Fazendo as pazes (PENÚLTIMO CA

Hermione acordou e olhou para o lado. Ele não estava mais la. Melhor assim, não precisariam ter a conversa tão cedo. Hermione queria acreditar em Rony, mas não seria tão fácil com aquela imagem do beijo em sua mente. Ela se levantou e colocou um roupão, logo depois foi direto para a cozinha. Chegando lá, seu coração disparou. Rony estava sentado à mesa, tomando um café e lendo o profeta diário.
- Bom dia. - Ele disse sem tirar os olhos do jornal. - Espero que não se importe, eu preparei o café.
- Bom dia. - Ela disse rapidamente. - Não me importo... É a sua casa também... Ainda.
- Sabe que temos que conversar não é? - Ele largou o jornal e a olhou. Seus olhos estavam especialmente azuis naquela manhã, e Hermione não sabia de onde ele tinha tirado tanta calma e paciência para conversar.
- Sei. - Ela se sentou de frente para ele. - Mas não sei se vai adiantar muita coisa... Eu vi tudo.
- Olha, eu ainda não sei exatamente o que você viu... Mas posso te garantir que não era eu.
- Com que provas você me garante?
- Com as mesmas provas que você me acusa. - Ele disse rapidamente, mas mantendo a calma. Hermione se calou por alguns instantes.
- Como quer que eu acredite? Eu queria acreditar Rony, queria mesmo. Mas... Eu vi ela te beijando. Só você estava com aquela fantasia.
- Quem garante? Você viu todas as pessoas da festa?
- Não...
- Então por que me acusa sem provas? Eu não estou te julgando por você ter se divertido com um homem desconhecido.
- Mas não era desconhecido. Era você.
- Mas você não sabia disso.
Mais uma vez, silêncio.
- Poderia ser qualquer outro homem, e mesmo assim você estava se divertindo.
- Eu não parava de pensar em você, nenhum momento. Algo me dizia que era você ali. Por isso me diverti.
- Tem provas? - Ele levantou a sobrancelha.
- Não...
- Viu? Você quer tanto que eu lhe dê provas das coisas, mas você também não tem provas. Provas não são nada Hermione. Confiança é maior ainda. Eu confio em você, acredito no que está me dizendo. Mas você não faz o mesmo por mim.
- É que é dificil Rony. É dificil. Depois que descobri que era você, aquela cena do beijo não sai da minha cabeça.
- Você é quem não quer tirá-la da sua cabeça. - Ele se levantou. - Vou buscar as crianças na casa de Harry e levá-las para A Toca. Espero que esse seu orgulho não te impeça de ver seus próprios filhos. - Ele disse dando um carinhoso beijo na testa de Hermione. - Até mais. - E assim, ele foi embora.
- Como eu posso acreditar em você Rony, como ?

 

 

Michel chegou na casa de Harry o mais rápido que pôde. Bateu a campainha várias vezes até que Gina abriu a porta, reclamando.
- Michel! O que aconteceu? - Ela se assustou com o rosto pálido do amigo.
- Gina, Rony está aí ?
- Chegou a poucos minutos, mas o que... ?
- Com licença, desculpe. - Ele entrou correndo na casa da Gina e foi até Rony. - EU DESCOBRI! - Ele disse quase gritando.
- Descobriu o que ? - Rony perguntou curioso. Harry e Gina se aproximaram para saber o que estava acontecendo.
- Pamela me contou que foi tudo um plano. Um amigo dela, um tal de Vítor, alugou uma fantasia parecida com a sua, e ele a beijou de propósito, para Hermione pensar que era você. Foi tudo combinado entre os dois. Ele ficaria com Hermione, e Pamela com você. - Ele recuperou o fôlego.
- Aquele filho da mãe! - Rony ficou vermelho. - Eu deveria... Eu deveria... MATÁ-LO! - Ele disse se levantando.
- Rony, calma... Você não quer ir para Azkaban por causa desse idiota não é? - Harry o acalmou.
- Azkaban? - Michel perguntou curioso.
- Explicamos depois. - Gina disse.
- Eu não me importo de ir para Azkaban, eu só quero matar aquele imbecil. Mas espera, Pamela te contou tudo isso?
- Sim.
- E como você fez ela contar?
- Er... Primeiro, digam que não irão ficar bravos comigo.
- Diga logo Michel! - Rony disse sem paciencia.
- Outro dia na casa dos seus pais, eu ouvi você e Harry comentando sobre um tal de Veritaserum. Achei fantástico terem inventado uma coisa que fazem as pessoas dizer a verdade. Então outro dia na casa de Hermione, eu vi um frasquinho dessa... coisa, e então eu peguei... Se caso precisasse. - Ele disse envergonhado.
- Isso é perigoso Michel. - Harry disse. - Poderia ser algo grave.
- Eu sei... Me desculpem. Mas não estou arrependido, se não Pamela não teria me contado nada.
- Olha, você não pode ficar ouvindo o que nós conversamos, pode ser muito grave pra você. - Harry disse.
- Como assim?
Harry olhou para Rony, que fez sinal positivo para ele. Resolveram contar toda a verdade para Michel. Demorou longos minutos para isso, e eles contaram a história resumida. Acharam que Michel iria cair na gargalhada e chama-los de loucos, mas não foi isso que aconteceu.
- Eu sabia que isso existia. - Michel disse empolgado. - Isso é FANTÁSTICO!
- É... Mas você não pode contar para ninguém Michel. - Gina disse.
- Já estamos quebrando várias regras só por contar isso. - Harry falou.
- Mas é claro que não irei contar. Todos vocês eu considero como se fossem da minha família, e família não se trai.
- Ótimo. - Rony disse se sentando.
- E então, voltando ao assunto de Hermione... Vai fazer o que sobre isso? - Gina perguntou.
- Nada.
- Como assim nada? - Michel perguntou.
- Nada, nada. Ela não quis acreditar nas minhas palavras, e isso já basta para mim.
- Ela está confusa Ronald. Achou ter visto você beijando outra... Ela não tem culpa.
- E nem eu. Ela deveria ter acreditado nas minhas palavras.
- Não acredito. Tudo isso pra nada! - Michel disse. - Harry, tem algum feitiço que pode jogar em Rony para que ele mude de idéia?
- Vários. - Harry sorriu. - Mas seria contra a lei, infelizmente.
- Droga. Então jogue um feitiço para que ele deixe de ser um idiota. - Ele disse olhando bravo para Rony.
- Isso eu faço com prazer. - Harry brincou.
- Olha eu já estou decidido. Não irei falar nada. Se ela não quer acreditar em mim, problema é dela. - Ele se levantou. - Vou levar meus filhos para A Toca. - Ele subiu as escadas.
- E agora? Fazemos o que? - Gina perguntou.
- Já sei o que devemos fazer. - Michel disse sorrindo.

 

 

Hermione decidiu não ir para A Toca nesse domingo. Estava com saudades dos seus filhos, mas ela não queria ficar no mesmo local que Rony. Não enquanto tudo ainda estava recente demais. Ela ainda se perguntava se era certo desconfiar tanto de Rony, mas não tinha outra alternativa. Estava abalada demais. Assim que sentou-se no sofá, a campainha tocou. Logo ela imaginou que era Rony, mas então se lembrou de que ele tinha as chaves, e não tocaria a campainha. Ela se levantou e abriu a porta.
- O que você está fazendo aqui?

 

 

Apesar da família estar toda reunida como sempre, Rony não estava animado. A essa altura ele já não tinha mais esperanças que Hermione fosse até la. E isso o deixou mais chateado.
- Então Michel, você me disse que já foi noivo... - Gina começou o assunto e todos na mesa olharam para ele.
- Sim, já fui.
- De uma mulher? - Fred perguntou abismado.
- Sim Fred, de uma mulher. - Ele riu.
- E como ela era? - Harry perguntou.
- Ah... Ela era encantadora... Um amor de pessoa. Conseguia me tirar sorrisos nas horas mais tristes. Tinha um sorriso lindo. Ela era linda. Tinha paciência como ninguém, a voz doce... - Rony não pôde deixar de sentir um aperto no peito.
- Mas o que aconteceu que vocês terminaram, querido? - Molly perguntou.
- Infelizmente ela faleceu. Teve câncer, e não tinha cura. - Ele disse com os olhos cheios de lágrimas.
- Isso é horrível. - Arthur disse sensibilizado. Todos na mesa não tiveram coragem de dizer mais nada.
- Ainda sinto muito a falta dela, todos os dias. Ficamos bastante tempo juntos. Até hoje quando me lembro do seu sorriso, da sua voz me acalmando, me da um aperto no coração. Mas ela está em um lugar melhor agora, e isso me deixa feliz... Pelo menos ela não está sofrendo.
- Deve ter sido difícil para você. - Rony disse, pela primeira vez.
- Foi Rony, muito difícil. Mas aproveitamos bem o tempo que ficamos juntos. Nunca brigamos, nunca ficamos afastados um do outro, e isso ajudou bastante. Por isso eu sempre digo para meus amigos: Aproveite enquanto ainda é tempo, porque o tempo não é eterno.
Rony ficou um tempo pensando no que Michel havia falado. Imaginou sua vida sem Hermione, imaginou como iria viver sem Hermione ao seu lado. Então seu coração ficou apertado... " Que se dane meu orgulho! " Ele se levantou imediatamente da mesa e saiu, sem dizer uma palavra.

 

 

- Eu ja disse para você sair ! - Ela tentava empurrá-lo para fora.
- Eu não vou embora enquanto você não me der uma resposta! - Ele entrou e fechou a porta.
- Você está louco? Que resposta? Não te devo nada!
- Eu já disse que mudei! Você tem que confiar em mim!
- Não me importa se mudou! Eu não quero nada com você! Eu amo o Rony!
- Mas ele não te ama!
- Ama sim!
- E você tem provas disso? - Ele perguntou bravo.
- Não preciso de provas! Eu confio nele!
- Olha, cansei de ser bonzinho com você. - Ele segurou os braços dela e pegou sua varinha. Com um aceno ele trancou a porta. - Você vai ficar comigo, por bem ou por mal. - Ele apontou a varinha para ela.
- Você não está pensando direito, solte essa varinha! - Ela disse olhando para sua varinha em cima da mesa.
- Ah não Hermione... Estou pensando muito bem. Muito bem mesmo. Agora diga que quer ficar comigo.
- NÃO!
- DIGA! - Ele gritou e então ouviu alguém batendo na porta.
- Hermione! Por que trancou a porta? Estou sem as chaves. Preciso conversar com você.
- É melhor você ficar calada... - Ele disse apontando a varinha para ela.
- Me obrigue! - Ela disse com raiva. - RONY! RONY EU ESTOU AQUI! ME AJUDA! - Ela gritou e então sentiu seu rosto dolorido. Ele havia batido nela. Sem forças para gritar ou para se levantar, ela ficou caída no chão... Rezando para que Rony tivesse ouvido. Mas pelo visto não ouviu... Estava tudo silencioso... Ele tinha ído embora.
- Viu? Do que adiantou você gritar? Ele não te ouviu.
- Você não é assim, o que está havendo com você? - Ela perguntou chorando.
- Eu cansei de te esperar Hermione. Cansei de esperar que você me ame...
- Eu nunca vou te amar. Não importa o que você faça!
- Veremos... - Ele apontou a varinha para ela, e antes de pudesse fazer algo, houve um estrondo e a porta foi ao chão. Rony entrou correndo com a varinha na mão.
- O que pensa que está fazendo, Krum? - Rony perguntou vermelho de raiva.
- Sempre chegando nas piores horas não é mesmo Weasley?
- Hermione, ele te machuou? - Rony perguntou com a varinha apontada para Vítor. Ela não precisava responder, Rony viu a marca dos dedos dele no rosto de Hermione. - VOCÊ... BATEU... NELA? - Ele perguntou pausadamente. Rony avançou para cima de Vítor e com as próprias mãos, tomou a varinha dele. - COMO VOCÊ SE ATREVEU A BATER NELA? - Ele gritava com os olhos fervendo.
- Como você é idiota Weasley. Eu nunca vou deixar vocês serem felizes. Hermione já gostou de mim uma vez, e pode gostar de novo, por bem ou por mal.
- Você me da nojo, Krum.
- Digo o mesmo de você.
- Você nunca mais vai chegar perto de Hermione. Nunca mais. - Ele disse com a varinha no rosto de Vítor, e teve que ser forte para não matá-lo ali mesmo.
- Ron... - Hermione chorava no chão. - Não faça isso...
Rony ouviu o choro de Hermione, e se lembrou do que Michel falou. Se ele matasse Vítor, ele iria preso, e Hermione sofreria ainda mais. Foi reconfortante ouvir a voz dela, a única que conseguia acalmá-lo.
- Hermione... Vá para A Toca. Diga para Harry que estou indo para o Ministério com esse idiota, que é para ele se encontrar comigo. Eu volto logo está bem? Você consegue fazer isso? - Ela afirmou com a cabeça e então Rony aparatou com Vítor para o Ministério.

- O que vai fazer comigo? Me dedurar para o Ministro? Boa sorte... - Vítor o provocou.
- Ah sim... Vou te dedurar para o Ministro... Mas você vai para Azkaban.
- Como assim? Você não pode me mandar para lá!
- Posso sim. Um bruxo descontrolado, ameaçando uma mulher, e a agrediu. Acho que você já tem alguns motivos para ir para lá.
- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!
- NÃO SÓ POSSO, COMO VOU! EU SOU UM AUROR SEU GRANDE IMBECIL, E O TRABALHO DE UM AUROR É COLOCAR BRUXOS COMO VOCÊ EM AZKABAN! - Ele gritou e então o Ministro apareceu.
- Rony? O que está acontecendo? - O Ministro perguntou assustado.

 

Hermione aparatou em frente A Toca. Com um pouco de dificuldade ela conseguiu entrar em casa.
- Por Mérlin! Hermione! - Molly e os outros correram até ela. - O que aconteceu, querida?
- Harry... Rony... Vítor... Ministério. - Foi o que ela conseguiu dizer, antes de desmaiar.

 

- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU PARA AZKABAN! - Vítor dizia com raiva tentando se soltar, mas felizmente, Rony era mais forte que ele.
- Isso não é uma opção sua. - O Ministro disse rude. - Tudo o que você fez hoje com Hermione Weasley vale por vinte anos em Azkaban.
- VINTE ANOS?
- E AINDA É POUCO! - Rony disse bravo. - Deveria passar a eternidade lá, e nunca mais nos perturbar.
- RONY! - Harry chegou correndo. - Vim o mais rápido que pôde. O que aconteceu?
- Como Hermione está? - Rony perguntou.
- Ah... Sim. Ela não está muito bem. Está muito abalada, desmaiou assim que chegou. Só conseguiu me dizer que você estaria aqui. Mamãe e Gina estão cuidando dela.
- É melhor você ir . - O Ministro disse. - Eu e Harry cuidamos dele.
- Vá Rony! - Harry não precisou dizer duas vezes. Rony lançou um olhar de ódio para Vítor, e então saiu correndo.

 

 

- O que será que aconteceu? - Michel perguntou enquanto Gina limpava o rosto de Hermione.
- Eu não sei... Mas coisa boa não foi. Se Rony foi até o Ministério com Vítor, alguma coisa grave ele fez. - Gina disse.
- Hermione! - Rony apareceu aflito no quarto. - Como ela está? - Ele correu até a cama e se ajoelhou ao lado dela.
- Deve ter desmaiado por causa do susto. - Molly disse. - Ela devia estar muito abalada, e ainda aparatou...
- Não tinha outro jeito... - Rony disse se desculpando.
- O que aconteceu? - Gina perguntou.
- Vítor estava ameaçando ela... Ele... Ele bateu nela. - Rony disse mais uma vez ficando vermelho de raiva.
- Eu não acredito que ele foi capaz de fazer isso! - Molly disse.
- Não sei o que aconteceria se não tivesse chegado a tempo. - Rony disse segurando a mão de Hermione. - Realmente não sei... Ele estava descontrolado... Era capaz de fazer qualquer coisa.
- Mas felizmente você chegou a tempo Rony! - Michel disse aliviado. - Ela está bem agora.
- Eu espero que sim. - Ele a olhou e acariciou seu rosto. - Mas eu nunca vou me perdoar por te-la deixado.
- Rony... Não é hora de pensar nisso. - Molly disse para o filho.
- Ron... - Hermione resmungou, abrindo os olhos lentamente.
- Eu estou aqui meu amor. - Ele disse apertando a mão dela. - Eu estou aqui com você.
- Vamos deixá-los a sós. - Molly disse. - Qualquer coisa, pode nos chamar.
- Obrigado mãe.
- O que aconteceu com...
- Ele vai ter o que merece Hermione. Não quero que fique pensando nisso. Já passou.
- Eu fiquei com tanto medo. - Ela o abraçou e ele apertou o abraço.
- Eu estou aqui com você. Não vou deixar que nada de mal lhe aconteça.
- Não sei o que faria se você não tivesse chegado lá.
- Nem eu meu amor, nem eu. Nunca vou me perdoar por não estar lá com você. Se eu não tivesse tido aquela ideia idiota de te deixar..
- Ron, não foi culpa sua. A culpa foi minha. Eu deveria ter acreditado em você... Se eu tivesse acreditado você não teria me deixado.
- Me desculpe Mione... - Ele tinha lágrimas nos olhos.
- Eu te amo Ron!
- Eu também te amo. Muito. - Ele a beijou. O primeiro beijo em várias semanas. Um beijo de saudade, alívio, e alegria.

 

 

 

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