Prólogo



Meu nome é Emma. Não Emily, nem Emília, apenas Emma. Ah, você não gosta? Bem vinda ao clube. Tá legal podem rir, eu ainda tenho um diário. Você provavelmente já teve um, e deve ter esquecido de sua existência em no máximo três semanas. Emma, a anormal, tem o mesmo diário desde os sete anos. Emma, a anormal, fala em terceira pessoa. Emma, a anormal, é simplesmente a última pessoa que ela queria ser neste momento. O caso é, eu sou trouxa. Meu irmão é trouxa. Meu gato era trouxa até eu testar a teoria de suas supostas sete vidas e jogá-lo pela janela do décimo segundo andar. Mas isso foi há uns dez anos. Agora, seis anos depois, eu ainda sou trouxa, meu irmão ainda é trouxa, meu gato foi cremado porque eu sempre tive a sensação de que ele era claustrofóbico. As cinzas dele são trouxas. Eu vivo...Com bruxos. Mas sempre foi assim, quer dizer, meus pais adotivos eram bruxos, e adotaram a mim e ao meu irmão (já disse que ele também é trouxa?). Nós éramos realmente felizes, eu pelo menos era. Daniel, meu irmão (sim, ele tem um nome), sempre foi mais bonito. Olhos claros, loiro...Mas eu até convivia com isso. Porque, se você olhar no fundo dos meus olhos, eles até são ligeiramente verdes. Mas, enfim, nossos pais morreram em um acidente há um mês. Eu não entendo, eles eram bruxos...Bruxos, oras...Não poderiam se salvar, de alguma forma? Eu acho que não. E agora, eu e Dan vamos morar com mais bruxos. Centenas deles. O único parente vivo dos meus pais, nosso futuro tutor, é um tal de Rúbeo Hagrid, um meio – gigante. A pergunta é: Como eu poderia estar mais “feliz”? Morando com dois homens e meio, sozinha, sem minhas amigas, sem os caras gatos de sempre, sem meu gato trouxa, sem shopping...Parece que a Cinderela virou Gata Borralheira. E dessa vez, não tem volta.

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