Único
“M” de metido. “A” de arrogante. “L” de lesado. “F” de filhinho de papai. “O” de otário. E no final, só pra completar, tem esse “Y” ridículo e metido a besta, que combina perfeitamente com ele.
Ah, como eu odeio esse Malfoy, essa besta quadrada fantasiada de gente. Gr, só de ouvir o nome desse demônio já me tira o bom humor. É sério. Minha paciência já está se esgotando com esse troglodita. Minhas amigas me dizem que garotos retardados são assim mesmo. Mas como ele pode?
Tento me convencer que tudo isso é pura bobagem da minha cabeça, que é frescura. Mas quem disse que eu consigo? Não dá pra escapar do fato que há alguma coisa muito errada acontecendo entre nós dois. Não sei o que é exatamente, mas temo que seja alguma catástrofe de proporções catatônicas.
E se ele... Eu nem mesmo consigo pensar na possibilidade de que talvez tudo não seja como eu quero que seja! Eu não consigo pensar, porque isso me deixa muito confusa. Muito dispersa. Muito avoada, avulsa e fraca...
Hoje nós brigamos de novo. Eu tenho ficado cada vez mais irritada com ele e com suas retardadices. E ele ainda me chamou de ruiva esquentadinha. Dá pra acreditar?! Mas que raiva! Isso me fez ficar vermelha que nem um pimentão e querer dar uma resposta bem malcriada pra ele. Depois disso, fiquei soltando fogo pelas ventas pelo resto do dia, e fiz questão de esbarrar no ombro dele e de não olhá-lo quando estávamos andando no corredor, pra que ele pudesse perceber o quão irritada eu estava.
E pensar que eu achei que as coisas estavam melhores que nunca. Que sonho! Onde eu estivera com a cabeça nesses últimos meses? As coisas não estavam melhores coisa nenhuma. Fora apenas uma ilusão. Admito, uma ilusão bastante real e que me deixava nas nuvens. Mas mesmo assim, uma farsa que nunca poderia se tornar real, por mais que eu pedisse e implorasse para a estrela mais brilhante do céu.
Aquela doninha idiota não entendia nada com nada. Ele deve ter pedido pra a mãe dele pra nascer burro, e já que a mãe dele é a maior coruja que eu já conheci, ela exagerou na dose de burrice.
O baile de inverno já está chegando e eu não tenho um par. Isso não é incrível? E é tudo por causa dessa criatura loira e lesada a que comumente chamam de Scorpius Malfoy.
E você deve estra se perguntando: e o que essa criatura de Merlin fez de errado? Mas a pergunta certa seria: O que essa criatura de Merlin não fez?
Ele ainda não me convidou para o baile. É isso.
E agora eu estou aqui na torre da Grifinória, me remoendo por dentro e me perguntando quando será que esse energúmeno que eu comumente chamo de "namorado" vai me convidar pra ir ao baile com ele, e montando um plano maquiavélico que envolve o Alvo me convidando pra ir com ele em alto e bom som na hora do jantar na frente dele caso ele não me convide até amanhã.
Me pego balbuciando frases desconexas e sem sentido aparente, e percebo que as palavras "doninha", "idiota" e "tapado" se sobrepõe ás outras devido à frequência em que são pronunciadas.
- Rose?
- Aquela doninha... Eu deveria ter deixado papai enfeitiçá-lo quando ele foi lá em casa...
- Hã... Rose, tem alguém querendo falar com você... - Estou muito ocupada planejando planos maléficos pra prestar atenção em Lily, depois eu falo com ela. Levanto e vou em direção ao dormitório feminino.
- Tenho que contatar tio Jorge... Bolar um plano perfeito é com ele mesmo... Talvez eu precise de Fred e James também... Hum, tenho que pensar nisso mais a fundo...
- Sabe, Rose, ao invés de ficar bolando planos malignos pra punir o Scorpius você deveria ouvir o que a sua prima favorita tem a dizer.
- Lily, não tenho tempo, tenho que ler um livro urgentemente até Sexta.
- Ah, é? E qual seria ele? – Ela sabia que eu não tinha livro nenhum pra ler.
- "O melhor jeito de decapitar a sua doninha e o que fazer com seu corpo depois para que ninguém descubra o assassinato".
- Ah, sim. – Acho que ela não parece muito convencida com a minha desculpa. - Então eu posso dizer pra o loiro na frente da Mulher Gorda que a ruiva esquentadinha dele não pode falar com ele porque está ocupada demais planejando o seu assassinato?
Espera. Para tudo. Respira fundo, Rose. É agora, não é? Ai. Meu. Merlin.
Viro-me lentamente para Lily e pergunto:
- Lily, seja sincera. Como está o meu cabelo?
- Perfeito.
- Estou bonita?
- Você sempre está.
- Minhas roupas?
Ela se inclinou um pouco na minha direção e concertou minha camisa, que estava um pouco amassada e dobrada. Ela sorriu, e depois disse com uma cara muito séria:
- O que você é?
- Eu sou uma Weasley tripla. Bonita, gostosa e esperta, e não vou deixar esse loiro me escapar.
- É isso aí, priminha. - Ela disse depois de uma pequena pausa e com um sorriso enorme no rosto - Estou tão orgulhosa de você! Queria que Domi estivesse aqui pra poder te ouvir dizer isso...
- Chega de drama, Lily. Nesse momento tem um loiro lindo e fofo me esperando.
-Ok, Rose! Boa sorte!
- Obrigada!
Fui me distanciando, me contendo para não parecer muito feliz. O que foi em vão, é claro. Eu estava quase a ponto de sair dando pulinhos por aí, igual a uma maluca.
Cheguei em frente ao buraco do retrato e empurrei a porta. Olhei pra o lado e lá estava ele. O meu loiro favorito. Gárgulas galopantes, que tia Fleur, Domi, Louis e Vic não me ouvissem falando isso! Eles iriam ter um ataque.
- Rose! – Ele era tão lindo fazendo aquela carinha de cachorrinho feliz! - Que bom que você veio! Eu achei que você estava zangada comigo!
- Sim, eu estava, mas eu decidi te perdoar.
- Ah que ótimo, porque eu preciso da sua ajuda.
Como assim ele precisava da minha ajuda? Ele não estava aqui pra me convidar pro baile? Eu franzi a testa e dei um passo pra trás. Aquele Malfoy era muito burro. Os pais dele deviam ter sangue de troll, santo Merlin!
Ele percebeu a minha inquietação, e se aproximou lentamente, tirando alguma coisa do bolso.
- Sabe, é que tem essa garota... Ela é muito especial pra mim, mas é que tem um probleminha...
- Ah, tem? – Perguntei erguendo as sobrancelhas.
- Aham. É que... – Ele levantou o que estava segurando para que eu pudesse ver, - Eu não sei qual gravata colocar junto com o meu terno pra ir com ela no baile.
Ele segurava duas gravatas, uma verde com listras pratas e a outra preta e verde. Eu o fitei, incrédula e estreitei os olhos.
- Scorpius. Hyperion. Malfoy. Depois de todo esse tempo, essa é o seu melhor jeito de me convidar para o baile?! Pode ir voltando para as masmorras agora e ir pensando em um jeito melhor de fazer isso!
Deixei-o em frente ao quadro da Mulher Gorda estupefato e entrei na Sala Comunal.
Ele tinha me convidado pra o baile. Ele tinha me convidado pra o baile. Ele tinha me convidado pra o baile. Ele tinha me convidado pra o baile!
A realidade conseguiu entrar. Parei. Dei meia volta. E saí correndo de volta.
Abri a porta mais uma vez, olhei para o lado. Lá estava ele, ainda com as duas gravatas na mão, as sobrancelhas franzidas, provavelmente tentando pensar no que exatamente tinha dado errado dentro de seu plano brilhante.
- SIM!
Corri e o abracei pelo pescoço. Ele me girou no ar e perguntou ainda um pouco confuso:
- Então isso quer dizer que você não quer outro convite? – Suspirei, com um sorriso nos lábios.
Esse Malfoy não tem jeito mesmo.
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