Visitas na cabine



— Eles queriam comprovar se os filhos de abortos são mais poderosos que os sangues-puros? — perguntou Rich — Usando você? 

— Acho que sim... não tenho certeza. — respondeu a garota

— Dá pra parar de interromper, Rich? — disse Tiago 

— Continuando... — disse Vic — Harry estava lá e parecia que ele tinha levado todos os aurores do Ministério. Os Comensais corriam para o ataque como uma manada de búfalos nervosos (essa foi a única parte engraçada). Novamente, os jatos verdes e vermelhos para todos os lados. Eu pude sentir uma ou duas Maldições Crucio acertando em mim pelas costas. Eu pude ver muitos comensais tentando lançar "Avada Kedavra" em mim. A parte que eu mais me lembro foi a que Harry me puxou pelo braço, me livrando de uma maldição. Eu e ele corremos o mais rápido possível lá pra fora e lá ele desaparatou comigo...

— Como você conseguia entender inglês com 6 anos? — interrompeu Rich

— Eu fazia aulas de inglês em uma escola trouxa lá no Brasil. E meu tio também me ensinou inglês. — explicou a garota

EU JÁ DISSE PRA VOCÊ PARAR DE INTERROMPER, RICHARD WEASLEY! — exclamou Tiago

— Okay... 

— ...Então, nós estavamos numa sala organizada, com muitas pessoas. Na época, eu não sabia, mas estavamos na Sede da Ordem da Fênix. Todos falavam muito rápido, entendi pouquíssima coisa. Ouvi algo sobre uma "profecia". Também entendi quando Harry disse "Aquele lugar está seguro. Só Hogwarts é mais seguro do que o O.C.B.A., mas ela não tem idade pra ir para Hogwarts ainda.". Depois nós aparatamos em frente à uma porta e Harry tocou a campainha. Uma senhora simpática foi quem abriu a porta. Harry disse " Até logo" e depois desaparatou. Eu e a senhora simpática entramos e ela disse em português "Aqui é o O.C.B.A. - Orfanato para Crianças Bruxas Abandonadas. Este local é sua nova casa agora." Lá no O.C.B.A. me ensinaram tudo que eu ainda precisava saber sobre "falar em inglês". Estive em paz até os meus nove anos de idade. Estava ficando cansativo, sabe? Eu queria sair, explorar o mundo lá fora. Porque eu fiquei três anos lá no orfanato! Lá tudo era muito normal, chato, monótono... Eu sou do tipo que adora aventuras. E eu sai para procurar essas tais aventuras. Mas, como diz um velho provérbio trouxa, "quem procura, acha". Eu tinha saído atrás de aventura e acabei achando mais aventura do que eu panejava. Umas duas quadras à frente do orfanato, os Comensais da Morte me cercaram.

— De novo?! — exclamou Tiago — Ou você tem azar demais ou você inventou essa história...

— O seu pai conhece essa história, a minha história, melhor do que eu mesma. Se você duvida que seja verdadeira, pergunte a ele e aos outros aurores! Ou talvez você prefira ver o túmulo dos meus pais e do meu tio; lá escreve exatamente como eles morreram! Você acham que eles se suicidadaram e me deixaram aqui? Pense o que quiser! — disse Vic, nervosa. 
Ela olhava para o teto, com a cara fechada, os braços cruzados e algumas lágrimas em seu rosto. 

— A Tia Mione sempre disse que você era um legume insensível... — disse Rich , tentando falar baixo para somente Tiago ouvir, mas mesmo assim, Vic ouviu — Mas eu nunca pensei que você chegaria a esse ponto... 

— Eu não devia ter dito isso, né? — perguntou Tiago, tentando também falar baixo 

— Não mesmo, cara .Esse foi um dos seus piores vacilos...


Eles ainda não tinham percebido, mas Vic agora tinha deixado de olha pro teto e olhava para eles. Ainda com a cara fechada, os braços cruzados, porém não estava mais chorando.

— Olha Vic... — disse Tiago, olhando para ela — Me desculpa, eu não devia ter dito isso. Amigos?

— Tudo bem — disse ela, dando um sorriso.

— Hum... tem como você... — disse Rich — ... Hum... continuar a história...? 

— Vocês são curiosos assim sempre ou sou só eu que sou interessante demais? — Vic disse, rindo e arrancando risadas dos outros

— Continua aí!

— Okay — ela disse,voltando ao tom de voz normal, levemente frio — Eu não me lembro muito bem como aquilo aconteceu, foi bem estranho e eu nunca soube o porquê disso ter acontecido. Quando todos eles foram lançar maldições em mim, eu fiz alguma coisa que fez todos... todos serem lançados para longe. Eu tinha ficado praticamente paralisada e eles vinham correndo até mim. Harry e os outros aurores apareceram. Maldições, feitiços, azarações pra todo lado e finalmente os Comensais foram presos. Somente dois Comensais fugiram, os mesmos que mataram meus pais e meu tio. Eu continuava naquela espécie de hipnose, até que Harry veio na minha direção, e então "a minha ficha caiu", como dizem os trouxas, eu "acordei". A única coisa que eu pensei em fazer foi correr. Correr o mais rápido que eu pudesse. Corri para algum lugar em qeu ninguém me acharia. Mas eu não conhecia Londres... Então, eu corri sem rumo; somente corri. Eu sempre causava problemas, aonde eu estava tinham Comensais, sempre saía alguém machucado por ter ido me ajudar. Por isso eu fugi para longe. Corri igual uma louca. O que eu achei mais estranho é que Hermione e Gina iam correr atras de mim, mas Harry as impediu...

— Então você ficou perdida por aí desde os nove anos de idade? Sem casa, comida, sem nada?

— Não exatamente... No tempo em que fiquei "perdida" descobri que meus pais tinham uma grande quantia de dinheiro no Gringotes (nem me perguntem o porquê deles terem uma conta aqui em Londres, eu não sei!). Então eu peguei uma parte desse dinheiro comprei uma casinha velha e isolada na Travessa do Tranco. Também fiquei um pouco na casa de um amigo meu. Seis meses depois de eu ter fugido , Harry me encontrou lá. Ele tem poderes que nenhum outro bruxo tem. Ele pode localizar uma pessoa facilmente. Só demorou de me encontrar porque eu fiquei indo de um lugar pro outro, não tinha um lugar fixo. Depois que ele me achou, me levor pra morar lá na sede da Ordem da Fênix. Depois disso, nada mais aconteceu. Mas Harry me disse para ter cuidado.


Depois de alguns minutos de silêncio, Tiago parou para reparar na camiseta da garota .

— Que é isso desenhado ai na sua blusa ?

— É o símbolo de uma banda de rock trouxa. 

— Você conhece bastante sobre os trouxas! Eu acho isso interessante...

— Eu também acho a cultura trouxa bem interessante. Antes de meus pais morrerem, eu vivia como uma trouxa. Me vestia como eles, ia para as mesma escola que eles, aprendia as mesmas coisas que eles...


Mas ela foi interrompida por alguém que abriu a porta e entrou na cabine .

— Ora, ora, ora... Vejam quem está aqui! Potter, Weasley e... Oh, é a Orfã-Brasileira! — disse o garoto que entrou, num jeito debochado .

— Sai daqui agora, Malfoy! — disse Vic, num tom ameaçador — Se você não sair eu vou...

— Vai fazer o que? Chamar o papai e a mamãe? — ele disse, numa péssima tentativa de imitar uma criancinha chorona. — Ah, eu esqueci... Eles estão MORTOS! Escórias da sociedade bruxa...

— Daqui a pouco é você que vai estar morto se você não calar a sua boca e retirar seu corpo e sua alma imunda daqui! 

— Se tem alguém que vai morrer aqui é você! Eles vão te achar e você vai ser eliminada, como seus pais! Uma morte com tortura e dor é o que vocês todos merecem pois são...


Scorpio Malfoy não pode completar o que iria dizer. Nesse momento aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo, tudo muito rápido: Tiago e Rich se levantaram e sacaram as varinhas (isso mesmo: sacaram as varinhas mesmo sem saber como usá-las), mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, Vic já tinha se levantado num pulo e avançado para cima de Scorpio. Com uma mão, ela o segurou pelo pescoço e, por pouco, não o levantou também (ela era muito maior do que ele); com a outra mão, deu um soco certeiro em seu rosto .Bem no seu nariz.

— Nunca, nunca mais faça isso. — ela disse, num tom bem mais do que ameaçador — Nunca mais ouse falar dos meus pais! Tá me entendendo, cara? Na próxima, você sai com mais do que só o nariz quebrado. AGORA SAI DAQUI!!!!

— Você quebrou meu nariz! — choramingou Malfoy — Meu pai vai saber disso!! Vai ter vingança...

— UAU! — disse Rich .

— Essa foi ótima! — exclamou Tiago — Mas... quem era ele?

— Vocês não o conhecem? — ela perguntou mas eles negaram com a cabeça — Scorpio Malfoy, filho de Draco Malfoy — que era praticamente um inimigo mortal da família de vocês, além de ter ajudado Voldemort. Os Comensais da Morte que mataram meus pais foram o avô dele, Lucio Malfoy, e sua tia-avó, Bellatrix Lestrange.

— Ah, é claro !Só podia ser! — disse Rich, nervoso — Aquela vadia e aquele filho da puta...

— Olha a boca suja, Richard! — repreendeu Tiago.

— Então... aquele... Aquele... filho sem mãe! — disse Rich, fazendo os outros rirem.


Depois de mais algumas risadas, duas garotas abriram a porta e entraram. Uma delas era Ster Longbottom, filha de Luna e Neville. Ster era muito parecida com Luna em tudo: os cabelos eram loiros, os olhos azuis e sonhadores e falava calmamente, além de usar rabanetes como brincos. A outra garota era Rose Weasley, filha de Hermione e Rony. Rose era uma garota bonita, com os cabelos castanhos da mãe e os olhos azuis do pai, muito educada e, na maioria das vezes, tentava ser discreta. Rose, Vic e Ster deram um tipo de "abraço triplo", súbitamente, eu diria . 

— Rose! Ster! Eu não vejo vocês desde o ano passado... — disse Vic — Posso saber por quê vocês nunca mais foram me visitar?

— Oh Vic! Você não sabe o quanto sentimos saudades! — disse Ster.

— Nós só não te visitamos porque mamãe disse que o pessoal da Ordem estava tratando de um assunto muito delicado e importante, além de muito particular. — disse Rose — Por isso, nos proibiram de ir para lá .

— Pera aí...! — disse Tiago — Vocês já se conhecem? 

— Nós nos conhecemos na Sede da Ordem da Fênix. Parece que você já conheceu meus priminhos "queridos", Vic. Olha pessoal, o papo tá bom mas eu preciso ir ali numa outra cabine agora. Combinei de me encontrar com a turma ali. Vejo vocês na escola! Você não vem, Ster? 

— Ah, não vou não. Fico por aqui mesmo... — respondeu Ster .

— Garotos, essa é Ster Longbottom — disse Vic — Nós também nos conhecemos na Ordem da Fênix. 
Tiago levantou-se depressa e foi se apresentar para a garota, jogando todo o seu "charme Potter".

— Olá Ster! Eu sou Tiago Potter. A gente bem que podia se conhecer melhor algum dia desses — ele disse, passando a mão pelos cabelos ( exatamente como seu avô fazia )

— Vou pensar no seu caso... — ela respondeu, dando uma risadinha.

— Ei pessoal! — disse Rich — Daqui já dá pra enxergar o Castelo de Hogwarts. É melhor nós irmos colocar os uniformes... 

— Nem me fale em "uniforme"! Eu odiei aquela saia! — disse Vic — E aquele sapatinho, então! Por Merlin, é muita frescurinha num uniforme só!

***


Quando voltaram, depois de colocarem os uniformes, prepararam as suas coisas para desembarcarem. 

— Olha gente! — disse Tiago, olhando pela janela. — Chegamos!
O trêm já havia parado e eles estavam descendo. Enquanto Vic, Ster, Tiago e Rich iam andando até Hagrid, que gritava "Alunos do primeiro ano! Por aqui!" , eles conversavam sobre as carruagens com "cavalos invisíveis", como dizia Rich

— Não são cavalos invisíveis, Rich! — disse Vic — Eu consigo vê-los! São testrálios. Só conseguem vê-los as pessoas que já viram alguém morrer. 

— Então, esses testrálios são criaturas da trevas? — perguntou Rich 

— Não, Rich. Meu pai também pode ver eles. Praticamente, nossa família inteira pode, né... — explicou Tiago. — Meu pai diz que o que eles tem de feios eles tem de bons.

— Exatamente. — disse Vic — Quando eu fugi (daquela vez que eu contei para vocês lá no trêm) meu único amigo era um testrálio. São criaturas em que você pode confiar! E eu não acho que eles sejam tão feios... Eles são só... só cavalos com asas e desnutridos.

— Mamãe também pode vê-los — disse Ster — As pessoas acham que os testrálios são agouros de morte. Eu já voei em um, mesmo sem conseguir ver ele você pode tocá-lo.


Eles subiram em um dos pequenos barcos que levavam os alunos do primeiro ano, junto com Hagrid, para Hogwarts. Foram conversando, rindo, e, finalmente chegaram.


 


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