Capítulo 08



Capítulo oito: AGRADECENDO O NADA


As aulas voltaram ao normal depois do baile, que com toda a certeza foi o mais comentado da história. A professora McGonagall anunciou a pontuação dos monitores-chefes, e aproveitou para dar alguns pontos extras para suas respectivas casas, tamanha publicidade que eles haviam gerado.


Durante o ano novo houve uma pequena pausa nos estudos de dois dias, e muitos dos alunos foram para um passeio em Hogsmeade. Desde a detenção, Draco e Hermione só se viam nas aulas. Não trocavam olhares nas mesas durantes as refeições, e nem mesmo se comprimentavam entre a troca de uma matéria por outra. Eventualmente trocavam uma ou outra palavra, cordialmente, no meio dos outros monitores, mas os assuntos eram extremamente profissionais, e não sentimentais.


Embora eles não quisessem mesmo se falar, algumas aulas em Janeiro chegaram com alguns trabalhos que tinham maior porcentagem na nota dos alunos. Eles ainda teriam que prestar os NIEMs, e os trabalhos eram uma ótima opção para auxiliar os alunos com os estudos.


Em uma das manhãs livres do fim da primeira semana de janeiro, Harry e Rony preocuparam-se em atualizar suas regras táticas para o time de quadribol da grifinória, e eles foram para o campo bem cedo. Hermione ficou de encontrá-los perto das dez horas, mas acabou se demorando na leitura de um livro na noite anterior, e não se acordou a tempo. Quando levantou, acordada por uma Gina preocupadíssima e muito suada, que acabava de voltar do treino matinal.


A morena foi até o banheiro fazer sua higiene, e desceu para o Salão Principal para encontrar o namorado e os melhores amigos para o almoço. Surpreendeu-se ao perceber que não estava com fome, mas colocou alguma coisa em seu estômago. Sua vontade de olhar a mesa da sonserina era enorme, porém ela não daria esse gosto ao Malfoy. Comeu rapidamente, e afastou o prato de perto de seu campo de visão.


- Vamos estudar hoje? - propôs para o ruivo ao seu lado, e o moreno em sua frente. Rony colocava uma garfada de purê de batatas na boca, e quase se engasgou.


- Mione - falou com dificuldade, já que estava com a boca cheia - Estudar? Hoje? Eu tinha planos de darmos uma volta - falou muito vermelho. Engoliu a comida, e voltou a falar - E você nem apareceu no treino hoje de manhã.


- Eu passei a noite lendo. Encontrei um livro encantador na biblioteca sobre a Era Medieval, com alguns depoimentos de bruxos da época.


- Fascinante- o ruivo falou xateado.


Harry encarou o amigo em silêncio por longos minutos, e resolveu limpar a garganta.


- Vocês deveriam ir para Hogsmeade. A professora Minerva está ficando boazinha nesse início de ano e permitindo diversos passeios seguidos. Acho que seria bom vocês irem dar uma volta na loja de Jorge.


- É uma ótima ideia. - Rony assegurou.


- Eu realmente gostaria de ficar estudando. Temos muitos trabalhos para fazer, e eu quero que meus NIEMs sejam tão bons quanto os NOMs.


- Hermione - alguém chamou. A morena levantou os olhos e observou Gina. - Você ainda tem bastante tempo para estudar para as provas. Por que não aproveita para sair com o Rony?


Ela parou para pensar um pouco. Se conhecia Gina e o tom de voz que ela estava usando, era para que ela refletisse. Há quanto tempo que ela não ficava perto do namorado? Eles ainda estavam namorando? Estavam, e o ruivo era muito importante em sua vida. Ela timidamente aceitou o convite.


Naquela mesma tarde, eles dois saiam para o povoado. Dentro da filial da loja de logros de Fred e Jorge, que havia sido montada em Hogsmeade no lugar da Zonko's, o casal encontrou diversos terceiranistas se divertindo à beça com as brincadeiras. Hermione parecia ter visto Draco em algum canto, mas descartou a possibilidade: a loja era muito animada para a personalidade dele.


Todo o canto lembrava o irmão falecido de Rony, mas eles preferiam não lembrar disso. Aquele momento seria de descontração, e eles selariam a volta de Hermione em tempo integral para os braços do ruivo - pelo menos até o início das provas.


- Cunhadinha! - anunciou Jorge atrás do balcão da loja, ao se deparar com Rony e Hermione.


- Oi Jorge. Como vão as vendas? - ela perguntou sorrindo, realmente feliz por iniciar uma conversa amistosa com o Weasley, mas não sabendo como reagir ante a realização do sonho dele e do irmão morto.


- Como vocês podem muito bem ver, eu nasci para o mundo dos negócios. Brincadeiras são necessárias em todos os momentos. Meu novo lema é: "Ocupe-se, pois mente vazia atrai lembranças do passado".


Era óbvio que ele se referia à Fred, mas isso era um assunto que não precisava ser comentado no momento. Os negócios iam realmente bem, e uma pintura do ruivo identico a Jorge, encontrava-se em tamanho gigante no alto da parede. Rony suspeitava que ali havia ou uma passagem secreta para Hogwarts, ou o cofre da loja.


- E a mamãe e o papai? - questionou Rony.


- Estão bem. Na verdade, eles estão muito felizes. Fleur está grávida.


- Que excelente notícia! - celebrou Hermione, entusiasmada. Uma das únicas coisas que poderia fazer a família Weasley se animar nesse momento, era um nascimento do primeiro neto. Aliás, primeira neta. Molly e Arthur consideravam Teddy Lupin como parte da família, assim como Harry e Hermione.


- Dê os parabéns à ela e a Gui por mim.


- Mas vocês já estão indo?


- Sim - falou a morena. - Vamos passar na loja de quadribol para comprar uma poção para lustrar a vassoura do Harry, ele nos pediu. E depois iremos ao Três Vassouras, mas rapidamente porque temos de estudar.


- Oh, o Roniquinho aprendeu a se interessar por livros?


- E desde quando eu tenho escolha? Quando resolvi me envolver com Hermione, sabia que os livros e o estudo vinham no pacote. - ele falou e deu um selinho nela. Hermione ficou muito corada pela demonstração de afeto em público, mas não disse nada.


- Foi muito bom te ver, Jorge. Adorei o visual novo. - ela disse apontando as vestes novas de primeira mão, e os cabelos cortados de maneira rebelde.


Saíndo da loja, ambos foram para a loja de Artigos de Quadribol, como prometeram à Harry. Logo em seguida seguiram para o bar, mas esse estava lotado.


- Hermione, eu gostaria de falar com você.


- Pode falar - ela disse, olhando para baixo.


- Er...


- MONITORA, MONITORA! - gritava uma aluna do quarto ano da corvinal.


- Sim? - Hermione perguntou.


- Tem um garotinho passando mal dentro de uma das carruagens. Eu não sei o que fazer.


- Leve-nos até ele.


A menina saiu correndo, e foi seguida de perto por Hermione e Rony. Ao se aproximarem da carruagem em questão, um menino não aparentando mais de um ano os encarava, os olhos azuis e os cabelos de um roxo tímido, as feições claras e delicadas.


- Ted? - perguntou Hermione - O que você está fazendo aqui?


- Eu quelo ir pla Howars - ele falou batendo com um ursinho de pelúcia no banco da carruagem.


- Você não pode ir pra lá - disse Rony. - Você tem que voltar. Quem está aqui com você?


Ele nem precisou responder. Por entre a multidão que se juntara ao redor deles, vinha Jorge correndo ofegante.


- Ah, seu pestinha. Como foi que você saiu daquele galinheiro?


- Ele está com você aqui, Jorge? Como que a Sra. Tonks permitiu isso?


- Bem, ele está passando uns dias lá em casa. E hoje ele veio comigo. Mas não sei como escapou. - disse entrando na carruagem e tirando o menino de lá de dentro, que ficou com raiva e começou a espernear. Seu cabelo mudou de cor para um vermelho berrante enquanto ele se afastava com o tio postiço.


- Vamos voltar? - perguntou Hermione. - Já está tarde.


- Certo. - Rony concordou.


A noite caiu rapidamente. Hermione acendeu as velas em seu quarto, e puxou o livro que havia colocado em baixo do seu travesseiro. Tinha ainda alguns minutos para ler antes de o sinal que anunciava o jantar tocar.


Abriu a página demarcada, e começou a ler.


"O nobre cavalheiro que Artur se tornara era motivo de alegrias e festanças por todo o reino de Camelot. Não havia uma dama nobre em sua corte que não gostaria de ser desposada por ele. Não havia nenhum súdito que não sentisse honra em defendê-lo e serví-lo.


Foi um grande susto quando a querida protegida do Rei Uther, a jovem mais vigiada do reino se declarou apaixonada por ele. Quem diria que o ambos seriam capazes de amar?


Artur sempre se importou demasiadamente com os assuntos do estado. Seu pai o ensinara a desprezar todo e qualquer praticante de feitiçaria, e era entre esse dilema que se encontrava Morgana.


Seu curto envolvimento, entrelaçado pelas chamas do proibido despertou uma rebelião entre os fiéis do jovem Pendragon, de modo que ambos tiveram de se afastar. Após a suspeita morte de Uther, Artur se casou com uma plebéia, enquanto Morgana, condenada ao isolamento, afastou-se do Reino para criar sua prole proibida com o rei.


Artur nunca seria feliz com a princesa Guinevere, que o trairia mais tarde, com o Cavalheiro Lancelot, um dos participantes da Távola Redonda. E Morgana nunca encontraria sua paz enquanto o feiticeiro Merlin a procurava em nome do rei. "


- Hermione. Vamos jantar. - chamou Gina.


- Já vou, Gin. - respondeu, guardado o livro e saindo do quarto.


Ela não pode deixar de notar algumas semelhanças suas com a história de Artur. Ela e Draco eram diferentes demais. Ela era o que ele sempre desprezara. Ela sempre se importava demais com seus estudos, e em não ligar para as palavras dele.


Por outro lado, tinha a certeza de que seu destino não seria como o de Morgana. Poderia não saber a quantas ia o seu relacionamento com Rony, e desconfiar de que esse seria muito passageiro, mas iria aproveitar aquele momento, e não traria um relacionamento desconfortável para eles, como acontecera com Guinevere.


*********************


O dia seguinte para Hermione começou com uma aula de runas, outra de aritimância e dois tempos de DCAT, mas foi só na aula de poções depois do almoço, que a morena começou a achar o dia interessante.


Desde seu sexto ano as aulas de poções eram ministradas pelo professor Horácio, e até hoje ele mantinha um olho ambicioso em cima de seus alunos favoritos. As aulas do professor eram sempre apreciadas pelos alunos, que não tinham que se preocupar em ter um olho arrancado se fizessem alguma coisa errada na sala de aula. Alguns alunos ainda recebiam uma ou outra detenção apenas pelo disperdício de ingredientes, mas outros tinham suas experiências apoiadas pelo professor.


O laboratório na masmorra durante o sexto ano de Hermione, tinha pouquíssimos alunos realmente interessados na matéria, e agora que a guerra acabara, menos alunos ainda haviam retornado para a disciplina, e também para o castelo (apesar da educação ter sida obrigatória nesse ano, alguns nascidos trouxas ficaram demasiado amedrontados com os fatos ocorridos).


O corredor úmido ficou cheio de conversas dos alunos das diversas casas que frequentavam a sala das masmorras. O cheiro de uma poção nova poderia ser sentido há alguns metros de distância. Hermione estava acompanhada de seu melhor amigo e seu namorado. Entrou na sala de aula e sentou-se junto a Simas, enquanto Rony sentou-se com Harry, e mantinham uma conversa animada e tensa ao mesmo tempo. A garota não podia ouvir o que eles falavam, mas percebia a tensão de ambos.


O professor entrou na sala, limpando a boca com a manga das vestes. Alguns farelos do almoço estavam espalhados pela barriga, mas ele ignorou as migalhas, e se dirigiu para a turma com um sorriso.


- Boa tarde, classe. Hoje, nós iremos preparar uma poção diferenciada das outras, que eu já apresentei para vocês no sexto ano: Amortentia. Tenho certeza de que a Srta. Granger poderá nos dizer as propriedades dessa poção, não?


- Certamente. - respondeu, animada por poder prestar seu conhecimento à todos. - A Amortentia é uma poção que apresenta um cheiro característico e diversificado para cada pessoa, de acordo com o que mais a atrai. Ela é conhecida como "poção do amor", mas ela não gera realmente um sentimento tão forte, apenas uma paixonite, que faz com quem a bebe, ter vontade de atender todos os desejos de quem a prepara. Ela é como uma maldição Imperius.


- Sim, sim, está correta, Srta. Granger, 15 pontos para a grifinória. - o professor anunciou. - E hoje, é o que vocês irão preparar. Eu fiz um sorteio das duplas que trabalharão hoje, e vocês farão em conjunto a Poção do Amor. No final da aula, vocês terão de me entregar um relato sobre o cheiro que os atrai. Podem começar vindo aqui pegar o nome de suas duplas.


Harry foi o primeiro a chegar na mesa do professor, e retirou um papel da caixa que este segurava. Uma fila se formou atrás dele.


- Diga em voz alta. - declarou o professor.


- Dino Thomas.


- Excelente. - Dino saiu da fila e acompanhou Harry para uma das classes. Simas se aproximou e retirou um papel.


- Pansy Parkinson. - revirando os olhos, a garota o seguiu. Era vez de Blaise.


- Weasley.


Hermione deu um passo a frente, e retirou o papel, recebendo um sorriso do professor. Vendo o nome que havia ali, olhou para os lados, e sussurrou:


- Não posso trocar, professor?


- Você tem de aprender a trabalhar com qualquer colega, Srta. Agora diga para a turma quem é sua dupla, por favor.


- Malfoy.


Ela saiu da fila sendo seguida pelo loiro. Os dois sentaram-se juntos, e começaram a destampar os potes que continham os ingredientes da poção. Em alguns minutos, Hermione adicionava o necessário dentro de seu caldeirão, enquanto Draco picava, triturava, mexia e media os materiais.


Ao final da aula, todos os alunos engarrafaram e entiquetaram suas poções. Draco guardou o restante dos ingredientes, enquanto Hermione lavava e polia o caldeirão usado.
O professor abriu-as e foi sentindo o aroma de todas. Apenas três estavam aceitáveis: a de Draco e Hermione, a de Pansy e Simas, e a de dois alunos da corvinal.


Slughorn chamou os alunos para que, um por um, sentisse o cheiro da poção.


Até a vez de Hermione. Ela pensou ser desnecessária sua demonstração, uma vez que já havia dito o que a atraía.


- Eu sinto... - ela parou. Não tinha mais o mesmo cheiro de antes. - Cheiro de hortelã, vestes novas, e luvas de borracha usadas no quadribol.


Confusa, ela voltou para a sua cadeira ao lado de Malfoy. Mas o cheiro de hortelã não havia saído do contato com suas narinas. Ela sabia que aquele perfume era dele.


Rony foi o próximo a ser chamado.


- Reinaldo.


- Professor - ele disse, se aproximando de Horácio. Falou alguma coisa no ouvido do homem, e gesticulou alguma coisa vaga. Um sorriso cresceu nos lábios do mais velho, que concordou seguidamente com a cabeça.


Rony seguiu até o caldeirão.


- Eu sinto cheiro de livros... e perfume de rosas... Seu cheiro, Mione. - a morena corou quando ele disse isso, e alguns risinhos saltaram pela sala. Rony deu a volta na mesa, e chegou até o lado da namorada. - Herms, eu sei que é bem prematuro isso, mas eu não conseguiria passar mais um dia sem perguntar. Eu vou aceitar numa boa se você recusar.

- Ron... O que... ?


- Só escute, está certo?! Eu... Todos esses anos que nós passamos juntos, eu, você e o Harry, foram únicos pra mim. Eu sei que no início nós não nos dávamos muito bem, mas hoje eu me arrependo muito de tê-la chamado de "pesadelo". Hoje você é o meu melhor sonho. E eu quero muito viver perto de você. Para sempre. - e se ajoelhou, tirando uma caixinha do bolso. Hermione arfou com o gesto. Seu coração bateu descompassadamente.


"Você quer se casar comigo?"


As palavras saíram mecanicamente de seus lábios, assim como as lágrimas em seus olhos. Quando ela percebeu, estava com um lindo anel de rubi no dedo, e as mãos no pescoço do ruivo.


Alguns alunos aplaudiram. Blaise só olhou para Draco na mesa que o loiro dividia com a grifinória há alguns minutos. O loiro tinha a cabeça voltada para baixo, os olhos fechados com violência, e os lábios comprimidos.


Para sua sorte, o sinal soou, anunciando o fim da aula. Draco levantou-se rudemente, e fez questão de esbarrar em Hermione e Rony ao sair pela porta.


No corredor, Hermione e Rony se separaram com um beijo estalado. Ela iria para a biblioteca, e ele seguiria para seu tempo livre com Harry, onde ambos iriam praticar um pouco de quadribol. O próximo jogo contra a Sonserina estava chegando, e considerando que o time das serpentes vencera todos os jogos até agora, os grifinórios deveriam bolar uma estratégia brilhante para confundí-los enquanto Harry capturaria o pomo de ouro.


Incerta sobre como reagir, Hermione foi vagueando pelos corredores, sem pressa, até que ouviu alguém muito afobada chamando por seu nome. Ela se virou, e duas mãos eufóricas a abraçaram com força.


- Eu não estou acreditando, ele finalmente fez o pedido! - Gina suspirou enquanto seus braços circundavam a morena. - Há meses Rony está guardando o anel. Ele estava reunindo coragem. Oh Mione, finalmente seremos cunhadas de verdade.


Contagiada pela alegria da amiga, Hermione teve de concordar.


- Eu também não estou acreditando. Eu sinto o anel nos meus dedos, mas é tão surreal. Eu nunca imaginaria que ele faria o pedido na frente da sala de aula, por Merlin.


- Nem eu. Mas eu queria ter visto a cara dele.

- Então você encontrou com Rony e Harry antes de vir atrás de mim? - perguntou enquanto se encaminhava para a biblioteca. A ruiva tomou o mesmo trajeto que ela.


- Oh, absolutamente. Eu estava indo para o treino de quadribol, e o Harry me disse que havia acontecido, mas não entrou muito em detalhes. Eu nem perguntei se ele sabia onde você estava, já que era óbvio. Mas eu tinha que ser uma das primeiras a deseja-lhe parabéns. Então... Parabéns, amiga!


As duas se abraçaram novamente, e Gina se despediu, informando à amiga que iria de volta para o campo. Hermione percebeu que ela tinha deixado a vassoura diminuída dentro do uniforme de quadribol, e a fez voltar ao tamanho normal enquanto se afastava. Então, seguiu seu próprio caminho em direção à sala de estudos.


Chegando na biblioteca, deu um olá para Madame Pince, e começou a procurar um livro interessante. Passou pelo corredor onde ficara desacordada com Malfoy. Essa parecia uma realidade tão distante agora. Seu anel pesou em seu dedo. Havia tomado uma decisão. Ficaria com Rony. Não que tivesse pensado em largá-lo para ficar com Draco, mas agora que estava noiva, tinha certeza de que não iria preferir deixá-lo.


Então ela voltou à sala de aula. Lembrou-se como Draco havia reagido com a novidade. Ele ainda tinha alguma esperança que ela largaria Harry e Rony, e tudo o que eles haviam construído, só para ficar com o loiro. Era óbvio que ele estava errado. Mas de certa forma, ela se sentia mal pelo comportamento dele. Sabia que ele gostava dela.


Incerta, Hermione pegou um livro qualquer, e puxou uma cadeira na mesa mais próxima. Tentou se concentrar na leitura, mas as palavras não faziam qualquer sentido em seu cérebro. Malfoy. Draco Malfoy. Ele gostava dela. Ela estava noiva. Ela iria se casar. E tudo o que ele queria era alguém que gostasse dele. Sentiu-se mal por ele. Seu coração estava pesado.


Levantou-se. Iria encontrá-lo. Não sabia como, mas tinha uma leve intuição de onde ele poderia estar. Seu corpo não obedecia seus comandos, e mais tarde, ela não se lembraria do caminho. Apenas guardou o livro na mochila, e saiu pelos corredores.


Andou em direção ao terceiro andar. Sua respiração faltava, e seu coração batia descompassadamente. Encontrou a gárgula ali, parada. Parecia indefesa, e imóvel, mas ao tocá-la e empurrá-la um pouco para o lado, a pesada pedra deu-lhe passagem para a grande escadaria de pedras de mármore.


Ao chegar no último degrau, sentiu um frio involuntário. Olhou para a entrada que dava para o jardim secreto de Draco, e se surpreendeu ao perceber que não haviam mais as lindas flores e a tranquilidade que o local emanava. Agora havia dor, sofrimento, e uma enorme tempestade, que só se alastrava por ali.


- Draco? - perguntou se aproximando, e encontrou o loiro de costas para ela.


- O que você quer, Granger? - ele questionou, sem, contudo, se virar.


- Eu queria falar com você sobre o que está acontecendo, e...


- Eu não te falei que eu não queria que você viesse de novo para esse lugar? Ele é meu, Granger, eu que o encontrei. Você não tem nada a ver com isso. E eu não preciso falar sobre nada. Seu namoradinho a pediu em casamento, e isso não é da minha conta.


- Claro que não é, acredite, eu seria a primeira pessoa a dizer isso. Mas, eu só vim esclarecer a nossa situação sobre isso.


Ele se virou pela primeira vez, e ela se assustou com a imagem que vislumbrou. Os olhos dele estavam negros de raiva. Uma veia na testa estava saltada. Ele não parecia mais ser o Draco que se apaixonara por ela.


- E desde quando há uma situação nossa no meio dessa história toda, Granger?


- Gran... - ela pronunciou de repente. - Tudo bem, tá certo. Você me convenceu, Malfoy. Eu vou sair por esse caminho de onde eu vim. E então, eu realmente gostaria que você nunca mais viesse atrás de mim, nunca mais olhasse na minha cara. Eu vou me casar com o Rony no final do ano, e espero do fundo do meu coração, que você seja feliz.


Ela disse raivosa, e saiu batendo os calcanhares no chão.


Draco esperou ouvir o ranger da gárgula no corredor acima, para chutar um vaso de flor, que se desintegrou. Logo em seguida, ele se jogou no chão, agradecendo mentalmente por ter desistido de uma ideia maluca que o importunava. Ele não seria capaz de dar uma poção do amor para a Granger. Ele a amava, e fora tanto repentino quanto profundo. Ele gostaria de ver sua felicidade, acima de tudo.


- Obrigado - ele não tinha certeza do por quê dizer isso, mas sentia necessidade de agradecer à Hermione. Apesar de ela não estar mais ali.


**************
N/A: Sepá eu não sou a única pessoa que nunca imaginou o Rony fazendo um pedido de casamento no meio de uma aula. Mas pelo menos é melhor do que no Salão Principal. Eu tive para mim o pensamento de que ele deveria fazer uma amostra pública de afeto com a Hermione, desde que eu comecei a fic. Espero que gostem. Comentários, por favor. 

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Comentários (2)

  • Lizzy Black Salvatore

    Olivia Kaily Malfoy é, Hermione irá se casar com o Rony. E, bem, o Draco... O Draco pode vir ficar comigo, dou pra ele casa, comida e roupa lavada kk. Bem, vamos dizer que ele está arquitetando um "Plano Infalível", igual aos do Cebolinha da Turma da Mônica kkk. Continue acompanhando a fic. Beijinhos.  

    2013-02-08
  • Olivia Kaily Malfoy

    AAAAAAAAAAAAAAAA, a Hermione vai casar com o Rony, como assim? E o Draco, como fica nessa história? Coitado dele, se fosse eu, sequestrava ela u.u Aguardo o próximo cap. Ta muito fofa e to muito anciosa pra saber o que vem pela frente.  

    2013-02-08
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