Capitulo unico
24 de dezembro, 1985
A velha escada de madeira na casa dos Potter rangia com toda aquela agitação em cima dela. Pessoas subiam e desciam apressadas, levando coisas, trazendo coisas, aos som de gritos raivosos e risadas escandalosas. Por que, as pessoas costumam ficar histéricas quando estão com pressa. E, os Potter sempre foram assim, meio que... deixavam tudo pra ultima hora. Então, na véspera de Natal, não havia nada pronto, e, apenas James Potter estava tranqüilo, sentado no chão do hall de entrada, ouvindo os berros da mãe. Parecia estar esperando alguém.
E não deu outra. Menos de um minuto depois, ouviram-se batidas impacientes na porta, que ninguém além de James ouviu. Levantando-se de um pulo, ele abriu a porta com um sorriso maroto nos lábios.
Parado à soleira da porta, havia um jovem muito bonito de cabelos negros e olhar arrogante, como o sorrisinho debochado que ele dava.
_ Cachorro. – James cumprimentou, abrindo os braços.
_ Veado. – Sirius riu, abraçando o amigo em seguida.
_ Pára com isso. É cervo. – James disse, ligeiramente irritado, enquanto fechava a porta com a varinha.
_ Tá bom. – ele revirou os olhos – É serio, acho muito estranho você ter escolhido logo um veado pra se transformar. Se não fosse pela Lily...
_ Olha aqui... – James começou, mas, foi interrompido por uma figura que apareceu de repente no final da escada, de cabelos negros como o seu, usando um avental florido.
_ Sirius! – ela deu um gritinho e literalmente pulou em Sirius, que a pegou, girando-a no ar. – Pára com isso, garoto, eu vou ficar tonta!
_ Mamãe! – James resmungou, revirando os olhos. Nenhum dos dois lhe deu atenção.
_ Olá, senhora Potter. – Sirius disse, sorridente.
_ Ah, querido! Você parece que está maior a cada natal! Vinte anos na cara e ainda não parou de crescer!
Sirius riu, enquanto James revirava os olhos novamente.
_ Mamãe, não tem nem uma semana que você viu o Sirius... – ele disse, tentando botar juízo na cabeça de sua mãe.
_ Ah, James, deixa de ser chato! – ela repreendeu, apontando um dedo pra ele. James meramente... revirou os olhos. – Sirius, querido, eu até ficaria mais, mas, eu tenho que terminar o almoço! Até daqui a pouco, querido. Mesmo quarto de sempre! – ela gritou, enquanto corria para cozinha.
_ Ela sempre faz isso. – James disse, franzindo o cenho. Sirius sorriu debochadamente.
_ Tá com ciúme, Pontas?
_ Argh, não! – ele fez um careta.
_ Sei... – ele se calou ao ver o olhar do amigo, embora ainda sorrise.
_ Você sabe se Remo vem? – James perguntou, olhando-o de soslaio.
Sirius franziu o cenho, fingindo pensar.
_ Ah... Não sei... Talvez, com certeza? – ele revirou os olhos – Ele já deve estar chegando, e Pedro também...
_ Hmm... Mais cenas com a minha mãe.
Sirius riu.
_ E, então, cadê a Evans?
_ Ela tá lá em cima. E não é Evans, Sirius, é Potter. – James corrigiu, revirando os olhos para a burrice do amigo.
_ Sabe que eu nunca vou me acostumar a chamar ela assim. – Sirius ergueu as sobrancelhas, provocativo. – Agora se for Lily, Lírio, ruivinha...
_ Tá querendo levar um soco, Almofadinhas? – James disse, aborrecido, enquanto o outro rolava de rir.
_ Sem socos hoje, por favor! É natal. – a voz de Remo Lupin soou do outro lado do hall. James e Sirius voltaram-se para o amigo sorridente.
_ Caaaara... Como é que você invade a casa dos outros assim, hein? – James disse, indignado – Lobisomens não sabem bater na porta?
_ Ah, cala a boca, veado!
_ Até você, Aluado? – James disse, agora realmente indignado, enquanto os amigos riam e se abraçavam. – É cervo, c-e-r-v-o!
_ É, sei. – Remo respondeu, o abraçando também. – Cadê a Lily?
_ É senhora Potter, não Lily. – James corrigiu, fazendo beicinho.
_ James, todo mundo já sabe que ela casou com você, cara... – Remo disse, lançando um olhar exasperado para o amigo emburrado.
_ É que ele gosta de lembrar, sabe... acho que ele pensa que está tendo uma alucinação. – Sirius disse, fingindo estar preocupado com a saúde mental do amigo, enquanto Remo ria.
_ Tá bom, tá bom, seus idiotas! Vem, vamos beber alguma coisa.
Enquanto isso, no andar de cima da casa, alheias a tudo o que acontecia lá embaixo, duas garotas estavam paralisadas no banheiro, e, a atmosfera não poderia ser mais diferente. Uma delas, de cabelos ruivos flamejantes, estava sentada no vaso, a cabeça entre as mãos. A outra, de cabelos pretos espetados, estava ajoelhada à sua frente, e, dava palmadinhas nervosas em suas costas. Parecia perdida.
Por fim, a garota ruiva, Lily Evans, ergueu os olhos marejados para a amiga. Seu rosto estava vermelho e inchado, mas, ainda assim, ela conseguia ser linda.
_ Alice... – sussurrou ela – O que eu vou fazer?
Alice Longbottom não respondeu imediatamente. Seus olhos caíram involuntariamente para o objeto caído no chão, perto da lixeira. Parecia uma caneta branca, mas, marcava dois I no meio do objeto...
_ Você não vai fazer nada. – Alice respondeu, por fim, levantando os olhos para amiga – Você não pode fazer nada. Você só tem que contar pra ele...
_ Ah, não – gemeu, enterrando o rosto nas mãos novamente – O que ele vai dizer, Alice? Estamos no meio de uma guerra, que hora mais importuna...
_ Lily... – Alice chamou, tirando as mãos dos olhos dela – James te ama. Te ama. Ele vai aceitar, mais do que isso, ele vai adorar...
_ Adorar? Tá falando sério? – Lily exclamou, cética.
_ Claro que sim! Lily, tenho certeza que ele vai soltar fogos de artifício quando souber! Vocês se amam e vão ter um bebê! Quer coisa mais alegre?
_ Não tô dizendo que não estou feliz – admitiu Lily de má vontade – Só que... não é a melhor hora, entende?
_ Ah, fala sério! – Alice disse, um pouco impaciente – Pode não ser a hora perfeita, mas... não existe hora perfeita! Aliás, uma criança só vai alegrar todo mundo nesses tempos difíceis. É mais uma motivação pra lutar, sabe...
_ Duas crianças, não é? – Lily corrigiu, sorrindo maliciosamente.
Alice corou.
_ É, duas... Tanto faz.
_ Tá bom! – Lily revirou os olhos – Quando você vai contar ao Frank?
_ Nunca! – exclamou histericamente.
_ Depois fala de mim. – Lily resmungou.
_ Haha. – Alice disse, irônica. – Cara, se a gente tivesse combinado não tinha dado certo, né?
_ Como assim? – Lily perguntou, confusa.
Alice revirou os olhos.
_ Tipo, você e eu... grávidas... quase ao mesmo tempo, cara!
_ Verdade. – Lily concordou, rindo.
_ Acho melhor irmos... – Alice exclamou de repente, se levantando. – As pessoas devem estar te procurando, Lily.
_ Com pessoas você quer dizer James Potter? – Lily resmungou, se levantando também. Alice riu.
_ Claro. Papai Potteeeer... – ela cantarolou alegremente. Lily amarrou a cara pra ela.
_ Tem razão. Vamos descer antes que eu arrebente a sua cara.
Foi a vez de Alice amarrar a cara, enquanto Lily sorria satisfeita.
Na hora do almoço, véspera de Natal, a casa estava abarrotada. Seguindo-se a Remo Lupin, chegaram Frank Longbottom (Onde diabos você estava? Está duas horas atrasado, Frank! – Alice brigou. Frank apenas corou e não respondeu), Marlene McKinnon (Sirius ficou ridiculamente feliz quando esta chegou, e, derramou metade do seu copo de vinho. James e Remo riram discretamente com a cena), Pedro Petigrew (Ah, que saco! Achei que ele não vinha... – Sirius resmungou, levando um tapa de Marlene) Emelina Vance (Geeeeeeente, eu trouxe duas garrafas cheias de conhaque! – a ruiva exclamou, e todos os homens presentes aplaudiram e vaiaram. As mulheres fizeram cara feia.), Rúbeo Hagrid, que ficou entalado na porta ao chegar (Já disse pra você aumentar essa porta, mãe! – James caçoou rindo. Foi a vez de Lily dar um tapa nele, enquanto Sirius e Remo riam.), e, por fim, Minerva McGonnagal (Tia Miiii!!! – exclamaram James e Sirius como dois garotinhos e correram para abraçá-la. Ela riu e corou, enquanto todos davam risada).
Sabe-se lá como, os Potter conseguiram acomodar todas aquelas pessoas confortavelmente para passar a noite. Passaram um dia muito agradável juntos, e, por pelo menos algumas horas, conseguiram esquecer a guerra que pairava sobre suas cabeças. Lily Potter, no entanto, não conseguia tirar um assunto da sua mente. Um assunto que ficava indo e voltando, impedindo-a de realmente aproveitar o dia. Ela tentara, realmente tentara falar com James, mas, isso parecia impossível. Eles raramente ficavam sozinhos, e, quando ficavam, James parecia incapaz de ouví-la, de tão empolgado que estava.
_ James... – começou ela, um pouco antes do jantar, ou ceia de natal. Ela conseguira arrastá-lo para longe de Sirius e Remo por algum tempo, insistindo que a ajudasse a descascar algumas batatas para o jantar. Ele não ficou muito feliz, mas, não discutiu.
_ Você viu o Sirius em cima da Marlene? – James a interrompeu, franzindo o cenho, a expressão um misto de irritação e divertimento. – Ele me contou que eles tiveram um lance há muito tempo atrás, sabe...
_ James, eu...
_ E o fdp nunca me contou! – James sacudiu a cabeça, indignado – quer dizer, eu sou o melhor amigo dele, não sou? E, por que ele não se acerta logo com ela? Eu acho que o Sirius tem medo de compromisso...
_ James, eu estou...
_ Está o que, meu lírio? – ele perguntou, voltando os olhos para ela. Lily perdeu a coragem ao ouvir a pergunta tão repentina. Achava que parte dela talvez não quisesse que ele a deixasse falar, queria que ele continuasse tagarelando, alheio a tudo... Além disso, James parecia tão sereno, tão inocente naquele momento que... Argh, aquilo ia ser difícil.
_ Eu, eu estou...
_ Está...?
_ Estou.. estou... excitada – Lily se embaralhou com as palavras. – Não... quer dizer... estou animada...
James sorriu marotamente para ela, e, não havia nenhum vestígio de inocência em seus olhos.
_ Lily, amor, aqui não. – ele fingiu repreendê-la – Mas, se você quiser, a gente vai lá pra cima...
_ James! – Lily exclamou escandalizada.
_ James, nada! Você que tá dizendo que está excitada... – ele sorriu novamente, abraçando-a pela cintura.
Ela deu uma cotovelada nas suas costas, que fez ele deixar escapar um gemido de dor.
_ Estamos na casa dos seus pais! Você não tem respeito, não? – Lily disse, indignada – Quer saber, vai lá! Volte a conversar com os meninos.
_ Mas...
_ Tchau, James. – Lily disse, firme.
James a puxou pela cintura e, antes que pudesse reagir, roubou-lhe um beijo súbito e apaixonado.
_ Até daqui a pouco, ruivinha. – sussurrou rindo, e, saiu porta afora da cozinha, deixando Lily com os pensamentos a mil para trás.
Suas outras tentativas de contar a notícia á James foram tão ruins quanto esta, então, ela decidiu deixar para depois do jantar/ceia, quando estivessem indo dormir.
A mesa de jantar estava magnífica.
_ Legal. – Sirius e Thiago exclamaram ao entrarem na cozinha, arrancando risos dos presentes.
A mesa estava abarrotada com assados de carne, batatas assadas, frango de todos os tipos, salada, e, um enorme peru assado. Estava até parecendo um dos banquetes de Hogwarts.
_ James? – sussurrou Lily para o marido, sentado ao seu lado na mesa abarrotada.
_ Sim? – ele sussurrou de volta, curioso.
_ Mais tarde, eu preciso fa... –
Antes que pudesse terminar, o jantar foi interrompido por mais uma visita inesperada.
_ Tio Dumby! – exclamaram Sirius e James e, dessa vez Remo fez coro a eles. Todos na mesa riram de novo.
_ Olá, meninos. – Alvo Dumbledore sorriu, olhando-os por baixo dos oclinhos meia-lua. Ele usava uma longa capa roxa de viagem por cima de vestes verdes-berrante, os cabelos e barba brancos desciam quase até a cintura. – Boa noite! Desculpem o atraso, eu fui atacado por Fadas Mordentes no caminho.
Algumas pessoas riram, nervosamente. Não dava para saber se ele estava brincando.
_ Ah, Dumbledore! – a Sra. Potter se levantou sorrindo, e conjurou uma cadeira a mais entre ela e Minerva McGonnagal. – Que bom que pôde vir, então! Sente-se, sente-se!
Depois disso, o jantar seguiu-se ainda mais animado que antes, e, Lily não teve chance de comentar mais nada com James. Depois do jantar, eles foram todos a sala abrir o conhaque que Emelina Vance trouxera.
_ Aos Potter, por prepararem esse jantar lindo pra gente! – ela exclamou, abrindo a garrafa como se fosse um champanhe, e, todos riam e aplaudiram. A Sra. Potter ficou muito vermelha. E eles ficaram lá bebendo, conversando e rindo por um bom tempo. Só Lily estava impaciente para sair dali.
Alice veio toda sorridente até a amiga, acompanhada de Marlene e Emelina.
_ Lily, desmancha essa cara! Você tem tempo pra contar ao James! – ela disse, sorrindo animadamente. Lily tinha quase certeza que isso se devia ao conhaque.
_ Contar o que? – Emelina perguntou, curiosa.
_ Eu não estou com cara nenhuma, Alice. – Lily cortou-a, fuzilando Alice com os olhos.
_ Ah, qual é, Lily! – Alice bufou, impaciente – Você não vai contar para elas?
_ Contar o que? – Marlene e Emelina perguntaram, em uníssono.
_ Lily está grávida! – Alice jogou a bomba. As garotas olharam para Lily boquiabertas, como se esperassem uma confirmação.
_ É, estou – ela resmungou de má vontade, fazendo-as gritar e pular, abraçando-a. Lily riu, de má vontade.
_ Chega, suas malucas...
_ Malucas? – exclamou Marlene, cética – Você vai ter um bebê! – ela guinchou, quase gritando.
_ Psiu! – Lily sibilou, olhando em volta para ver se alguém tinha ouvido. Mas, ninguém estava prestando a mínima atenção nelas. – James ainda não sabe! Aliás, ninguém sabe...
_ Ah... Foi mal.
_ Por que ainda não falou pra ele? – Emelina perguntou.
_ Por que eu descobri hoje. – Lily respondeu, carrancuda.
Alice revirou os olhos para a amiga.
_ Não liguem pra Lily não, ela está mal-humorada hoje...
_ E você contou pra elas sobre quem mais está grávida, Alice? – Lily interrompeu-a maldosamente. Mas, para sua surpresa, Alice riu.
_ Claro. Contei para Frank também. – ela sorriu presunçosa ao ver o olhar de indagação de Lily – Acho que vamos anunciar amanhã.
_ Hmm... Parabéns. – Lily sorriu, sincera.
_ E, descobri o que ele estava fazendo que se atrasou! – Alice disse, animada. Ela pegou num lindo colar de diamantes que reluzia em seu pescoço, e, que Lily não notara antes.
_ Uau. – deixou escapar, boquiaberta – Ele te comprou isso?
_ Siiiim... – ela cantarolou, radiante. – E ele jura que vai ser uma menina... Mas eu quero um menino, sabe...
_ Sério? – Lily ergueu as sobrancelhas, surpresa.
_ Claro! Se for uma menina, eu vou acabar com ela... vou vestir, arrumar o cabelo, mimar pra vida toda... A menina vai se sentir uma barbie.
Lily revirou os olhos, rindo com as outras meninas. Alice era mesmo uma figura.
_ Mas, sabe... – Lily ficou seria de repente - Queria ter coragem pra fazer o que você fez... contar pra ele... Ou que o James me deixasse fazer isso.
_ Como assim? – Marlene perguntou, confusa.
_ Ah, é impossível contar alguma coisa pra ele... ainda mais quando os meninos estão por perto. – Lily resmungou.
_ Ciumeeeeenta – Alice disse, revirando os olhos novamente.
_ Ah, cale a boca.
Elas ficaram conversando amenidades o resto do tempo. Já era quase onze horas e, Lily estava ficando realmente impaciente. Enquanto elas tagarelavam, ela batia o pé, nervosa, pensando no melhor jeito de contar a James.
_ Oi, amor. Então... Eu estou grávida! Ufa, pronto, falei. –
Naaaaão, muito direto. Ele provavelmente cairia para trás.
_ Ooooi amoooor! Ai, eu preciso te contar uma coisa! Não, eu não estou te traindo! Mas, é uma coisa igualmente seria, aliás, beeem mais séria... Mas, muito séria meeesmo. Vai afetar todo o nosso futuro... mas, eu acho que você vai gostar, sabe... Não é uma notícia triste, na verdade, é bem alegre. Mas, eu estou realmente nervosa e não sei como diabos contar isso... então tá... uff... lá vai: Estou grávida! Eeeee. James? Jaaaaaaaaames? Ah, dormiu. –
Definitivamente não.
_ Amor. Oi. Saaabe, quando, tipo, duas pessoas se amam, bom, ás vezes não... Aiií, o material genético de uma pessoa se troca com o material genético da outra? Então... é que uma modificação genética está acontecendo na minha barriga neste momento... –
Naaaaaão! Muito científico! James não ia entender nada!
Quando estava tendo idéias cada vez mais mirabolantes, Lily foi interrompida por Alice.
_ Lily, querida? – ela agitou as mãos na sua frente como se Lily fosse cega – Está aí?
_ Hmm, sim. – Lily olhou-a, confusa.
Alice revirou os olhos.
_ Ah, saquei.
_ Sacou o quê, garota? – Lily disse, mais confusa que nunca.
_ É obvio que você tá doidinha pra contar pro James! – ela bateu palmas, empolgada. Lily ouviu Marlene sussurrar ‘Eu, hein’, que Alice não ouviu. Lily concordava intimamente com ela. – Então pode ir. Vai lá, cachorra! – e riu idiotamente.
_ Alice, você está bêbada?
_ Naaaaaaaão. – ela respondeu, rindo mais ainda.
_ Cara, você tá grávida! – Lily repreendeu, indignada.
_ Ah, eu sei, e não estou bêbada. Eu só estou te enchendo o saco. – ela riu, enquanto Lily revirava os olhos.
_ Tá bom. – disse, descrente. – E, olha, não dá pra falar com James agora, ele está lá com os meninos...
_ Ah, vai lá e chama ele, ué – Emelina sugeriu.
_ Ele não vai querer ir...
Alice abriu um sorriso sapeca.
_ Claro que vai...
_ Por que você acha isso?
_ Por que ele vai pensar que você quer tranzar... – ela respondeu, indiferente.
_ Alice! – Lily disse, chocada. Marlene e Evelina riram.
_ O que? É verdade! – ela deu de ombros.
Lily sacudiu a cabeça, incrédula, mas, resolveu ir assim mesmo. Deu boa noite às meninas e elas lhe desejaram sorte. Quando chegou até James, porém, teve uma surpresa. Ele não estava rindo e se divertindo, como ela pensara, nem nenhum dos garotos, tampouco. Ao contrário, todos estavam com expressões aborrecidas. Pensando que aquela, talvez não fosse uma boa hora, Lily ia saindo discretamente dali, mas, James a notou. Ele abriu um sorriso cansado.
_ Oi, querida.
_ Sim... – ela respondeu automaticamente – Hmm, James... Será que podemos... nos recolher? É que estou cansada...
Para a surpresa de Lily, o rosto dele se abriu num sorriso torto malicioso. Ela sentiu a atmosfera na roda mudar drasticamente de tensa para divertida.
_ Claro, amor. – ele respondeu, o sorriso se alargou. Lily apenas o encarou, cética. É serio que Alice estava certa?
Não deu outra. Eles se despediram com um ‘boa noite a todos’, e, James a levou sala afora, acenando para os amigos. Sirius tinha o mesmo sorriso que ele. Sacudindo a cabeça para a imaturidade masculina, Lily o seguiu escada acima. É agora, é agora... Ai meu Deus, como vou dizer?
Mal tendo tempo de pensar sobre isso, quando ela viu, eles já estavam no quarto. Lily abriu a boca para falar, mas, foi surpreendida pela boca de James, calando a sua com urgência. Ele a pressionou contra a parede, os lábios descendo para seu pescoço, e, Lily não pode evitar um gemido. Ela teve que ter muita força de vontade para reunir forças e empurrar James de cima dela, e, não apenas ficar lá e sucumbir ao desejo, como ela queria fazer.
Por fim, ele percebeu o que ela fazia, e, parou de beijá-la, confuso. Lily respirou fundo. É agora...
_ Ahn, eu... – ela se acovardou – Queria saber por que vocês estavam tão aborrecidos lá embaixo.
Ele a encarou desconfiado por um minuto, antes de soltar um suspiro irritado.
_ Aquilo. – franziu o cenho – Não sabia que você tinha notado...
_ Notei.
_ Nada, é que... Sirius recebeu uma carta dos pais. – ele disse, num fôlego só – Eles diziam coisas horríveis, sabe... nã é que nós não estamos acostumados com isso, mas, sei lá! Está todo mundo bem, rindo, e é vespera de natal... e o Sirius é parte da minha família, não da deles... Não mais! Ás vezes, eles fingem que ele nem é da família, e, outras, eles estão querendo mandar na vida dele... é confuso!
_ James...
_ E, quando isso acontece assim, de repente... Quer dizer, fala sério! não é uma coisa de se esperar! E eles têm que estar sempre tão em cima de Sirius? O coitado já tá por aqui – levantou a mão até o pescoço, indicativamente, sem notar os olhares urgentes da esposa – com toda essa coisa da guerra, e... e... segredo e...
_ James...
_ ... isso de talvez ter um traidor entre nós, podendo ser qualquer um, é claro... E também...
_ Jaaaames...
_ ... Aquela maluca sem noção da prima dele e a Marlene aparecer aqui inesperadamente e...
_ JAMES POTTER! – Lily gritou, finalmente perdendo a paciência com o marido tagarela. Ela repirou profundamente, fechando os olhos, um dedo apertando a ponta do nariz fino, tomando coragem. De fato, ficou assim por tanto tempo que poderia estar passando mal.
_ Lily? Lily, querida, está tudo bem? – James se aproximou cuidadosamente, talvez com medo de outro ataque da mulher. Esta ergueu os olhos para ele, com uma expressão torturada de quem está preste a confessar um crime.
James estava começando a se assustar de verdade.
_ O que...?
_ Estou grávida. – ela interrompeu-o num sussurro inaudível. Tão inaudível que ele não ouviu.
_ Hmm... O que...?
_ ESTOU GRÁVIDAAA!!! – berrou ela em resposta, fazendo James cair no chão de tanto susto. Lily não percebeu; começou a andar de um lado para o outro no pequeno cômodo, como se estivesse em transe. James não conseguia pensar em nada que pudesse dizer para acalmá-la, estava perdido em seu próprio choque. E, mesmo de muito tempo abrindo e fechando a boca sem dizer nada, tudo que saiu foi:
_ G- grávida? – gaguejou, ainda encarando ela boquiaberto - M-mas, como...? Quando...?
Ela voltou os olhos para ele. Ele se encolheu involuntariamente.
_ Como? Como? Quer mesmo que eu te explique de onde vem os bebês, James Potter?
_ N-não...
_ Desde outubro. Já tem três meses. – ela disse, suspirando resignadamente. Sentou-se na cama com o rosto entre as mãos.
Porém, tudo o que James pensava era na informação que acabara de ouvir. Sentiu um misto de alegria e raiva ao saber daquilo.
_ Outubro? Você está grávida de três meses e não me disse nada? – ele perguntou, tomando cuidado para não parecer muito acusador. Afinal, Lily estava emocionalmente desequilibrada.
Ela ergueu os olhos para ele.
_ Não disse nada? E você lá deixou eu dizer alguma coisa? – ela bufou, cética.
_ Como assim não deixei? Eu...
_ Não deixou. – afirmou ela, revirando os olhos – Toda vez que eu tentava te contar você estava muito ocupado resolvendo os problemas de todo mundo. E, também eu confirmei hoje... eu só desconfiava a muito tempo que.... que...
James abriu a boca para retrucar, mas não disse nada. Lily agora enterrara o rosto nas mãos novamente, e, seu corpo estava sacudido por soluços.
Ele se aproximou da mulher, sentindo suas estranhas se revirarem.
_ Heei, shhh... shhh, vai ficar tudo bem, Lily. – disse, abraçando-a. Suas lágrimas molhavam sua camisa, enquanto seu corpo se sacudia de soluços cada vez mais histéricos. – é um bebê. E, eu estou adorando, é sério. É bom ter um pouco... não... ter muita alegria nesses tempos difíceis, sabe...
Lily ergueu os olhos marejados para ele.
_ É justamente por isso, James. – ela disse, o rosto contorcido de preocupação – Alice me disse o mesmo que você, mas, ninguém quer ter uma criança no meio de uma guerra. Nenhuma criança tem que nascer num cenário desses. Ah, o que vai ser dele, J? É tudo tão perigoso, tão arriscado... E... E... Nós fomos idiotas, descuidados...
_ Shhh – ele calou a esposa com beijo suave – Tem razão, fomos idiotas. Mas, se for para ser idiota que seja por uma coisa assim. – ele sorriu – Acho que quando Harry nascer, tudo vai valer à pena.
Lily ergueu as sobrancelhas, momentaneamente esquecendo sua preocupação.
_ Harry?
_ Bom... – James encolheu os ombros – Ele precisa de um nome.
_ Ele? – Lily revirou os olhos – Até minutos atrás você nem sabia que ela existia.
_ Mas, agora eu sei que ele existe, e, sei o nome dele. – ele sorriu daquele jeito marotamente convencido que fazia o coração de Lily dar cambalhotas.
_ Ela vai se chamar Lucinda.
_ É um menino.
_ Menina.
James estreitou os olhos para esposa, que agora sorria ao invés de chorar.
_ Lucinda? É sério? – perguntou ele, levemente incrédulo.
_ Claro.
_ Esse nome é horrível.
_ Harry não é muito melhor. – desdenhou ela, sorrindo debochadamente.
Mas, James não cedeu á provocação da mulher. Estava tão imensuravelmente feliz que achou que nunca fosse parar de sorrir. Puxou Lily para perto, beijando-lhe os lábios suavemente. Ela passou os braços por seu pescoço, e, ele a abraçara pela cintura, sentindo seu corpo com ele. James parou o beijo um pouco ofegante, passando a mão pela barriga da esposa, que já tinha uma pequena, mas, notável saliência que ele, por descuido, não havia notado antes.
_ Oi, Harry. – ele sussurrou, encostando a cabeça no ombro da esposa. Ela riu levemente, mas, James sentia suas lágrimas - agora de felicidade – banhando uma pequena parte do seu cabelo.
Neste momento, no outro lado da rua, na velha Igrejinha abarrotada, o Padre Andrew subia as escadas vagarosamente, por causa da idade avançada. Chegou até o alto da pequena torre, ofegando, alheio a cena mágica há menos de cem metros de distancia. Assim como todos os outros, alheios ao que os Potter falavam, alheios ao nascimento de um garoto tão especial, um garoto que salvaria tantas vidas mais tarde... O Padre, cansado, puxou a corda amarrada ao sino no alto da torre, anunciando a vila que era meia-noite. Anunciando que era Natal.
James e Lily ouviram as badaladas, mesmos imersos em seu próprio momento mágico, não puderam deixar de sentir uma pontada agradável de esperança.
James baixou o corpo até que ficasse de joelhos para Lily, sentada na cama. Abaixando ligeiramente a cabeça, encostou o rosto na sua barriga, enquanto ela acariciava seus cabelos. Suspirando, ele ergueu os olhos para ela.
_ Este, - disse, beijando sua barriga com adoração – é o melhor presente de natal de todos os tempos.
(N.A/ Eeeeee! Adoro finais dramáticos kkkkk A idéia dessa fic surgiu quando eu tava escrevendo A Última Herdeira, sabe... eu queria muito escrever alguma coisa de natal, e, lá eles não estão na época de natal ainda e aii... tcharaaaan, nada melhor que um natal com Marotos! Então é isso, leiam New Generation - A Ultima Herdeira... E, espero sinceramente que tenho gostado!!!
E é claro...feliiiiz Nataaal!!!! Muitos muitos muitos presentes e muitas felicidades! E, que o Papai Noel não visite vocês... Seriio, aquele velhinho me dá medo.... Enfim,, bjoooooo e feliz feliz feliz Nataaal.......... E sem Papai Noel.;))
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