Bem vinda ao lar.



(narrador)


– Bom – disse Ron. – Está é a minha casa. É bem pequena, mas é confortável. 


Disse ele apontando para a casa no qual estavam parados logo em frente. A rua era daquelas onde todas as casas eram disciplinadamente idênticas exceto por alguns detalhes mínimos que Hermione imaginou ser uma estratégia dos próprios donos para não confundirem suas próprias casas com as do vizinho. Era uma rua larga. A distancia de uma casa para a casa em frente era o suficiente para estacionar folgadamente uns quatro carros. As calçadas eram arborizadas e o sol parecia residir sempre ali.


Ron caminhou pelo piso de pedra que o levava da calçada até a porta da frente e Hermione o seguiu. A casa era realmente confortante. Um piso de taco envolvia o corredor bem iluminado até uma porta a esquerda que Ron disse ser a sala, e encerrava ao pé da escada, onde começava um belo carpete em cor creme. 


– Aqui fica a cozinha. – disse Ron levando Hermione a uma porta no final do corredor. A cozinha também dava passagem para sala. Ele voltou-se novamente para perto da escada, apontando para uma pequena porta que ficava abaixo dela. – Aqui é... Bom, aqui é onde Hugo e eu guardamos... tudo aquilo que não sabemos onde guardar. Vou te mostrar os quartos, vem. 


Hermione assentiu, seguindo-o até o andar de cima. A escada levava a mais um pequeno corredor.


– O meu quarto é aquele ao final do corredor. – Disse Ron. – Esse aqui é o do Hugo. – Ele apontou para uma porta a sua direita com alguns desenhos de carros espalhados. – Voce pode ficar com o quarto enfrente ao dele. É o nosso quarto de hospedes. Sinto muito, mas ele não é tão acolhedor, mas podemos melhora-lo caso você fique conosco. 


– Está ótimo, Ronald. – disse Hermione com um sorriso.


– Poderemos pinta-lo depois, colocar um colchão melhor e novas roupas de cama. 


– Posso trazer as minhas. 


– Ótimo, assim você se sentira em casa. Bom, está na hora de buscar Hugo. Quer ir comigo? Assim você aprende o caminho. Não é muito longe, fica só a duas quadras daqui. Podemos aproveitar e deixar seus dados para que você seja autorizada a busca-lo. 


– Por mim tudo bem. 


– Então vamos.


De inicio, caminharam até o fim da rua em silencio. Vez ou outra, algum vizinho gritava um comprimento a Ron que lhes respondia com um aceno e logo voltava-se em um murmuro para fazer algum comentário a Hermione. Em geral aquele era um lugar tranquilo para se viver. Parecia uma outra galáxia, um lugar bem distante da agitada capital Britânica. 


Quando viraram a esquina foi que Ron decidira por quebrar o silencio. 


– Então veio para Londres a estudo? – perguntou ele.


– A principio sim. Mas me parece um ótimo lugar para se viver. 


– Primeira vez aqui? 


– Sim. Bom, não. Vim uma única vez quando pequena, mamãe estava a procura de um emprego e não tinha com quem me deixar. Mas eu era pequena o suficiente para não me lembrar.


– Agora terá tempo o suficiente para não se esquecer mais. – ele disse sorrindo, mas sem olha-la. 


– Você nasceu aqui? – perguntou Hermione. 


– Não, sou de Devon. Toda a minha família vive lá. 


– Gosta de lá? 


– Muito. – Respondeu ele parecendo sonhador. – Quando mais novo eu confesso que aquele lugar as vezes me entediava. É um condado afastado quase rural e não se tinha muito que fazer. O que salvava era a família volumosa. 


– E agora?


– Agora é uma espécie de refugio. Quando me sinto cansado, nervoso ou triste... aquele lugar parece sanar tudo. Eu voltaria para lá todos os dias depois do trabalho se eu pudesse. 


– E a... mãe do Hugo? – perguntou ela um pouco sem jeito. Talvez estivesse perguntando demais levando em conta que mal se conheciam, mas já tinha feito e se eram pra se conhecer, que assim fosse. – Vocês são separados? 


– Viúvo. Ela morreu há dois anos. 


– Eu... Sinto muito. – É, talvez ela não devesse ter perguntado, pensou. 


– Tudo bem. As vezes não sei bem como lidar com esse assunto com Hugo. Penso que seria bom falar sobre ela com ele, mas depois me pergunto se ele não é pequeno demais para que eu o lembre todos os dias de uma pessoa que ele nunca mais vai ver.


– Agora é uma espécie de refugio. Quando me sinto cansado, nervoso ou triste... aquele lugar parece sanar tudo. Eu voltaria para lá todos os dias depois do trabalho se eu pudesse. 


– E a... mãe do Hugo? – perguntou ela um pouco sem jeito. Talvez estivesse perguntando demais levando em conta que mal se conheciam, mas já tinha feito e se eram pra se conhecer, que assim fosse. – Vocês são separados? 


– Viúvo. Ela morreu há dois anos. 


– Eu... Sinto muito. – É, talvez ela não devesse ter perguntado, pensou. 


– Tudo bem. As vezes não sei bem como lidar com esse assunto com Hugo. Penso que seria bom falar sobre ela com ele, mas depois me pergunto se ele não é pequeno demais para que eu o lembre todos os dias de uma pessoa que ele nunca mais vai ver.


– É só não falar como se ela um dia fosse voltar. Deve ser franco com ele e ele irá entender. Nos dias atuais, não devemos subestimar a inteligência das crianças. 


– Sem duvidas. 


– E você ficou sozinho desde então? 


– Sim. Mamãe e Gina sempre me dizem que eu preciso de alguém, mas eu continuo solteiro. 


– Imagino que deve ser dificil sentir por outra o mesmo que sentia por ela. 


– Na verdade eu nunca a amei. – ele soltou um riso abafado pelo nariz como se aquilo fosse uma piada dita em um momento proibido. – Não como esposa. Nos éramos grandes amigos que um dia abusaram do álcool e acordaram juntos no dia seguinte. Foi apenas uma noite, mas deveríamos ser muito bons no tiro ao alvo porque foi naquela mesma noite que fizemos Hugo. Ela descobriu estar doente quando Hugo estava prestes a completar um dois. Tinha uma doença terminal e eu decidi me casar com ela para que ela pudesse ter uma família estável, como ela sempre quis. Sempre nos amamos como amigos. Ela morreu três meses após o aniversário de dois anos do Hugo.


– Então você nunca se casou de verdade? Quer dizer...


– Não. Com essa coisa de trabalhar e cuidar de um filho pequeno, fica bem dificil conhecer alguém. As vezes é claro que eu me sinto sozinho, mas quando olho pro Hugo eu me sinto egoísta. Ele tem muito mais necessidades do que eu, ele é a minha prioridade. Então procurar mulheres acaba sendo um item rebaixado na minha lista. 


– Tudo tem a sua hora, não é assim que dizem? Mamãe sempre diz que o amor é muito melhor quando as duas partes se encontram sem que um espere ou procure pelo outro. 


– Espero que ela esteja certa.


Não demorou muito até chegarem à escola de Hugo. Era realmente perto como Ron dissera, mas ainda faltavam quinze minutos para o termino da aula. Ron aproveitou o tempo para ir com Hermione até a secretaria e deixa-la oficialmente autorizada a buscar Hugo em seu lugar.

Ao soar do sino, o até então pátio deserto e silencioso transformou-se em um mar de crianças eufóricas e barulhentas que pareciam perdidas entre tanta gente. Hermione arregalou os olhos assustados pensando se realmente seria possível encontrar Hugo no meio daquela multidão, mas logo seu coração se acalmou quando Ron disse:

– Ali está ele. Eu agradeço todos os dias por ele ter o meu cabelo, fica muito mais rápido de achar.

Hugo pareceu reconhecer o pai também, pois seu sorriso se abriu e ele caminhou driblando os colegas em direção a Ron. Ele mantinha os braços abertos e Ron o abraçou, erguendo-o e o encaixando em seu colo.


– Hey grandão. Como você está? Se lembra dela? – perguntou Ron indicando Hermione com a cabeça. – Ela ficara conosco por algum tempo.

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(narrado por hermione)

Acabei voltando para a casa de Ronald com ele e Hugo. O trajeto de volta me pareceu bem mais rápido e descontraído. Hugo estando conosco, resolvemos deixar os assuntos mais sérios para ser conversado depois. Ronald me convidou para almoçar com eles em casa e logo depois descobriu que não havia almoço. Eu me ofereci para ajuda-lo a fazer, mas ele se recusou. Alegou que a fome era grande demais para esperar e então resolveu comprar. Não demorei muito para não abusar da hospitalidade e logo anunciei que iria para casa da senhora Figg. Ele até se ofereceu para ir comigo buscar minhas coisas caso decidisse ficar por lá no mesmo dia, mas depois de muitos “não quero incomodar” da minha parte e “não será incomodo algum” dele, resolvemos que eu me mudaria no dia seguinte logo pela manhã e ele me buscaria.





Já estava tudo preparado. Malas prontas, objetos pequenos empacotados. Tudo colocado em um canto ao lado da porta em um sinal nítido do meu desespero para sair daquele quartinho o mais rápido possível.


Era um pouco mais de oito da manhã. Ronald disse que viria por volta das dez, mas eu não tinha muito que fazer além de espera-lo. Desdobrei e redobrei roupas, reorganizei livros, verifiquei pelos cantos do quarto para me certificar de que nada fora esquecido. Nada, nada havia sido esquecido e eu já não tinha mais com o que me distrair. Decidi passar o pouco tempo que me restava com a Sra. Figg, mas pra minha surpresa e alivio ela apareceu à porta para me dizer que havia um rapaz a minha espera. Me senti repentinamente mal por minha pressa em ir embora. Agradeci a Sra. Figg por toda ajuda que me deu até então e ela pareceu feliz em se sentir útil e se ofereceu para me ajudar com as malas. Quando cheguei próximo ao portão, parei. Senti o desanimo tomar conta de mim novamente. O rapaz que a Sra. Figg dizia estar me esperando não era Ronald. Eu nem ao menos o conhecia. Tinha cabelos negros e despenteados demais, fiquei me perguntando se era um penteado proposital ou ele desistira de tentar doma-lo. Ao me ver, ele deu um aceno e seus lábios se alargaram em um sorriso tímido, fazendo com que seus óculos de aro redondo desse um leve tremular. Ele se aproximou do portão ao ver que eu não me movia.

– Hermione, certo? – ele me perguntou e continuou a falar sem que eu respondesse. –Sou Harry. Ron me pediu pra que viesse te buscar, teve um imprevisto no trabalho. Gina ficou com Hugo enquanto isso.


Senti o alivio me dominar outra vez e sorri. Harry, marido de Gina. Consegui me lembrar do dia no parque em que ela me dissera que o nome do seu filho seria James, segundo nome de Harry e de seu já falecido pai.



Minha timidez em relação à Harry, e a dele comigo não durou muito. No inicio do trajeto permanecemos em um silencio incomodo, mas logo Harry tratou de tentar uma conversa. Perguntou sobre mim, minha família, meus poucos dias em Londres. Me contou sobre ele e sua relação com Gina, sua amizade com Ron e o quanto tinha apreço por todos os Weasley.


– Ron é meu melhor amigo desde o colégio. Eu morava com o meu padrinho na época, era a única família que eu tinha e Ron havia se tornado um irmão pra mim. – ele dizia dividido entre a felicidade e melancolia. – Molly e Arthur, os pais de Ron, são como se fossem os meus também. Tem sete filhos e sempre me trataram como um deles. É como eu me sinto, um deles. Exceto pela cor do cabelo.


– Então sua relação com Gina é mais antiga que eu imaginava. – comentei.


– Sim – disse com um sorriso sonhador que logo se transformou em uma risada de deboche. Deboche de si mesmo. – Mas fui um pouco... Lento. Ron sempre me disse que Gina começou a gostar de mim antes mesmo de me conhecer, apenas pelo que Ron contava quando voltava da escola. Eu tinha apenas onze anos, garotas não eram prioridades na época. Gina tinha apenas dez, mas sempre fora mais madura. Em todos os sentidos. – Harry sempre parecia meio bobo ao falar de Gina. Como se tivesse acabado de conhecê-la, de se apaixonar. – Demorei seis anos pra nota-la. Justo no momento em que ela parecia ter desistido de esperar. Ela havia se tornado uma garota linda, segura de si e muito popular entre os garotos. Isso me irritava e irritava muito o Ron. Ele sempre foi ciumento demais. Foi uma das coisas que me impediu de ficar com Gina antes. Não queria perder o respeito do meu melhor amigo. Mas eu já falei demais, me conte de você. Namora? Esta noiva?


– Oh não,não. Solteira de tudo. Tive meus casos, é claro. Mas nada como o que você tem com a Gina. Nunca foi algo tão forte assim.

– Isso não me surpreende. – ele disse. Confesso que me senti ofendida de inicio, como se eu fosse destinada a ser uma solteirona. Como se homem nenhum fosse me cobiçar. Harry pareceu ler meu pensamento – Não se ofenda. Digo porque você me parece o tipo de garota reservada. Não é do tipo que perde tempo com algo que sabe que não terá futuro.


– É, acho que sim. – concordei.


– Sente falta?


– Às vezes sim, não vou negar. – eu disse. – Normalmente, quando estou focada em serviço e estudo, não. Mas quando vejo casais que dão tão certo quanto vocês, me pergunto se meu momento ainda está longe.


– Agora você está em uma cidade grande. Irá começar uma vida nova. Talvez aconteça mais rápido do que você imagina.  – ele disse sorrindo, mais otimista do que eu.


Logo o carro de Harry já estava estacionado de frente a casa de Ronald. Pude ver quando Gina abrira a porta sorridente antes mesmo de sairmos do carro. A cabeleira ruiva de Hugo apareceu ao seu lado. Harry me ajudou a levar as malas para dentro.


Gina me acompanhou até o quarto onde eu ficaria e me surpreendi ao ver tudo arrumado, bem diferente do que eu vira um dia antes. Me perguntei se fora ela ou Ronald quem havia limpado e organizado tudo para minha chegada, mas eu apenas agradeci por terem feito.
Voltamos para a sala onde Harry brincava com Hugo no tapete.


– E então, o que achou? – perguntou Gina sentando-se no sofá atrás de Harry, que encostou as costas na perna da esposa.


– Sobre o que? – perguntei sem saber a que ela se referia exatamente. Sentei-me no sofá oposto ao que ela estava.


– Meu irmão. – ela disse.


– O que quer dizer?


– O que achou dele? Do emprego, da casa? Sei que não era o que você esperava, mas... – Harry continuava a brincar com Hugo, ela admirava os dois como se não estivesse falando comigo. Pude notar que ela tentava visualizar como Harry seria com James quando este nascesse.


– Bom, talvez seja melhor do que eu esperava. Digo, ele me ofereceu bem mais do que eu esperava. A casa é ótima. E Hugo também.


– As vezes. – ela levantou os olhos para me encarar. Estava mais séria do que eu acostumei a vê-la no pouco tempo que a conhecia.


– Como assim?


– Hugo perdeu a mãe muito cedo. Ron teve que se desdobrar para dar conta de tudo e ao mesmo tempo não ficar ausente, mas a idade de Hugo exige essa atenção. Ele sente falta do pai, tenta chamar atenção da maneira que pode.


– Quem sabe ele não melhore agora que está em sua própria casa? – Aquilo me preocupava. Esperei que ela concordasse comigo, que me desse uma resposta positiva.


– Pode ser. – respondeu. Não tão confiante, mas otimista. Seu habitual ‘’bip bip’’ do despertador tocou e ela o desligou enquanto se levantava. – Bom, eu preciso ir. Exames de rotina. Ron disse que voltaria na hora do almoço, o telefone dele está ali ao lado da televisão. – ela disse apontando para um bloquinho de folhas coloridas ao lado da TV. – Tem o meu e o de Harry também, caso você precise.


– Ok, obrigada. Boa sorte. Foi um prazer, Harry.  Tchau, Jamie. – fiz um leve carinho na barriga rígida de Gina.


– Nos vemos depois, Hermione. – disse Gina me dando um beijo na bochecha. – Bem vinda ao seu lar. 


 

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Comentários (3)

  • lumos weasley

    Gostei da fic por favor continua!

    2013-04-09
  • Lana Silva

    Ameiii o capitulo *------------------------* A Gina e o Harry parecem que já estão sentindo que a Mione e o Rony terão algo... Bem eu gostei bastante da Mione e  do Ron conversando e de ela estar com expectativa pelo emprego, aposto que vai ser algo bem bonitinho a amizade que ela provavelmente vai fazer com o Hugo e quero ver mas disso tá ótimo flr :)Bjoos! 

    2013-02-09
  • Lu Ranhosa

    Awwwn que capitulo lindooo,obrigada por postar rapido vc se preocupa com suas leitoras,continue assim,nossa a cada capitulo o negocio vai esquentando,to amando.

    2013-02-08
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