A pequena Black

26. A pequena Black

“Pensar é fácil. Agir é difícil. Agir conforme o que pensamos, isso ainda o é mais.”

Johann Goethe

— Ele só devia de aprender em Hogwarts. Isto é muito perigoso.

Revirei os olhos ao ouvir o tom preocupado da Lily e vi o Sirius e o James fazerem o mesmo. Iria ter a minha primeira aula de voo e isso estava a deixá-la completamente assustada. Inicialmente, tinha pedido que a Natalie estivesse ao meu lado, para além do Sirius e do James, pronta a agir caso eu caísse. Depois, ao ver que eles decidiram fazer o que ela pediu, esperando pela páscoa, onde a Natalie podia finalmente ajudar, ela exigiu que me dessem uma vassoura mais antiga, para ser ainda menos perigoso. Assim, ao ver que eles também realizaram esse desejo, viu-se resumida a pedir para esperarmos por Hogwarts, onde algum docente, devidamente treinado (palavras dela) me iria ensinar. Isso, eles recusaram e foi assim que me vi no campo de Quidditch deles, com uma vassoura na mão, pronto a aprender a voar.

— Ele não vai ter problemas. Não te lembras do quanto ele gostou do brinquedo do Sirius quando era pequeno? Ele vai ser um voador nato.

O meu coração pareceu saltar do meu peito quando ouvi o James falar do meu passado com eles.

— Isso não quer dizer nada! Imagina que ele se aleija.

Suspirei, farto de a ouvir discutir e agarrei a vassoura com mais força, colocando-a entre as pernas, como a Natalie tinha feito anteriormente. Olhei para o James e a Lily e vi que continuavam a discutir, não me notando. O Sirius estava ao lado deles, a observá-los divertido e o sorriso dele alargou-se, quando olhou para mim e viu o que eu estava a fazer. Deu-me um pequeno aceno com a cabeça, olhando de lado para o Remus, a Serena, o Charles e a Rose que estavam mais distantes (era para o caso de que eu caísse eles não estivessem perto) e fez-me um gesto com a cabeça para eu ir para o ar, vendo que eles também estavam distraídos ou a observar os meus pais (o Remus e a Serena) ou a Natalie que já estava no ar (o Charles e a Rose).

Sorri de volta, cúmplice, e dei um pequeno impulso, sentindo pela primeira vez o que era voar. A partir do momento em que dei esse impulso é difícil explicar o que senti e, finalmente, percebi porque é que o James e o Sirius eram tão obcecados com aquela atividade. Aquilo era refrescante, era libertador e, sem sombras de dúvidas, uma das melhores experiências que eu já tinha tido. Por isso, esqueci-me do mundo ao redor, dos gritos dos adultos do chão, do olhar preocupado que a Natalie me mandou, descendo para vir ao meu encontro ou dos gritos excitados do Charles e da Rose. Ali, só existia eu e o vento. Eu não tinha limites, não tinha pessoas, não tinha nada e ninguém, além de mim e do meu instinto.

Eu não sei como explicar como é que eu sabia fazer as curvas, acelerar, entre todas as outras coisas… A resposta teórica era que tinha lido em um dos múltiplos livros que a Lily me obrigou a ler, no entanto, eu sabia que não era isso. A verdade era que eu sabia e sempre soube, simplesmente, não era uma coisa racional.

Só acordei do meu estupor quando ouvi um grito fino perto de mim e vi a Natalie ao meu lado, acelerando para me apanhar.

— Harry! Para!

Pisquei os olhos, acordando e abrandando a velocidade, vendo-a fazer o mesmo, vermelha, despenteada e parecendo extremamente zangada e… Preocupada?

— O que é que se passou contigo? Seu cabeça de abóbora! Não podes acelerar assim e fazer essas manobras como se soubesses voar. Isso é perigoso e tu podes morrer!

Eu só engoli em seco, ouvindo a fúria na voz dela e olhei para baixo, vendo o James e o Sirius também numa vassoura a virem ter comigo. A Lily tinha ficado no chão mas estava com a varinha na mão, olhando preocupada para mim.

Cocei a cabeça, segurando a vassoura só com uma mão e decidi descer, para não ouvir sermões às prestações. Quando cheguei ao chão mal tive tempo de desviar a vassoura do caminho porque tinha a Lily a abraçar-me com força, fazendo-me ter a impressão que ela queria matar-me por falta de ar.

— Harry, nunca mais faças isso! — Ela apertou-me com mais força e tive sérias dúvidas se não tinha razão e ela não me queria mesmo matar. — Eu fiquei tão preocupada. Onde é que aprendeste a voar assim? Foi o teu pai que te ensinou às escondidas?

Limitei-me a ficar em silêncio, fazendo uma careta por ela estar a apertar-me tanto e vi os olhares dos outros presentes. A Rose parecia querer pular de alegria juntamente com o Charles que estava a olhar com admiração para mim. A Serena tinha uma mão no peito, parecendo preocupada e eu vi o Remus ao seu lado que parecia ter uma cara entre preocupada e divertida.

Ouvi um som à minha direita e olhei para lá vendo a cara séria do James e da Natalie. O Sirius ia atrás e apesar de ter também uma cara séria vi-o piscar-me o olho dizendo só com os lábios “estou orgulhoso” para mais ninguém ouvir. Eu sorri e parece que isso foi o despertar da Lily porque ela finalmente me largou (fazendo-me respirar finalmente) e observei os olhos verdes dela brilharem irados, fazendo-me ter um arrepio.

— Harry, quem é que te ensinou a voar?

— Eu não! – disseram ao mesmo tempo o Sirius e o James fazendo-me olhar para eles divertido.

— Eu não… — calei-me a tempo, ao vê-la estreitar os olhos, adivinhando o que eu iria dizer. Que eu não sabia voar... — Se eu disser que eu sei voar por instinto e que não controlei as minhas ações… qual é a probabilidade de me perdoar? — perguntei, dando um sorriso amarelo. No entanto, a gargalhada do Sirius, ao meu lado, fez-me perder a compostura e coçar a cabeça, intimidado pelo olhar sério dela.

— Ele é igualzinho a ti, Prongs — ouvi o Sirius gargalhar. — Um voador nato. Ele vai ser um jogador de Quidditch, sem dúvidas.

— Sirius… — a Lily sibilou, parecendo muito perigosa.

Ele calou-se, mas o seu sorriso fazia com que as suas emoções fossem transparentes. Olhei para a Natalie que estava ao lado dele e assustei-me ao ver a intensidade do olhar dela, parecendo genuinamente irritada e preocupada.

Engoli em seco e olhei para o outro lado, para o James que olhava para mim, ora orgulhoso, ora preocupado.

— Harry, tens que me prometer que não voltas a fazer isso. Podias ter caído da vassoura! – resmungou a Lily ainda cheia de preocupação.

— Voar? — ela assentiu e eu senti-me revoltado. Aquilo era espetacular. — Eu quero voltar a voar!

Ao ver a minha indignação o James veio em meu socorro.

— Lily, querida, eu acho que o que tu queres dizer é: Harry, promete-me que vais ter mais cuidado da próxima vez.

Eu vi o olhar irado que a Lily mandou para o James, mas mesmo assim não o desmentiu.

Eu suspirei e dei de ombros. Se aquilo ia facilitar a minha vida e eu poderia voar em Hogwarts, longe dos olhares da Lily, então eu aceitaria.

Eu assenti com a cabeça e vi-a sorrir mais descontraída. Eu olhei para os outros presentes e não aguentei, ri de volta para o Sirius que parecia que tinha concluído o que eu tinha pensado pela forma como gargalhava. Assim, voltamos para casa, eu feliz por ter descoberto uma coisa que gostava tanto quanto correr, a Natalie a olhar de forma estranha para mim, o Sirius com um braço sobre os meus ombros, falando o quanto estava orgulhoso e como me iria treinar para ser o melhor jogador de Quidditch, o James do outro lado, parecendo estar entre preocupado e orgulhoso. Atrás iam a Rose e o Charlie, excitados, sobre o olhar da Serena e do Remus. Não sei porquê, mas ao ver aquela interação entre todos, tão fácil e normal, fazia-me ficar relaxado mesmo tendo o olhar irado da Lily sobre mim o caminho todo.

 

--OLC--

 

— Bom dia.

Pisquei os olhos sonolento para o Sirius que estava a bebericar da sua chávena de café enquanto lia o jornal, mal levantando os olhos para mim.

— Bom dia. — Respondi, servindo-me e começando a comer

Houve um silêncio por uns segundos, onde só se ouviu o meu mastigar até que o Sirius largou o jornal e olhou para mim, com divertimento.

— Então Harry sonhaste muito sobre as possibilidades que voar te podem dar? Sentir o vento a bater-te na cara e levares uma jovem contigo? Ficarem juntos a verem as estrelas…

— Eu não sou como tu — cortei-o, decidido a ignorá-lo.

— Esse mau humor matinal deve de ser de família. — murmurou, desencostando a sua cadeira da mesa, escorregando nela e ficando meio deitado em cima desta.

— Não tens que trabalhar, Sirius?

— Esse mau humor é da família! – exclamou, parecendo magoado pelas minhas palavras. — A Natalie veio ontem e eu preciso de passar tempo com a minha filha!

Eu levantei uma sobrancelha para ele.

— A Lily disse para ires à loja hoje.

Ele revirou os olhos.

— A tua mãe não sabe descansar. Eu tenho que aproveitar o meu tempo com a minha filha para não ser como os teus pais que estão sempre a trabalhar. Por isso, hoje vou passear com ela, a Rose e o Charles.

— Obrigado por te lembrares de mim. — murmurei, comendo, não estando realmente magoado.

— Tu é que não queres nunca ir comigo, preferindo ficar a estudar com o Remus. Às vezes até acho que ele é o teu padrinho.

Sorri para ele, vendo como ele estava com os braços atrás da cabeça, meio sentando e meio deitado na cadeira, observando-me com um sorriso de lado.

— Não chores, Sirius. Tu continuas a ser o meu padrinho quer eu queira ou não.

Ele suspirou.

— Eu sei que ainda te vou conseguir comprar. Já tenho a tua vassoura encomendada –  disse convencido.

— Sabes que eu devia de gostar de ti pela pessoa que tu és não pelos teus presentes. Mas bem, considerando a tua personalidade, eu percebo porque é que a única hipótese é me comprares. — Respondi, dando de ombros.

Ele fez um som de magoado, que parecia um chiado.

— Tu não tens coração. Pareces mesmo a tua mãe.

Eu sorri.

— Sirius, tu precisas de ouvir algumas verdades.

Ele revirou os olhos.

— Eu ouço verdades todos os dias sobre mim: como eu sou bonito, charmoso, um Deus na Terra… Isso é pura maldade…. E mentira! – Resmungou.

Eu ri.

— Isso não são verdades. São coisas que dizes ao espelho quando acordas.

— Ah, tu não és divertido, Harry. Tenho que te dar umas aulas sobre o que fazer com a caixa que te dei no Natal para perceberes o conceito de engraçado.

Olhei espantado para ele, mal me lembrando da caixa porque a guardei no roupeiro – visto que ele dizia que a minha mãe não devia de ter conhecimento sobre o que estava naquela caixa— e nunca mais lhe mexi.

— Ainda não me explicaste o que está lá dentro.

Ele abriu um sorriso onde mostrou todos os seus dentes brilhantes.

— Isso é um segredo.

Revirei os olhos outra vez para ele e distrai-me a acabar de comer, ignorando o seu olhar astuto.

Ele ficou a observar-me com um sorriso no rosto até que ouvimos passos e olhamos para as pessoas que estavam a entrar, neste caso, a Natalie com a Rose e o Charlie com cara de ensonados.

— Prontos para o nosso passeio? — O Sirius perguntou, endireitando-se na cadeira, parecendo ele a criança.

Eu vi o Charles sentar-se ao meu lado, não lhe respondendo, e a Rose sentar-se do outro lado, também em silêncio, fazendo com que a única resposta viesse da Natalie que estava a ir para o lado do Sirius.

— Ainda é cedo. Deixa-nos comer.

Eu vi a cara do Sirius entristecer, pela falta de energia das outras pessoas e eu reagi, não sei se por pena dele ou só para não perder uma oportunidade de irritar a Natalie.

— Não és uma pessoa muito matinal. — Ela mandou-me um olhar que comprovou a minha afirmação, fazendo-me sorrir irónico. — Ah, retiro o que disse. És sempre mal disposta.

Ela estreitou os olhos e eu vi o Sirius assobiar enquanto a Rose olhava espantada para mim. Eu corei ao ver o olhar que ela me mandou e senti-me auto consciente. Já estava tão habituada a responder ao Sirius e à Natalie que me esquecia que aquilo não era uma coisa normal minha.

— Vai fazer um favor ao mundo e atira-te da vassoura. — murmurou, não olhando sequer para mim enquanto começava a comer.

— Ohh! Estás tão agressiva quando ontem ficaste preocupada que isso acontecesse.

Ela desta vez olhou para mim e eu vi os seus olhos azuis acinzentados estreitarem-se.

— Eu não me preocupo contigo!

Eu ri.

— Então e aquela ameaça toda em como eu sou um… Hum, como é que me chamaste mesmo? Cabeça de abóbora? Vais dizer que não era porque tinhas medo que eu me aleijasse?

Ela mandou-me um olhar superior, voltando a comer.

— Não. Eu tinha uma missão dada pela tia Lily e não iria falhar só porque tu ÉS um cabeça de abóbora.

— Bem, acho que me podias chamar nomes piores. Por acaso, estás a ficar sem imaginação?

— Eu simplesmente não quero gastar a minha energia contigo. És uma perda de tempo. Desaparece!

Ri, ao ver que ela já nem olhava para mim. Ela realmente não era uma pessoa matinal. No entanto, perdi o sorriso quando vi o olhar dos outros três presentes em mim. O Charles olhava confuso, a Rose espantada e o Sirius genuinamente divertido.

— Bemmmm, — o Sirius dizia olhando entre mim e ela — isto é interessante.

Eu levantei uma sobrancelha para ele.

— Interessante?

Ele assentiu, sorrindo e continuando a olhar entre nós dois, parecendo não querer desenvolver o pensamento.

Revirei os olhos e levantei-me.

— Vocês Black, são malucos. — disse dirigindo-me à saída, no entanto, ainda ouvi a resposta do Sirius.

— No entanto, tu amas-nos.

Eu gargalhei, bem-disposto. Não sabia bem porquê, mas voar no dia anterior tinha realmente feito maravilhas ao meu humor. E não sei bem como, todavia quando estava a chegar à sala é que me lembrei de uma coisa que tinha que perguntar ao Sirius que iria irritar sem dúvidas a Natalie.

Quando voltei à cozinha vi que os quatro já estavam a falar outra vez.

Paralisei na porta, só observando a forma excitada do Sirius a falar e as respostas entusiásticas do Charles e da Rose. Senti um sorriso formar-se ao ver como a Rose tinha integrado completamente aquela família, até melhor do que eu. Pelo menos ter aceitoaquele acordo com eles tinha-a favorecido.

— Harry?

Pisquei os olhos, despertando ao ver que a Rose tinha-me notado na porta e que agora todos os presentes me estavam a observar.

— Os Blacks são malucos, mas tu é que não consegues passar um segundo longe de nós.

Revirei os olhos para a Natalie, ao ver que ela me estava a observar com um sorriso frio.

— Na verdade, até vim aqui falar com o teu pai, pequena Black.

Eu vi-a enrijecer, ao ouvir o nome que odiava, ao mesmo tempo em que o Sirius gargalhou.

— Isto é realmente muito interessante.

Mandei-lhe outro olhar inquisidor, ao mesmo tempo que a Natalie, mas ele só gargalhava, completamente alegre. Eu suspirei, concluindo que nunca iria perceber aquele homem e sentei-me no meu lugar vago, entre o Charles e a Rose.

— Sirius, tenho que te pedir uma informação.

Ele parou de rir ao ver o meu tom mais sério e eu fiquei a achar que aquela era uma muito má ideia, vendo que a Natalie também tinha parado de comer, ficando simplesmente a observar-me.

— O que se passa?

Eu chamei a minha coragem, aquele era o pagamento por tudo o que ela me tinha feito e não havia melhor hora para fazer aquilo do que ao pé da Rose e do Charles.

— Existe uma coisa que eu não consigo perceber e disseram-me para falar contigo. No entanto, eu tenho medo que não me vás dar a resposta.

Eu tentei mandar-lhe um olhar de cachorro perdido à chuva mas não sei se funcionou porque ele só continuava a olhar para mim sério, fazendo-me ter um déjà vu da nossa outra conversa. No entanto, não era altura de a relembrar. Aquele era o momento de ficar Harry - 1 e Natalie - 0.

 — Por isso, podes prometer-me que mesmo que alguns presentes protestem me vais dar a resposta sincera?

Fiz o meu melhor sorriso e vi-o franzir a testa, provavelmente, lembrando-se também da nossa outra conversa, mas sabendo também que se fosse alguma coisa muito séria eu não iria falar ali, com mais pessoas. Ele, ao fim de alguns segundos, voltou ao seu normal, sorrindo, descontraído apesar dos seus olhos ainda denunciarem um pouco de receio.

— Claro que vou. Ninguém me consegue calar. — disse piscando-me o olho, porém ficou sério de repente. — Com a exceção da Lily… mas ela não está aqui, por isso, não existe nenhum problema. — falou, sorrindo aliviado.

Revirei os olhos, nunca percebendo o que ela tinha feito para ele e o James terem tanto respeito por ela.

— Então, Sirius… — eu fiz uma pausa deliberada, tentando aumentar o suspense ao ver a atenção que todos os presentes me estavam a dar. — Explica-me porque é que os Gémeos Weasley chamam a Natalie de pequena Black.

Mordi a parte de dentro da bochecha para não me rir ao ver que ela começou a protestar enquanto a Rose e o Charles olhavam para mim, não percebendo o porquê de eu ter feito tanto suspense.

O Sirius só olhou para mim por um segundo, gargalhando de seguida ao ouvir as ameaças da Natalie para ele não me contar.

— Tu prometeste Sirius. — relembrei-lhe, quase assobiando de alegria ao ver a Natalie irritada.

— Isto é realmente muito interessante. — o Sirius disse rindo. — Mas eu prometi, por isso, tenho que dizer. — ele olhou para a Natalie, dando de ombros, fazendo-a estreitar os olhos, ameaçadora.

— Não te atrevas.

Ele mandou-lhe um sorriso amarelo.

— Não!

O Sirius continuou com a mesma expressão.

— Foi há muito tempo!

Deu de ombros, continuando com aquela expressão de quem foi apanhado.

— Eu vou contar todas as histórias deprimentes tuas!

— Eu prometi. – foi a única resposta.

— E eu prometo-te isso também!

Ele deu outro sorriso amarelo.

— Tu irias dizer mesmo que não tivesses prometido, não irias?

O Sirius coçou o queixo pensativo.

— É uma boa pergunta. Provavelmente, se não estivesses perto. É trabalho de um pai contar as histórias deprimentes dos filhos, afinal.

— PAI!

— É verdade. — murmurou, dando outra vez de ombros.

Ele olhou para mim, não aguentando o olhar severo da filha e voltou a ter a sua expressão animada.

— Então, queres saber porque é que os gémeos lhe chamam de pequena Black e, provavelmente, também porque é que isso a afeta tanto, não?

Assenti, feliz ao ver a expressão irritada que ela tinha, mandando-me o olhar mais maldoso que conseguia.

— Eu não me vou esquecer disto, Potter!

Eu sorri, superior.

— Eu tenho um pressentimento que também não me vou esquecer desta história. — Respondi, correspondendo ao olhar e só o cortando com a gargalhada do Sirius, para olhar para ele.

— Vocês…. – ele abanou a cabeça, mas voltou a ficar minimamente sério ao ver a Natalie também olhar para ele, severa. — Bem, então vamos começar pelo início. Sabes que a nossa família é muito amiga dos Weasley, não sabes?

Inclinei a cabeça pensativo. Por acaso, não sabia e nem me lembrava de eles mencionarem os Weasley sem ser sobre o ataque a Hogwarts.

— Não.

Ele mandou-me um olhar engraçado.

— É possível que nós nunca os tenhamos mencionado realmente… desde que voltaste que nós não recebemos mais visitas. –  ele fez uma pausa, onde ficou a observar o ponto atrás da minha orelha e só depois de eu tossir para lhe chamar a atenção é que voltou ao normal. — Enfim, o que importa é que as nossas famílias conhecem-se da altura da guerra e mantivemos contato mesmo depois desse tempo. Então os filhos deles passaram muito tempo aqui ou no campo de Quidditch ou a brincar com o Charles e a Natalie. — ele olhou brevemente para o Charles que acenou, confirmando a história. — Foi ai que os gémeos começaram a chamar a Natalie de pequena Black.

Olhei para ele à espera que continuasse mas ele só olhou para a Natalie que lhe continuou a mandar um olhar ameaçador.

— Mas porquê? — Eu voltei a insistir ao ver que ele ficou paralisado a olhar para a filha.

— Ah, sim. Bem… — Ele mandou outro olhar para a Natalie que estreitou os olhos. — Os gémeos sempre gostaram muito das nossas invenções da nossa loja. Inclusive, deram ideias para alguns produtos e nós esperamos, sinceramente, que quando eles acabem Hogwarts eles fiquem com ela, a ajudar o Remus. São os nossos aprendizes.

Eu fiquei espantado com aquela notícia. Os gémeos eram aprendizes do Sirius, Remus e James? Eu não conseguia imaginar isso…

— Aprendizes?

— Sim! Eles são tão Marotos quanto nós e têm ideias geniais para produtos novos desde pequenos. — O orgulho com que ele disse aquelas palavras fez-me ter a certeza que ele os adorava. — Então, por causa, de desde pequenos nós dizermos que eles vão herdar a minha parte e a do James da loja, eles passavam muito tempo connosco, a aprender, ficando às vezes dias aqui.

Eu assenti, percebendo que a relação dos gémeos com eles era muito mais profunda do que eles demonstravam.

— Então, por causa disso, eles também passavam muito tempo com a Natalie e…

— Porque é que não dizes de uma vez que eles me chamam Pequena Black porque tu me chamavas assim, quando eu era mais pequena e isso me irritava?

O Sirius olhou espantado para a Natalie, porém o espanto passou rapidamente para riso quando viu a expressão furiosa dela.

— É verdade. — assentiu, contendo-se para não se rir. — Ela na altura tinha um tamanho relativamente pequeno. — murmurou e eu vi-o lutar contra si próprio para não se começar a rir. — E tinha um certo complexo sobre isso, então eu chamava-a de Pequena Natalie só para a irritar. Como eles viram que era um método eficiente começaram também a chamá-la assim.

Assenti, inclinando a cabeça enquanto olhava para a Natalie e a analisava, fazendo-a mandar-me outra vez um olhar ameaçador. Ela não era pequena, até era do tamanho normal das outras raparigas.

— Ela era assim tão pequena?

— Sim. Ela cresceu muito quando foi para a adolescência, por isso, é que agora não se nota.

Eu olhei desconfiado para ela outra vez, sentindo que faltava alguma coisa naquela história.

— E isso irrita-a tanto? Ter tido um complexo que agora já não tem razão para ser?

Eu vi-a endireitar-se na cadeira e voltar a olhar para o pai, num olhar de aviso.

— O que a irrita não é isso. — murmurou, sorrindo. — O que a irrita é…

— Pai! Ele só perguntou porque é que me chamam assim!

O Sirius mandou-lhe um olhar suplicante.

— Por favor, deixa-me dizer.

— Não!

— Tu prometeste Sirius. – relembrei quando o vi a mandar o seu melhor olhar de súplica para a filha.

— Que te dizia porque me chamavam pequena Black. É esse o motivo. Feliz, Potter?

Eu cruzei os braços.

— Não! Sirius…

— Eu tenho que dizer. — O Sirius disse rapidamente, olhando dela para mim e mal perdeu um segundo para contar o resto da história, o mais rapidamente que conseguia. — Ela gostava do Fred e, por isso, sempre que algum dos gémeos lhe chamava isso, ela corava e corria, a fugir. — disse, mal conseguindo respirar para contar tudo.

Ela gostava do Fred? E corava e corria, escondendo-se?

Eu senti os meus lábios curvarem-se, imaginando uma pequena Natalie a correr pelas escadas da casa, corada porque gostava do Fred. Aquela imagem mental era hilariante.

— PAI!

— Oh não, Natalie, eu agora vejo-te de uma forma completamente diferente. — murmurei, controlando todas as minhas expressões faciais para parecer sério. — Até consigo imaginar um lado… huum, como dizer… emocional. Esta história faz toda a diferença!

— Potter! — Eu juro que ela rugiu o meu nome por entre os dentes… ela devia de estar mesmo zangada.

— Hey, calma… se quiseres eu falo bem de ti a eles. O que achas? Tu e o Fred a passarem um tempo sozinhos e….

— POTTER! — gritou, levantando-se e fazendo-me ter um arrepio. — Se tu dizes mais alguma coisa eu….

— Mas eu só quero o teu bem.

— Já chega! — rosnou, retirando, para meu completo horror, a varinha. — Tu vais pagar e…

Eu não lhe dei tempo de acabar, ao ver que ela começou a fazer um gesto com a varinha e usei toda a minha agilidade para me levantar da cadeira o mais rapidamente o possível e corri para a saída dizendo:

— Tu és realmente muito emocional.

Ri-me quando ouvi o feitiço acertar a cadeira quando eu já estava na sala. Virei-me para trás, a tempo de a ver dirigir-se à porta da cozinha e mostrei-lhe a língua, no gesto mais infantil que fiz em muito tempo, saindo de seguida para a rua, correndo para ela não me apanhar e, por isso, não a vendo virar-se para o Sirius, quando viu que já não estava no seu campo de visão:

— Ele está diferente.

O Sirius sorriu, orgulhoso, assentindo, contudo, a Rose olhou para eles em confusão.

— Ele sempre foi assim... — Murmurou, não percebendo a reação deles.

A Natalie mandou-lhe um meio sorriso e sussurrou só para si:

— Para ti…

 

---OLC---

 

Eu senti-me “acordar” do meu estado de meditação por um toque ligeiro no meu corpo. Pisquei os olhos e vi a Lily a agarrar o meu ombro, sorrindo.

 — Conseguiste melhorar as tuas defesas? – perguntou suavemente.

Eu assenti com a cabeça. Enquanto o Snape ensinava-me a proteger a mente, atacando-a, a Lily só me ajudava a defender, dizendo como devia de meditar e organizar a minha mente. Por norma, enquanto eu meditava, ela ou meditava também ou então ficava a fazer alguma coisa do seu trabalho, pronta a dar-me conselhos caso eu tivesse dificuldades.

Graças a esse treino dela, eu já tinha uma imagem mental do lago e da minha casa de sonho, construindo-a por dentro como a mansão onde vivia. Ironicamente, estava a guardar as minhas lembranças mais complicadas na minha sala de treino, no sítio onde me encontrava. Ou seja, quem conhecesse aquela casa sabia onde procurar, num ataque mental. No entanto, ela tinha-me dito naquele dia para pôr ilusões e fazer passagens secretas. Eu ainda não tinha conseguido fazer isso, por isso, pus todas as minhas memórias organizadas num livro que estava numa das estantes, entre muitos outros.

Continuava a não ser uma ideia brilhante, mas agora, tanto na minha mente como na realidade, aquela sala de treino que antigamente não tinha nada, já estava mobilada, o que fazia ser mais complicado encontrar o livro.

Tinha as estantes na parede, cheias de livros, mas também tinha uma secretária num canto, uma mesa redonda ao pé dela, que costumava estar cheia de papéis que a Lily levava para ler quando ela me ensinava e no centro era um espaço amplo, para eu fazer o que quisesse. Ou fosse correr, ou fosse até praticar os meus exercícios que eu estava habituado do mundo Muggle. Aquela sala não era propriamente uma sala para levar visitas, porque era uma mistura de muitas coisas, escritório, sala de exercícios e biblioteca, porém era a minha sala e, por isso, eu não me importava. Ali eu podia e segundo eles, devia, pôr tudo o que eu quisesse e precisasse numa base diária. Achei estranho no início eles terem uma divisão só para mim (e ainda por cima, grande) mas habituei-me rapidamente à ideia.

Aquela casa era gigantesca e apesar de eu não me aventurar muito para além do que eles me apresentaram no primeiro dia em que lá estive — existiam quadros assustadores (pelos vistos de antepassados meus) que falavam e isso fazia com que não gostasse de sair da minha área de conforto… — eu percebi facilmente que existiam muitas divisões vazias.

— Sim. — respondi à Lily. — Mas ainda não consigo fazer ilusões. Estou ainda a tentar associar as memórias a uma localização.

Ela assentiu, ouvindo-me com atenção.

— Isso é normal, afinal é a parte mais difícil de organizar a mente.

Olhei para ela à espera que ela continuasse, mas a Lily só se levantou da sua posição agachada e ficou em pé a olhar para mim que continuava sentado no meio da sala.

— Não me vai tentar atacar a mente como o Snape?

Ela abanou a cabeça e eu vi-a dirigir-se para as cadeiras que estavam atrás de mim, perto da mesa.

— Não. — disse enquanto andava e eu vi-me a segui-la com o olhar. — Eu não te posso atacar.

A Lily não murmurou mais nada e eu vi-a sentar-se, vendo com choque que havia mais alguém presente na MINHA sala, na MINHA secretária e a ler um livro qualquer.

— Natalie?

Ela estava de costas para mim e nem se deu trabalho de se virar, continuando sentada, direita, a ler algum livro, mesmo ao lado da janela que tinha do outro lado um armário com coisas aleatórias que as pessoas me davam ou eu achava que precisava, como aquela pena que eu via em cima da secretária e que ela estava a ir buscar. Por que é que ela tinha ido mexer nas minhas coisas?

— Pelos vistos a tua visão não está assim tão horrível. Ainda me consegues reconhecer mesmo de costas.

Estreitei os olhos mas ela continuava a não me prestar atenção, estando a escrever alguma coisa.

— O que estás a fazer aqui?

Tive uma ligeira impressão que a vi paralisar por um segundo mas ela estava tão direita naquela cadeira que podia ter sido uma impressão minha, por estar a escrever.

— A trabalhar como devias de estar a fazer. — disse no seu tom monótono.

— Eu perguntei o que estás a fazer AQUI!

— A trabalhar. – repetiu, como se eu fosse a coisa mais secante com quem ela falou em muito tempo. — Afinal, não consegues é ouvir bem.

Eu cerrei o maxilar, sentindo-me indignado pela postura dela na minha divisão.

— Isto é meu!

— É? — murmurou com espanto, parando de escrever. – E eu a pensar que esta casa era dos teus pais. Pelos vistos estou enganada. – ela virou-se na cadeira e eu vi a sua cara completamente sem emoções, encarar-me.

Suspirei, ao observá-la sentada na minha cadeira, a cruzar as pernas, com a única denúncia de emoção nos seus olhos, que pareciam estar aborrecidos.

— Não foi isso que eu quis dizer. É claro que a casa não é minha… quer dizer… — parei de balbuciar ao ver os seus olhos ficarem com uma expressão mais relaxada, como se a divertisse ver-me confuso, no entanto, tive uma salvação que foi a Lily que estava sentada na mesa, vendo a nossa interação.

— É claro que esta casa é dele também. Como é tua! — exclamou rígida e eu vi a máscara da Natalie destruir-se, parecendo genuinamente, arrependida pelo que disse. – De qualquer das formas, Harry, ela veio para aqui fazer os trabalhos que tinha de Hogwarts. O teu pai e o Sirius estão na biblioteca a fingir que trabalham e ela decidiu vir para aqui como já cá estávamos e tínhamos lugar para mais um. Como estavas tão concentrado a meditar nem te avisamos.

Olhei amuado para a Natalie. A casa era gigantesca, cheia de divisões que eu não fazia a mínima ideia o que tinham e ela tinha que ir para ali? No entanto, ela parecia não querer prestar-me mais atenção, porque se voltou a virar para a secretária, continuando a trabalhar e eu desviei o olhar para a Lily, não querendo continuar a discutir com ela e só percebendo agora o que ela tinha dito.

— Não me pode atacar?

Ela sorriu, ao ver que eu finalmente tinha processado o que me tinha dito.

— Sim. Eu não consigo atacar mentalmente ninguém. É uma limitação minha.

— Então nunca vai conseguir entrar na minha mente? — perguntei, chocado.

Ela deu de ombros.

— Conseguir, conseguiria. No entanto, tinha que ter uma autorização tua. Ou seja, conseguiria falar telepaticamente contigo e até poderia ver como estavam as tuas defesas, visitando a tua mente, no entanto, nunca conseguiria atacar, que é o que o Snape faz quando está contigo.

Pisquei os olhos, tentando perceber o que ela me tinha dito. Não conseguia atacar como o Snape?

 — Mas o Dumbledore… ele disse que me podia ensinar.

A Lily sorriu, parecendo achar engraçado o que eu tinha dito.

— Não, ou melhor, ele não se explicou muito bem. Eu iria ensinar-te como te ensino agora, defendendo a tua mente, no entanto, os ataques iriam ser efetuados pelo próprio Dumbledore. Ele pensava que eu provavelmente só iria visitar a tua mente porque iria fazer este método ser muito mais eficiente, visto que iria conhecer a tua mente, porém, eu nunca te iria atacar. Ele sabe… da minha limitação. — concluiu, parecendo ter pensado bem no que dizer antes de falar.

Eu ainda continuava sem perceber.

— Visitar a minha mente? Como assim?

Ela suspirou e eu vi-a colocar uma mão no pescoço como se estivesse ligeiramente incomodada.

— É possível para um bruxo visitar a mente de outra pessoa, se essa outra pessoa lhe der autorização. É assim que existem as conversas telepáticas. É quando duas pessoas estão tão habituadas à mente de outra pessoa que só de olhar nos olhos, a magia delas conecta-se e conseguem falar.

Eu estava a ficar assustado.

— Uma pessoa consegue entrar na mente de outra só por olhar nos olhos?

A Lily olhou com confusão para mim.

— Sim, eu pensava que sabias disso. Mas isso só é eficiente quando a pessoa tem a mente muito mal protegida e a outra é um mestre Legimente. Ou seja, só acontece em muitas poucas ocasiões e é mais usado em crianças. Com o teu treino, tu consegues perceber quando alguém quer entrar na tua mente por métodos mais subtis. Foi para isso que te treinamos…

— Isso quer dizer que alguém pode fazer isso à Rose?

Ouvi um som de trás da Lily, provavelmente, causado pela Natalie mas não lhe liguei, olhando só para ela que continuava com a sua expressão amável, com o cabelo preso num rabo-de-cavalo, mas com duas tiras de cabelo de cada lado, acentuando os seus olhos verdes, iguais aos meus e a sua cara fina.

— Sim, quer dizer… — ela pensou uns segundos antes de falar. — Não sei. Nunca testei os níveis mentais dela, mas presumo que ela esteja ao mesmo nível que as outras pessoas da idade dela.

— Isso quer dizer que podem atacá-la?

A Lily sorriu, vendo-me assustado.

— Harry, tem calma. Que eu conheça, só existem 3 pessoas em Inglaterra com poder suficiente para fazerem isso. Uma é o Dumbledore e outra é o Snape, por isso, não existe problema.

— E quem é a terceira?

Ela molhou os lábios, parecendo insegura.

— Voldemort ou Tom Riddle, se o preferires chamar assim.

Eu senti-me esbranquiçar ao ouvir aquele nome. Desde a minha última conversa com ele, que não tinha tido mais nenhum contato dele. Ele também não tinha tentando, o que fazia com que a minha interação com ele fosse ainda mais confusa de perceber.

— Pode ensinar a Rose também? — fiz uma pausa lembrando-me de mais uma pessoa que estava indefesa. — E o Charles?

— Suponho que sim — respondeu. — Quando começar Hogwarts – acrescentou passado uns segundos. — O Charles já está protegido contra esses ataques, porém ele também já sabe alguns feitiços que foi treinando com a nossa varinha, por isso, a sua magia já está mais treinada. — Ela inclinou a cabeça, pensativamente. — Por isso, acho que é mais seguro esperar até começar Hogwarts. Até lá, se insistires muito, posso ensinar-lhe a meditar, como te ensinei a ti. Ela assim já aprende a organizar a sua mente e com a idade que ela tem, se conseguir, isso irá garantir que ela possa ser uma Mestre Oclumente quando crescer.

— Eu agradecia.

— Se ela quiser é só aparecer, mas não a sobrecarregues que ela não está em perigo e esta é uma arte muito cansativa. Por isso, aconselhava-te a esperar por começar Hogwarts. Vão existir algumas mudanças e eu consigo arranjar-lhe um professor que perceba.

Eu esbranquicei ao pensar no Snape a ensinar-lhe como me ensinou.

— O Snape?

A Lily riu suavemente.

— Não. O Dumbledore é uma hipótese, mas também não estava a falar dele.

— Então de quem?

Ela só me mandou um sorriso secreto.

— Não posso dizer – ela fez uma pausa. – Como preferes? Que comece a ensinar já ou espere até ela demonstrar interesse, afinal ela não está em perigo?

Eu pensei na Rose e na sua sede de saber. Ela iria querer aprender e se soubesse que eu tinha-a impedido de saber mais sobre o mundo de magia, a Rose iria no mínimo não falar para mim, durante um bom tempo.

— Acho que é melhor ensinar a meditar e a organizar a mente. Se ela não quiser depois pode desistir.

A Lily assentiu com a cabeça, respeitando a minha decisão.

— Muito bem. Mas não aches estranho que ela se farte. Ainda é uma criança…

Eu sorri. Era uma criança mas ela queria chegar longe na vida e isso fazia-a querer saber tudo.

— Não acredito, mas vamos ver — calei-me por uns segundos até que me lembrei outra vez do que lhe queria perguntar. — Mas porque é que não consegues atacar?

Ela expirou o ar e sorriu, parecendo cansada.

— Diz-me Harry, o que achas da magia?

Eu olhei em confusão. O que eu achava da magia?

— Achas que a magia é um fenómeno natural? Achas que não existe nada… hum… — Ela parecia estar a lutar pelas palavras corretas. – Não existe um “senão” na magia?

Pensei em quando fazia magia ou a sentia dentro de mim. Ela parecia tão livre, dava-me uma sensação tão boa que eu não acreditava nisso. Aquilo parecia natural e, por isso, neguei com a cabeça.

— Isso é verdade — murmurou, sorrindo. – No entanto, se pensares na magia assim, teoricamente, não existem limites, pois não?

Neguei até que me lembrei que não era verdade.

— As leis de Gamp dizem que….

— Muito bem — disse orgulhosa. – Não se pode transfigurar comida, não se podem ressuscitar pessoas ou seres mortos, etc. Estou a ver que o Remus te ensinou bem.

Eu senti o meu peito ficar morno, com orgulho pelo reconhecimento que ela me deu.

— No entanto, isso é uma visão mais simplificado. Existem coisas excecionais que podes fazer com o recurso à Magia. É isso que a faz ser tão deslumbrante. Contudo, também existe um preço a pagar se uma pessoa se aventurar muito num ramo da magia. Toda a magia tem um preço. Lembra-te que existe sempre um yin e yang.

Um lado bom e um lado mau?

— Acho que não estou a perceber.

A Lily expirou pelo nariz, sorrindo e parecendo bem-disposta.

— Tu consegues fazer coisas maravilhosas com a magia Harry. Consegues fazer o céu mudar de cor, chover, a terra moldar-se por vontade própria. Consegues fazer quase tudo — fez mais uma pausa, lendo a minha expressão e sorrindo com o quer que seja que concluiu. — Então não achas estranho a magia que nós fazemos ser mais básica? Achas que a única limitação é o poder do bruxo? Não existem mais contras?

O que ela dizia era verdade. Os bruxos podiam fazer quase tudo e apesar de isso gastar uma grande quantidade de magia existiam muitos bruxos com um elevado nível de magia, pelas conversas que ouvia. Tinha que existir um contra…

— É possível que hajam.

Ela riu-se e eu vi os seus olhos verdes brilharem, alegres.

— Resposta cautelosa. O Remus ficaria orgulhoso. Mas sim, quando vamos para ramos que pedem elevados níveis de magia existem contras. É por isso que eu não te consigo atacar. Foi o pagamento por um… ritual, por assim dizer que eu fiz. Pedi uma coisa muito grande, tive que ter um contra. A minha magia moldou-se ao que pedi e agora é incapaz de atacar. Ou melhor, eu consigo atacar, se eu fosse fazer um ataque a uma criança agora, eu conseguiria ler os pensamentos superficiais, mas era só isso, superficiais.

Olhei chocado para ela. O que é que ela tinha pedido?

— Se eu te fosse atacar a ti, nem me irias sentir, porque os teus escudos naturais iriam repelir-me.

— O que pediu? — perguntei sem pensar e eu vi-a fazer uma careta.

— Ser uma mestre Oclumente. É impossível alguém ler a minha mente. Nem veritaserum funciona em mim.

Eu podia imaginar muitas coisas mas não imagina aquela? Ela não era uma bruxa talentosa?

— Porquê?

Ela sorriu, parecendo ter perdido qualquer desconforto que falar sobre aquele assunto lhe trazia.

— Por causa do meu trabalho. Eu sempre fui uma boa Oclumente e era quase impossível atingirem a minha mente no meu estado normal. No entanto, estávamos em guerra, eu tinha segredos que precisava de proteger a todos os custos e foi-me proposto isso. Eu aceitei. E como não pretendo atacar a mente de ninguém, não vi nenhum contra.

— Mas não foi por causa do trabalho?

O seu sorriso alargou-se.

— Foi por causa do meu trabalho porque só me foi proposto por eu ter esse trabalho e estarem a estudar um método de ajudarem as pessoas a defenderem a mente.

— Então eu posso fazer isso?

A Lily deu uma mistura de um sorriso com uma careta.

— Não. Mesmo que que pudesses eu não te aconselhava. Não mexas com os ramos mais extremos da magia a não ser que seja mesmo necessário.

Isso, dito por ela, num tom sério fez-me lembrar uma conversa que tinha tido meses antes.

— Os ramos da magia branca e negra. Essa é branca não é? Mas não devia ter um custo na vitalidade e não mental? Ou é negra porque é uma magia mental?

Eu vi-a perder o seu bom humor ao ouvir as minhas palavras.

— Magia branca e negra? — Ela parou, vendo se eu tinha alguma reação, mas eu não percebi o motivo de ela estar a agir assim, então fiquei quieto. — De onde tiraste essas noções?

Pensei por um milissegundo em não lhe contar, esconder as minhas conversas com o Tom Riddle, mas depois lembrei-me que não devia de ser fácil para ela falar da sua condição em relação a isto e, por isso, fui sincero.

— Foi o Tom Riddle. Numa das conversas que tive com ele.

Ela expirou o ar como se estivesse subitamente cansada.

— Tu ainda falas com ele? — abri a boca para responder, no entanto ela cortou-me. — Para, não precisas de responder. Eu confio em ti.

Olhei com confusão para ela. Onde é que existia confiança ali? Em eu falar com ele?

— O que é que isso tem relacionado a confiar?

A Lily pareceu espantada pela minha pergunta, abriu e fechou a boca antes de conseguir realmente dizer alguma coisa.

— Bem, quando nos disseste sobre a conversa com ele, nós ficamos preocupados — eu estreitei os olhos, temendo alguma coisa que eles fizeram. — E falamos com o Dumbledore que nos deu um bom ponto de vista.

Ela não continuou, o que me fez perguntar:

— Qual?

— Que apesar de ele te puder estar a enganar, como nós temos quase a certeza que está, nós temos que acima de tudo ter confiança em ti. — Ao ver a minha cara confusa, continuou. – Temos que ter confiança que tu vais saber distinguir o que é certo ou errado de fazer e se tiveres alguma dúvida vens falar connosco. Então para não nos preocuparmos, porque ele tinha extrema confiança em ti e sabia que tu não irias fazer nada de errado mesmo tendo-o como influência e ele sendo tão… carismático.

Abri a boca completamente espantado. Eles não falaram mais sobre as minhas conversas com eles porque confiavam em mim? E esperavam, inclusive, que eu falasse com eles sobre essa conversa? Eu não sabia o que dizer...

— Enfim, mas sobre a magia branca e negra, isso é caracterizar a magia. Eu, pessoalmente, sou contra isso.

— Mas não existe magia branca e negra?

Ela sorriu, bondosamente.

— O que é para ti magia branca ou negra? Pelo que disseste que foi o conceito mais antigo, magia branca é uma magia mais regeneradora, mais relacionada ao corpo, enquanto a negra é mais psicológica, como as Imperdoáveis. No entanto, essa caracterização tem muitas falhas. Então se analisarmos, por exemplo, a oclumência, isto é baseado em força mental, ou seja, é negra.

Eu assenti, vendo a lógica disso.

— E a Legilimência a mesma coisa. Correto?

Voltei a assentir.

— No entanto, se estiveres numa batalha mental e, por algum, motivo conseguires aleijar a pessoa, fisicamente, ela perde a batalha. Se estiveres numa cama, com feridas, a tua oclumência é muito mais fraca.

— Mas isso é porque ficamos desconcentrados.

— Verdade. — disse sorrindo. — Mas o teu corpo, o que essas pessoas associam a magia branca está ligada diretamente à tua mente. Não existe tal coisa como magia branca ou magia negra. Eu acho um absurdo, por exemplo, considerarem o fogo, magia negra.

— Fogo?

— Tudo ligado a esse elemento — ela suspirou. — Acho que tenho que te dar uma aula em história da Magia. — murmurou rindo. – Tu já percebeste que as famílias mais antigas são muito… conservadoras?

Eu assenti, percebendo que ela queria dizer antiquadas e cheias de rituais estranhos.

— Existem duas frações que lutaram durante muitos anos e continuam a lutar. As que defendem que os nascidos Muggles e os de sangue mestiço não devem participar ativamente na sociedade. Ou melhor, não devem conseguir chegar muito longe na sociedade, porque são inferiores. Depois, existem os que defendem que isso é um absurdo. Esta batalha dura gerações e as convicções das famílias passaram para os filhos, que passaram para os filhos e fizeram com que o nome dessas famílias ficassem com uma associação. Foi daí que veio a classificação magos brancos ou das Trevas.

Ela parou, observando a minha expressão atenta.

— E essas famílias eventualmente uniram-se devido às suas opiniões iguais, criando com o tempo uma grande distância entre os defensores dos nascidos Muggles, os brancos e os defensores que eles não pertencem ao mundo Mágico, os das Trevas. Com essa união criou-se um evento muito engraçado, os dois ramos distinguiram-se a nível de magia também. Enquanto, as famílias “brancas”, por assim dizer, começaram a desenvolver ramos da magia mais ligado ao físico, como moldar a Terra ou mexer com a vida, os das Trevas preferiram desenvolver técnicas mentais. Se calhar, a oclumência e a Legilimência foram realmente originados lá, no entanto, é uma magia praticada pelos dois lados.

A Lily parou, parecendo ter ficado a pensar no que tinha dito até que abanou a cabeça e voltou a olhar para mim.

— Bem, o que importa é que essa magia, que as famílias foram desenvolvendo, ainda é segredo para muitos bruxos, por exemplo, nascidos Muggles, porque são segredos de família e tratados como isso. Foi daí que nasceu a magia branca ou negra. Ramos de magia mais extremos que só algumas pessoas sabem. Poucos se acreditam nisso, visto que sabem que isso é mais uma batalha de ideias e de geração de bruxos do que propriamente uma distinção física entre a magia. Além de que a magia negra só foi chamada de “negra” porque perderam a primeira guerra e os vencedores, “os brancos”, chamaram-lhe assim. Enfim, o que importa é que existem, na realidade, diversos ramos da magia, como as disciplinas que tens em Hogwarts, mas magia branca ou negra é mais suposições do que ramos. O Sirius, por exemplo, é de uma família negra então é um bruxo das Trevas. E agora também existe o conceito Muggle que tudo o que for considerado mais… injusto e agressivo é magia negra.

Estreitei os olhos, lembrando-me de mais uma coisa que o Riddle tinha dito.

— Mas se nós formos para um ramo tornamo-nos incapaz de ir para outro.

Ela desta vez sorriu abertamente, parecendo ter achado graça ao que disse.

— Verdade. Isto são teorias então eu também posso estar errada e pode realmente existir essa distinção. — Lily parou, pensando no que iria dizer. — É verdade que existem limitações. Olha para mim em relação à Legilimência. Fui para um extremo da oclumência, ficando perfeita e sendo impossível retirarem-me algum segredo e, por isso, sou incapaz de atacar alguém. Este é um exemplo dessa impossibilidade, no entanto, pelo que te disse antes e pela classificação são ambos ramos da Magia negra, ou seja, isso não é verdade, pois não?

— Oclumência é defender e, por isso, pode ser branca, não é?

A Lily riu.

— Esse é o maior problema com essa classificação. As pessoas associam inevitavelmente a que defender, curar é magia branca e atacar e torturar é magia negra. Mas se existe coisa que a magia é, é traiçoeira. Um feitiço inofensivo pode ser distorcido e um aparentemente mau pode ser bom. Olha o exemplo da Imperio. É negro não é? Mental e ofensivo.

Eu assenti.

— Mas se ela for usada para uma pessoa que está com dores crónicas enquanto a curamos para ela não sentir tanta dor? Não fica de cura?

Assenti outra vez, vendo onde ela queria chegar.

— Exatamente. É por isso, que esta classificação é errada. Realmente, existem feiticeiros das Trevas e brancos, que é a verdadeira definição, mas não existe magia branca ou negra. Ela é magia, o que as pessoas fazem com ela é que depende. E ser um feiticeiro das trevas não quer dizer que seja mau, como o contrário também se aplica. No entanto, para conversas futuras que não seja eu, associa magia branca a cura e negra a ofensiva, especialmente, torturas. Essa é a definição do Ministério.

Eu concordei com a cabeça mas lembrei-me que ela ainda não tinha explicado uma coisa.

— Mas e as restrições é só isso? Rituais que têm um preço.

Ela suspirou, esfregando o pescoço, parecendo desconfortável.

— Sim. Mas não é necessário serem só rituais. Existem magias que só conseguem ser produzidos com certos requisitos que muitas pessoas não conseguem, como o Patronum. É uma magia mental, mas muitos feiticeiros, ditos das Trevas, têm dificuldade em produzir, porque é o oposto da sua magia normal. O que nós temos é esses requisitos e a magia ficar habituada a um certo padrão, impossibilitando o bruxo de fazer outras coisas, os opostos porque a sua magia está demasiado treinada. Imagina, um homem alto e muito musculado, ele nunca irá ter a agilidade que uma pessoa pequena tem. É isto que faz essas condições. Mas isto é só para extremos Harry e, por favor, não te metas nisso. É demasiado perigoso e essa magia tem sempre um preço.

Ainda não conseguia perceber bem mas assenti, vendo a seriedade com que ela dizia aquelas palavras.

— Mas, – eu insisti lembrando-me de mais uma coisa – ele disse-me que eu era cinzento. Um caso excecional no mundo, porque tinha sido marcado pelos dois lados. Se não existe o que ele queria dizer com isso?

Desta vez ela ficou em silêncio, séria, lendo-me a expressão, mas vendo só curiosidade até que a sua postura relaxou.

— O que ele queria dizer era que a predisposição que um bruxo normal da tua idade tem, por já ter o seu coro formado, não existe em ti. Além de que o ambiente da família faz com que a magia do bruxo se adapte. Por norma, essa própria magia denuncia as suas facilidades e é por isso que o Olivander consegue dizer através da varinha se um bruxo vai ter mais facilidades em Transfiguração ou Feitiços, por exemplo. Então se for sangue puro ou ao longo do tempo tiver acesso a magia mais específica, da que não é acessível a todos, isso deixa uma marca.

Ela parou, olhando para mim com o que parecia carinho.

— Tu, como só praticas magia há pouco tempo, ainda não tens nenhuma limitação e podes teoricamente tentar especializar-te em dois tipos de magia opostas. És quase como um nascido Muggle quando vai para Hogwarts, mas com muito mais magia e com uma magia de certa forma diferente do normal, porque nós conseguimos ver a tua aura e ela indica que tu tens uma facilidade para quase tudo, provavelmente, por causa de Hogwarts ter formado a maior parte do teu coro. E essa predisposição que tu apresentas é rara e fê-lo concluir que provavelmente tinhas sido marcado por dois lados opostos. Isso também deve ser consequência de teres sobrevivido à maldição da morte.

Eu senti-me a ficar mais agitado, lembrando que existia alguma coisa sobre esse assunto que ela não me queria contar pela forma como os seus olhos denunciavam o seu nervosismo.

— Eu… acho que ainda estou ligeiramente confuso, mas acho que percebi os básicos.

A Lily sorriu, relaxando.

— É normal, isto é confuso e é por isso, que eu nunca te falaria disto até teres a tua própria ideia da magia. Só precisas de saber que tudo o que o Ministério diz é que as Trevas não são coisas que devas de explorar, porque é perigoso e proibido.

Assenti distraidamente e acordei do meu estado pela voz da Natalie.

— Eu vou-te ensinar.

Eu olhei para ela que estava mais uma vez virada para mim, com uma postura muito direita e não denunciado nada.

— Em quê?

Eu fiquei tão espantado que nem me lembrei de fazer algum comentário depreciativo e só fiz aquela pergunta básica.

— Oclumência.

Eu pisquei os olhos surpreendido e vi a Lily fazer o mesmo.

— Como?

Os cantos dos lábios dela curvaram-se ligeiramente, demonstrando que ela sentia prazer pela minha confusão.

— Eu vou-te ensinar no verão Oclumência. Eu aprendi desde o meu primeiro ano de Hogwarts e, por isso, estou a um nível mais avançado que o normal.

— Mas porquê?

— Porque sim — respondeu, dando de ombros.

Estreitei os olhos para ela.

— Tu queres ver as minhas memórias.

Ela deu-me um sorriso irónico.

— Já estás a presumir que és demasiado fraco para defenderes os meus ataques?

— Eu não disse isso!

— Então não tens nada a perder.

A Natalie mandou-me um olhar superior mas essa expressão desanuviou-se quando ouviu a voz da Lily.

— Porquê? – Foi a pergunta, num tom um pouco mais alto que um suspiro.

Ela pareceu responder a contragosto.

— O Professor Snape pediu-me para o analisar e o fazer avançar até ao nível em que ele não precisa mais de tutores. É por isso que estou aqui.

— O Snape? — perguntei, vendo-a assentir, distraída a olhar para a Lily.

— Por que é que não vem ele?

A Natalie pareceu ligeiramente desconfortável ao responder aquilo.

— Ele acredita que isso irá… — Ela parou, tentando encontrar as melhores palavras. — beneficiar as duas partes. Eu melhoro a minha oclumência e ele a sua Legilimência.

— Por que é que queres melhorar a oclumência? — a Lily perguntou com o que pareceu ser choque. — O teu pai ensinava-te se pedisses.

Ela desviou o olhar para a parede.

— Eu comecei a aprender desde o meu primeiro ano. — a Natalie suspirou e voltou a olhar para a Lily. — Era necessário — sussurrou e eu pela primeira vez associei-a a uma criança assustada.

Eu vi o desconforto dela e acho que a Lily também viu porque não falou mais, só assentindo distraidamente.

— E assim a minha dívida para com o professor Snape fica paga, pelos 4 anos de aprendizagem – continuou, parecendo sentir necessidade de se justificar ao ver o olhar ligeiramente perdido da Lily.

A Lily abriu a boca para dizer mais alguma coisa mas calou-se olhando para mim.

— Vais aprender com ela não vais, Harry?

Eu queria dizer que não, que ela ia ficar a 100 km da minha mente, no entanto, aquela pose dela, a mostrar fraqueza fez-me assentir, sem pensar.

— Então no verão já vais ser testado. – A Lily sorriu para mim mas eu vi uma sombra no olhar dela. — De qualquer das maneiras, a nossa aula por hoje acabou. Vou-te ensinar poções — disse, levantando-se.

Eu suspirei e levantei-me dando mais um olhar para a Natalie que só analisava a Lily com mais emoções que ela mostrava normalmente. Receio, culpa e outro sentimento que não percebi bem.

Estive para comentar, mas conclui que aquilo era uma conversa delas e só delas e, por isso, fui atrás da Lily, tentando mandar a minha mente parar de pensar sobre aquela reação e resposta.

 

N.A. Bem, já há algum tempo que não atualizava xD. Mas como pagamento têm este super mega capítulo que faz 4 dos outros. Por isso, acho que me podem perdoar.

Enfim, em principio o meu bloqueio criativo já parou, por isso, espero que o próximo capítulo venha rapidamente, daqui a 1 ou 2 semanas. A falar disso, gostava de ter uma opinião honesta, vocês preferem capítulos como este, grandes mas que demoram mais tempo ou mais pequenos mas atualizados em 1 ou 2 semanas?

Agora, também tenho que falar sobre o futuro da fic. Ela já está gigantesca, tanto de palavras como de capítulos e, por isso, eu decidi pará-la quando começar Hogwarts. Não se preocupem que vai ter uma final decente, ou seja, vai finalizar alguma coisa e eu regresso rapidamente com as aventuras do Harry em Hogwarts. Também não se precisam de preocupar agora com isto porque ainda falta para acabar. Como podem ver por este capítulo, o Verão vai ser interessante e vai ter muita coisa. No mínimo, se eu conseguisse fazer capítulos gigantes e resumir bem o que tenho a escrever, seriam 4 capítulos. Por isso, don’t worry, é só para vos informar.

No próximo capítulo, temos políticas e uma cambada de pessoas de Hogwarts. Por isso, até lá e espero que gostem :D.

PS: Se não perceberem alguma explicação digam que eu explico melhor no próximo capítulo.

PPS: Próximo capítulo até 24 de Janeiro.

PPPS: Espero que tenham tido um excelente Natal e se tenham divertido ^^.

Neuzimar de Faria: Primeiro de tudo quero dizer obrigada e espero que também tenha tido um bom Natal ;). O sonho ainda irá ser falado no futuro como muitas coisas que agora ainda parecem casuais mas irão ter muita importância no futuro. Espero que tenha gostado deste capítulo, onde se viu que o Harry está a cumprir o que disse e mais uma vez obrigada :D. 

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