Soltou os talheres sem fazer questão de ser delicada e foi com aquele ato que Draco finalmente moveu seus olhos para ela como se desaprovasse o comportamento.
- O que há de errado com você, Draco? – ela tentou se conter, mas seu sangue fervia com o resultado das palavras que ele havia soltado. – Acaso você se lembra de que nós temos um acordo? Se lembra de que deveríamos ser cúmplices? Se lembra de que perdemos uma filha porque não estávamos trabalhando como um time? Se lembra disso?
Os olhos dele ficaram fixos sobre os dela por mais tempo do que ela esperava. Com resultado do que sua cabeça pareceu debater durante alguns segundos, ele apenas suspirou, fechou a carta, ajeitou-se em sua cadeira e disse:
- Não importa a Seção Financeira. Seu discurso de hoje no centro está passando repetidamente nas rádios e eles se sentiram acuados o suficiente para liberar a verba mensal como sempre. Não querem ser tachados como conspiradores, principalmente sendo contra um Malfoy.
- E o que você pretendia fazer se eu, milagrosamente, também não tivesse tido a chance desse discurso hoje. Se a pergunta não tivesse sido feita. Se eu não tivesse conseguido pensar rápido.
- Dinheiro nunca foi um problema para mim, sabe disso.
Ela ergueu as sobrancelhas surpresa, embora tivesse muito suas dúvidas sobre o que ele havia dito.
- Iria usar nosso cofre? – tinha que se portar como incrédula diante daquilo. Não conseguia nenhum outro tipo de reação.
- Eu poderia.
Ele, definitivamente, não poderia estar falando sério.
- Tem noção de que estaria empurrando isso ao limite? Queremos mostrar o quanto tudo isso é pessoal para nós, mas sabe que nenhum Malfoy faria esse generoso favor. Seria totalmente antiprofissional e completamente inconsequente.
- Inconsequente, talvez, mas tanto o mestre quanto o resto do mundo veria o tamanho do meu comprometimento e isso compraria facilmente a eliminação do Conselho, quando eu tivesse pelo menos uma batalha vencida em York.
- Você não precisa mostrar comprometimento, Draco! Tanto o mestre quanto o resto do mundo sabem suficientemente de todo o trabalho...
- Você não me diga o que eu preciso ou não mostrar...
- Sim, eu digo! – seu sangue estava quente. – Presumo que está deixando adiarem a data do ataque em York para que essa discussão tome ainda mais corpo e fique ainda mais acirrada. Você quer estar cada vez mais perto da forca, quer ir até ela sem medo e com toda a confiança que seu orgulho bem desenvolvido te oferece. Deve estar adorando que eu tenha incitado o pensamento de conspiração contra você. Quer que as pessoas vejam o quanto tinha razão caso vença uma batalha em York, não é mesmo? Quer que elas vejam que, mais uma vez, você tinha a razão, mais uma vez, você quem sabia da melhor solução, mais uma vez, quem conseguiu o que queria foi você. – ela se livrou do guardanapo em seu colo. – Mas deixe-me lembrá-lo de que isso não é um jogo para você jogar e, consequentemente, me carregar às cegas nele. Eu estou grávida, Draco! E caso tenha se esquecido, nós não temos tempo para o seu ego. – levantou-se. – Resolva o que tiver que resolver com a Seção Financeira porque eu sei que sempre consegue o que quer, quando quer. Mova o maldito acampamento para dentro de York e derrube o Conselho! Não fique dando voltar porque não temos esse tempo! – findou secamente e deixou a sala de jantar antes que ele tivesse tempo para contradizê-la.
Por mais que Draco tivesse a justificativa que fosse ou por mais que soubesse lidar com aquele mundo melhor do que ela, deveria entender muito claramente que ele não tinha uma vida mais, sozinho, e que as coisas não eram mais exatamente como logo quando se casaram. Ela não era mais tão ingênua, não ficava mais calada, entedia como certas coisas funcionavam no mundo dos Comensais. Muita coisa para ela estava em jogo. Se ele fosse destituído, eles estariam arruinados e Hermione não podia se dar a esse luxo. Não agora. Estava grávida de dois filhos. Dois. Tinha dias em que era difícil processar aquela informação, porque por mais que estivesse os gerando, a figura de dois seres humanos que lhe fariam ser mãe, dois seres humanos que dependeriam completamente dela, seres humanos estes, que teriam suas personalidades, suas vontades e seus desejos. Tudo isso ainda era muito abstrato para o cérebro dela.
Parou para respirar aliviada, por ter dito algo apenas quando alcançou o sótão. O confortável calor que vinha do fogo baixo de suas poções e o cheiro combinado de todas elas foram um tranquilizante instantâneo. Os nichos no teto davam lugar às janelas e permitiam que ela visualizasse o céu, sempre cinza de Brampton Fort. A chegada da primavera estava começando a permitir, que o breu da noite, atrasasse algumas horas e depois de um ano vendo o sol poucas vezes, Hermione aprendera a apreciar mais aquelas pequenas coisas.
Sentou-se em uma das poltronas que havia movido para aquele cômodo, enquanto não providenciava as mudanças que gostaria de fazer ali. Astoria havia implorado para ajudar porque nunca vira ninguém da classe alta reformando um sótão e que aquilo seria, sem dúvidas, um ótimo desafio. Hermione aceitara a companhia, até porque Astoria era boa e ela, por sua vez, pouco entendia do assunto, embora se esforçasse visto o repentino interesse que passara a ter na arrumação de sua casa.
Fechou os olhos por alguns segundos, ponderando se havia feito a coisa certa ou não. Seus hormônios gritavam que havia, mas sua razão ainda se questionava se fora realmente necessário que tivesse sido daquela forma, naquele momento. Draco estava sendo, o que sempre havia sido nos últimos dias: indiferente. Indiferente a ela, indiferente a sua gravidez, indiferente ao casamento que tinham, indiferente a cumplicidade frágil que haviam começado a lapidar não fazia muito tempo. Hermione sentia, finalmente, que ele estava sendo o homem com quem ela havia se casado. O Draco dos primeiros dias, fechado em seu próprio universo, ocupado demais para dar atenção a ela, a não ser que estivessem fazendo sexo. Ela não sabia entender o porque ele havia se fechado, quando nos últimos meses ele fora tão aberto. Não tão aberto como ela era acostumada, mas aberto o suficiente para o padrão Draco Malfoy.
De vez em quando, Hermione perdia o sono tentando recapitular os últimos meses, à procura do que havia feito de errado com Draco. Ela havia se permitido ser ela mesma, havia se permitido sorrir para ele, havia se permitido falar exatamente o que pensava de qualquer tipo de assunto, havia se permitido ser verdadeira, havia se permitido dizer besteiras ou coisas estúpidas e se lembrava bem de ter recebido sorrisos por isso. Ele sorria. Era bonito. Ela nunca havia esperado que Draco Malfoy pudesse combinar com uma expressão descontraída, mas a verdade era que era bonito como os dentes dele apareciam, como o inverno nos olhos dele parecia alcançar um tipo único de esplendor, como ele perdia completamente o ar intimidador. Hermione se perguntava como ele havia conseguido fingir tudo aquilo e se odiava por ter sido burra o suficiente para acreditar que ele estava sendo verdadeiro, quando toda a sua vida tivera consciência de quem Draco era. Não era o homem que fingira ser nos últimos meses e a relação deles não havia crescido como ela achava que havia. Sua grande dúvida era: Por que ele se dera o trabalho de enganá-la?
Abriu os olhos sentindo-se confusa e com aquela pressão no peito que sentia, todas às vezes, que começava a se questionar sobre aquilo. Levantou-se e começou a organizar os livros que havia deixado espalhado pelo local, devolvendo-os a estante que ainda estava montando para a Casa de Poções. Distraiu-se alguns segundos, ao realocar alguns livros que Narcisa havia indicado logo quando se casara, livros que a faria entender melhor os Malfoy e a história que os envolvia. A linhagem Malfoy era a única linhagem direta de Merlin que havia sobrevivido os séculos, por esse motivo, eles eram considerados o sangue mais puro do mundo bruxo.
A lenda contava que Merlin havia persuadido uma ninfa, a mais bonita das criaturas de seu tipo, com uma rubi enfeitiçada de poderes, a saciar seus desejos por uma noite inteira. A ninfa, comprada pela rubi, se envolveu com o bruxo e acabou gerando mais um dos herdeiros de Merlin, um que recebera o nome Malfoy. Obviamente, havia toda uma encenação e maquiagem para a história ficar mais interessante e fantasiosa, mas Hermione lera outras versões que insistiam que, na verdade, Merlin acabara se envolvendo com uma bruxa qualquer da alta corte de Arthur, bonita demais para ser confundida com uma ninfa, e esse envolvimento acabara gerando o garoto Malfoy. Talvez, Merlin tivesse a presenteado com uma rubi quando o envolvimento ficara sério, porque de acordo com alguns escritos no nome de Merlin, o filho Malfoy era seu preferido. Hermione também tentava ligar os pontos daquela história de outras formas mais racionais, a rubi enfeitiçada, muito provavelmente, havia sido dada a mãe do menino com o intuito de algum tipo de proteção, porque a terrível fada Morgana, irmã de Arthur, detestava Merlin visto que a história contava que ela havia conseguido dar fim a dois outros de seus herdeiros, nada mais justo que ele tentasse proteger seu favorito. Aquilo, para Hermione, era o mais plausível visto que no futuro, quem derrubara todo o poderio construído por Morgana, não deixando pedra sobre pedra, não deixando que ninguém de seu sangue continuasse sua história, havia sido um Malfoy.
Consequentemente, as linhagens de Merlin foram tomando corpo e, uma a uma, fora caindo com o passar dos séculos. Os Malfoy haviam conseguido se consolidar na história como a única sobrevivente, devido à preciosa pedra vermelha dada por Merlin. Hermione a vira no cofre dos Malfoy, há uns meses, pela primeira vez. Ficava isolada em um canto importante, coberta por um jaula de vidro, num pedestal de prata feito somente para expô-la. Era uma pedra qualquer de rubi lapidado, como todas as outras de seu tipo que, provavelmente, caberia no centro de sua mão sem pesar muito. Narcisa havia dito que a pedra era um dos motivos pelo qual Voldemort os mantinha por perto e sempre ocupando altas posições em seu império. Seria muito mais trabalhoso derrubá-lo, enquanto um Malfoy com a proteção de Merlin estivesse ao seu lado.
Hermione duvidava muito que aquela pedra fosse especial. Não havia nada de muito extraordinário quando a vira. Talvez, um dia, tivesse o interesse em destrinchá-la, ver qual magia a envolvia, estudar como havia sido construída; tentar reproduzi-la. Talvez a magia da pedra, se assemelhasse à construção da magia que a Ordem vinha usando, assim teria certeza se o véu que conseguira para a Ordem era legitimamente de Merlin.
Voltou para sua mesa, sentou-se e puxou os documentos da Comissão para terminar a avaliação de todos eles. Não achava que a magia de segurança para o novo acampamento precisasse mais ser trabalhada. Tudo estava em perfeita ordem e eles tinham que contar que a Ordem não fosse lançar nada de revolucionário e imprevisível, que desestabilizasse o equilíbrio da proteção do acampamento. Hermione estudava incansavelmente junto à Comissão, toda aquela magia estranha e poderosa, tudo ainda era muito inconclusivo, mas aos poucos, ela sentia que estava encontrando uma forma de dominar a essência de como tudo era montado, organizado e colocado em prática. Na verdade, sentia que era a única capaz, porque o resto da Comissão parecia não ver as coisas que ela via e achava constantemente difícil de entender o que ela explicava. De qualquer forma, importava que ela conseguisse repassar uma forma de combater aquela força.
Quando terminou seu trabalho, todas as velas já estavam acesas e a noite já havia caído do lado de fora. Sabia que deveria voltar para o quarto, mas não queria encontrar Draco. Ocupou-se com suas poções o máximo que pode, mas conhecia-se o suficiente para saber que precisava manter sua rotina mesmo estando em casa, principalmente agora que estava grávida, principalmente, porque faria exames na próxima semana e não queria que nada alterasse o resultado em objetivo.
Hermione sabia que ele deveria estar furioso com ela. Draco detestava quando levava um sermão autoritário, como o dela, por alguém que estava abaixo dele. Obviamente que ela não estava abaixo dele, da perspectiva dela, mas tinha plena certeza de que, da perspectiva de Draco, ela certamente estava abaixo dele.
Quando chegou ao quarto, encontrou Draco de pé na cabeceira do seu lado da cama, o que a surpreendeu. Ele já estava apenas com sua calça de algodão e logo ergueu os olhos para ela. O silêncio os consumiu naquele simples segundo, até que ele erguesse a mão e mostrasse o sapatinho que segurava.
- Comprou isso? – ele perguntou.
- Não. – foi tudo que ela se limitou a responder.
- Quem te deu?
- Sua mãe.
- Isso era meu.
- Eu sei.
Ele abaixou os olhos para o que tinha na mão e o analisou por alguns segundos.
- Por que? – ele perguntou.
Ela puxou o ar não querendo entrar naquele campo.
- Longa história. – acabou dizendo.
- Me conte. – tornou a erguer os olhos para ela.
Hermione se viu obrigada a contar as palavras de Narcisa. Draco escutou atentamente, sem interrompê-la, o motivo pelo qual ela havia recebido aquilo. Quando, finalmente, terminou ele continuou em silêncio, apenas devolveu o que tinha na mão para onde havia o tirado, deu a volta e começou a preparar a cama para poder se deitar. Hermione deu às costas e seguiu para o lavatório, mas parou antes de entrar. Enterrou as unhas na palma de sua mão não querendo fazer o que devia fazer. Mas precisava, precisava porque talvez aquilo aliviaria, nem que fosse um pouco, a angústia de ter se exaltado com ele no jantar. Virou-se para encará-lo. Ele estava encostando as costas na pilha de travesseiros que havia montado contra o espaldar da cama e abria uma pasta com o símbolo de seu departamento para analisar o conteúdo.
Mordeu os lábios nervosamente, trocou o peso do corpo de perna desconfortavelmente e puxou o ar, lutando contra sua vontade de tornar a dar as costas e continuar seu caminho.
- Desculpe. – chamou a atenção dele que logo ergueu os olhos para ela. – Por ter falado com você daquela forma no jantar.
O rosto dele foi completamente inexpressivo, o olhar seguiu também o mesmo caminho e o silêncio a matou pelos segundos que durou, até que ele abrisse a boca:
- Que seja. – foi tudo o que disse e retornou a sua pasta.
Hermione estreitou os olhos diante daquilo. Que seja? Ela havia acabado de se humilhar, acabara de se desculpar, acabara de dizer que havia agido errado mesmo que tivesse razão e tudo que ele teve para dizer havia sido: Que seja? O Draco que ela achava que estava conhecendo teria assentido, mesmo que estivesse revoltado com o que ela havia feito e até talvez dito que ela deveria parar de se desculpar como sempre fazia.
Soltou o ar com desgosto e seguiu seu caminho. Desfez-se do visual de Narcisa, enquanto enchia a banheira e depois se deixou relaxar debaixo da água aquecida. Queria muito poder ingerir álcool. Queria estar, naquele momento, com uma garrafa de vinho para que pudesse afastar suas emoções, seus pensamentos e suas angústias. Estar em uma banheira com sua cabeça fervilhando não era nada eficaz, o que a fez deixá-la antes do esperado.
Secou-se, vestiu sua camisola, fez toda a sua rotina noturna e seguiu para a cama. Assim que voltou para o quarto, encontrou Draco com os olhos sobre os documentos em sua mão, mas estranhamente ele parecia em outro mundo e não necessariamente atento ao que deveria. Hermione preparou o lado onde se deitava, tirando a pilhas de travesseiros e afastou as cobertas. Sentou-se, passou as mãos no rosto, enquanto suspirava e tentava relaxar. Alisou o mármore do chão com os pés e alongou as costas passando o cabelo para um lado, para poder massagear o pescoço antes de se deitar. Seu músculo estava tenso e ela não sentia sono, mesmo sabendo que não demoraria dormir quando deitasse. Soltou o ar e quis que tudo estivesse bem. Era tudo que queria. Que tudo estivesse bem, mas tudo que podia realmente desejar era que tudo ficasse bem.
O colchão se moveu e ela sentiu Draco se aproximar às suas costas. Ficou surpresa quando ele passou a mão por sua cintura e cercou seu tronco. O hálito quente bateu em seu pescoço e subiu até sua orelha. Hermione fechou os olhos. Uma mão dele entrou pela fenda de sua camisola e começou a subir sua perna. Ela a parou sentindo a base de seu abdômen esquentar, em resposta imediata ao toque dele.
- Draco, eu não quero...
- Não estou perguntando se quer. – ele foi seco e Hermione sentiu raiva da pouca consideração que ele estava tendo por ela ali.
Conseguiu sentir sua própria respiração pesar, quando os dentes dele se fecharam calmamente no lóbulo de sua orelha.
- Draco, eu falo sério quando digo que não quero, por favor não me faça querer. – ela implorou.
Sabia que era incapaz de resisti-lo quando ele a tocava. Havia mergulhado naquilo no começo do casamento, quando mesmo o odiando intensamente, era absolutamente impossível não saber que sentiria seu coração explodindo dentro do peito em prazer, todas às vezes, que era tocada por ele e agora se via perdida e incapaz de se livrar daquilo.
Ele continuou sua investida a deixando cada vez mais desarmada. Tentou mover-se desconfortavelmente e até tentou parar as mãos dele, mas cada vez que sentia a língua quente em contato com sua pele ou o calor do corpo dele a explorando debaixo da camisola, sua boca repentinamente puxava o ar, mostrando que estava se rendendo e Hermione se odiava por isso. Se odiava e odiava Draco porque ele sabia bem que ela não queria.
Draco a arrastou para o meio da cama, prendeu seus braços acima de sua cabeça e se colocou entre suas pernas. Ela sabia o que ele faria, e se fosse bem sucedido, não havia mais volta. Os quadris dele começaram a se mover a estimulando. Hermione não queria encará-lo. Virou o rosto e fechou os olhos sentindo todo o seu corpo esquentar. Sua respiração já estava pesada e foi ficando cada vez mais, quando começou a lutar contra a vontade de gemer. Não queria dar esse gosto a ele.
O hálito dele rondou seus seios ainda por cima da camisola, e a essa altura, ela já o queria dentro dela, principalmente quando conseguia o sentir duro e enclausurado dentro de sua calça. A boca de Draco explorou seu pescoço mais uma vez e subiu por sua garganta. Hermione estava muito certa de que ele iria beijá-la. Chegou a sentir o hálito dele a centímetros de sua boca. Ela não queria que acontecesse, não queria ser beijada, mas estranhou quando os segundos foram passando e sua boca não chegou a ser tomada por ele. Abriu os olhos e encarou os cinzas dele sobre ela, viu no brilho do olhar dele, o relance do homem que havia lhe feito companhia nos últimos meses e não o Draco indiferente dos últimos dias. Ele parou o movimento do seu quadril contra o dela. Hermione sentiu seu corpo protestar, mas sua razão falava mais alto que a tentação naquele momento. Eles se encararam por alguns poucos segundos.
- Está usando o olhar que costumava usar quando nos casamos. – a voz dele soou incomodada.
- Isso vai te fazer parar? – ela indagou.
Ele ergueu as sobrancelhas.
- Você realmente não quer. – ele disse.
- Meu corpo quer. – e ainda conseguiu sentir os sinais de protesto do prazer que ele havia acendido nela. - Mas você não me quer, tudo o que quer é somente meu corpo. Portanto, vá em frente.
Draco abriu a boca ligeiramente, como se fosse dizer que na verdade não, na verdade não era bem isso. E Hermione desejou que ele falasse, desejou que ele dissesse que não era só o corpo dela, que a queria como havia a tido nos últimos meses, a queria por inteiro, não somente seu corpo. Mas ele não disse, bem como já sabia que não diria, apenas porque não era verdade. Por um segundo, quando ele tornou a fechar a boca, ela pensou que Draco fosse seguir em frente com o que havia começado, mas ele não seguiu. O viu até fazer menção de tentar mais uma vez, mas acabou se afastando. Saiu de cima dela e deitou ao seu lado.
Hermione se sentou. Devolveu a alça de sua camisola para o ombro e fechou os olhos, tentando se concentrar em sua respiração. O silêncio os consumiu e Draco continuou estático ao seu lado, sem mover um músculo sequer.
- Eu pensei que estava começando a te conhecer. – ela deixou sua voz soar extremamente baixa. – Mas, de repente, percebi que não o conheço em absolutamente nada.
- Você não precisa me conhecer. – o tom dele foi seco.
- Sim, eu preciso. – ela o olhou por cima do ombro. – Moramos juntos, somos casados, além de cúmplices e estou gerando os seus filhos. Não quero que seja um estranho que está sempre presente e me toca quando tem vontade. Pensei que tivéssemos passado essa fase, pensei que havíamos deixado isso para trás, que havíamos superado os primeiros meses, que nem tudo sobre nós era apenas sexo. Por que você quer nos levar de volta para esse estado? Pensei que estivéssemos tentando construir uma vida civilizada. Lutei todo esse tempo para ignorar o ódio e a raiva que acumulei por você todos esses anos, para que pudéssemos construir essa vida.
Ele não respondeu no mesmo instante, mas não muito tempo depois se manifestou, calmo, porém sério:
- Acaso ignorar o ódio e a raiva, fez com que eles fossem embora?
Ela queria responder que sim, mas sabia bem da verdade porque todas as vezes que alguma lembrança do passado voltava, o ódio e a raiva vinham juntos.
- Não. – teve que dizer.
- Então não importa o que construirmos, não será verdadeiro. – e foi ali que ela entendeu que Draco não havia fingido, que ele não havia a enganado. Ali, Hermione entendeu que ele apenas via o ponto fraco do que estavam vivendo, e não somente isso, mas o mal que estavam criando caso continuassem no mesmo caminho. Eles estavam se envolvendo e isso não assustava só a Draco, porque se ele havia notado e estava tomando uma providência, ela se sentia estúpida por ter fechado os olhos por tanto tempo.
Agora ela entendia todo o comportamento dele, todos os altos e baixos dos últimos dias, as perguntas sem nexo, os olhares congelantes que ele a lançava, os momentos em que sentia que Draco avaliava e julgava até mesmo o modo como ela respirava. Talvez ele tivesse passado ou ainda estava passando, por um grande conflito em relação a ela.
- Por isso, você prefere nos levar novamente para onde começamos? – sua voz foi baixa.
- Por isso, que eu prefiro que fiquemos onde começamos. – ele se sentou. Claro que Draco preferia, o lugar onde começaram era seguro. Eram apenas um homem, uma mulher e sexo, nada mais. – E fim. – fez menção de se levantar, mas Hermione o segurou pelo pulso.
- Draco. – ela se viu fazer o que nunca teria feito em sua vida. Sentiu-se estúpida, mas não recuou quando Draco a encarou esperando que ela continuasse. Não se importava com o conflito que ele estava passando, o que haviam vivido desde que perderam a filha havia sido real. – Se quer que sejamos o que éramos no começo, corpos vazios coexistindo nessa casa, nessa cama, na Catedral, apenas porque somos incapazes de superar nosso passado, vamos ignorar completamente os últimos meses? A forma com fazíamos sexo, como pensávamos juntos, como agíamos juntos. Vamos esquecer que rimos, que compartilhamos pensamentos estúpidos no escuro da madrugada, que não éramos apenas educados um com o outro. – era quase doloroso ter que se lembrar de como ela se sentia confortável em encostar nele, de como o sorriso dele havia ficado gravado em sua memória, de como ele displicentemente a cumprimentava sempre quando entrava em um ambiente que ela estava, de como conversavam durante o jantar sobre coisas irrelevantes. Era doloroso porque Draco estava ignorando tudo aquilo. – Vamos mesmo esquecer que as coisas deixaram de ser vazias, invasivas e intocáveis e passaram a ter um significado?
- Que significado, Hermione? – ele parecia tragado, e agora, ela podia ver no olhar dele que para Draco, as coisas não pareciam tão fáceis, tão claras, tão objetivas. Ele estava confuso, mas muito certo sobre algo.
- O significado de que não somos apenas dois inimigos debaixo de um teto, caçando um ao outro incansavelmente por orgulho. O significado de que temos um futuro pela frente, temos um plano para executar, vamos ter filhos e estamos ligados.
- Mas essa não é a realidade. Não ela inteira. A realidade é que temos um passado. – ele insistiu, embora, seus olhos brilhassem de uma forma diferente, de uma forma que ela passara a conhecer, como se estivesse enxergando as coisas por um ângulo diferente naquele momento, como se estivesse se entregando a algo, mesmo que ainda quisesse se manter resistente.
- E por isso vamos esquecer o que tivemos esses últimos meses? – Hermione conseguia enxergar o perigo do caminho que estava seguindo com Draco, porque ela já havia o percorrido mais de uma vez. Mas ainda não conseguia abrir mão do fato de que já haviam avançado juntos nele, por um tempo bastante considerável. – Vamos ignorar tudo o que conseguimos construir? Você sabe que não foi fácil. – teve receio, mas mesmo assim, levantou a mão e tocou o rosto dele, sabendo que não faria isso normalmente, mas se eles dois eram capazes de enxergar onde estavam em relação ao relacionamento deles, ela não precisava se conter e medir seus toques por saber que ele era Draco Malfoy. Tirou seu tempo para observá-lo. Tudo nele era tão perfeito que parecia ter sido minuciosamente esculpido. Os músculos de seu rosto, a linha de seu queixo, o desenho de seu nariz, os olhos perfeitamente cinzas, intimidadores e tempestuosos. Hermione conseguia se lembrar perfeitamente, de como Draco fazia aqueles olhos serem tão acolhedores, às vezes, de como ele fazia seu toque frio aquecer sua pele, de como ele surpreendentemente fazia sua voz, dura e afiada, soar pacífica e compreensiva. Ela queria que ele soubesse que havia reparado nisso, que ela havia sido grata por, todas às vezes, que ele se permitira ser gentil além do educado, por, todas às vezes, que se deixara falar sobre algum pensamento privado, por, todas às vezes, que havia a tocado sem ter medo de ser cuidadoso e intenso. Hermione sabia que Draco não havia fingido nada daquilo, por mais que tivesse se questionado muitas vezes esses últimos dias, devido ao estranho comportamento dele. Agora, ela sabia que ele não havia. Levou sua mão até a nuca dele e sentiu os fios macios e loiros entre seus dedos, enquanto os olhos dele percorriam cada extensão de seu rosto. Havia uma certa angústia contida ali. Hermione queria entender o que era. – Draco, se você ao me dissesse... - Ela engoliu as palavras quando ele avançou até sua boca passando os braços pelo seu tronco para se apoiar no colchão. Mas Draco parou e não a beijou. Parou apenas a milímetros de seus lábios, com a respiração pesada, como se estivesse contendo a fome que surgira em seus olhos, no momento em que avançou. Hermione não deixou de querer protestar por ele ter se contido. Aquele era o Draco que havia estado ao seu lado nos últimos meses, não a criatura distante e indiferente dos últimos dias. Aquele Draco não era detestável. Aquele Draco havia se permitido com ela e Hermione não queria que aquele Draco tivesse parado, nem que ele estivesse tentando resisti-la, naquele exato momento. Sabia que ele tinha razão. Sabia que eles deveriam recuar. E por mais que não quisesse abrir mão do mínimo que haviam vivenciado juntos, era bastante racional para enxergar a potencialidade daquilo e o grande desastre que poderia acarretar. Mas foi sabendo que ele tinha razão e que deveriam recuar que ela juntou a saia de sua camisola e passou uma perna por ele, sentando-se em seu colo sem deixar que suas bocas se afastassem de onde estavam. Juntou sua outra mão na nuca dele e afastou-se minimamente apenas para poder ver seus olhos incrivelmente cinzas, com a intensidade que ela havia se acostumado a encarar nos últimos meses. – Se vamos voltar a ser como éramos antes. Corpos vazios movidos unicamente pelo prazer. Então deixe que eu, Hermione, não somente o meu corpo, o tenha uma última vez. Mas não somente o seu corpo. Você, Draco. Ao menos, uma última vez. – sussurrou. Ela o queria, o queria como havia o tido todas as outras vezes que fizeram sexo desde que haviam perdido a filha.
Draco hesitou, enquanto Hermione conseguia sentir a cabeça dele trabalhando. Agora ela se dava conta. Se dava conta do quanto havia ido fundo com ele. Só agora percebia o quanto havia se envolvido, o quanto Draco tinha poder sobre as vontades dela, o quanto aquele caminho era perigoso e o quanto ele a abalava, principalmente, quando voltava a ser indiferente. Seria melhor recuar, seria melhor voltar a ser o que eram antes, porque ela e Draco nunca poderiam superar o passado que tinham. Eram dois apostos incompatíveis e isso entraria em conflito em algum momento. E, talvez, ela se arrependesse de persuadi-lo. Talvez, se arrependesse do que estava querendo, naquele momento. Quem sabe, até se arrependesse de perceber que em sua vida inteira, nenhum outro homem havia sido como Draco. Com nenhum outro, Hermione havia passado o que havia passado com Draco e sempre quando faziam sexo, o ato refletia como haviam crescido juntos, e se não fosse para tê-lo mais, não daquela forma, ela ao menos queria uma última vez, para se lembrar de como era, de como seria e onde poderiam ter chegado. E com essa conclusão, Hermione abria mão e se vendia facilmente a ideia de ser como eram antes. Era seguro, era certo. Não arriscaria se envolver nem ir mais fundo, com um homem que ela torcia, para que não tivesse matado seus pais.
Mas só mais uma noite. Uma para Hermione se lembrar de como havia sido. Puxou sua camisola e a tirou por cima da cabeça. Draco a tocou quase que imediatamente, mas um toque receoso. Ele ainda parecia resistir de alguma forma. Uniu seus rostos novamente deixando suas bocas na mesma distância de antes, onde ela podia sentir o hálito dele. Movimentou seu quadril contra o dele para senti-lo ainda, vagamente, acordado dentro de sua calça. Quase era capaz de ouvir as engrenagens na cabeça dele. Deixou seus lábios roçarem os dele e, talvez, aquilo tenha sido demais para Draco porque, finalmente, ele a tomou como deveria. Suas bocas se encaixaram exatamente como milhares de outras vezes e foi absolutamente renovador.
Ah, o sabor dele... Havia algo na forma como seu beijo com ele acontecia. Logo quando haviam se casado, parecia vazio, mas ardia em desejo, agora parecia completo e cheio de significado. A forma como suas bocas se moviam, como seus lábios dançavam, como suas línguas se tocavam, como tudo entrava em harmonia. As mãos de Draco traçaram seu corpo como se estivessem a tocando pela última vez, como se nunca mais fosse ter a chance de, verdadeiramente, senti-la. Os braços dele passaram por sua cintura e a trouxeram para perto, fazendo seu corpo colar no dele. Era essa a proximidade que tinham e até a forma como seus corpos se encostavam, tinha um significado quando estavam sendo Draco e Hermione e não somente corpos com desejo.
Ele a segurou pela cintura e a devolveu à cama, deitando-a de costas. Eles se encararam enquanto ele se colocava calmamente entre as pernas dela. Draco parecia estar se libertando de um terrível aprisionamento. Suas bocas se encontraram, mais uma vez, para que pudessem brincar um com os lábios do outro e novamente se encararam. Hermione passou a mãos pelos cabelos dele. Os olhos cinzas agora eram um grande conforto. Ele não era o Draco indiferente, não era o Draco que estava apenas querendo seu corpo.
- Como consegue ser tão absurdamente linda? – ele disse, enquanto arrastava o polegar sobre seu lábio inferior. – Me irrita.
Ela sorriu e deixou suas mãos descerem o abdômen dele.
- Por favor, não torne as coisas mais difíceis.
Ele sorriu e a beijou mais uma vez, antes de descer por seu pescoço, por entre seus seios até seu abdômen. Draco se deixou observar por alguns segundos o mínimo volume aparente na base de sua barriga, antes de pressionar seus lábios ali. As mãos dele tiraram a peça que lhe restava e Hermione se viu totalmente exposta, como dezenas de vezes anteriores. Mas sentia-se confortável assim, Draco havia se esforçado em conhecer seu corpo como nenhum outro homem e ele parecia gostar, de cada mínima parte dela, o que consequentemente a fizera ser diferente com ele na cama. Ela se sentia absolutamente livre.
Draco tirou a única peça de seu pijama e deitou sobre ela novamente, tomando cuidado para não esmagá-la. Hermione fechou os olhos para poder sentir todas as reações de seu corpo, enquanto a boca dele percorria seu colo, seu pescoço, sua orelha e suas mãos apertavam sua pele e exploravam seu seio.
Ela perdeu suas mãos nos cabelos dele e deixou sua respiração se tornar expressiva. Sabia que antes que realmente o tivesse, Draco exploraria seu corpo o tanto que quisesse. Hermione não se importava. Ele conhecia bem como ela funcionava e suas mãos não eram displicentes, passavam pelos lugares certos, na intensidade certa, nos momentos certos e sempre se surpreendia com o quão rápido Draco era capaz de fazê-la sentir que iria explodir.
Quando ele deslizou para dentro dela, sem pressa alguma, ergueu-se para poder vê-la. Hermione precisou conter sua respiração, até seu corpo reagir num mínimo espasmo e sua garganta soltar um opressivo gemido. Draco sorriu e ela cerrou os olhos dando a ele aquela minúscula vitória antecipada demais. Passou seu braços pelo pescoço dele e ergueu-se para recuperar sua boca. Ele cedeu beijando-a e indo fundo dentro dela.
Draco foi paciente, exatamente como ela havia previsto. Devagar. Aproveitando cada mínima sensação. Acabou por deitar sobre ela e cercar sua cintura com os braços. Seus corpos se juntaram sem que nenhuma brecha existisse entre eles, e ele começou a movimentar-se, com calma, fazendo com que ela tivesse a perfeita consciência do tamanho dele e de seus músculos o envolvendo.
Hermione adorava sempre quando começavam daquela forma, discretos e sem pressa, porque sabia como terminavam. Senti-lo dento dela, fazia seu corpo reagir com tanta rapidez, que ela sempre se surpreendia. Draco a encarou e seus olhos se mantiveram unidos numa única sintonia. Ela conseguia ver em que nível ele estava, assim como sabia que ele podia fazer o mesmo com ela. Os dois nunca trocavam olhares quando sexo era só prazer. Fez sua mão passar pelos cabelos dele e tocou seu rosto. Esperava que aquilo fosse só dela, aquele olhar, aquele toque. Não queria compartilhá-lo com ninguém. Não queria que Pansy o tivesse como ela o estava tendo agora, não queria que nenhuma mulher o tivesse verdadeiramente, não queria que nenhuma mulher tivesse o Draco Malfoy que a olhava daquela forma, a tocava daquela forma, a beijava daquela forma.
Hermione logo não foi capaz de conter, a forma como sua garganta exigia se manifestar, quando expirava o ar. Pediu para que ele fosse mais rápido e Draco não recusou. Fez sua boca colar contra a dela mais uma vez e se escondeu na curva de seu pescoço. Ela desceu mão por suas costas, explorando a pele dele como se fosse um tipo raro de pergaminho. O contato de seus corpos a estimulava a um nível assustador.
Draco aumentou ainda mais a velocidade, mostrando que precisava daquela intensidade. A agonia finalmente a castigou e Hermione soube em qual campo estava entrando. Tentou segurar, mas seus gemidos eram meramente consequência do calor e a angústia que a consumia. Arqueou seu corpo e no momento em que Draco sentou-se sobre os joelhos e a trouxe consigo, ela soube que seus corpos estavam numa sintonia perturbadora. Eram como duas folhas de papel brincando próximas demais do fogo.
Hermione moveu os quadris incessantemente contra o dele, não suportando a ideia de ficarem parados. A agonia era tanta, que ficar mais dois segundos naquela posição era paciência demais para a vontade queimando em suas veias. Draco a deitou novamente e puxou seus quadris para cima, para que não perdessem o contato com o dele em nenhum momento. Ela rebolou implorando para que ele fosse mais rápido e mais forte. Ele não a negou e ela se viu obrigada a arquear todo o corpo, sentindo que estava se aproximando do fim da linha. Seus dedos se fecharam contra o lençol da cama e o puxou. Seu corpo se contorceu e Hermione chorou por mais usando o nome dele.
Engoliu o próprio gemido e a respiração, quando seu cérebro pareceu dar voltas e sua visão escureceu por um segundo. Seu corpo contraiu-se e relaxou num espasmo expressivo. O som que saiu de sua garganta, logo em seguida, foi agudo e rouco. Ela teve um último espasmo menor, sentindo o reflexo de ser consumida pelo prazer, e soltou o ar respirando ofegante de costas contra o colchão. Draco inclinou-se sobre ela novamente e beijou sua boca. O calor da língua dele e o sabor familiar era quase uma recompensa final. Ele se afastou com um sorriso nos lábios e eles se encararam.
- Ainda não terminei. – a voz dele foi profunda, fazendo vibrar até mesmo as veias de todo seu corpo fragilizado.
- Não esperava que tivesse. – ela respondeu ofegante, ainda o sentindo perfeitamente duro e grande ocupando todo o seu interior. Provavelmente, também devia estar com um sorriso estúpido nos lábios.
Draco sorriu em resposta ao que ela havia dito como se estivesse avisando que não pretendia ter pressa. Hermione realmente esperava que ele não tivesse. Não queria que terminasse nunca, essa era a verdade. Queria ele daquela forma todas as noites. Não só o físico dele, mas ele, o olhar dele, o sorriso dele, o toque dele, o beijo, o cuidado, a intensidade. Pensar que aquela era a última vez que estavam se permitindo, que estavam se tocando como Draco e Hermione, não apenas como homem e mulher, era angustiante, mas sabia que era o melhor, o mais seguro, o mais racional.
Quando Draco a colocou por cima dele, Hermione se sentou e não deixou que ele tivesse tempo de protestar a ausência de fricção entre eles. Moveu-se como sabia que ele gostava, sem muita paciência para brincar com o tempo, sentindo ele duro e pulsante. Draco dava os sinais de quando ela devia conter-se para prolongar mais o estado em que ele se encontrava. Hermione sabia que estava os regendo naquele momento e fez seu serviço com maestria até que ele descesse o dedo até ela para tocá-la em seu ponto mais sensível, enquanto ainda trabalhava sobre ele.
O toque foi o suficiente para colocá-la sob um estado nervoso e desequilibrá-la. Seu corpo ardeu novamente e Hermione não parou. Cada membro seu começou a formigar, de cima a baixo, e ela não conseguiu encontrar outra forma de buscar por alívio que não fosse a velocidade com o qual se movia. Draco não parecia muito longe do caminho que Hermione tomava e sentou-se, colando seu corpo no dela num abraço quente e suado.
Suas respirações ofegantes e desesperadas lutaram pelo mínimo espaço em que seus rostos se colocaram, quando suas testas se encontraram e Hermione não parou, vendo que o único caminho para o alívio era o movimento ininterrupto e incansável de seus quadris. Seu gemido era externado de acordo com a crescente ânsia com a qual seu corpo inteiro se via ser consumido. Seu quadril não foi capaz de parar e por mais rápido que ela fosse contra o membro dele, a velocidade nunca parecia suficiente e Hermione precisava ir mais rápido e mais rápido, enquanto sua garganta expressava toda aquela angústia.
Num segundo, em que o oxigênio pareceu ter desaparecido da atmosfera, ela precisou parar, seu corpo inteiro travou e ela não conseguia se mover, até que seus músculos mais uma vez sofressem com seus espasmos e Hermione jogasse a cabeça para trás chorando um gemido longo.
Draco não deu a ela um segundo de descanso e suas costas já estavam contra o colchão. Ela achou que havia alcançado o alívio, mas ainda havia uma parte de si que precisava de mais. Ele continuou investindo contra ela. Hermione puxou seus cabelos ofegando e acreditando que desfaleceria. Draco foi forte e fundo, seus olhos cinzas sobre ela contavam claramente que ele se lembraria daquela vez, se lembraria dos sons dela, do toque dela, do olhar, do significado de cada simples busca por ar, porque quando se tocassem novamente apenas como homem e mulher, nada daquilo mais existiria, nada daquilo seria permitido e ele se lembraria de como havia sido aquela noite, se lembraria de quem eles haviam sido ali, de que haviam chegado um dia ali.
Hermione não se surpreendeu, quando seu corpo exclamou desesperadoramente por mais alívio. Cada vez que Draco ia contra ela, e cada som que saia do mais profundo da garganta dele, era um sinal de que estava a levando ao fim e de que ele estava indo junto. Não queria que acabasse, queria que ficassem ali, daquela forma, naquele estado, para o resto da noite, para o resto do dia seguinte, para o resto do fim dos tempos, mas seus corpos pediam, seus corpos imploravam o socorro, imploravam o fim, choravam pelo alívio e berravam pela dor do fogo que os consumia.
Quando vieram juntos, dando um fim a tudo aquilo, Hermione não soube exatamente como se sentiu. Embora todo seu físico clamasse satisfação, com todos os espasmos e contrações de seus músculos, seu peito estava apertado. Os músculos de Draco relaxaram quando ele liberou tudo que tinha dentro dela. Ele a observou ofegante como se estivesse entendendo o significado daquilo. Seus dedos passaram pelo rosto dela desenhando a linha de sua têmpora e foram até sua nuca onde entraram por seus cabelos. Draco inclinou-se e tocou os lábios dela com os seus. Beijaram-se como se entendessem a situação com muita racionalidade.
Ele se afastou quase como se não quisesse, deitou ao lado dela e a trouxe consigo, embora Hermione também já se movimentasse para não se separar dele, mesmo que Draco não tivesse tido o esforço de levá-la consigo. Acomodou sua cabeça sobre o peito dele e fez uma mão sua ir displicentemente até os fios de seus cabelos loiros.
O silêncio os uniu, enquanto ela escutava o coração dele acalmar-se. Hermione não queria dizer nada, e talvez ele também não quisesse, porque apenas ficaram ali, existindo. Não dormiam juntos daquela forma fazia dias e ela sabia bem, que aquela noite seria a última. Fechou os olhos, ajeitou-se confortavelmente sobre Draco, passou os braços pelo seu tronco e ficou quieta, sentindo os dedos dele brincarem displicentemente com os cabelos atrás de sua orelha.
Seu corpo deu sinais de exaustão quase que minutos depois. Estava grávida e talvez fosse por isso. Ela não queria dormir sentindo a dor no peito de que aquilo acabaria quando o sol nascesse. Lutou contra a vontade de dormir, mas não demorou a ser tragada completamente pelo sono, bem consciente de que estava caindo para a inconsciência bem antes de Draco.
Seus sonhos eram perturbadores todas as noites. A constante intrusa de sua infância, as lembranças de quando havia perdido sua filha, ameaças terríveis feitas por Voldemort que sua própria mente criava, duas crianças que ela via como estranhas, mas sabia que eram suas, Draco sendo grosseiro e detestável, seus amigos com dedos acusadores apontados para ela.
Quando foi trazida quase que, relutantemente, à consciência novamente, Hermione conseguia ver que era dia através de suas pálpebras fechadas. Sentia-se ainda exausta, por causa de seus sonhos, mas percebeu que havia sido parcialmente tirada de seu sono porque o corpo de Draco se movia contra o dela. Ele parecia pouco consciente ainda, mas ela estava meio que de bruços e ele a esmagava sobre suas costas. Os sons que ele fazia eram os mesmo de quando acordava, como se estivesse preguiçosamente limpando a garganta. Sentiu que estava sendo arrastava de volta para o mundo dos sonhos e sabia que precisava dormir mais. Não lutou contra, nem quando Draco a abraçou pela cintura mais uma vez, e sussurrou numa voz rouca e grave próximo ao seu ouvido um “adeus” que ela sabia bem o que significava, antes de se afastar completamente do corpo dela. Hermione não teve tempo nem mesmo para lamentar e, rapidamente, voltou a dormir sem nem mesmo chegar a abrir os olhos.
Draco não voltou para casa aquele dia, nem o dia seguinte, no outro, ele chegara tarde e saíra cedo e Hermione jantara sozinha, dormira sozinha e acordara sozinha exatamente como nos anteriores.
Ao menos, sabia que havia tido uma última vez com ele.
**
- Não sei se cheguei a comentar, mas estou feliz por ter decidido se mostrar finalmente. – Astoria tornou a se aproximar dela no boticário em que se encontravam no centro. – Aqui, encontrei o que estava procurando. – estendeu a ela um frasco com o rótulo de uma poção de sua lista.
- Obrigada. – pegou a poção. – O que quer dizer com eu ter decidido me mostrar? – elas começaram a avançar, distraidamente, pelas prateleiras.
- Você sabe. Se privar um pouco da loucura da Catedral, não precisar estar sempre tão formal, se deixar sair mais vezes. Draco tem algo a ver com isso? Tenho certeza de que ele deve estar bancando o protetor agora, e não te quer se estressando com coisas desnecessárias.
- Por que ele bancaria o protetor? – ela se arrependeu de ter soltado aquilo no mesmo instante, puniu a si mesma por ter se distraído, ao passar o olhar sobre uma seção com frascos, de ervas raras.
Astoria soltou um riso fraco.
- Hermione, vamos lá. Todo mundo sabe que está grávida. Você não precisa mais fazer esse papel. Sem contar que já deixei de contar o número de vezes que perdeu o fôlego enquanto conversávamos. - Hermione parou e a encarou. Astoria parou logo em seguida e seu sorriso murchou. – Desculpe, eu não tive a intenção de ser invasiva a esse ponto, só achei que fôssemos próximas o suficiente para que não precisássemos guardar essa informação uma da outra.
Hermione passou os olhos de um lado para o outro do corredor em que estavam. Deu uma longa piscada enquanto soltava o ar e se aproximou da mulher.
- Precisa ser discreta e, por favor, não confirme a ninguém. – foi tudo o que disse quase sussurrando.
O sorriso de Astoria voltou quase que cruzando seu rosto inteiro dessa vez.
- Então é mesmo verdade?! – ela parecia extasiada em alegria, mas manteve o tom de voz baixo, o que Hermione ficou grata. – Hermione você não tem ideia do quanto fico feliz por isso! Eu e Isaac temos tentado tanto esses últimos meses, mas ele tem estado tão ocupado, ultimamente. Estamos pensando em procurar um medibruxo para saber de algum feitiço que possa nos ajudar. Mas isso não é interessante agora! Céus! Com quantas semanas está?
Hermione acabou sorrindo da alegria contagiante de Astoria.
- Quatorze. – respondeu.
- já? – Astoria pareceu surpresa. – Você já está saindo do primeiro trimestre! Já consegue sentir alguma coisa?
- Um pouco. – ela respondeu. – Mas é um tanto confuso, não dá para saber o que é porque é muito imperceptível.
- Sei como é. Ainda é um pouco cedo. – ela parecia ter um sorriso pregado no rosto agora. – Faz bem dar esse tempo para você por agora.
- Sim, eu sei, mas Draco precisa de mim também. Tenho que ir a Catedral hoje. Eles vão mover o acampamento de York amanhã e preciso me certificar de que tudo está correndo exatamente como planejado.
- Admiro seu empenho com a guerra. – ela comentou e parou quando Hermione fez o mesmo para ver algumas raízes. – Deve ser ruim quando Draco tem que se ausentar de Brampton Fort, por causa do exército.
- Sabemos que é necessário. – ela ficaria por ali com o que dissera, enquanto pegava um dos frascos na prateleira, mas se lembrou da farsa que tinha que viver com Draco. Não podia ficar só por ali como costumava sempre fazer agora. Ela tinha que disseminar seu grande amor por ele. – Porém, bastante injusto. – acrescentou devolvendo o frasco a prateleira e retomando sua caminhada. – Ele faz falta. Ficamos tanto tempo separados e agora que finalmente conseguimos ficar juntos, parece quase irreal como conseguimos administrar os sentimentos quando estávamos longe. – mentiu embora fosse impossível não deixar de lembrar do vazio que era a cama todas as vezes que ele não dormia nela.
Astoria foi compreensiva dizendo que conseguia entender perfeitamente.
- Isaac me faz falta até mesmo quando tem que ficar até tarde na estação ou verificando as escalas nos portões. Imagino o que deve ser para você já Draco fica, às vezes, por semanas fora.
- Nos últimos meses, nem tanto. Ele conseguiu administrar para poder cumprir tudo daqui. Foi um trabalho intenso, mas eu o ajudei. – concluiu Hermione. Astoria foi quem parou dessa vez para separar algumas ervas em potinhos separados. Ela comentou algo sobre jardins e Hermione apenas respondeu que estava trabalhando no dela. Uma curiosidade lhe bateu repentinamente e acabou perguntando sem receio: - Foi difícil para você começar a aceitar Isaac quando se casou?
Astoria pareceu satisfeita com a pergunta, como se ficasse grata em conversar qualquer coisa íntima. Hermione sabia que era porque aquilo dava total abertura para que ela fizesse o mesmo mais tarde.
- Éramos muito educados um com o outro, posso dizer, mas não posso deixar de admitir que foi um pouco complicado. Ele não me via com muito bons olhos porque sabia que minha família havia nos juntado apena, para se salvar, quando o império do mestre começou a tomar muito corpo. Eu também estava bastante apegada ao pai do filho que perdi. Tive que me esforçar porque achei que Isaac fosse me desprezar caso soubesse que o filho não era dele, então tentei nos forçar para a cama muitas vezes, até mesmo quando ele não queria ou não podia, apenas para que ele não desconfiasse quando minha barriga começasse realmente a aparecer. Eventualmente, minha máscara veio a cair, quando eu perdi o bebê e ele ficou sabendo com quantas semanas eu estava através do medibruxo. Foi perturbador por alguns meses conviver com ele, principalmente porque ele não é nenhum idiota e percebeu que eu estava tentando enganá-lo, tentando fazer parecer com que o filho fosse dele. Tive raiva por um tempo porque ele poderia ter sido mais compreensivo em entender o meu estado. Eu não podia deixar aquele casamento desmoronar. Minha família dependia de mim. Só fui perceber que ele também queria que as coisas dessem certo, quando acabei indo para um lado meio obscuro. Eu ficava muito quieta, não queria sair, não queria conversar, não me importava com a casa, não me importava em preparar nada, em cuidar de nada, em me dedicar a nada, em ser produtiva. Acho que isso começou a preocupá-lo e foi, justamente, quando começamos a ser honestos um com o outro. Ele começou a ser mais cuidadoso e eu comecei a tentar enxergar as qualidades dele. As coisas foram melhorando com o passar do tempo, não foi nada da noite para o dia, mas sinto que temos um laço muito forte um com o outro por causa disso. Na verdade, eu sempre quis que as coisas acontecessem comigo como aconteceram com você e com a maioria. Me apaixonar, ter o casamento dos sonhos com um homem que me escolheu e que eu também escolhi, começar uma vida juntos com todos aqueles sentimentos fortes e tudo isso, mas acho que quando as coisas começam com muitas expectativas, as eventuais frustrações parecem muito mais difíceis de enfrentar. Nós não tínhamos absolutamente nenhuma expectativa um com o outro e foi uma surpresa boa quando as coisas começaram a acontecer. Acredito que comecei a aceitar Isaac, no momento em que ele me deixou saber que ele também estava me aceitando e a partir daí fomos abrindo os braços um para o outro, cada vez mais. Sabemos lidar com as oscilações de sentimentos porque eles vem e vão toda hora. Construímos o amor e consequentemente, com o tempo, a paixão surgiu, e isso é forte entre nós, essa aceitação que temos, a decisão que tomamos de estar presente um para o outro, independente do sentimento ou da condição.
Hermione sorriu. Foi um dos sorrisos mais sinceros que já havia dado naquele lugar.
- Isso é algo bonito de se escutar. – foi obrigada a dizer. Pensou em Draco. Jamais teriam condições de alcançar aquilo. Ela sentia que já haviam passado por tanto e ainda assim olhe onde haviam chegado, viravam o rosto um para o outro sempre que podiam. Pensar nisso a fazia lembrar de que nem sempre havia sido assim e num segundo sua garganta já começou a arder e ela teve que desviar seus pensamentos antes que seus olhos embaçassem.
- Hermione. – Astoria foi cuidadosa ao chamá-la, enquanto a via distrair-se com um dos frascos que acabara de devolver a estante. – Há algo de errado?
Hermione tratou de sorrir e se fazer de intrigada usando a boa máscara que já havia se acostumado a colocar.
- Não. Não que eu saiba. Há algo errado?
- Não. – apressou-se Astoria. – É só que... por um segundo você me pareceu... – ela não aparentava estar muito confortável, como se não soubesse se deveria ou não comentar. – Triste. – concluiu.
Hermione sorriu.
- Tolice. Não tenho motivos para estar triste. – ela passou uma mão sobre a barriga esticando as camadas de tecidos leves que descia de sua cintura para que Astoria pudesse ter uma boa visão do tamanho que ela já estava devido a gravidez. Na última semana, sua barriga esticara mais do que ela esperava. – Tenho uma boa razão para estar feliz.
Astoria sorriu abrindo os olhos surpresa, ao ter a visão do tamanho de sua barriga.
- Pensei que tivesse dito estar com quatorze semanas.
- E estou. – sorriu e abaixou o tom de voz para confessar: - São gêmeos.
A boca de Astoria abriu e ela simplesmente congelou.
- Gêmeos? – ela parecia em choque.
Hermione assentiu.
- Não deve contar a ninguém. Ainda não posso sair afirmando essas coisas por aí. Deixem especularem.
Astoria somente assentiu, enquanto seu choque se transformava em um enorme sorriso.
- Céus! Como está se sentindo com relação a isso?
Hermione deu de ombros e elas tornaram a caminhar.
- Não sei. Tenho receio. Tinha muitos receios quando pensava em um apenas e agora que devo pensar em dois me parecem que todos esses receios duplicaram e ainda trouxeram mais receios.
Astoria então fez com que elas entrassem em uma profunda discussão sobre os receios de se tornar uma mãe. Hermione sabia que não devia estar se tornando tão íntima da Sra. Bennett, se Draco soubesse a profundidade das conversas das quais se engajavam ele com certeza já teria a repreendido e exigido que ela recuasse. A abertura que tinham permitia que Astoria se sentisse confortável ao ponto de entrar em campos íntimos de sua vida, e várias vezes, Hermione chegava a se sentir mal por acabar desviando os assuntos. Astoria não era uma companhia maçante, ela era o mais perto de uma amiga que Hermione tinha, embora estivesse constantemente a avaliando e destrinchando em sua mente os vários significados de uma única pergunta dela. Sua conclusão era que ela parecia ser apenas uma mulher que já passara pelo suficiente para se desencantar do mundo de fantasias que achava ter nascido e Hermione era a única companhia que também não estava presa a esse mundo.
Passaram quase a manhã inteira entrando e saindo de lojas procurando pelo estilo perfeito para o seu novo sótão. Astoria estava realmente empenhada e era tão extremamente talentosa que Hermione não pode evitar sugerir:
- Deveria trabalhar nessa área. – disse enquanto folheavam um catálogo de cadeiras. – Você é ótima.
O sorriso de Astoria mudou quase que imediatamente e ela pareceu um tanto desconfortável.
- Obrigada, mas não acho que isso daria certo.
Hermione intrigou-se.
- Astoria, você realmente é boa. É tão boa que eu me sinto mal por não estar te pagando nada.
- Oh. – dessa vez o sorriso de Astoria se desfez e Hermione não entendeu. Um silêncio estranho ficou entre elas e Astoria ocupou a boca a taça de água com ervas que haviam recebido, assim que foram acomodadas na parte exclusiva da loja em que estavam. – Somos amigas, não somos Hermione?
Hermione uniu as sobrancelhas confusa.
- Sim, mas isso não significa que deva fazer esse trabalho...
- Não. – ela a cortou. – Você não está entendendo. – ela deu as costas um tanto sem graça, puxou o ar e caminhou de volta para sua luxuosa poltrona. Puxou um dos catálogos da pilha ao seu lado e o colocou no colo, mas não o abriu. Hermione continuou sem entender. – Eu entendo o porque não entende. Você não cresceu nesse mundo. Eu não posso trabalhar. Sou uma Bennett. Faço parte de uma das famílias tradicionais.
Hermione achava aquilo uma grande idiotice.
- Não pode deixar que isso influencie nos seus desejos. Eu não aceitei isso e inclusive acho isso uma grande ignorância.
- É uma grande besteira, eu sei. E você tem o poder de não aceitar isso, é uma Malfoy, pode fazer o que bem quiser. Mas eu não. Sou uma Bennett e é melhor que eu continue seguindo as coisas como devem ser seguidas.
- Está desperdiçando um talento.
- Não estou.
- Claro que está. Quantas vezes preciso dizer que é boa?
- Eu sei que sou, Hermione. Sou muito boa. E é isso que não entende. – ela suspirou. – Eu não quero falar isso, você é uma boa pessoa e não quero que pense mal de mim. Estou apenas fazendo o que é meu trabalho fazer.
Hermione fechou o catálogo em suas mãos não entendendo absolutamente nada.
- O que quer dizer?
Astoria mantinha o olhar baixo.
- Não faço nada de graça. Na verdade, ninguém faz nada de graça. Não nós, não entre nossas famílias tradicionais. Já deveria saber que não estou trabalhando no seu sótão apenas porque me interessei ou porque somos próximas. Já deveria saber que é assim que funciona entre nós, usamos o que sabemos fazer, influência, persuasão para estarmos sempre... – ela parecia estar medindo cada palavra. – ...colocando nossas família em uma constante troca de favores. – pareceu ser o melhor que ela conseguiu, e ainda assim, não soava muito agradável. - Farei o seu sótão e dessa forma estará em dívida comigo, não será nada tão gigantesco, mas precisa compreender a figura por inteiro. Não será nada que te coloque na obrigação de me atender ou atender minha família quando eu precisar de algum apoio, até porque é uma Malfoy e vocês entram muito como exceção, mas precisa entender que tudo faz parte de uma construção. Dessa forma eu desenvolvo relações e imponho minha família sobre as outras. Principalmente porque você é uma Malfoy e todas as outras famílias devem vocês e não é uma dívida na qual você trabalhou ou Narcisa trabalhou para levantar, e sim, uma dívida histórica nas quais aqueles que vieram antes de vocês fizeram o excelente trabalho de construir. Vocês estão acima de todas as outras famílias. É importante que eu faça a minha parte dentro desse trabalho, de fazer com que minha família esteja dentro desse sistema, competindo pela hierarquia, competindo pela influência e assim como todas as outras competindo também pela proteção de um Malfoy.
Hermione ficou em silêncio um tempo, enquanto segurava na mão sua luxuosa e cara água, e na outra, o catálogo daquela péssima loja. Ela tinha plena consciência do que era ser uma Malfoy, do tamanho de seu sobrenome, do objeto que era, da constante atenção que as pessoas manipulavam para ter dela, mas mesmo sendo muito consciente de tudo isso era doloroso ver Astoria ali na sua frente, naquele momento. Era como se estivesse levando outro soco no estômago, outro lembrete que a avisava sobre a realidade da posição que ocupava. Em que momento, havia esquecido que Astoria não buscava sua companhia apenas porque a apreciava? Por mais que soubesse que ela tinha um jogo por trás do que fazia, sempre se via enganada pela boa conversa de Astoria, pela boa companhia, pelas sinceras histórias que contava e pela conexão que ela sentia que tinha com a mulher. Era doloroso saber que nenhuma parte de Astoria se importava com a Hermione que ela era, e sim, com a Malfoy que era.
- Não quero que faça o meu sótão. – foi tudo que acabou dizendo.
- Hermione, entenda que não estou tentando derrubar sua família por me oferecer a lhe prestar um serviço insignificante. Eu teria que ter o poder de voltar muito tempo na história para destruir toda a influência de vocês. Estou apenas tentando garantir...
- A sua família. – Hermione terminou para ela. De repente, se viu ser Hermione demais com Astoria, quando na verdade, deveria estar sendo uma Malfoy. - Está tentando garantir a ascensão de sua família se pendurando na minha. Está construindo a nossa lista de dívidas para com a sua, começando pelo meu sótão, partindo para o bom serviço do seu marido ao meu, seguindo para a nossa amizade e no momento que precisarem saberão que estaremos com as mãos estendidas para apoiá-los. Belo jogo.
- Não é um jogo, Hermione. – Astoria de levantou. - Não estou nisso tentando tirar apenas vantagens para a minha família. Entenda que não estou sendo, nem fui falsa, em momento algum, diante do que nós duas...
- É com esse discurso que pretende me comprar? – diante daquilo, Astoria não pareceu ter muito mais o que falar. Precisava ser uma Malfoy e aquilo lhe doía. Se ela não estava sendo falsa, teria que lhe provar.
- Isso é um sistema...
- Eu entendo o sistema. – a cortou novamente. Havia se deixado levar por ela tempo o suficiente. – Não a julgo por se inserir nele. Ao que me parece, se vê condenada a ele. – Aproximou-se. Estava na hora de começar a jogar com os Bennett da mesma forma como Draco fazia. – Me permita ser clara aqui, se quer o apoio dos Malfoy, precisará ganhá-lo, mas não criando uma lista de favores nos quais me colocará em dívida com vocês. Draco e eu não fazemos parte do sistema. Prove ser alguém que valeria a pena que déssemos apoio e isso será o suficiente. – estendeu o catálogo a ela. Astoria o pegou. – Posso terminar o meu sótão sozinha. – ela entenderia a mensagem. – Preciso ir a Catedral. – deu as costas.
Astoria não questionou mais uma palavra e Hermione deixou a sala em que estavam, desceu as escadas de volta para o salão de amostras da loja e seus olhos inconscientemente caíram sobre a exposição de berços num dos cantos à sua direita. Ela desviou seu olhar, rapidamente, e continuou seu caminho. Saiu para o lado de fora e foi até sua carruagem, pedindo desculpas por estar apressada aos jornalistas empilhados na porta, cumprindo assim, seu bom papel de atenciosa.
Antes de entrar em sua carruagem, parou sentindo a garganta lhe apertar. Fechou os olhos quando eles arderam e mordeu os lábios. Não podia nem mesmo ter uma amiga. Uma que fosse verdadeira. Respirou fundo, engoliu tudo aquilo com dificuldade e entrou em sua cabine, buscando a máscara que sabia muito bem colocar agora.
O caminho da grande avenida central para a Catedral era rápido. Não demorou muito e sua carruagem já estava parando de frente à gigantesca edificação. Pulou para o lado de fora e começou a avançar em direção a grande entrada, usando a cabeça para cumprimentar aqueles que ela conhecia. Seu pés a guiaram até a torre de Draco. Quando chegou a ante-sala a cruzou, enquanto Tina se levantava para detê-la e Hermione apenas a ignorou.
- Sra. Malfoy, não pode! Tenho que... – ambas pararam quando Hermione tentou abrir a maçaneta da porta da sala de seu marido e a encontrou trancada. Estranhou. – ...anunciá-la. – terminou Tina um tanto receosa.
Ela não se lembrava de ter encontrado a porta de Draco trancada, em nenhum outro momento. Seu cérebro trabalhou rápido e no segundo em que ela conseguiu ligar os pensamentos recuou um passo receosa, mas deteve-se sabendo que não poderia sentir aquilo. Não tinha o direito de sentir receio. Não podia. Puxou o ar novamente, refez a postura e encarou Tina.
- Anuncie-me, então. – Era uma Grifinória. Tina puxou o ar, como se pretendesse convencê-la do contrário, mas não dizendo nada. Ficou apenas imóvel. Hermione não estava com paciência para aquilo. – Anuncie-me. – ordenou dessa vez.
Tina, finalmente, pareceu criar a coragem para bater na porta de Draco e avisá-lo que sua esposa estava à espera do lado de fora. Hermione permaneceu exatamente onde estava, de frente para a porta, até que ela fosse aberta. Suas mãos suavam quando a figura que apareceu a sua frente foi a de uma bela mulher. A estatura era um pouco menor que a dela, longos cabelos loiros que enrolavam desde a raiz, corpo bem delineado, olhos bem azuis. Era uma das recepcionistas do saguão do quartel.
Hermione manteve sua postura intacta, enquanto passava os olhos da cabeça aos pés da mulher que, evidentemente, se mostrou ameaçada. Quando deu um passo para o lado, permitindo que a mulher passasse e fosse embora, não houve nem um sequer segundo de hesitação da parte dela que sumiu a passos rápidos. Hermione precisou buscar todo o seu foco e frieza, para entrar na sala onde encontrou Draco com os braços cruzados encostado em sua mesa. No rosto ele tinha a expressão neutra de sempre.
- Chegou cedo. – foi o que ele disse.
- Quer mesmo me fazer parecer uma idiota. – ela disse passando por ele e indo até o outro lado de sua mesa. Havia tanto desgosto por trás da máscara, que não queria deixar cair que mal conseguia olhá-lo diretamente. – “A pobre esposa traída”. Que outra Malfoy nunca recebeu esse título, não é mesmo? – sentou-se na confortável cadeira dele. – Deveria ao menos ser discreto.
- Tina tem um contrato de confidencialidade. – ele disse voltando-se para ela não muito contente da associação feita.
- Hum. – ela forçou um sorriso. – Não me surpreende que tenha arquitetado tudo a seu favor. – Começou a avaliar os documentos espalhados pela mesa. – De qualquer forma, espero que tenha produzido algum documento explicando as direções que devo tomar com o Conselho já que quer que eu o assuma enquanto estiver em York. Se está tendo tempo para atividades extras, certamente deve ter tido tempo o suficiente para elaborar algo.
- Segunda gaveta. – ele informou.
Ela abriu o lugar e encontrou a pasta no topo. A abriu e viu todo o roteiro para ser seguido.
- Perfeito. – a fechou e ergueu os olhos para ele. Todo ódio que cativara sobre aquela figura, lhe atormentou pelos segundos, em que seus olhos estiveram um sobre o outro. – Se sabia que eu viria de qualquer forma, visto que estará deixando Brampton Fort para York hoje, por que me chamou? – cruzou os braços.
- Preciso que coordene a Comissão nas primeiras horas da manhã de amanhã.
- Durante o ataque?
- Sim. Preciso que faça isso da Catedral. Não quero que exista o risco de perdermos, caso sejamos surpreendidos com algo novo por parte da Ordem. Você é a única que saberia pensar em algo rápido para resistirmos ao invés de recuarmos, no pior dos casos.
Hermione deu de ombros.
- Preciso ter feedback imediato se eu tiver que fazer isso da Catedral.
- A Comissão já está trabalhando nessa parte. Você deveria ir até eles verificar como as coisas estão indo.
- Como quiser. – ela se levantou. Passou por ele novamente e dirigiu-se a porta.
- Não se esqueça que temos sessão fechada do salão principal e jantar com o ciclo interno hoje à noite. – ele a lembrou antes que ela saísse.
- Mal posso esperar. – foi tudo que ela proferiu antes de bater a porta e deixar a presença dele que estava a sufocando.
Não tinha estômago para aguentar as sessões fechadas no ciclo interno de Voldemort, Hermione estava simplesmente em um estado incapaz de suportar as atrocidades do antro de psicopatas, que adoravam ver o sangue que sempre escorria pelo mármore, assim como, os gritos das torturas constantes.
O oxigênio parecia raro, enquanto seus passos faziam o caminho de volta. Tentava se focar em sua postura, tentava se focar no ritmo contínuo do seu salto contra o piso, tentava se focar no caminho que deveria seguir. Tudo que ela tentava pensar era em seu orgulho, mas lhe doía tanto. Ele por inteiro parecia ferido e, no momento em que percebeu que sua visão embaçou, deu às costas e fez o caminho mais rápido até o banheiro que acabara de passar. Trancou-se na primeira cabine que encontrou, cobriu o rosto e soluçou tentando ser o mais silenciosa possível, enquanto as lágrimas lhe escorriam incontrolavelmente.
Malditos hormônios! Ela sentia que estava desmoronando, seu orgulho estava desmoronando, sua armadura, que com tanta dificuldade conseguira construir, estava desmoronando em pedaços. Não era forte. Nunca conseguiria ser forte. De pouco adiantava as máscaras que conseguira administrar e colocar em sua expressão, os sentimentos por trás delas sempre falariam mais alto, sempre a feririam, sempre a torturariam e a fariam ser eternamente fraca. Hermione não conseguiria sobreviver àquele lugar, não conseguiria sobreviver sendo uma Malfoy, não conseguiria sobreviver em seu casamento.
Soluçou e tentou conter as lágrimas, mas elas eram infinitas. Pareciam se revoltar com todas as vezes que haviam sido contidas, pareciam querer se vingar dessa vez. Seu corpo todo tremeu e Hermione se sentiu fraca, mas pelo menos ficar de pé ela se obrigaria. Encostou-se contra a porta e se permitiu ficar os minutos que precisasse, até ter forças, finalmente, para começar a se concentrar no número de vezes que seu cérebro gritava para que parasse. Não podia estar chorando por culpa de Draco, novamente. Já havia superado aquilo quando estava no terceiro ano.
Colocou as mãos sobre o pequeno volume a base de sua barriga. Precisava se concentrar naquilo. Seus filhos. Precisava se concentrar neles, não em Draco. Respirou fundo duas ou três vezes, até que conseguisse colocar sua razão de volta ao lugar que deveria estar. Limpou as bochechas com a respiração ainda desuniforme e deixou a cabine, passando a se recompor diante do espelho onde ficou grata pela pouca maquiagem que precisava usar agora. Refez a pequena trança na lateral de seu cabelo e tornou a prendê-la com o grampo. A ponta de seu nariz continuava vermelha e seus cílios estavam molhados. Suas mãos ainda tremiam.
Praguejou a existência de Draco e abanou as mãos contra o rosto, tentando secar qualquer tipo de lágrima que ainda estivesse lutando para fazer alguma aparição. Piscou e encontrou alguma forma de refazer seu orgulho e colocar uma das máscaras arruinadas que deixara cair. Refez sua postura e deixou o banheiro, no momento em que virou a esquina para retomar o caminho para os andares da Comissão, deparou-se com Theodoro encostado na parede com os braços cruzados como se estivesse a sua espera. Parou estranhando que ele estivesse ali, exatamente da forma que estava.
- Hei. – ele manifestou-se. – Aposto que nem notou que cruzou comigo nesse corredor, há dez minutos.
Hermione estava pouco se importando com quem passava por ela, há dez minutos, quando havia deixado a sala de Draco.
- E isso o incomodou o suficiente para me esperar aqui? Se estiver pretendendo usar todo aquele seu discurso de antes, saiba que minha resposta é não. Não vou voltar para o seu departamento.
- Não insisto mais nada com você, desde que passei da linha quando a beijei. Já me fiz claro que a quero de volta, mas que quero que tome essa decisão por você mesma. – ele descruzou os braços e se aproximou. – Na verdade, quero saber como se sente.
Hermione franziu o cenho confusa.
- Como me sinto?
- Quase metade da extensão do St. Mungus em Brampton Fort fez escala em sua casa por dias, por sua causa e você ainda me parece confusa quando faço essa pergunta?
Ela respirou fundo.
- Me sinto bem. – foi tudo o que disse então. – O que você faz por aqui?
- Draco me chamou. Faz uns dias, claro. Provavelmente quer um favor, portanto, decidi atender ao pedido dele apenas hoje. Ser um pouco insolente com alguém que pensa governar todos abaixo dele me faz bem, mas já deve saber que minha família não tem se saído muito bem sem a aliança dos Malfoy. Não é uma escolha muito sábia ser insolente por muito tempo na situação em que estou e Draco sabe disso. Não é a primeira vez que engulo meu orgulho, por causa de um Malfoy.
- Sabe que eu o pus nessa situação e, mesmo assim, você continua vindo até mim.
- Seguir a razão nunca foi meu forte, Sra. Malfoy.
Ela estreitou os olhos.
- Não pense que eu vou cair nessa. – Aproximou-se e abaixou o tom de voz. – Entenda, sou grata pelo que fez por mim quando deu a poção que fiz a Fred, mas não considere que fazendo crescer uma lista de favores vai conseguir me fazer comprar essa ideia que está tentando me vender.
Ele riu.
- Não estou tentando te vender nenhuma ideia, Hermione. Eu sei que passei da linha com você quando invadi sua casa mais de uma vez e quando a beijei. Eu faria qualquer favor para me redimir desse erro, mas não voltaria atrás porque se houver na minha vida inteira apenas uma chance de te beijar e ela tiver sido aquela, eu certamente não pensaria duas vezes em fazer tudo de novo. - Hermione apertou os lábios, enquanto o analisava com cuidado. Não queria nada vindo de Theodoro, não queria absolutamente nada, mas o que ele lhe oferecia parecia fazer sentido por um momento, parecia fazer como se ela estivesse desperdiçando algo, se não aceitasse. Draco viveria a vida dele, com as mulheres dele, com os relacionamentos dele. E ela? O que seria dela? Seria Narcisa Malfoy? Sozinha? Talvez, Theodoro fosse um pontapé inicial, uma tentativa primitiva. E, quem sabe, se ela ao menos tentasse... – Sei que esteve chorando. – ele segurou seu queixo cuidadosamente e ela deixou. Não desviou nem recuou. Tentaria e sabia que não seria difícil porque havia um ar adorável nos olhos dele, nas covinhas de sua bochecha, no desenho dos lábios dele. – Cílios molhados, olhos brilhante, nariz vermelho. – ele apontou os sinais e abaixou a voz aproximando-se mais. – Eu poderia te fazer sorrir, Hermione. – a proximidade dele era perigosa e ela apenas tocou seu braço com cuidado para mostrar que ele só chegaria até ali. – Você deveria me deixar tentar.
- Não. – ela disse, mas se viu usar a mesmo tom baixo que ele usava e ficar exatamente onde estava ao invés de recuar. – Você passou da linha uma vez, não vai passar nova...
- Ao menos eu tranco minha porta. – a voz de Draco soou alta e forte vindo do final do corredor a cortando e fazendo-a engolir o ar no mesmo segundo. Ele se aproximou, vindo seguido de Tina. E Hermione deu um passo afastando-se de Theodoro, no mesmo segundo, que seu corpo conseguiu ter alguma outra reação. – Não exija discrição quando não for capaz de dá-la igualmente, querida esposa.
Hermione sentiu-se furiosa pela ironia contida nas palavras dele, enquanto o via se aproximar.
- Theodoro e eu estávamos apenas...
- Apenas conversando. – terminou Theodoro por ela. – Diferente do que certamente você deve fazer com uma porta trancada. – Hermione sentiu como se Nott estivesse tentando ganhar algum ponto com ela dizendo aquilo.
Draco soltou um riso fraco.
- Estava flertando com a minha mulher, Theodoro, não conversando. E não precisa dizer nada por ela. Hermione tem uma boca e já se fez provar isso vezes o suficiente. Não é à toa que sua família e o seu nome estão na atual situação em que se encontram, por culpa dela. – Draco focou-se em Hermione quando estava próximo o suficiente. – Você deveria estar com a Comissão. – e depois em Theodoro. – E creio que subestimei a necessidade da sua família, visto que ignorou meu chamado. – e passou por eles.
- Estava indo à sua sala para discutirmos sobre isso. – Theodoro pronunciou-se.
- Claramente não estava com pressa. – Draco não se virou, apenas continuou seu caminho, seguido de Tina.
- Será que não poderíamos fazer isso agora? – insistiu Theodoro.
- Não tenho tempo. – foi tudo o que ele disse em resposta antes de virar uma esquina e desaparecer.
Theodoro praguejou por debaixo da respiração e desviou seu olhar para Hermione. Ela, por sua vez, apenas estava decidida a por um fim naquilo.
- O dia que eu precisar de você, eu irei até você. Espero ter sido clara. – foi tudo que ela disse e deu as costas para seguir o mesmo caminho de Draco.
Ele chamou por ela, mas Hermione apenas ignorou e seguiu seu caminho. Era estupidez pensar que Theodoro Nott fosse preencher algum vazio dentro de si, mas a consciência de saber que ninguém ali naquele lugar seria capaz de um dia preencher qualquer vazio nela era terrível, o suficiente, para que a fizesse considerar dar meia volta e tentar algo com ele. Apenas esperava que esse pensamento nunca a levasse a fazer qualquer idiotice.
**
Eram quase cinco da manhã e ela estava com a cabeça extremamente perturbada. Tudo havia acontecido em sequência, desde que a noite caíra. Sessão com Voldemort no salão principal, o que sempre embrulhava seu estômago, jantar com o ciclo interno, em seguida, e logo depois, ela acompanhou Draco em seu discurso aos convocados da zona seis e sete antes de seguir com eles para York, por um salão que Hermione, até então, desconhecia na ala da Comissão, um que permitia que aparatassem, e aquilo foi curioso o suficiente para entretê-la nos minutos seguintes, onde descobriu que na verdade a entrada e saída por ali eram, triplamente, mais complicadas do que pelos portões nas muralhas, porque a listagem de informações sobre quem usaria e usava o salão era extremamente detalhada.
Naquele exato momento, Hermione tentava manter os olhos abertos, enquanto procurava ajudar o grupo da Comissão responsável por York a estabelecer uma conexão estável com o acampamento. Draco não parecia muito interessado em colaborar e obviamente estava ocupado organizando e repassando todas as ações para quando o relógio batesse seis da manhã.
Hermione tentava fazer o que podia, mas estar grávida, aparentemente, sugava tanto de suas energias que ela tinha raiva por se ver incapaz de virar uma noite como já fizera tantas outras vezes.
- Deveria ter ido para casa, Sra. Malfoy. – uma das bruxas da Comissão comentou no momento em que ela bocejou.
- Estou bem. E já pedi para que me chamem de Hermione, por favor. – foi tudo o que respondeu.
- Temos poções caso sinta que precisa de mais energia. – um dos bruxos comentou e de repente ela sentiu os olhares sobre ela como se estivessem esperando pela resposta.
Hermione estando grávida, não podia tomar aquele tipo de poção e as especulações sobre sua gravidez nos meios de comunicação bruxa eram frequentes o bastante para que os deixassem atentos, a qualquer mínimo sinal, que ela acidentalmente desse. Apertou os lábios e sorriu.
- Não acho que seria uma boa escolha pra mim. – Disse. Precisava mesmo que especulassem e que comentassem, precisava que eles soubessem antes de uma confirmação oficial e Voldemort, verbalmente, expressara sua indignação quanto ao vazamento de informações.
Draco o convencera de que deveria punir a mídia e sua extrema habilidade em cavar informações, ainda que Hermione bem soubesse que ele tivesse trabalhado para que o descuido fosse da parte dos documentos do St. Mungus. Voldemort jamais cortaria a mídia pela raiz, isso estragaria os planos de ter um público fiel e não um público amedrontado. Permitir que apenas, jornais e revistas produzidos somente para o público dos fortes circulasse entre os comensais, já era uma medida demasiadamente ditatorial.
- Hermione? – ela ouviu a voz de Draco soando pela ante-sala em que se encontrava com o grupo da Comissão.
Hermione estalou os dedos e num segundo um dos bruxos estendeu uma das varinhas sobre a mesa. Ela a pegou e a apontou para sua garganta.
- Draco? – foi cuidadosa com o Tom de sua voz porque sabia que estava soando na cabeça dele.
- Ótimo, parece estar funcionando. Estamos a postos e vamos começar as primeiras ações, em quinze minutos. Está tudo certo com a Comissão?
- Sim. – ela respondeu recebendo um sinal de positivo de um dos bruxos do outro lado da ante-sala em que se encontrava.
- Certo. – então ele pausou. Era a primeira vez que Draco falava diretamente com ela. Os dois sabiam que havia terceiros escutando e eram bem conscientes no que deveriam trabalhar, sempre que tinham a chance. Hermione esperava que ele fosse se despedir, ela esperava que ele fosse atuar o papel dele, dizer que a amava, e assim, ela teria que repetir o mesmo, sentindo suas entranhas revirarem, mas Draco se manteve em silêncio por alguns segundos e ela considerou que, talvez, ele estivesse esperando que ela dissesse algo. Mas no momento em que pensou em dizer qualquer coisa ele tornou a se pronunciar: - Você foi para casa?
- Não. – ela respondeu.
- Deveria ter dormido um pouco.
- Estou bem.
- Parece soar cansada.
- Eu estou bem. – insistiu ela.
Ele suspirou.
- Você é tão insuportavelmente teimosa. – a forma como Draco disse aquilo, a fez se lembrar de quando discutiam sobre algum cômodo em que ela havia mudado algo de lugar sem o consentimento dele. Soltou um riso, quase que imediatamente, quando reviveu o curto tempo harmonioso que os dois viveram juntos. Suspirou logo em seguida e tentou não deixar seu sorriso morrer, quando se lembrou de que ele estava fazendo aquilo, apenas, porque havia pessoas escutando. Uma pequena pausa durou entre eles até que a voz de Draco tornasse a soar: – Eu te amo. – aquilo sempre pegava Hermione de surpresa, mesmo que fosse uma mentira.
- Te amo. – ela nunca conseguia deixar que sua voz fosse muito alta porque não queria deixar que aquelas palavras, saíssem de sua boca. Não para ele. – E tome cuidado, por favor. – ao menos isso teria sido verdade se, talvez, não tivesse visto a mulher com quem Draco se trancara em sua sala àquela tarde.
- Tomarei. – respondeu ele. – Fique atenta. Posso precisar que seu cérebro pense rápido.
- Ficarei. – foi tudo o que respondeu, e então, o constante zunido informando que ele estava ligado desapareceu.
Hermione ainda demorou um tempo para abaixar a varinha e estendê-la de volta à pessoa mais próxima. A mulher a encarava com um amável sorriso no rosto.
- Ele vai ficar bem, Sra. Malfoy. – ela disse ao pegar a varinha de volta.
Forçou um sorriso, percebendo que não tinha nenhum em seus lábios.
- Sei que ele vai. – Sabia apenas porque queria que Draco não ficasse.
Não demorou até que todo o grupo na ante-sala em que estava passasse a se concentrar no mapa aberto sobre uma mesa a sua frente. Hermione conseguia ver todos os pontos em vermelho das zonas preparadas para entrar em campo. Haviam também os pontos azuis que representavam Draco e os líderes de cada grupo de ação.
O mapa de York era linear e cercava parcialmente o território trouxa como uma meia lua. O edifício que eles tomariam como acampamento era uma espécie de hospedaria que fora tirada de funcionamento, no momento em que a Ordem tomara a região. Ficava, exatamente, no cruzamento das duas vias principais que cortavam a área e era uma das edificações mais expressivas de York. Era um excelente lugar para estabelecer o funcionamento de uma equipe como a de Draco, ou até mesmo a Ordem, o que fora um trabalho a mais para se certificarem de que o lugar estava realmente vazio.
Quando o relógio bateu seis horas da manhã, Hermione já foi capaz de ver o primeiro grupo se mover. Sabia que Draco fazia parte do primeiro grupo de ataque. Ele iria junto e, de alguma forma, isso fez suas mãos suarem. Aquilo era completamente diferente das outras vezes em que Draco deixara Brampton Fort para se dedicar fisicamente à guerra. Poder fazer parte e saber como as coisas estavam acontecendo era um tanto perturbador.
A intenção era fazer com que tudo começasse como qualquer outro ataque pequeno, em uma área qualquer de York. As zonas responsáveis por York faziam isso a todo momento para mapear o funcionamento da segurança que a Ordem alocava na região. Eles entrariam em ação em quatro lugares estrategicamente pensados e recuariam. No momento em que o grupo de Draco recuava ao sul, outro grupo já entrava em ação ao norte. A Ordem reagiu exatamente como o previsto, segundo os líderes responsáveis por reportarem e avaliarem o andamento das ações.
Do outro lado da ante-sala, o grupo da Comissão esperava pelo momento em que as zonas conseguissem estabelecer um caminho mais estável entre o acampamento fora de York até a hospedaria, para que pudessem aparatar e chegar até lá, onde começariam a delimitar as fronteiras que isolariam aquela única edificação do domínio dos rebeldes.
Tudo aconteceu exatamente como previsto. Os ataques dispersaram as vigias colocadas pela Ordem, ganhando tempo o suficiente para que uma boa massa de comensais atravessasse a via principal mais curta até a hospedaria livre de muito empecilho. No mesmo segundo, em que a Ordem pareceu captar que estavam definitivamente sobre um ataque expressivo, foram reportados que o número de rebeldes começava a duplicar na região.
Minutos depois, foram reportados de que haviam conseguido entrar no edifício e Hermione pode notar o número de marcações vermelhas e azuis que sumiam para dentro da área marcada como o futuro acampamento no mapa. Notou os pontos se alinhando para fazerem um corredor até a hospedaria e foi, nesse momento, que deu o sinal de positivo para o grupo do outro lado da ante-sala. Os primeiros aparataram já com a varinha em punhos e o restante somente aparataria, quando conseguissem abrir as chaves de portal direto para dentro da hospedaria.
- Certo, essa é a hora em que eles começam a trabalhar. – anunciou um dos bruxos na ante-sala, quando desligou a linha com um dos líderes que acabara de reportar que os primeiros bruxos da Comissão já estavam avançando para o edifício.
Hermione assentiu e abriu a linha com o grupo do outro lado da câmara em que estavam.
- Fiquem atentos as chaves de portal. Quando a conexão for feita, devem usá-la o mais rápido possível.
O grupo captou a mensagem com uma afirmação e ela tornou a se atentar ao mapa. Marcações verdes mostravam que o grupo da Comissão estava já à porta da hospedaria e, não muito tempo depois, eles receberam a informação sobre a conexão dos portais. O grupo do outro lado da sala sumiu, sem hesitar, quase que no mesmo segundo.
Tudo acontecia muito rápido e aquele precário sistema não era o suficiente para que Hermione tivesse uma ampla visão do que realmente acontecia. Isso era angustiante, mesmo que as coisas estivessem acontecendo exatamente como o planejado.
Atentou-se para quando alguns pontos vermelhos começaram a deixar a hospedaria, quando na verdade deveriam estar entrando nela. Aquilo a intrigou, embora, soubesse que batalhas movimentavam-se imprevisivelmente daquela forma, com bastante frequência. Sua atenção foi desviada rapidamente para quando os bruxos que estavam com ela, ali, colocaram sobre a mesa as plantas da edificação. Três andares, três plantas. No momento, em que ela conseguiu ver todas as marcações, das zonas em vermelho, dos líderes em azul e da Comissão em verde, seu estômago embrulhou. Hermione escutou um dos bruxos praguejarem algo logo ao seu lado e teve a mesma vontade, quando viu que o cenário ali era muito diferente do previsto.
No momento, em que se preparou para ordenar que abrissem sua linha com o líder que fosse disponível para atendê-la, a voz de Draco soou chamando por seu nome num tom forte e ofegante. Ela nem mesmo precisou piscar, para que tivesse a varinha nas mãos apontada para sua garganta.
- Qual o cenário que as plantas estão mostrando, Hermione? – era a voz de Draco e embora fosse expressiva, parecia focada e bastante racional.
- Não posso ver muito. Não tenho a visão dos rebeldes, somente dos Comensais. Posso vê-los retidos em algumas áreas específicas. Só isso. – respondeu o mais rápido que pode.
- Me fale essas áreas. – ordenou ele.
- Algum lugar à esquerda do átrio principal, meio do corredor do segundo andar e último quarto do terceiro andar. É o que me parece.
- O primeiro andar está limpo?
- É o que parece.
- Há algum problema se a Comissão fizer o trabalho dela do primeiro andar? Porque os outros estão prometendo serem um pouco conflituosos.
- Não.
- Perfeito. – foi tudo o que Draco disse e desligou sem dar o tempo que ela queria para fazer todos os seus questionamentos.
Se viu limitada somente a observar o movimento das marcações no mapa. Começaram a ser reportados, com menos frequência, o que deixava as mãos de Hermione suarem muito mais porque sabia que eles estavam ocupados demais para reportarem qualquer coisa. Ela queria muito estar lá.
- Hermione. – era a voz de Draco, novamente. Pareciam ser horas depois, embora, fossem apenas alguns minutos. – Há rebeldes em todo o lugar.
Ela quis exaltar sua voz, no mesmo segundo. Quis indagar quase todos os questionamentos que se passaram pela sua cabeça, todos de uma vez só, mas somente tentou respirar fundo e seguir o mesmo nível estável em que Draco parecia estar.
- Me descreva o cenário. – foi tudo o que se limitou a pedir.
- A Ordem usa o edifício. Ele não é um acampamento ou sede, de fato, é um edifício vazio, mas o espaço é usado como passagem, talvez para a sede da Ordem. Eles usam aquela espécie de portal que não necessita de chave, onde conseguem transitar de um lugar para o outro. Os locais do qual me falou aqui são os pontos onde a conexão é feita. Eles não param de chegar por ali. Montei barreiras para impedir que eles se espalhem pelo prédio, mas não posso manter isso por muito tempo, nem posso permitir que a Comissão isole o prédio com esses portais abertos onde a Ordem pode ir e vir como e quando quiser. Sem contar, que ainda estamos segurando rebeldes do lado de fora e sabe que já estou com todos os meus homens disponíveis em campo. – a voz dele foi uniforme.
Aquela era uma péssima situação. Draco não estava encurralado, mas o fato da Ordem ter acesso livre dentro do prédio impedia que ele fosse tomado e isolado.
- O que tem em mente? – tentou ser calma.
Ele suspirou entre sua respiração evidentemente acelerada.
- Já ordenei que a Comissão parasse e vou lançar ordens para recuarmos agora.
Hermione sentiu seu coração quase quebrar uma costela.
- Não! – ela foi firme.
- Não posso manter isso por mais tempo, Hermione! Sabe bem, que quando a Ordem se vê encurralada demais começa a usar magias que ninguém consegue controlar. Não posso puxá-los a esse limite, sabe que não posso vencer a Ordem com magia. Nem posso permitir que fiquemos no impasse em que estamos por dias, não tenho forças o suficiente para isso. A melhor escolha seria recuar, antes que os comecemos a ter prejuízo.
- Não! Precisa apenas fechar os portais.
Ele resfolegou.
- E como espera que eu faça isso? Eu não criei essa forma nova de se transportar que eles vêm usando, nem sei como funciona. A Comissão também informou conhecer muito pouco sobre a magia.
- Não tivemos tempo para estudar sobre ela, mas temos a descrição.
- Não é o suficiente.
- Você não pode recuar! Não vai recuar! – estariam arruinados se ele falhasse mais uma vez em York, principalmente, com toda a turbulência que havia enfrentado para conseguir a liberação para àquela ação. Se Draco chegasse a ser destituído de seu cargo, por mais que fossem Malfoys, não teriam mais o nível do poder que tinham, agora. Aquele mundo era de Voldemort e ele quem ditava as regras. – Não recue, tenho algo em mente.
- Então é melhor que...
Hermione cortou a linha devolvendo a varinha para a mesa e voltando-se para um dos homens na sala.
- Quantas chaves de portal ainda temos?
- Duas ou três abertas talve...
- Não pode viajar por chave de portal se estiver grávida. – uma das bruxas interrompeu o homem.
- Isso é mito. – Hermione deu as costas e seguiu até a porta que ligava ao salão do outro lado.
- Também não tem autorização para deixar Brampton Fort. – a mulher insistiu a seguindo.
- Posso dar minha própria autorização. – Hermione entrou no salão e buscou por um das capas penduradas numa extensão da parede logo à sua esquerda. Vestiu-a, não se permitindo olhar para a mulher contrariada. – Informe Draco de que estou indo para lá.
- Sabe que não pode, simplesmente, utilizar esse salão. – dessa vez ela começou a soar ameaçadora. - Iremos pagar caro por quebrar regras.
- Eu quem irei pagar caro por quebrar regras. Draco me nomeou para liderar vocês nessa ação. – viu a mulher fazer menção de puxar sua varinha no momento em que conseguiu chegar a última chave de portal ainda aberta. Hermione foi mais rápida e colocou a sua em punhos evitando que a mulher recuasse a dela. – Nem ouse. – foi tudo o que se prestou a dizer, antes de tocar o insignificante objeto, que num único puxão a fez viajar quilômetros.
Draco Malfoy
Seus passos nunca haviam sido tão pesados. Enquanto avançava pelo corredor do segundo andar daquela terrível hospedaria, sentia o sangue borbulhando em suas veias, simplesmente, porque não conseguia acreditar que o que não poderia ficar pior, piorasse. Lançou decidido um jato verde de sua varinha na direção de um rebelde que vinha correndo atrapalhando seu caminho e ele caiu se contorcendo sobre o carpete num grito agonizante. Passou por ele e não hesitou em derrubar qualquer outro que tentara o barrar. Desceu a escada para o primeiro andar, desviando dos corpos estirados nos degraus e assim que chegou ao mezanino, encontrou Hermione cercada pelo grupo da Comissão. A figura dela quase brilhava no meio de todo aquele caos. Ele já tinha muitos problemas para encarar ali, não precisava de mais um.
Pouco se importou com a maldita farsa que estavam levando, quando se infiltrou por entre os bruxos da Comissão e chegou até ela, que externava ordens como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Agarrou-a pelo braço e a arrastou para longe deles.
- Que infernos está fazendo aqui, Hermione? – vociferou e, no mesmo segundo, ela conseguiu desvencilhar-se da mão firme que ele mantinha em seu braço.
Percebeu o quanto havia sido violento, pela forma como ela cambaleou para retomar o equilíbrio.
- Eu estou nos salvando da ruína! Acaso se esqueceu, de que se cair eu também caio junto? Acaso se esqueceu, de que não pode falhar? Não outra vez! – ela soltou com total desprezo a imagem dele.
- Você não tem autorização para deixar Brampton Fort! Antes de ser uma Malfoy, você é prisioneira do mestre! Será que não é capaz de medir o que o seu simples ato de rebeldia pode nos trazer? Tem que voltar agora!
- Não vou voltar e você não vai me fazer! – Hermione esquivou-se, quando Draco tentou segurá-la novamente. – Está me fazendo perder tempo. Estou tentando finalizar essa ação, enquanto tudo o que quer, é recuar quando sabe que isso te levaria a problemas muito maiores na Catedral.
- Sou responsável por esse maldito exército antes dos meus problemas na Catedral! Estou tomando a melhor decisão, antes que acabe por levar todos nós a um fracasso muito maior!
- General! – gritou um dos líderes no andar de baixo. Draco esticou o pescoço por cima do ombro de Hermione para poder ver o homem do mezanino onde estava. – Estamos perdendo Comensais nas barreiras! Não podemos segurar isso para o resto da vida! Nos disse que não levaria mais de alguns minutos!
- Darei ordens...
- Segure-os por mais uns minutos! – Hermione fez sua voz sobressair a dele.
- Cale a boca! – Draco cuspiu a arrastando para longe do parapeito. – QUEM PENSA QUE É PARA DAR ORDENS AOS MEUS HOMENS?!
- O CÉREBRO QUE CONSEGUIU TE VENCER QUANDO A ORDEM NÃO TINHA NADA ALÉM DE MAGIA COMUM E A DROGA DA SUA MALDITA ESPOSA, PORTANTO, É MELHOR QUE SEGURE OS SEUS HOMENS E ME DEIXE TRABALHAR PORQUE RECUAR NÃO É UMA OPÇÃO PARA NÓS! NÃO VOU DEIXAR QUE VOCÊ ME CARREGUE PARA BAIXO, QUANDO PERDER SEU CARGO E SE TORNAR A PIADA DE BRAMPTON FORT POR FALHAR NOVAMENTE DEPOIS DE TODO O CONFLITO DEVIDO À REPERCUSSÃO QUE ESSA TENTATIVA TOMOU! – Ela deu as costas.
Draco tentou segurá-la, mas ela conseguiu se desvencilhar de seus dedos, quando a agarrou novamente pelo braço.
- NÃO TENHO TEMPO PARA OS SEUS EXPERIMENTOS, HERMIONE!
Ela virou-se, apenas, para gritar a exclamação mais autoritária que já a vira externar:
- SEGURE SEUS HOMENS! – findou e continuou seu caminho de volta ao grupo da Comissão.
Ele rangeu os dentes e praguejou.
- General! – o homem no andar de baixo continuava a chamá-lo.
Soltou um rugido raivoso, deu meia volta e fez seu caminho até a escada principal. O homem logo o viu descendo e correu para esperá-lo ao pé da escada.
- Quantos Comensais já perdemos? – tratou de perguntar assim que chegou até ele.
- Não tenho um número exato, mas foi o suficiente para perdermos a primeira linha da barreira. – o homem o seguiu, enquanto Draco avançava para um salão a esquerda do Lobby principal. - Eles estão nos fazendo recuar. Não param de sumir e aparecer, a todo momento, dentro da zona de portal e além de levarem nossos homens quando desaparecem estão usando um tipo de escudo que fazem nossas maldições inverterem aleatoriamente e sem destino tornando a zona de conflito mortal. Não podemos segurar isso por mais tempo.
- E quanto as áreas fora das barreiras?
- Creio que limpamos o suficiente, mas ainda assim, é loucura tentar isolar o edifício enquanto os rebeldes tiverem liberdade de aparecerem aqui quando bem entenderem.
- Não vamos levar isso para frente por muito tempo. – foi tudo que ele se permitiu dizer. Sabia que aquilo representava uma terrível derrota.
- O que sua mulher está fazendo aqui? – o homem tratou de perguntar.
Draco preferiu ignorar aquela pergunta e passou para o lado de dentro do salão. Comensais arrastavam rebeldes, corpos no chão atrapalhavam o caminho, feitiços voavam sem direção, obrigando-o a dobrar a atenção. Passou o braço marcado com a Marca-Negra pelo rosto e fez aparecer sua máscara. Avançou por entre as linhas de Comensais que continham a zona de transição livre dos rebeldes até o centro do caos, onde teve a visão de seus homens tentando conter a resistência que livremente aparecia e desaparecia, quando e como queria, pelo campo de batalha agitado.
Aquela era a visão que precisava ter para convencer-se de que, definitivamente, deveria recuar. Segurar aquilo era impossível, e tão cedo, não seria capaz de descobrir a magia que mantinha àqueles portais abertos para poder fechá-los.
Conseguiu recuar dois rebeldes tentando manter o duelo o mais físico possível, pois sabia que era a forma mais eficiente de combater a resistência. Eles conseguiram desaparecer pelo portal, segundos depois, ainda levando um Comensal. Draco cruzou novamente algumas linhas até um dos líderes e proferiu.
- Vou lançar a ordem para recuarmos. Organize os Comensais. Só preciso alcançar as barreiras do segundo e do terceiro andar.
Escutou o “Sim, senhor” rapidamente e seguiu de volta, tendo que se apressar porque o caminho para o segundo andar era longo e Draco ainda não estava certo, sobre o quão limpas estavam as áreas fora das barreiras. Assim que conseguiu deixar o salão por um buraco destruído na parede, viu um pequeno grupo da Comissão começar a levantar feitiços ao redor da área. Desfez sua máscara.
- O que estão fazendo? – tratou de perguntar.
- Vamos isolar as zonas de portal para que o exército não precise segurar a resistência, assim a Sra. Malfoy terá mais tempo para encontrar uma magia que anule os portais da Ordem sem que perca mais Comensais. – respondeu um deles.
- Teremos o prédio. – era a voz de Hermione descendo os degraus da escada principal. – Não ele por inteiro, mas ao menos, não vamos cancelar a ação e você não vai carregar o fracasso de ter que recuar. Eu só preciso de tempo para encontrar algo que anule a magia deles e visto que você não pretende usar seus homens para me dar esse tempo, eu mesma o farei. – ela aproximou-se - É melhor que dê novas ordens ao seu exército porque se decidir recuar eu levarei o crédito de ganhar esse edifício sozinha. – e passou por ele.
**
Era fim de tarde e o sol da primavera se mantinha ainda alto em York. O tumulto ainda não havia diminuído, embora, eles já tivessem conseguido anular o portal do salão a esquerda do Lobby. O que, segundo Hermione, era o mais extenso. A Comissão trabalhava, naquele exato momento, juntamente com alguns homens do seu exército para fechar o portal do primeiro andar.
Só havia permitido que aquilo se estendesse, porque a Comissão isolara as áreas dos portais e ele não havia precisado usar seus homens como barreira. Embora detestasse estar improvisando, as coisas pareciam estar se saindo bem para o lado deles. O maior tumulto havia acontecido durante o fechamento do primeiro portal no salão do Lobby, o que quase o fizera vomitar seu coração por saber que Hermione estava ali e se algo acontecesse com ela, passaria o resto da vida pagando seu erro a Voldemort. Draco sabia que ela estava exausta, mas mesmo assim, quando a magia que Hermione encontrara para anular o portal, derrubara a barreira levantada pela Comissão e o lobby fora invadido por rebeldes, ela não hesitou em puxar a varinha no mesmo segundo e fazer sua presença valer por vinte homens de seu exército, assim como sempre se fizera valer quando a colocara nas salas de simulação nas madrugadas que haviam usado para treinar e fazer sexo no chuveiro do vestiário.
Não muito tempo depois, quando haviam retomado o controle da situação, ele a vira encarando paralisada a escada principal, enquanto seu exército fazia a limpa dos corpos que atrapalhavam a subida. Um bruxo da Comissão perguntou se estava tudo bem e como, se Hermione estivesse num transe, ela apenas respondeu que havia se esquecido daquilo, daquele caos, das batalhas, da parte física da guerra, deu as costas e sumiu. Draco procurou afastar o interesse de procurá-la depois daquilo.
As horas foram se passando e ele continuou no lobby, enfileirando e identificando cada rebelde ajoelhado contra o piso de tábua corrida para enviar as masmorras da Catedral. Voldemort, certamente, faria bom uso deles para suas sessões de terror, o que o liberava da tarefa maçante de interrogatório.
Não muito tempo depois, foi avisado por um de seus líderes, que haviam conseguido fechar o portal do segundo andar com sucesso e que estavam se movendo para a ação do último andar.
- Se tudo correr bem poderemos anunciar o sucesso da missão antes mesmo do sol se pôr. – a mulher finalizou o recado. – Colocarei meu grupo que, esteve na vigia da área externa, para fazer a limpa do segundo andar, se assim permitir. – Draco deu a autorização e ela fez menção de que daria as costas, mas pareceu pensar duas vezes e acrescentou: - Acaso sabia que isso poderia acontecer?
- O quê? – indagou confuso.
- Que esses malditos portais atrapalhariam o curso da missão inicial.
Draco franziu o cenho.
- Não especificamente dos portais, mas contava com possíveis imprevistos.
A mulher sorriu.
- Foi esperto de colocar sua esposa atenta do outro lado. Teríamos recuado, se a Comissão não tivesse tomado um papel maior nessa missão.
Draco decidiu apenas assentir, diante daquele comentário, o que fez a mulher prestar sua reverência antes de dar as costas e seguir para seus deveres. Sua atenção foi logo desviada há um grupo de comensais, que traziam mais rebeldes capturados para o lobby. Voldemort faria a festa.
Lançou mais ordens para criar um novo sistema de organização de despacho dos capturados, porque sabia que precisaria de mais espaço, quando os Comensais começassem a descer os infelizes, com falta de sorte, deixados para trás no segundo e no terceiro andar. Subiu até o primeiro andar onde encontrou um grupo pequeno da Comissão que havia sido designado a preparar um quarto para levantar o sistema de chaves de portal com destino a Brampton Fort. Ordenou que a conexão fosse aberta, somente, quando o portal do terceiro andar fosse fechado e todo a limpa tivesse sido realizado.
Quando tomou o rumo para o segundo andar, encontrou Hermione encostada no vão de uma das janelas com o corpo sendo banhado pelo sol da tarde. Ele parou antes que ela notasse a presença dele se aproximando. Ela havia tirado os sapatos e eles descansavam próximo aos seus pés, sobre a madeira do chão. Nas mãos, Hermione tinha a varinha e um pedaço longo de pergaminho que já estava até amassado. As pálpebras dela pareciam pesar e toda a sua expressão exclamava o cansaço de seu corpo. Draco sabia que ela deveria estar morta. Vinha dormindo muito mais com a gravidez ultimamente, e o fato de ter virado a noite e ainda passado o dia sendo a cabeça a solucionar o imprevisto que haviam enfrentado, era muito para ela.
Hermione gostava do sol e sempre que a via sob a luz dele, conseguia entender o porquê daquilo. Seu corpo inteiro gritou pela vontade de ir até ela sem cautela nenhuma. Chegou até mesmo, ver a imagem de seu corpo se movendo até ela, conseguiu imaginar sua mão tocando seu rosto, afastando a mexa de seu cabelo, conseguiu vê-la sorrir e fechar os olhos, Draco conseguiu, até mesmo, escutar a voz cansada e doce que Hermione usaria para informar que estava cansada. Ele não entendia a necessidade que seu corpo tinha em querer algo tão simples, como aquilo. Não entendia como seu corpo via tanto significado em algo tão pequeno. E também, não conseguia compreender como o corpo dela lhe fazia tanta falta.
Não a tocava há quase duas semanas. A última vez, que se permitira estar inteiramente com Hermione, havia sido o seu decreto final, e talvez, seu maior erro porque chegar ao estado de admitir que ele precisasse fazer com que àquela fosse a última vez, levara Draco para um campo que ele nunca havia pisado, antes. Era assustador e, às vezes, era tão intensa a vontade de somente sentir o calor de Hermione, novamente, que procurava por qualquer outra companhia que pudesse saciá-lo. Verdadeiramente, ele se sentia saciado. Fisicamente, ele se sentia em perfeito estado, mas, mentalmente, se via tragado à constante, repetitiva, irritante e insaciável vontade de ao menos sentir o toque dela em sua nuca, porque por mais que se satisfizesse fisicamente, com qualquer outra mulher, aquela detestável vontade por Hermione continuava surgindo e surgindo e surgindo incansavelmente.
Sabia que não poderia viver daquela forma, sabia que aquilo era errado, sabia que depender da vontade que tinha por alguém era uma grande ferida em seu próprio orgulho, e talvez, uma grande falha da própria natureza. Precisava matar aquilo, acabar com aquilo, findar o que havia sido estúpido o suficiente de se permitir envolver. Hermione era perigosa. Ela era uma perfeita e poderosa feiticeira. Não conhecia ninguém com o cérebro daquela mulher e, não duvidava, que havia algum jogo por trás daquilo. Precisava haver um jogo. Ela tinha que ter alguma culpa, porque era o corpo dela que lhe fazia falta, era o cheiro dela, era a boca dela, o calor dela, o sabor dela, a voz dela, a compreensão, o companheirismo, a sinceridade. Hermione tinha que ter alguma culpa e Draco não queria cair naquela emboscada. Sentia-se sem poder e odiava se sentir sem poder. Por tanto, apenas inspirou fundo e aproximou-se em sua postura fria.
Quando chegou perto o suficiente, ela notou a presença de alguém e ergueu os olhos do pergaminho que segurava. A expressão cansada se fechou, no mesmo segundo, que notou quem era sua companhia e aquilo feriu o lado que Draco escondia por trás de sua máscara, o lado que a queria, o lado que precisava dela.
- Assim que conseguirmos terminar com o terceiro andar e fizermos todas as limpas, já comuniquei a Tina de que será a primeira a aparecer no portão sul.
Hermione estreitou os olhos, assim que terminou de escutar aquilo.
- Vou sair daqui quando eu decidir sair daqui. – ela disse aquilo quase que como um decreto.
- Sou a cabeça dessa ação e a única pessoa que poderia me contrariar aqui, seria o próprio Lorde, Hermione.
Ela revirou os olhos e suspirou cansada.
- Que seja. – enrolou o pergaminho e fez seus pés deslizarem de volta para dentro dos sapatos.
Que seja? Então quer dizer, que Hermione não queria mais ser teimosa? Quer dizer, que só porque sabia que precisava voltar e que tudo que ele estava fazendo era pensar no bem estar dela, ela se sentia no direito de dizer um indiferente e tedioso “que seja”?
- Isso significa que vai me obedecer quando eu ordenar que deverá pegar sua chave de portal? – Draco a segurou pelo braço, quando ela fez menção de passar por ele para deixá-lo. Precisava se certificar da obediência dela.
Ela desvencilhou-se das mão dele pela milésima vez.
- Por que tudo para você tem que ser uma ordem? – estreitou os olhos afastando-se com desgosto. – Já tentou pedir algo alguma vez, Draco? Eu educadamente o atenderia se você educadamente fizesse um pedido.
Quão ingênua era ela?
- Você não é minha mulher aqui, Hermione. Faz parte do meu departamento e vai seguir minhas ordens como qualquer outro.
- Theodoro nunca precisou me lançar nenhuma ordem para que eu fizesse meu trabalho com deveria, quando estive no departamento dele. – ela lançou aquilo e, automaticamente, Draco sentiu sua alma escurecer. Doía ouvir aquele veneno sendo cuspido da boca dela, quando conhecia as palavras doces que ela podia usar quando, no escuro da cama deles, queria saber o porquê ele não estava conseguindo dormir.
- Não é à toa, que as coisas não funcionam no departamento dele. – Soltou com os dentes apertados. Hermione apertou os lábios, fez uma expressão de desgosto junto com desapontamento e fez menção de passar por ele novamente, mas Draco se colocou em seu caminho o que claramente a irritou. – Está me desafiando vezes demais para que espere que eu seja educado e gentil.
- Não estou o desafiando, estou o ajudando. E se realmente prestar atenção, Draco, perceberá que eu sou exatamente o reflexo de como você decide me tratar. Agora saia do meu caminho.
- Pare de falar dessa forma. – foi quase automático. Detestava quando ela usava a língua afiada que tinha, contra ele.
- Pare de me lançar ordens! – ela foi rude e desviou-se dele para passá-lo, mas Draco tentou contê-la novamente pelo braço. Hermione se esquivou com agilidade e o encarou severamente. – E pare de me tocar! Eu não o quero me tocando! Não quero agora e não quero nunca mais! – ela cuspiu e ele não teve outra reação a não ser deixá-la ir depois daquilo.
Por um momento, a voz dela ecoou em sua cabeça e Draco temeu que sua máscara tivesse caído, porque aquelas palavras haviam sido claras o suficiente para fazê-lo compreender que, definitivamente, ele não a teria, nunca mais.
NA: Já vou me apressar e dizer: CALMAAAAAAAAA!! Não é o fim do mundo. haha Esse capítulo desse teve sido uma incostância de sentimentos, não é? Momentos de "awnn que lindos" pra momentos de "pq infernos vcs estão fazendo isso um com o outrooooo????" haha Mas primeiro, antes de mais nada, vamos agradecer a Taysi por ter revisado o capítulo e tirados todos os meus péssimos erros de português do caminho de vocês. Vai dizer se não fez uma baita de uma diferença na leitura? Obrigada Taysi!!! :)
Enfim, eu sei, seu sei, eu sei, que vcs não queriam isso! Mas vamos avaliar e situação e pensar como Hermione e Draco aqui. Eles não iriam de entregar um para o outro. Não faz o tipo deles. Recuar é o solo mais seguro para se pisar no momento mesmo depois de tudo que eles deixaram subententido naquela estranha conversa antes da "ultima vez" deles. Se serve de conforto pra vcs, por mais que eles estejam se machucando e querendo regredir, por mais que eles queiram ignorar e dar as costas ao que realmente construíram, não vai dar pra apagar nada dos laços que eles já ataram. Todo esse papel que eles estão se prestando é farsa pq a gente sabe que por trás da máscara deles um com o outro, ali no fundo ta guardadinho tudo que viveram nas sombras dos últimos meses. :)
Não vou ficar comentando muito aqui senão vai levar horas pq eu demoro muito pra responder todos os comentários. hahaha Só vou informar duas coisas:
1. Comecei a postar Cidade das Pedras no Nyah! Isso mesmo! Deem uma passadinha lá para dar um apoio!
http://fanfiction.com.br/historia/608713/CIDADE_DAS_PEDRAS_-_Draco_Hermione/
2. Fiz uma página no facebook onde vou poder compatilhar com vocês muitas coisas sobre a fic, inclusive soltar trechinhos do próximo capítulo antes do dia 04 e dar avisos pra vocês quando necessário. Portanto curtam a página lá!
https://www.facebook.com/pages/Fran-Apple-Fanfics/1418910178418165
Mimi Potter: É infelizmente eles não ficaram fofos na situação extrema, não nesse capítulo ainda pelo menos. E olhando pela visão do Draco, na verdade eu acho que é super válido a forma como ele está reagindo. Ele nunca sentiu isso antes e como um belo sonserino covarde que no fundo no fundo ele ainda é e ainda luta contra, nada mais justo do que ele recuar antes de se entregar. Até porque "se entregar" e "Draco Malfoy" nem combinam tanto. haha Se até a Hermione concordou internamente que "se entregar" também não era nada coerente devido ao que eles representavam e sempre representaram um para outro, nada mais justo que o Draco ser o primeiro a tomar a atitude de se afastar. Mas vai dizer se não foi lindo eles dois tendo uma "última noite" de despedida? haha Agora a Pansy, pobre moça, quero só ver quando ela tiver a chance de dar uma olhada na barriga da hermione depois das patadas que levou do Draco capítulo passado. Mas querendo ou não ela conseguiu plantar uma sementinha da discórida ali no cérebro do draco. Ahh! E com certeza que o nosso casal Bennett vai sim ter um papel na farsa do "casal 20". Embora hermione e astoria tenham passado por um conflito no início desse capítulo, acho que isso vai servir mais para aproximar elas do que pra separar. Pq querendo ou não a astoria abriu o jogo e mesmo a Hermione não curtindo muito ter sido lançada contra a verdade nua e crua, ao menos as coisas foram esclarecidas até um certo ponto o que já é meio caminho andado. E quanto ao lúcio estar enchendo o círculo interno, é mais uma estratégia para ir desfazendo o monopólio do Voldemort, fazendo com que ele distribua mais tarefas e consequentemente acabe se alienando de algumas situações, do que propriamente o ganho de "aliados". Até o presente momento eu não vejo os Bennett sendo levados ao círculo interno, acho que eles podem ajudar, se é que querem ajudar, na posição em que estão. E sim, de fato Narcisa percebe o que está acontecendo entre Draco e Hermione. Ela tem os chutes dela, não quer dizer que saiba exatamente tudo, mas ela consegue ver bem a situação. Com relação as suas suposições da Ordem de Merlin, avalon e a senhora do lago... bem, nesse capítulo a gentiu viu um pouco da história da família Malfoy e o sangue da Hermione está ali no meio em algum lugar (mas não conta pra ninguém! haha). E pra concluir, claro que eu não podia deixar de citar House of Cards. Concordo totalmente com vc. Temporada muito instável. To sofrendo até agora. :( haha
Cerejinha: Ah, não é só vc que adora os capítulos em que entramos na cabeça do Draco. haha ele é o melhor! Obgda pelo comentário e pelo apoio.! :)
Taysi: Ah :( eu sei que vai fazer falta quando a fic acabar. Até eu vou sentir falta dos dias 04. Mas pretendo sim terminar a fic esse ano pq depois do meio desse ano minha vida vai ficar super instável e eu não sei como vou conseguir administrar meu tempo e como vou encaixar a fic nele, então preciso acabar o mais rápido possível, mas não quero arruinar a história por causa disso e acabo enrolando mais do que deveria. Eu sempre quis fazer essa fic ser uma long diverdade, fazer com que ela durasse bastante tempo. Mas preciso terminá-la logo e eu mesmo não coopero com isso. haha Agora com relação ao capítulo passado, sim, a parte da Tina e do Draco foi uma delícia! hahaha Acho que naquele momento a ficha realmente caiu pra ele. Foi ali que ele perceber que Hermione tinha tomado conta dele e claro que ele foi procurar quem pra se "desentoxicar"? Pansy! Acho que não deu mto certo, né?! hahaha Eu sei que você pode se sentir frustrada porque eles estão tentando regredir para como era quando se casaram, mas eu acho que isso vai servir muito pra fazer com que eles percebam o quão intenso as coisas ficaram entre eles e o quanto eles estão ligados agora. Principalmente depois dessa "ultima noite" que eles tiveram. Não vai dar pra falar "adeus" de verdade verdadeirinha depois dessa!! haha Mas mesmo assim, a Pansy plantou a sementinha da discórdia na mente do Draco. Espero que ele não resista por muito tempo. E com ele contar em relação a traição, eu achei perfeito. Mostra o quão insignificante a Pansy é, porque se fosse algo realmente sério eu acredito que ele esconderia da Hermione. E o "eu te amo" do capítulo passado foi um momento que eu esperei por muito tempo que chegasse. hahaha Sim, eu sempre quis que o primeiro "eu te amo" deles fosse algo meio "TCHARAM!" "ãh? como assim?" Meio que eles sendo forçados a dizer, mas que os pertubasse profundamente internamente logo depois fazendo-os remoer e remoer e remoer. Ah, e não tem problema vc ter esquecido de comentar o sonho da Hermione com aquela estranha mulher capítulo retrasado. Esse capítulo, a parte em que há um pouco da construção da história do surgimento dos Malfoy está cheio de pistas. (só dizendo por alto assim sabe... nada mto sério...) haha. E Hermione sempre aprendendo cada dia mais com Draco Malfoy a sobreviver no mundo que vive. Eu sempre achei lindo as frases em que os amantes de Dramione colocam por aí toda hora de que a Hermione mudaria o Draco, de que a Hermione tem poder pra mudar o Draco e blablabla. Sim eu concordo, e sim é lindo. Mas porque o Draco também não pode mudar um pouco a Hermione? Não que ela vá perder a essência de quem ela é verdadeiramente, mas acredito que o Draco tenha poder de mudar um pouco do coração dela, ele tem sim coisas a acrescentar e acho que em CdP a gente pode ver o quanto ele faz ela enxergar o mundo de formas diferente, em ver situações não só de uma perspectiva apenas. Eu também acho isso lindo. Acho lindo como ele faz ela entender que tudo depende mundo do ponto de vista, até mesmo o mal. Porque as vezes o mal acontece devido a um sacrifício para um bem maior. Enfim... já to entrando na filosofia aqui. hahaha Muito obrigada por ter revisado o capítulo, muito obrigada pelos seus comentários enormeeeesss que eu amoooo, e um super super super obrigada pelo apoio!! Não sei nem como agradecer! :)
Landa MS: Também fiquei muito chateada de não ter recebido seu comentário! Mas mesmo assim eu entendo sua situação e espero que consiga logo o seu computador! Seus comentários fazem falta!
Annistorm: AhhhH!!! Pra mim também a idéia de dois mini Malfoys me enche o coração! Dá pra super imaginar o tapa na cara do Draco toda vez que ele se deparar com a realidade de que ele Hermione e os dois filhinhos são difinitivamente uma família completinha! hahaha E acho que o "eu te amo" do capítulo passado fez mesmo muita gente querer cair pra trás da cadeira. Foi muito inesperado. haha Eu imagino os milhões de pensamentos na cabeça da Hermione. Ela deve ter remoído muita coisa, igual o Draco. O que o levou para a infeliz ideia de querer recuar com relação a ela porque ele sabia que parte daquele "eu te amo" não era vazio. E é verdade, o que ele sente agora está muito mais próximo do amor do que da paixão embora alguns sinais demonstrem paixão. E o fato dele ter contado para Hermione de ter ido pra cama com a Pansy foi um dos pontos cruciais que definiu que Pansy significa tão poucoperto do que Hermione significa que ele precisou externar sua culpa. Se Pansy significasse muita coisa para ele, ele certamente teria guardado aquilo dela porque era muito dele pra ser compartilhado. Acho que isso diz muito sobre a relação do Draco e da Hermione nesse momento. E sim, nesse momento, mesmo depois desse capítulo porque a gente sabe que aquele "adeus" e aquela "última vez" não teve o poder de apagar nada do que eles já viveram e já construíram. E olhe, mto mto mto mto mto obrigada por toooodos os elogios! Eu não sei nem como agradecer! É um super apoio e uma super força! E salvei o link da fic, vou ler logo logo pq minha vida está um desesperooo! haha Obrigada pelo comentário! :)
Christine Martins: Eu achei que todos vocês iam cair matando em cima de mim capítulo passado e recebi mais de um comentário falando que esse capítulo foi o melhor de todos! HAHAHA eu sou péssima em adivinhar a reação de vocês. Espero que esse capítulo também tenha o mesmo efeito porque estou jurando que todo mundo vai cair matando em cima de mim pq Draco e Hermione estão entrando num jogo de "quem fere mais o outro" pq eles não são mais indiferentes, agora existem sentimentos envolvidos. haha Espero estar errada. Obrigada pelo comentário e pelo apoio! :)
Sra.T: AHHHHHHH NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!! Eu queria ter lido todas as suas análises :( :( :( poxa! Cuidado, as vezes pode ser algum vírus no seu computador. Mas mesmo assim obrigada por, mesmo frustrada, ter voltado para deixar o comentário! :) Agradeço o apoio!
Jessyca Black Malfoy: Mais uma que gostou do capítulo passado e eu jurando que vcs iam desistir da fic depois dele! hahaha Obrigada pelo comentário e pelo apoio! :)
Norelle Pereira: Perfeito. Só existe a palavra perfeito para definir sua análise do Draco. Sim, ele tem seus problemas e todos eles são reflexo de mundo que sempre o envolveu. Tudo o que vc disse sobre ele justifica o porque ele recuou e não se entregou. E a parte que você disse que ele ter ficado com remorso mostra o quanto ele é diferente do pai, SIIIMMM, era justamente isso que eu queria que vocês enxergassem! Não sabe como eu fico feliz que vcs consigam ler essas coisas que querendo ou não estão nas entrelinhas. Mas olha, depois desse capítulo eu não confiaria muitoooo na Hermione sendo leal ao casamento deles não. Não sei sobre até que ponto ela pode chegar, mas só o fato dela ter cogitado cerrar os olhos para Theodoro é meio... hummm... intrigante. Acho que ela ir parar nos braços do Theo só depente do Draco. E Pansy é detestável sim e embora eu tenha minha peninha por ela. Ela é doente pobrezinha, doente por quem ela seria se se tornasse uma Malfoy. Mas o fato dela ter crescido com Draco, o fato dela ter sido a primeira do Draco, meio que liga um pouco dele a ela porque por mais que o Draco seja frio, indiferente e cafajeste, existe um lado dele que não é somente o pai, como você mesmo disse, ele tem um pouco do lado da emoção. E acredito que por isso ela seja uma influência na vida dele, de certa forma, tanto que ela teve o mini poder de plantar a sementinha da discórdia na cabeçinha dele. E por mais idiota que o Draco esteja agindo, é como a Narcisa disse, ele não sabe lidar com algumas coisas. Ser paciênte é a unica forma de não estressar. hahaha Ele ta reprimindo o que sente por Hermione e tentando encontrar formas de apagar o que sente, mas sabemos que isso é impossible! :) E se vc achou inconstante os sentimentos do capítulo passado em que começou no auge e acabou na desgraça, imagina o que sentiu com esse hein! hahahaha Obrigada pelo comentário! Foi excelente! :)
jakelinealvesleal: Sim sim! Pensamento positivo sempre. Há males que vem para o bem (pelo menos na ficção hahaha). Vamos esperar o futuro e pensar positivo para que essa ignorância deles acabe de uma vez! haha
Anne Lizzy Bastos: Vc esperou que ela fosse fazer um escândalo? hahaha que exagero meu! Mas acho que muita gente estava esperando! haha Eu mesma queria ter escrito ela se indignando. (se bem que acho que ela acabou expressando um pouco de indignação no tom frio e seco que os levou a uma discussãozinha no fim do cap passado né. haha) haha Eu entendo. Na verdade vc estava esperando uma reação mais expressiva da parte dela, não é? Todos nós estávamos, mas clarrroooo que ela não faria isso porque senão ela daria na cara que havia passado uma linha que no subentendido não deveria ser cruzada. Sim, ela conteve o tapa na cara que levou e como uma boa mulher independente e confiante, apenas agiu friamente ou até mesmo indiferente. O draco não comentou nem nada, mas pode ter certeza que isso mexeu com ele. Eu não vejo Draco e Hermione se entregando facilmente aos sentimentos que sentem, por isso mesmo que eles estão passando por essa tremenda provação agora. Eles são dois seres racionais, calculistas e de espírito forte que passaram a vida inteira se odiando. Essa ligação que eles criaram foi na surdita, foi meio que nas sombras, meio que no "vamos fingir que isso não é nada mais que familiaridade. nada mudou de verdade." Não os vejo se jogando nos braços um do outro ou expondo o que sentem um pelo outro nesse momento. Não é o momento certo. Não ainda. Mesmo eles tendo tido aquela conversa cheia de indiretas antes da "última vez" que tiveram no começo desse capítulo. Ah! E sim! haha Adorei a comparação de Brad Pitt e Angelina Jolie do mundo bruxo. hahaha Eu não vejo a hora deles se verem presos a esses momentos para a imprensa. E não, a Ordem ainda não tem muito ideia do que acontece em Brampton Fort. O Profeta Diário é controlado pelo Ministério que já foi tomado e que certamente só publica lavagem cerebral para o público sobre o quanto o mundo de Voldemort é bem melhor. E os jornais e revistas de Brampton Fort só circulam entre os fortes. O máximo que eles podem ter ouvido são rumores sobre o casamento Malfoy, mas acho que nem isso eles chegaram a escutar. Eles são rebeldes completamente escondidos do mundo. Mas aguarde que logo logo a Ordem vai aparecer no pedaço! haha
Lisa Granger: Illinois!!! Home, sweet home! Conheço esse estado com a palma da minha mão! Morei mto tempo aí! Eu fui pra U of I em Champaign-Urbana! Já desci e subi essa 57 milhões de vezes, embora eu nunca tenha visitado carbondale! Mas já ouvi falar, claro! E não vai embora não, boba! Fica aí! Muda de programa, sei lá, de escola, estende o visto. Minha prima fez isso pq ela não queria voltar. Ela ta com o F-1 há anos. Ela veio com intercâmbio de 8 meses e mudou de escola quando estava no 4 mês. É só provar que vc tem dinheiro pra se manter. Ah, que bom que gostou da Califórnia! Todo mundo ama aquele lugar! Não tem como não amar! E com relação a fic, acho que todo mundo se desiludiu com o Draco no momento que ele procurou a Pansy. Meio idiota, mas pensando bem, é muito mais do caráter covarde do Draco recuar do que se entregar. Vai dizer?! Acho que essa fase que eles vão passar agora vai servir de muito aprendizado e crescimento pra ele. E sim!! Gemeos!! Dá pra imaginar dois mini malfoys correndo por aí? Será que dá? haha E seu chute com relação a linhagem da Hermione, nesse capítulo aqui a parte em que fala da história da origem da família Malfoy, o sangue dela ta envolvido ali no meio. Ouso falar só isso.... o resto shhhhh!! hahaha No mais, espero que esteja gostando da sua estadia na terrinha do uncle sam e curte bastante! Obrigada pelo comentário e pelo apoio! :)
Mrs Hutch Grint: Ahh!! Muito obrigada pelos elogios e fico super feliz que esteja amando a fic! E ah esse Draco mais maduro é o Draco mais velho que eu sempre enxerguei na minha cabeça. Sempre imaginei que em algum momento ele teria que aprender a lidar com todas as coisas péssimas que o cercava e que o medo o receio e a covardia não poderiam ser para sempre parte da personalidade. Então aqui estamos com um Draco que esconde tudo isso dentro dele e mostra alguém forte e determinado por fora quando ainda mal superou o que esconde por dentro. Super obrigada pelos indicações!! Que bom que o pessoal ta divulgando! Fico aqui pulando de alegria quando o pessoal comenta que chegou aqui por indicação! haha Obrigada pelos elogios das capas. As primeiras foram sim da Dark Moon, mas ela ficou muito atarefada com coisas da faculdade e daí eu começei a fazer algumas para esses últimos capítulo! Obrigada pelo comentário e pelo apoio! :)
Bia Litz: Ai essa F&B vive estragando meus comentários!! :( Dá um ctrl+c antes de enviar pra caso não vá é só colar na caixa de texto e tentar enviar de novo. E muito obrigada por reconhecer o meu trabalho de justificar bem a união dos dois, pq o que eu realmente acho mais bonito deles é a construção de um relacionamento tão difícil e complicado. A beleza de Draco e Hermione está justamente no como eles se unirão. Esse é o lindo! haha Obrigada mesmo pelo apoio e pelo comentário! :)
Iara de saer e melissa lohany: Obrigada por terem se manifestado aqui nos comentário! Só de saber que não são leitoras fantasmas me dá uma super alegria e uma super força! :)
Comentários (21)
Gente, eu to no chão, meu coração ta ate desparado, que capitulo! Sera que teremos algum rebelde que viu a Hermione e conseguiu fugir? Eu queria ver a cara do Harry quando souber que a Hermione está "trabalhando" pro "lado" do Voldemort. Então, eu vou refazer minha analiser aqui. O Draco é o tipico dominador, quer tudo do jeito dele, da forma como ele conhece e acha segura, o novo, o diferente é totalmente inaceitavel e o sentimento que ele tem pela Hermione é o novo pra ele, ate porque ele nunca se permitiu nutrir sentimentos bons por alguém que não fosse a mãe dele, um dominador quando se vê em terreno desconhecido tende a surtar (eu convivo com um!) tende a querer recuar imediatamente pro conhecido. A Hermione é um pouco diferente, ela não é dominadora, mas é racional demais, pra ela esse sentimento não pode existir porque ele é Draco Malfoy, ela o odeia não é? Mas ela não sabe se ainda o odeia, ela sente algo ruim por ele, isso é obvio, anos de odio e humilhação não somem do dia pra noite, mas ela também sente algo bom e esse algo bom está superando o ruim, o que na visão dela não é racional, ela é acostumada a planejar a vida toda, mas foi jogada nesse mundo e obrigada a casar com alguém detestavel para ela e derrepente ela se vê gravida dele e pior, realmente se importando com ele, é emocional demais para ela. Na minha visão, eles são duas crianças que cresceram em meio a guerra sem tempo para sentimentos que eles consideram dispensaveis, agarrados e iludidos por um odio mútuo que não perceberam que a relação deles acabou passando de objetivo em comum e prazer carnal para algo que já contem carinho, algum tipo de respeito e ate admiração. A relação da Hermione e da Narcisa também evoluiu, elas de um certo modo só tem uma a outra e a Hermione já se deu conta disso, já percebeu que ela é uma Malfoy e que tudo que acontecer com eles acontecerá com ela também, por mais que ela tente negar que é um deles no fundo ela sabe que já se sente uma Malfoy e isso a desespera porque ela não pode, não deve, se sentir tão "acomodada" com esse fato, mas voltando a Hermione e a Narcisa, ambas tem um medo em comum, que a Hermione acabe como a sogra e que Draco vire o pai, Narcisa não é nenhuma Molly, mas se tornou um tipo de referencia maternal dentro das muralhas para a Hermione, algo que a conforta pelo menos um pouco, a faz se sentir menos sozinha e elas vão precisar ainda mais uma da outra ao decorrer do resto da fic pelo visto, ainda mais agora que a Hermione se "decepcionou" com a Astoria, mas isso tudo é a minha analise, minha visão meio distorcida porque eu virei a noite.
2015-05-04