17 anos depois...



 

 

O outono pareceu chegar de repente naquele ano. O vento gélido dançava com as folhas nos jardins. Na estação King’s Cross, carrinhos com grandes malas e gaiolas passavam por Harry e Teddy indo diretamente para a plataforma 9 ¾. Os dois companheiros seguiam o mesmo caminho silenciosos, porém com grande felicidade.

Harry indicou para que Teddy passasse primeiro, o jovem o fez e logo em seguida estava ao lado do Expresso de Hogwarts com seu padrinho logo atrás. Harry ajudou Teddy a colocar as malas no trem, logo que terminaram se virou para o afilhado.

- Nós nos encontramos lá, preciso passar na casa dos seus avós primeiro, dando a noticia de que você embarcou bem.

- A vovó se preocupa demais.

- E ela tem razão. Você quase não mandou noticias ano passado. Podia ter matado a sua avó por causa disso.

- Estava muito ocupado com as provas, além do mais sou monitor não é fácil achar um tempo livre sabe...

- Sei claro. Quando tinha a sua idade estava lutando contra comensais sem dizer que Voldemort estava na minha cola. Sei como é difícil. Harry disse ironicamente.

Teddy virou os olhos para o padrinho com desdém e deu uma risada.

- Tá bem! Entendi, vou escrever para não matar a velha do coração.

O primeiro apito soou, Harry abraçou o afilhado que tentava fugir do abraço.

- Para! Tá todo mundo olhando!

Harry o soltou rindo da vergonha do garoto. Teddy embarcou enquanto o segundo apito soava. E em um piscar de olhos o trem começou a partir.

Harry olhava e cada marcha que o trem dava seu coração apertava em uma mescla de perda e felicidade. Teddy era tudo que tinha agora.

- Harry!

Uma voz familiar o chamava animadamente, ele se virou e viu Hermione e o pequeno Hugo de mãos dadas, logo atrás vinha Rony. Ela o abraçou.

- Como você esta?

- Estou bem e vocês?

- Felizes! Exclamou Rony

Harry olhava para os dois que estavam com os olhos um pouco vermelhos e já adivinhou o por que.

- Foi difícil se despedir da Rosa não é?

- Ah! Harry como foi. Disse Hermione com a mão que segurava um lenço apertando-o contra no coração.

- Não se preocupem, tenho certeza que ela se dará bem. Afinal, ainda bem que ela puxou a inteligência da mãe.

- E qualquer coisa você estará lá para ficar de olho nela. Falou Rony

- Rony, ele não vai poder ficar olhando ela. Terá trabalho demais.

- Eu sei só quero dizer que...(Ele olhou para Harry sério) Por favor, não deixa nenhum aluno da sonserina chegar perto dela!

- Rony!

Harry ria.

- Eu fico de olho na Rosa.

- Valeu Harry.

Ele e os três Weasleys caminharam para fora da plataforma conversando. Na saída da estação se despediram. Harry foi até a cabine telefônica mais próxima. Olhou para os lados para ter certeza que ninguém o via e desaparatou.

Logo em seguida apareceu em frente a um casarão antigo em campo aberto, passou pelo portão e bateu na porta. Um senhor com cabelos louros desbotados e barrigudo atendeu.

- Harry! Chegou na hora certa, entre, entre Andrômeda esta fazendo chá.

- Obrigado, mas não posso demorar.

- Ah claro! Começa a lecionar em Hogwarts esse ano, não quer se atrasar para seu primeiro dia.

- Harry que esta aí? Por favor, entre Harry!

Uma voz feminina se aproximava. Sra. Tonks parou ao lado do marido gesticulando para Harry entrar.

Ele entrou relutante na casa, estava ansioso demais para fazer uma parada. Foi conduzido até a sala de estar onde a mesa estava posta com bule e xicaras, além de bolos e pães. Os três se sentaram.

- E o Teddy como embarcou? Sra. Tonks falava enquanto lhe servia um chá.

- Bem, ele esta bem.

- Se não fosse pelo meu estado de saúde... Adoraria ter acompanhado meu neto até a estação. Lamentava Ted.

Harry não sabia o que dizer, apenas sorriu forçadamente e tomou seu chá em grandes goles.

Sra. Tonks puxava conversa sobre a saúde do marido e de repente começou a falar do neto e da preocupação de o garoto não mandar noticias como havia feito no ano passado. Harry deixou de ouvi-la atentamente a 20 minutos, olhava seu relógio preocupado.

“Ainda dá tempo!”

Ted percebeu a agitação de Harry.

- Bem, não queremos tomar seu tempo. Creio que quer chegar cedo em Hogwarts.

- É, acho que é melhor eu ir. Só vim dar a noticia de que Teddy embarcou bem. Obrigado pelo chá Sra. Tonks.

Ted se levantou e acompanhou Harry até a porta, onde se despediram. Ele caminhou até o portão onde desaparatou.

Apareceu na frente do portão de Hogwarts, estava tão feliz de ter voltado que ria sozinho, logo a frente vinha Hagrid para abrir o portão. Harry entrou e antes mesmo de reagir foi agarrado pelos enormes braços de Hagrid.

- Harry! Quanto tempo! Estou tão feliz. Tenho certeza que será um excelente professor, aliás, será o melhor! Digo... Incrível mesmo.

Harry ainda preso nos braços do amigo mal conseguia respirar e falar.

- Oh! Desculpe. Hagrid disse soltando-o embaraçado. – Me empolguei Harry, é que é bom revê-lo!

Harry se recompunha enquanto arrumava suas vestes.

- É bom revê-lo também Hagrid.

Ele olhou o castelo iluminado estava mais bonito do que antes. Uma onda de satisfação e felicidade o atingia. Estava de volta para o seu lar.

Os dois caminhavam em rumo ao castelo.

- Quem diria! Harry Potter professor de Hogwarts! Eu não teria acreditado se não fosse você mesmo a me contar.

- Pois é, é difícil de acreditar. Nunca pensei em lecionar, estava feliz como auror, mas senti que já havia feito de tudo.

- Estava tendo muito sucesso! Creio que nada mais o surpreende então.

- É acho que não.

Chegando a entrada do castelo estava a diretora McGonagall, Neville Longbottom (agora professor de herbologia), professora Trawley, professores Flitwick e Slughorn. Esperavam os dois.

- Seja bem-vindo professor Potter. A diretora McGonagall dizia com um sorriso orgulhoso, a mão estendida para apertar a de Harry.

- Muito obrigado profe... Quer dizer...Diretora McGonagall.

- Hagrid, fui avisada que o expresso esta chegando à estação é melhor se apressar.

- Já estou indo diretora.

- Até mais Harry.

- Até Hagrid.

Hagrid seguiu seu caminho. Harry cumprimentou um a um, até os demais professores que logo chegavam.

- vamos para o salão esperar os alunos. Disse a diretora.

Neville segurou no ombro de Harry, não conseguia esconder a felicidade de reencontrar o amigo.

- Fico feliz Harry que resolveu lecionar. Tenho certeza que os alunos irão te adorar. Ter aulas com o próprio Harry Potter, isso me lembra da Armada de Dumbledore.

Os amigos seguiam para o salão relembrando os momentos que passaram na escola.

Harry se sentia mais a vontade do que nunca. Como se nunca tivesse partido. Apesar de ser estranho sentar-se a mesa dos professores e olhar o grande salão enfeitado com as velas sob um maravilhoso céu estrelado. Olhava as mesas das quatro casas, estava emocionado.

Passaram um tempo conversando.

- Bem, nos vemos daqui a pouco, sou eu que recepciono os alunos agora. Disse Neville todo orgulhoso  seguindo para o hall do castelo.

A porta do salão se abriu os alunos veteranos entravam e se se sentavam à mesa de sua casa. Na multidão ele procurava Teddy, o encontrou no meio de outros garotos tão altos quanto ele, seus cabelos de castanho passaram a pretos, estavam empolgados e não paravam de falar. Harry sabia muito bem o que era isso.

Esperavam todos os alunos se sentarem, eles olhavam curiosos para a mesa dos professores mais precisamente para Harry, pois era o único rosto novo,  ele sentia seu rosto corar, estava nervoso e tremia um pouco.

A diretora McGonagall pediu silencio e todos os alunos obedeceram de primeira, ela parecia mais severa do que quando professora. Harry logo lembrou que sempre achou que com a professora McGonagall não se podia brincar.

- Primeiramente quero dar as boas-vindas a vocês. E que estamos tão ansiosos quanto vocês para começar o ano letivo. Agora professor Longbottom trará os novos alunos para a seleção das casas. Os demais avisos serão dados depois.

Poucos minutos e a porta se abriu com Neville a frente dos calouros que olhavam boquiabertos para o salão. O chapéu seletor foi colocado a frente em cima de um banquinho por Flich. O Chapéu cantou uma de suas canções antes da seleção.

- Quando chamar seus nomes sentarão no banco e colocarei o chapéu que irá dizer em qual casa vocês irão. Disse Neville com um pergaminho à mão.

Foi chamando um a um, todos faziam a mesma cara de assustados. “Ana Molly Flechter”, “Daniel Guyton”, “Linda Netter”, “Filipe Constanzo”. E o chapéu falava “Corvinal!”, “Sonserina!”, “Lufa-Lufa!”...

Até que por fim chegou Rosa Weasley com seus cabelos ruivos brilhantes e olhos ansiosos. Harry não pode deixar de sorrir. Era difícil de crer que via a filha de seus melhores amigos ser selecionada. o chapéu falou "Grifinória!". Harry batia palmas freneticamente.

Depois de todos serem selecionados, a diretora se levantou para falar.

- Queremos dar as boas-vindas aos novos alunos, que Hogwarts se torne um lar para vocês, como é para muitos e foi para tantos outros. Esse ano terá um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, professor Harry Potter... Ela olhava para ele e aplaudia com grande orgulho.

Harry nervoso demais sorriu sem saber como e acenou rapidamente (ainda não gostava de ser o centro das atenções) ao imenso mar de aplausos e falatório dos alunos.

- Agora desfrutem desse banquete, tanto quanto possam, e espero que se lembrem da primeira noite em Hogwarts a sua passagem para um novo mundo. Um mundo de magia, e espero que pensem bem antes de escolher seu caminho. Aproveitem!

Todos aplaudiam as palavras da diretora enquanto atacavam o banquete com muita fome.

A mesa dos professores era tão deliciosa quanto às das outras mesas, além de ter cerveja amanteigada, o que não tinha na mesa das casas. Harry se servia de um peru recheado e batatas sortidas, enquanto conversava com Neville.

- Então, sou o professor da casa agora. Dizia Neville se apossando de um gole de suco de abobora

-  Parabéns Neville!

Harry achava demais o amigo agora ser o professor responsável pela grifinória. Desejava um pouco aquele cargo.

- Professor Flitwick continua com a Corvinal, Slughorn com a sonserina. Septima Vector agora é responsável pela Lufa-Lufa.

- Não acredito que Septima e Slughorn não tenham se aposentado.

- Slughorn disse que depois daquela batalha sua vida mudou e não quer mais parar de lecionar e Septima... Bem... Acho que só vai parar quando morrer e olha lá, ainda é capaz de lecionar morta. Neville falava levando uma garfada cheia de carne com pimentões a boca. – O nosso time de quadribol não anda tão bem. Perdemos  dois anos seguidos para a corvinal, dá para acreditar? A única coisa que me consolou é que faz muito tempo que sonserina não ganha.

Era visível que Neville ainda tinha sentimentos pelas casas. Mas tinha uma reputação tão grande de ótimo professor que escondia bem. Era só para o amigo recém-chegado que mostrava seus sentimentos.

Harry imaginava o time de quadribol e de como era uma pena não estarem ganhando.

O banquete terminou, os monitores das casas levavam os calouros, os demais se mesclavam com as outras casas e conversavam ainda empolgados. Harry viu Teddy guiar os calouros para o salão comunal da grifinória. O garoto deu uma olhada rápida pra o padrinho e acenou partindo. Harry acenou de volta. Ele reparou também que os alunos da sonserina não se misturavam muito.

“É, tem coisas que não mudam”.

- Boa noite Harry. Amanhã será um dia cheio.

- Boa noite Neville.

Ele seguiu seu caminho para a torre onde fica a sua sala. Havia a arrumado uma semana antes. Em um canto tinha um baú trancado, lá dentro tinha um bicho-papão que caçou em um vilarejo perto de Hogsmeade em tempos atrás.

Subiu para seu aposento que havia arrumado a seu gosto, quadros de amigo espalhados pelas paredes, era um aposento até que luxuoso. Parou em frente a janela que dava para o lago, e o olhou brilhava pelos reflexos da lua e das estrelas, era uma noite bonita e memorável.

Voltou para o lugar que pertence.

 

G.C.Pezzatto - 24/08/11

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