CAPITULO DOZE: MAGIA É PODER
— Quem vai querer ler? — Perguntou Fernando.
— Eu vou. — Falou Marietta amiga de Cho, muitos olharam espantados, ela não falava nada durante a leitura, e do nada decide começar a ler, Fernando deu de ombros se levantou e foi entregar o livro a menina que o olhou intensamente, mas o loiro não retribuiu o olhar, apenas entregou o livro e voltou para seu lugar.
— Eu vi isso. — Sussurrou Felipe sorrindo maroto para o irmão que revirou os olhos.
— Cala a boca, porque você não vai atrás da Malfoy? — Criticou Fernando apenas para o irmão ouvir, o mesmo deu uma breve olhada para a loira que estava conversando com Hermione, verificou se a mesma ouviu, mas pareceu que não.
— Capitulo doze: Magia é Poder. — Falou Marietta começando a ler.
— O que isso quer dizer? — Perguntou Hermione.
— Acho que seja a respeito sobre o assunto dos acontecimentos no Ministério que o capitulo anterior falou. — Falou Minerva.
Marietta vendo que ninguém diria mais nada começou a ler.
À medida que agosto foi passando, o quadrado de capim alto no meio do largo Grimmauld foi secando ao sol até se tornar marrom e quebradiço. Os habitantes do número doze nunca eram vistos por ninguém das casas vizinhas, nem o número doze em si. Os trouxas que moravam no largo havia muito tempo tinham aceitado o divertido erro de numeração que deixara o número onze ao lado do número treze.
— Eu costumava rir quando as pessoas paravam no meio do caminho para ficar olhando para o numero onze e treze, eles faziam umas caras tão confusas, criança era mais engraçado. — Falou Sirius rindo.
— Porque? — Perguntou Miguel Corner.
— Porque eram crianças com idade entre seis e sete anos, e as crianças trouxas começam a aprender a contar com essa idade, eles achavam que tinham aprendido errado quando via que o numero treze vinha depois do onze. — Explicou Sirius rindo.
Algumas pessoas riram ao pensar na cena.
E, no entanto, o largo, aos poucos, vinha atraindo visitantes que pareciam achar a anomalia muito curiosa. Não se passava um dia sem que uma ou duas pessoas chegassem ao lugar sem outro objetivo, ou assim parecia, que não o de se debruçar nas grades diante dos números onze e treze, para observar a emenda das duas casas. Não eram sempre os mesmos, dois dias seguidos, embora se parecessem na aversão por roupas comuns. A maioria dos londrinos que passavam pelos visitantes estavam acostumados a trajes excêntricos e nem reparavam, ainda que, ocasionalmente, um deles pudesse olhar para trás imaginando por que alguém usaria capas tão compridas naquele calor.
— Az vezes eu fico me perguntando porque os bruxos não podem usar as mesmas roupas que trouxas? — Perguntou Lily.
— E porque os trouxas não podem usar roupas como nós? Porque nós temos que usar roupas iguais as deles invés deles as nossas. — Falou Lila sempre do contra.
— Porque as roupas dos bruxos são muito antigas, são sempre os mesmo estilos, capa mesmo sendo no calor ou no frio, eu acho esse tipo de roupa muito antiga, já as roupas trouxas são diferenciadas por estilo, sabe, tem o estilo mais normal, o extravagante, os estranhos e assim vai, enquanto os dos bruxos são sempre os mesmo, eu acho bonito os uniformes escolares e uniformes de times de Quadribol, ai sim é bonito. — Falou Lily.
— Mas não precisamos ser obrigados a usar. — Falou Parvati.
— Não estou dizendo que vocês são obrigadas a usar roupas trouxas, estou apenas dando a minha opinião, da mesma forma que você está dando a opinião que os trouxas poderiam usar roupas bruxas. — Explicou Lily defensiva.
— Ela quis dizer que cada um tem um gosto, por exemplo, se você tivesse uma irmã gêmea ela não seria igual a você, mesmo sendo na aparência ela teria gostos e personalidades diferentes. — Falou Hugo de uma forma mais simples.
Todos olharam impressionados para Hugo que olhou de volta sem entender.
— O que foi? — Perguntou Hugo confuso.
— Nunca achei que fosse ver uma copia do Rony falando desse jeito, um jeito educado e inteligente. — Falou Jorge.
— Acho que vou chorar de tanta emoção. — Falou Fred dramático.
— Muito engraçado, hahaha. — Falou Rony fazendo cara de quem não gostou.
Depois disso Marietta voltou a ler.
Os curiosos não pareciam extrair grande satisfação de sua vigília. Por vezes, um deles partia em direção à casa, agitado, como se, enfim, tivesse visto algo interessante, apenas para acabar recuando, desapontado.
— Que idiota, andou para nada. — Falou Alicia Spinnet.
— É verdade, as vezes eu não levanto nem para abrir a porta do quarto, só mando entrar. — Falou Fred II fazendo cara de preguiçoso.
— O que causou muitas pessoas verem você de cueca. — Falou Roxanne revirando os olhos.
— Qual é o problema, até parece que vocês nunca viram um menino de cueca. — Falou Fred II dando de ombros.
— Mas quem nós vimos não era tão feio como você. — Rebateu Roxanne.
— Como é que é? — Perguntou Fred II não acreditando no que acreditou.
— É isso mesmo, você é ridículo Fred Weasley II. — Falou Roxanne não se importando com a cara de espanto do irmão.
— Não estou falando disso sua idiota, estou falando do fato de você já ter visto algum menino de cueca. — Falou Fred II.
— É claro que já vi, eu vi o Al, James, Fernando, Felipe, Scorpius e Miguel. — Falou Roxanne contando nos dedos como se não tivesse importância, Fred II olhava para cada um dos meninos que ela falava e os mesmos estavam corados, principalmente Scorpius.
— Estão vendo, eu não sou o único que já se trocou com a porta destrancada. — Falou James corado levemente.
— É todos da família, quanta diferença. — Falou Rose dando de ombros.
— Scorpius não é da família, tudo bem que é amigo, mas como você conseguiu ver ele de cueca? Ele nem da Grifinória não é. — Falou Al.
— O Scorpius não vale, ele tava de sunga na piscina, mas sunga e cueca são quase tudo a mesma coisa. — Falou Roxanne dando de ombros.
Teddy deu sinal para que voltassem a ler antes que Fred II pulasse em cima dos meninos por terem deixado sua irmã mais nova os ver de cueca ou sunga no caso do Scorpius.
No primeiro dia de setembro, havia mais pessoas rondando o largo do que jamais houvera. Meia dúzia de homens com longas capas pararam atentos e silenciosos, observando, como sempre, as casas onze e treze, mas a coisa que esperavam ver continuava a lhes escapar. À medida que a noite foi caindo e trazendo, pela primeira vez em semanas, inesperadas rajadas de chuva fria, ocorreu um desses momentos inexplicáveis em que eles tiveram a impressão de ter visto algo interessante. O homem de cara torta apontou-o para o companheiro mais próximo, um homem pálido e gorducho, e ambos avançaram, mas, momentos depois, retomaram a descontraída inatividade anterior, com um ar de contrariedade e decepção.
— Com certeza acharam que era alguém da Ordem ou conhecido. — Falou Gui.
— Por quanto tempo vocês vão ficar lá em? — Perguntou Tonks olhando para Harry, Rony e Hermione que deram de ombros sem saber o que responder.
— Teremos que ler para saber. — Falou James sorrindo, adorava deixar alguém na expectativa.
Entrementes, no interior do número doze, Harry acabara de entrar no corredor. Quase perdera o equilíbrio quando aparatou no degrau à frente da porta, e achou que os Comensais da Morte pudessem ter percebido o seu cotovelo momentaneamente à mostra. Fechando com cuidado a porta ao passar, tirou a Capa da Invisibilidade, pendurou-a no braço e correu pelo corredor lúgubre em direção ao porão, apertando na mão o exemplar do Profeta Diário que roubara.
— Que feio Harry, roubando jornais. — Falou Fred com falsa decepção.
— É, estamos completamente decepcionados com você. — Falou Jorge.
Harry revirou os olhos para os cunhados.
O sussurro habitual de "Severo Snape?" saudou-o, o vento gelado passou por ele e sua língua enrolou por um instante.
— Eu não o matei — respondeu, quando pôde, e prendeu a respiração enquanto o espectro poeirento explodia. Aguardou até alcançar a metade da escada da cozinha, fora do alcance da Sra. Black e da nuvem de poeira, para gritar: — Trouxe notícias, e vocês não vão gostar.
— Droga, o que será que aconteceu? — Perguntava Molly preocupada.
Todos deram de ombros, varias coisas que poderiam acontecer passaram por suas cabeças, muitos deles até se arrepiavam com o que poderia acontecer, a cada segundo de silencio a tensão aumentava.
— Só iremos saber se ler. — Falou Tonks em forma de fazer a menina voltar a ler, e foi o que a mesma fez.
A cozinha estava quase irreconhecível. Todas as superfícies agora brilhavam: as panelas e tachos de cobre tinham sido polidos até adquirirem um brilho rosado, o tampo da mesa de madeira luzia, as taças e pratos, já postos para o jantar, cintilavam à luz das chamas vivas que dançavam na lareira, onde fumegava um caldeirão. Nada no aposento, porém, apresentava uma mudança mais dramática do que o elfo doméstico, que agora veio correndo receber Harry, vestido com uma alvíssima toalha, os pêlos de sua orelha limpos e fofos como algodão, o medalhão de Régulo balançando no peito magro.
— Nós morrendo de preocupação e esse maldito livro fica descrevendo como está aquela maldita casa, assim vamos acabar morrendo de tanta preocupação antes de soubermos o que aconteceu. — Falou Sirius emburrado.
— Tire os sapatos, por favor, meu senhor Harry, e lave as mãos antes do jantar — crocitou Monstro, apanhando a Capa da Invisibilidade e sacudindo-a para pendurar em um gancho na parede, ao lado de várias vestes antiquadas recém-lavadas.
— Meu Merlin, para que enrolar tanto, eles poderiam pular para a parte mais interessante, não é? — Perguntou Rony fazendo muitos ali concordarem.
— Que aconteceu? — perguntou Rony, apreensivo. Ele e Hermione estiveram estudando um maço de anotações e mapas feitos à mão, e que cobriam uma das extremidades da longa mesa da cozinha. Agora, no entanto, pararam para observar a aproximação de Harry, que atirou o jornal em cima dos pergaminhos espalhados.
Uma grande foto de um homem de cabelos negros, nariz curvo, muito conhecido dos três, encarou-os sob a manchete: SEVERO SNAPE CONFIRMADO DIRETOR DE HOGWARTS.
— OQUE? — Gritaram todos do salão, alunos, professores, convidados e até mesmo Umbridge que ficara surpresa.
— Não pode estar acontecendo isso, o Snape como diretor? A escola vai afundar. — Falou Sirius dramático.
Snape começou a pensar na possibilidade dele virar diretor, ele não conseguia se imaginar assim, sempre recebera ordens de Dumbledore para quase todas as façanhas que havia feito, como conseguiria cuidar de uma escola sozinho? Em sua cabeça a escola viraria uma catástrofe, ainda mais ele sendo um comensal e ter que com certeza acatar as ordens de Voldemort, e sabia que as ordens do Lord das Trevas não seria boas, e nem amigáveis que ajudaria alguma pessoa que não fosse ele.
— Como isso pode acontecer? O Snape diretor? Porque Minerva não se tornou diretora? Ela não está aqui a mais tempo que ele? — Perguntou Hermione.
— Não é a escola que escolhe, é o conselho, e o conselho é feito por pessoas do Ministério, e o Ministério está infestado de comensais, por isso acho que eles escolheram o Snape por medo de que os comensais atacassem suas famílias. — Explicou Minerva.
Depois disso ninguém falou nada, e a menina que estava lendo a pouco voltou a ler.
— Severo Snape, há anos professor de Poções na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, foi hoje nomeado diretor na mudança mais importante entre as que foram realizadas no corpo docente da tradicional escola. Aleto Carrow assumirá a função de professora de Estudos dos Trouxas face ao pedido de demissão da titular, enquanto seu irmão, Amico, ocupará o posto de professor de Defesa contra as Artes das Trevas.
— Como assim? Eles são comensais? É capaz deles torturarem os alunos por nada, só por diversão. — Falou Molly preocupada com o futuro de sua filha, afinal, ela estaria na escola naquele ano, o que aconteceria com ela? Perguntava-se a patriarca da família Weasley.
“Ele com certeza não poderia fazer nada, se ele dissesse não a situação da escola ficaria bem pior, com certeza ele não teve opção.” Pensava Dumbledore.
— Mas ainda têm os outros professores, eles tentarão fazer alguma coisa para ajudar os alunos, não é? — Perguntou Arthur.
Os outros professores se olharam e como se tivessem entendido a resposta um do outros assentiram em confirmação, sempre fariam o possível para ajudar seus alunos.
"Agradeço a oportunidade de defender os melhores valores e tradições bruxos..."
— Suponho que sejam matar e cortar orelhas! Snape, diretor! Snape no gabinete de Dumbledore: pelas calças de Merlim! — guinchou Hermione, sobressaltando Harry e Rony. Ela se levantou da mesa de um salto e se precipitou para fora da cozinha, gritando: — Volto em um minuto!
— Deu a louca na Hermione. — Falou Rony rindo.
— Tenho que concordar com o Rony. — Falou Harry também rindo.
— O que será que ela vai fazer agora? — Perguntou Gina.
Hermione cruzou os braços fingindo estar zangada com os amigos, mas não funcionou, acabou por rir junto a eles, a muito tempo eles não faziam isso? Rir por qualquer coisa.
Marietta voltou a ler depois que ninguém mais falou.
— Pelas calças de Merlim? — repetiu Rony, achando graça. — Ela deve estar bem perturbada.
Ele puxou o jornal para perto e correu os olhos pelo artigo sobre Snape.
— Os outros professores não vão aceitar isso. McGonagall, Flitwick e Sprout sabem a verdade, sabem como Dumbledore morreu. Não vão aceitar Snape como diretor. E quem são esses Carrow?
— Comensais da Morte — respondeu Harry. — Tem fotos deles aí dentro. Estavam no alto da torre quando Snape matou Dumbledore, é a reunião dos amigos. E — continuou Harry, amargurado, puxando uma cadeira — não vejo opção para os outros professores senão permanecerem nos cargos. Se o Ministério e Voldemort estão apoiando Snape, terão de escolher entre ficar e ensinar ou passar uns aninhos em Azkaban, isto é, se tiverem sorte. Calculo que ficarão, para tentar proteger os alunos.
— Isso não pode estar acontecendo. — Falou Fred dramático.
— O que? — Perguntou Molly e Arthur ao mesmo tempo.
— A Hermione surtando e o Harry usando a inteligência, isso é completamente impossível. — Explicou Fred fazendo mais drama.
— É, o Rony parece ser o único que não mudou até lá. — Concordou Jorge.
Depois disso os gêmeos não disseram nada, algumas pessoas riam, Harry, Rony e Hermione reviravam os olhos como se pensassem “idiotas”, Gina deu sinal para que Marietta voltasse a ler, olho brevemente para Cho que estava ao lado da menina que lia e a japonesa a fuzilava com os olhos, não deu atenção apenas deu de ombros.
Monstro veio apressado em direção à mesa, trazendo uma grande terrina nas mãos, e serviu a sopa nos pratos imaculados, asso-viando entre os dentes.
— Obrigado, Monstro — disse Harry, fechando o Profeta para não precisar olhar para a cara de Snape. — Bem, pelo menos sabemos exatamente onde ele está agora.
“Como se fosse precisar me procurar para pedir ajuda.” Pensou Snape ironicamente.
Harry começou a levar a colher de sopa à boca. A qualidade da culinária de Monstro tinha melhorado drasticamente desde que ganhara o medalhão de Régulo: a sopa de cebola de hoje era a melhor que Harry já provara.
— Ainda tem uma pá de Comensais da Morte vigiando a casa -disse ele a Rony enquanto comia —, mais do que de costume. E como se estivessem esperando que a gente saísse carregando os malões da escola para tomar o Expresso de Hogwarts.
— Só idiota mesmo para pensar que você voltaria para a escola sendo que está sendo caçado em tudo quanto é lugar. — Falou Gina.
— Deve ser esquisito, sabe, ao invés de você estar indo para Hogwarts você está em casa, depois de seis anos tendo que fazer a mesma coisa. — Falou Rony.
Rony consultou o relógio.
— Estive pensando nisso o dia todo. O expresso partiu faz umas seis horas. É esquisito não estar a bordo, não é?
Harry pareceu rever em imaginação a Maria Fumaça, quando ele e Rony a seguiram pelo ar, tremeluzindo por campos e montanhas, uma lagarta vermelha ondulando sobre trilhos. Tinha certeza de que Gina, Neville e Luna estavam sentados juntos neste momento, talvez se perguntando onde ele, Rony e Hermione estariam, ou discutindo a melhor maneira de sabotar o novo regime de Snape.
— Gina não faria isso. — Falou Molly.
— Minha mãe é tão ingênua. — Sussurrou Gina fazendo com que apenas Harry escutasse, o moreno ao seu lado começou a rir baixinho, mas da mesma forma atraindo a atenção de todos.
— Porque esta rindo? — Perguntou Hermione.
— Nada. — Respondeu Harry o mais convincente possível.
Muitos não acreditaram naquilo, mas também não insistiram em saber, Marietta voltou a ler antes que falassem mais alguma coisa.
— Eles quase me viram voltando para casa, agora há pouco -disse Harry. — Aterrissei de mau jeito no degrau da porta, e a capa escorregou um pouco.
— Faço isso todas as vezes. Ah, aí vem ela — acrescentou Rony, esticando-se na cadeira para ver Hermione entrando na cozinha. — E em nome dos cuecões folgados de Merlim, que aconteceu?
— Rony, você fala cada coisa estranha. — Falou Hermione.
Rony não ligou para o que a namorada havia dito, apenas sorriu e deu de ombros.
— Me lembrei disto aqui — Hermione ofegava.
Trazia na mãos um enorme retrato emoldurado, que apoiou no chão antes de apanhar a bolsinha de contas no aparador da cozinha. Abrindo-a, tentou forçar o quadro para dentro, e, embora ele fosse visivelmente grande demais para caber naquela bolsinha minúscula, em segundos desapareceu, como tantas outras coisas, em suas amplas profundezas.
— Vocês vão levar isso? Pra que? — Perguntou Sirius curioso.
Ninguém soube responder.
— Fineus Nigellus — explicou Hermione, atirando a bolsa na mesa da cozinha, com o estrondo metálico habitual.
— Desculpe? — perguntou Rony, mas Harry entendeu. A imagem de Fineus Nigellus era capaz de sair do retrato no largo Grimmauld e visitar o outro que havia pendurado no gabinete do diretor de Hogwarts: a sala circular no alto da torre onde, sem dúvida, Snape estava sentado neste momento, na posse triunfal da coleção de delicados objetos mágicos de prata que pertencera a Dumbledore: a Penseira, o Chapéu Seletor e, a não ser que a tivessem levado para outro lugar, a espada de Gryffindor.
— Snape poderia mandar Fineus Nigellus dar uma olhada aqui em casa para ele — explicou Hermione a Rony, tornando a ocupar o seu lugar à mesa. — Que experimente fazer isso agora, só o que Fineus vai ver é o interior da minha bolsa.
— Bem pensado, mas Hermione, você sempre fica estranha quando tem uma grande idéia? — Perguntou Sirius.
— Não. — Falou Hermione.
— Mentira, ela fica estranha sim. — Falou Rony.
— Não, eu não fico estranha. — Falou Hermione.
O casal olharam para Harry como se pedisse a opinião dele.
— É verdade Hermione, sempre quando você descobre alguma coisa ou tem alguma idéia você fica assim. — Falou Harry concordando com Harry.
— Harry, você não pode ficar do lado dele, e quando foi que eu fiz isso? — Perguntou Hermione brava por ter perdido a briga para o namorado.
— Segundo ano, você foi correndo igual uma louca para a biblioteca quando descobriu porque o Harry escutava vozes vindas da parede. — Falou Rony.
— Primeiro ano, quando descobriu sobre Nicolau Flamel, você saiu correndo a procura do livro em que estava a resposta para o que estava escondido. — Falou Harry.
— Tá, foi só no primeiro e segundo ano, só duas vezes. — Falou Hermione vencida.
— Você também ficou assim quando descobriu do professou Lupin, no terceiro ano. — Falou Harry.
— Tudo bem, vocês venceram, eu faço isso no mínimo uma vez por ano, satisfeitos? — Perguntou Hermione emburrada.
— Muito. — Responderam Harry e Rony rindo junto de todos que escutavam a conversa.
— Bem pensado! — exclamou Rony, impressionado.
— Obrigada — sorriu Hermione, puxando o prato de sopa para perto. — Então, Harry, que mais aconteceu hoje?
— Nada. Vigiei a entrada do Ministério durante sete horas. Nem sinal dela. Mas vi seu pai, Rony. Está com ótima aparência.
— Com certeza isso é só por fora. — Falou Molly.
Arthur concordou, nunca poderia estar ótimo sem saber onde um de seus filhos estava, com certeza não pararia de pensar como eles estariam vivendo por conta própria.
Rony agradeceu, com a cabeça, a notícia. Eles tinham concordado que era perigoso demais tentar se comunicar com o sr. Weasley entrando ou saindo do Ministério, porque estava sempre cercado por outros funcionários. Tranqüilizava, porém, vê-lo nesses rápidos relances, mesmo que parecesse muito ansioso e esgotado.
— Papai nos contou que a maioria dos funcionários do Ministério usa a Rede de Flu para ir trabalhar — disse Rony — É por isso que não temos visto a Umbridge, que jamais andaria a pé. Ela se acha muito importante.
— Eu sou importante, tenho mais coisas a fazer do que ficar em casa apenas lendo jornal. — Falou Umbridge.
— É, ficar sentada e achando que é mais importante do que as outras pessoas é uma coisa muito importante a se fazer. — Falou Hermione sem nenhum pudor, sem medo do que Umbridge poderia fazer.
— Você é uma criança, não sabe o que é ser adulta, as responsabilidades, os trabalhos e todo o resto. — Falou Umbridge.
— Saberei um dia, e tenho certeza que minha vida não será tão trabalhosa quanto a sua, eu ao menos vou tentar fazer algo para ajudar alguém, e não algo que deixe marca em alguém. — Falou Hermione se referindo a cicatriz que Harry tinha nas costas da mão.
— E aquela velha bruxa engraçada e o bruxo miúdo de vestes azul-marinho? — perguntou Hermione.
— Ah, é, o cara da Manutenção Mágica — respondeu Rony.
— Como sabe que ele trabalha na Manutenção Mágica? — tornou Hermione, com a colher de sopa suspensa no ar.
— Papai falou que todo o mundo que trabalha no departamento usa vestes azul-marinho.
— E eu achando que vocês não prestam atenção no que eu falo. — Falou Arthur.
— É claro que prestamos atenção. — Falou Gina.
— Mas você nunca nos disse isso!
Hermione largou a colher e puxou para perto o maço de anotações e mapas que ela e Rony estavam examinando quando Harry entrou na cozinha.
— Não há nada aqui que fale em vestes azul-marinho, nada! — disse ela, folheando os papéis febrilmente.
— Porque alguém anotaria as roupas que as pessoas usariam? — Perguntou Dino confuso.
Ninguém respondeu.
— Ora, faz mesmo diferença?
— Rony, tudo faz diferença! Se vamos entrar no Ministério sem nos trair, sabendo que eles estão super atentos aos intrusos, cada detalhezinho faz diferença! Já repassamos isso mil vezes, quero dizer, de que adiantam todas essas viagens de reconhecimento se você nem se dá o trabalho de nos dizer...
— Caramba, Hermione, esqueci uma coisinha...
— Você entende, não, que no momento é provável que não exista lugar mais perigoso para nós no mundo do que o Ministério da...
— Acho que devíamos agir amanhã — disse Harry. Hermione parou de falar, o queixo caído; Rony engasgou-se um pouco com a sopa.
— Você está ficando louco, não é? — Perguntou Remo.
— Resolver fazer isso de uma hora para a outra, é loucura. — Falou Sirius.
— Da para esperar, nem sabemos porque o meu eu do futuro quer fazer isso de uma hora para outra, como acha que eu vou saber? — Perguntou Harry.
Remo e Sirius não disseram nada, apenas concordaram.
— Amanhã? — respondeu Hermione. — Você não está falando sério, Harry!
— Estou. Acho que não estaremos melhor preparados do que estamos, mesmo se continuarmos a rondar a entrada do Ministério mais um mês. Quanto mais adiarmos, mais distante o medalhão ficará. E sempre há uma boa chance de que a Umbridge o tenha jogado fora; a coisa não abre.
— A não ser — lembrou Rony — que ela tenha arranjado um jeito de abrir e esteja possuída.
— Não faria a menor diferença, ela já era maligna desde o começo — disse Harry, sacudindo os ombros.
— Olha o respeito Potter, eu sou sua professora, deve respeito. — Falou Umbridge.
— Você é professora dele agora, quando ele tiver 17 anos você não será mais nada dele, e você ainda quer que ele tenha respeito com uma pessoa que o torturou? — Perguntou James.
Umbridge olhou para James com raiva, o menino apenas retribuiu o olhar, e não desviaria, esperou ela desviar os olhos, sabia que ela não tinha o que falar.
Hermione mordia os lábios, absorta em seus pensamentos.
— Já sabemos tudo que é importante — continuou Harry, dirigindo-se à amiga. — Sabemos que pararam de aparatar e desaparatar no Ministério. Sabemos que só os funcionários mais graduados podem ter suas casas ligadas à Rede de Flu, porque Rony ouviu aqueles dois inomináveis reclamando. E sabemos, mais ou menos, onde fica a sala da Umbridge, por aquela conversa que você ouviu do cara com o colega...
— "Estarei no Nível um, a Dolores quer me ver" — repetiu-a Hermione imediatamente.
“Esses meninos são espertos, eles descobrem coisas que muitos nem imagina, tenho que ter cuidado com eles.” Pensava Umbridge.
— É nesse Nível mesmo que ela trabalha. — Falou Dumbledore.
— Exato — disse Harry. — E sabemos que eles entram usando umas moedas engraçadas, ou fichas, ou o que sejam, porque vi aquela bruxa pedindo uma emprestada à amiga...
— Mas não temos nenhuma!
— Se o plano funcionar, arranjaremos — continuou Harry, calmamente.
— Não sei não, Harry... Tem um montão de coisas que podem dar errado, são tantas as que dependem da sorte...
— Isso não vai mudar, mesmo que a gente gaste mais três meses se preparando — replicou Harry. — A hora é essa.
— Eu ainda acho que vocês tem que pedir ajuda a alguém, imagine o que pode acontecer. — Falou Molly.
— Só podemos rezar para que de tudo certo, porque se depender deles, eles nunca vai pedir ajuda de ninguém. — Falou Arthur.
Ele percebeu pelas caras de Rony e Hermione que os amigos estavam amedrontados; e ele próprio não se sentia tão confiante assim, mas tinha certeza de que chegara a hora de pôr o plano em ação.
Tinham gastado as quatro semanas anteriores se revezando sob a Capa da Invisibilidade para espionar a entrada oficial do Ministério, que Rony, graças ao sr. Weasley, conhecia desde a infância. Os garotos tinham seguido funcionários a caminho do Ministério, ouvido suas conversas e descoberto, através de cuidadosa observação, quais deles apareciam infalivelmente sozinhos, à mesma hora todos os dias. De vez em quando, tinham tido oportunidade de furtar um Profeta Diário da pasta de alguém. Aos poucos, foram preparando os diagramas e anotações agora empilhados diante de Hermione.
— Tudo bem — disse Rony, lentamente —, digamos que a gente tente amanhã... acho que devíamos ir só o Harry e eu.
— Ah, não comece com isso outra vez! — suspirou Hermione. — Pensei que isso já estava decidido.
— Uma coisa é ficar parado nas entradas protegido pela capa, mas desta vez a coisa é diferente, Hermione. — Rony apontou para um exemplar do Profeta Diário de dez dias antes. — Você está na lista dos nascidos trouxas que não se apresentaram para o interrogatório!
— Hermione, seu nome apareceu no jornal. —Falou Jorge.
— É, Hermione esta ficando famosa, nem deve se lembrar dos pobres como agente. — Falou Fred olhando Hermione que o olhava com raiva.
— Isso não tem graça, deixe Hermione em paz. — Falou Molly repreendendo os filhos.
— E você supostamente está morrendo de sarapintose n'A Toca! Se alguém deve ficar, é o Harry, anunciaram um prêmio de dez mil galeões pela cabeça dele...
— Nossa Hermione, não precisava colocar eu no meio da briga de vocês dois, sempre sobre pra mim. — Falou Harry.
— Ótimo, ficarei aqui. Não se esqueçam de me avisar se conseguirem derrotar Voldemort, tá?
— Pelo menos o Harry faz piada. — Falou Neville.
Enquanto Rony e Hermione riam, a dor atravessou a cicatriz em sua testa. Harry ergueu subitamente a mão: viu a amiga apertar os olhos, e tentou disfarçar o movimento, afastando os cabelos da testa.
— Bem, se nós três formos, teremos que desaparatar separados — Rony foi dizendo. — Não cabemos mais embaixo da capa juntos.
— Mas vocês usam a capa? Quer dizer, os três de uma vez? — Perguntou Simas.
— No ano passado já era difícil caber nós três, imagine daqui a dois anos. — Falou Rony.
— É, com certeza não vai caber vocês, ainda mais porque o Rony não para de crescer. — Falou Gina.
A dor na cicatriz de Harry foi se intensificando. Ele se levantou. Na mesma hora, Monstro correu para ele.
— O meu senhor não terminou a sopa, o meu senhor prefere um ensopado gostoso, ou então a torta de caramelo que o meu senhor gosta tanto?
— Obrigado, Monstro, mas voltarei em um minuto... ãh... banheiro.
Consciente de que Hermione o observava desconfiada, Harry subiu correndo a escada até o corredor de entrada e dali ao primeiro andar, onde embarafustou pelo banheiro e trancou a porta. Gemendo de dor, debruçou-se na pia preta com torneiras em forma de serpentes de bocas escancaradas e fechou os olhos...
— Seus pais tinham um péssimo gosto em. — Falou Elliz.
— É, eu sei, morei nessa casa quinze anos tendo que aturar esse mal gosto deles. — Falou Sirius.
Ele estava deslizando por uma rua ao crepúsculo. De cada lado, os prédios tinham telhados altos de duas águas; pareciam casas de biscoitos.
Ao se aproximar de um deles viu a brancura da própria mão de dedos longos encostar na porta. Bateu. Sentiu uma crescente agitação...
A porta abriu: à entrada, surgiu uma mulher sorridente. Seu rosto aparentou desapontamento ao ver Harry, o bom humor sumiu substituído pelo terror...
— Gregorovitch? — disse a voz aguda e fria.
A mulher sacudiu a cabeça: estava tentando fechar a porta. A mão branca segurou-a com firmeza, impedindo que a mulher o deixasse de fora...
— Procuro Gregorovitch.
— Er wohnt hier nicht mehr! — exclamou ela, balançando a cabeça. -Ele não morar aqui! Ele não morar aqui! Não conhecer ele!
— Ele foi atrás de Gregorovitch. — Falou Remo.
— É, mas o que ele quer com Gregorovitch? — Perguntou Tonks.
— Gregorovitch é feitor de varinhas, mas as deles não é conhecida como uma das melhores do mundo. — Falou Minerva.
— A não ser que ele esteja procurando uma em especial. — Falou Hermione.
Dumbledore estava surpreso, é claro que Voldemort estaria procurando a varinha que o pertencia, mas com certeza o Lord das Trevas não sabia que ele foi o ultimo dono da varinha.
Abandonando a tentativa de fechar a porta, ela começou a recuar para o hall escuro, e Harry entrou, deslizando ao seu encontro; as mãos de longos dedos sacaram a varinha.
— Onde está ele?
— Das weiss ich nicht! Ele mudar! Não saber, não saber!
Ele ergueu a varinha. Ela gritou. Duas crianças entraram correndo no hall. Ela tentou protegê-las com os braços. Houve um lampejo de luz verde...
— Harry! HARRY!
— Hermione chegou a tempo. — Falou Molly.
— Mas o que acontecera com a mulher e as crianças? — Perguntou Lila.
Ninguém respondeu, as ultimas palavras sobre a visão fora a descrição da maldição da morte, o que significava que com certeza os três haviam morrido, muitos ali estava tremendo de medo, outros não conseguia nem pensar a sensação de estar no lugar da mulher.
Ele abriu os olhos; desfalecera no chão. Hermione batia com força na porta.
— Harry, abra!
Tinha berrado, sabia que sim. Levantou-se e destrancou a porta; Hermione entrou aos tropeços, recuperou o equilíbrio e olhou para os lados, desconfiada. Rony vinha logo atrás, parecendo nervoso ao apontar a varinha para os cantos do banheiro gelado.
— Que estava fazendo? — perguntou Hermione com severidade.
— Que acha que eu estava fazendo? — respondeu Harry em uma débil tentativa de desafio.
— Você estava aos berros! — explicou Rony.
— Ah sim... devo ter cochilado ou...
— Harry, por favor não insulte a nossa inteligência — tornou Hermione, inspirando profundamente várias vezes. — Sabemos que a sua cicatriz doeu lá embaixo, e você está branco feito cal.
— Quando você fala de inteligência, você quer dizer apenas da sua, não é? Porque o Rony, sabemos a inteligência dele. — Falou Fred o menos zombeteiro possível para não falar na cara de pau que achava seu irmão burro.
Rony por sua vez não deu importância com as palavras do irmão, conviveu muito com isso para já ter se acostumado com as brincadeiras, e já não ficava mais bravo com os irmãos que riam de sua cara.
Hermione não respondeu, na opinião dela o ruivo não era burro, a inteligência dele era como a de todo mundo, ele não ligava para a teoria, preferia a pratica, que para ele seria mais fácil.
Marietta voltou a ler.
Harry se sentou na borda da banheira.
— Ótimo. Acabei de ver Voldemort matando uma mulher. A essa altura, ele provavelmente já matou a família toda. E não precisava. Foi a morte de Cedrico revivida, as pessoas estavam ali...
— Harry, você não devia deixar isso acontecer mais! — exclamou Hermione, sua voz ecoando pelo banheiro. — Dumbledore queria que você usasse a Oclumência! Ele achou que a ligação era perigosa: Voldemort pode usá-la, Harry! Que pode haver de bom em vê-lo matar e torturar, de que lhe adianta isso?
— Mostra o que ele anda fazendo — respondeu Harry.
— Então, você não vai nem ao menos tentar fechar a ligação?
— Hermione, não consigo. Você sabe que sou péssimo em Oclumência, nunca aprendi direito.
— Você nunca tentou de verdade! — retrucou a menina exaltada. — Eu não entendo, Harry, você gosta de ter essa ligação, ou relação especial, ou seja lá o que for...
Ela vacilou sob o olhar que o amigo lhe lançou ao se levantar do chão.
— Gosto? — disse em voz baixa. — Você gostaria?
— Eu... não... desculpe, Harry, não quis...
— Odeio, odeio que ele seja capaz de penetrar minha mente, que eu tenha de observá-lo quando é mais perigoso. Mas vou usar isso.
— Dumbledore...
— Esqueça Dumbledore. A escolha é minha, de mais ninguém. Quero saber por que está atrás de Gregorovitch.
— Quem?
— Um fabricante estrangeiro de varinhas. Foi quem fabricou a varinha de Krum, e Krum o considera genial.
— Krum tem um péssimo gosto, prefiro as de Olivaras. — Falou Hermione espantando a todos, ninguém nunca imaginou que Hermione um dia retrucaria o gosto de Krum, ainda mais ela que foi amiga dele.
— Mas, segundo você — lembrou Rony —, Voldemort mantém Olivaras preso em algum lugar. E, se já tem um fabricante de varinhas, para que ele quer outro?
— Talvez ele concorde com Krum, talvez pense que Gregorovitch é melhor... ou talvez pense que Gregorovitch seja capaz de explicar o que a minha varinha fez quando ele me perseguiu, uma vez que Olivaras não foi.
— Eu acho que ele quer algo, mas ele querer saber o motivo da ligação entre as duas varinhas é um ótimo motivo para ele sair andando pelo mundo a procura de fabricantes de varinhas. — Falou Hermione.
Harry olhou para o espelho partido e empoeirado e viu Rony e Hermione trocando olhares céticos às suas costas.
— Harry, você fala o tempo todo do que a sua varinha fez — disse Hermione —, mas foi você que fez aquilo acontecer! Por que teima tanto em rejeitar a responsabilidade por seu próprio poder?
— Porque sei que não fui eu! E Voldemort também sabe, Hermione! Nós dois sabemos o que realmente aconteceu!
Os dois se encararam. Harry sabia que não convencera Hermione e que ela se preparava para contra-argumentar suas teorias: sobre a própria varinha e a insistência em ver a mente de Voldemort. Para seu alívio, Rony interveio.
— Deixa pra lá — aconselhou-a. — Ele é quem decide. E, se vamos ao Ministério amanhã, não acha bom repassarmos o plano?
— Valeu mesmo Rony, eu agradeço. — Falou Harry sinceramente.
— Vocês não podem ficar encobrindo essas conexões, temos que saber as resposta para isso. — Falou Hermione.
— Mas ficar mandando o Harry fazer uma coisa que ele não consegue também não vai ajudar. — Falou Rony para o espanto de todos, ele estava certo, e Hermione estava parcialmente errada.
— Eles vão acabar brigando por uma coisa que nem ao menos aconteceu ainda. — Sussurrou Harry para que apenas Gina ouvisse, a ruiva por sua vez concordou com sua palavras.
Hermione depois de ter ouvido o que o namorado havia dito não disse mais nada, tinha que confessar que ele tinha razão.
— As respostas vão vir com o tempo, vocês vão conseguir entender tudo, depois. — Falou Dumbledore como se previsse o que iria acontecer.
Com uma relutância visível, Hermione parou de discutir, embora Harry estivesse seguro de que ela voltaria a atacar na primeira oportunidade. Nesse meio-tempo, eles voltaram à cozinha, onde Monstro serviu a todos o ensopado e a torta de caramelo.
Os três só foram dormir tarde da noite, depois de passarem horas revendo e tornando a rever o plano, até serem capazes de repeti-lo, uns para os outros, sem erros. Harry, que agora ocupava o quarto de Sirius, deitou-se e ficou apontando a luz da varinha para a velha foto de seu pai, Sirius, Lupin e Pettigrew, e gastou mais dez minutos murmurando o plano para si mesmo. Ao apagar a varinha, no entanto, não estava pensando na Poção Polissuco, nem nas Vomitilhas, nem nas vestes azul-marinho da Manutenção Mágica; pensava em Gregorovitch, o fabricante de varinhas, e por quanto tempo ele teria esperança de se esconder de Voldemort, que o procurava com tanta determinação.
O amanhecer se seguiu à meia-noite com indecente rapidez.
— Você está com uma cara horrível. — Foi o cumprimento de Rony quando entrou no quarto para acordar Harry.
— Rony, você é tão animador de manhã, obrigado pelo elogio, serio mesmo. — Falou Harry irônico para o melhor amigo que ria.
— De nada, sempre quando precisar eu estarei aqui. — Falou Rony fazendo o moreno rir ao lado de sua irmã.
Hermione ria, tudo que um dizia ao outro eles consideravam uma brincadeira, e saber que a amizade daqueles dois não se abalaria por uma simples brincadeira a deixava feliz.
— Não será por muito tempo — respondeu ele, bocejando.
Os dois encontraram Hermione na cozinha. Monstro lhe servia café com pães frescos, e a garota tinha no rosto aquela expressão maníaca que Harry associava às revisões para as provas.
— Vestes... — disse ela baixinho, registrando a presença dos dois com um aceno de cabeça nervoso e continuando a mexer na bolsinha de contas — Poção Polissuco... Capa da Invisibilidade... Detonadores-Chamariz... levem uns dois por precaução... Vomitilhas, Nugá Sangra-Nariz, Orelhas Extensíveis...
— Vocês vão usar isso para assaltar alguém dentro do Ministério? Vão ser presos. — Falou Sirius duvidando que eles conseguissem.
— Que tipo de padrinho é você? Como pode ser pessimista em uma hora dessas, devia estar encorajando e não piorando a situação deles. — Falou Lysa.
— Eu sou realista. — Falou Sirius.
— Se eu disser que você é um idiota em alguns momentos também estarei sendo realista. — Falou Lysa corajosa.
— Nossa, depois dessa eu ficava quietinho. — Falou James.
— Não piora a situação James. — Aconselhou Al.
— Você por acaso já tentou roubar alguma coisa de alguém que lhe mataria com gosto? — Perguntou Lysa.
— Não, mas... — A loira interrompeu Sirius.
— Então não sabe o que é estar na situação deles, vocês vivem dizendo que eles são apenas crianças, mas eu tenho certeza de que se vocês estivessem no lugar deles e essa missão fosse dada a vocês, vocês nunca iriam dizer não, nunca iriam desistir. — Falou Lysa.
Todos olhavam surpresos para a loira, ela falava sem medo, falava de um modo que todo mundo entendia, e o mais importante, falava de um jeito que fazia até mesmo os adultos pensar nas palavras dela.
— Mas eles são mesmo crianças, tem apenas dezessete anos. — Falou Molly.
— Você gostaria que pessoas morressem por sua causa? Gostaria que pessoas inocentes morressem tentando te proteger e salvar? Isso não é legal, ver uma pessoa morrer enquanto você tem que ficar lá, sentado como um bebe sem fazer nada, apenas assistindo tudo acontecer. — Falou Lysa.
— Mas existem pessoas mais capacitadas a fazer isso no lugar dele. — Contestou Molly.
— É, a pessoa mais capacitada na sua cabeça é Dumbledore, mas ele morreu como todo mundo, ele confiou em Harry, ele tinha certeza de que Harry seria o único a conseguir, se Dumbledore que é um grande bruxo pode acreditar nele, por que vocês que seguem Dumbledore não pode? — Perguntou Lysa.
Ninguém ali sabia o que falar, as palavras daquela menina de 15 anos entravam em suas cabeças, ela estava certa, até os adultos ali acreditaram naquela menina, James olhou para Lysa sorrindo, com certeza era única, especial, ele acreditava nas palavras dela, sempre acreditaria, Lysa se levantou.
— Eu vou ir dormir mais cedo, boa noite, me contem amanhã sobre a leitura, até mais. — Falou Lysa saindo sendo observada por todos, deu uma breve olhada para a loira que seria sua futura mãe e a mesma a olhava orgulhosa, acenou brevemente e logo foi correspondida, Luna estava orgulhosa da menina, ela tinha uma personalidade forte.
— Fez uma ótima escolha. — Falou Sirius a James.
— O que? Não entendi. — Falou James confuso.
— Fez uma ótima escolha, você gosta dela. — Falou Sirius.
James não disse nada, não conseguia conversar sobre isso, para ele tudo sempre fora fácil, mas a única coisa que ele exagerou foi nas meninas, mas a que estava mais perto de si o chamou atenção, e ele só foi perceber isso tarde, quando a mesma já não se importava com ele, já pensara varias vezes em causas que fariam a menina mudar completamente, mas nenhuma delas parecia fazer sentido, depois de um tempo começara a achar que a menina o odiava mesmo, mas faria como seu avô, não desistiria até conseguir o que queria, ou até saber do porque, olhou para Marietta e fez sinal para que a mesma voltasse a ler, e foi o que a mesma fez.
Os garotos engoliram o café da manhã e tornaram a subir, Monstro lhes fazendo reverências e prometendo esperá-los com um empadão de carne e rins.
— Abençoado seja — disse Rony, carinhosamente —, e pensar que já imaginei decepar a cabeça dele e pendurá-la na parede!
— Rony, isso é coisa que se pense. — Repreendeu Hermione olhando para o namorado bravo que ria ao lado.
— O que? Esse elfo parece o diabo no presente, se ele mudou no futuro eu não posso fazer nada ué. — Falou Rony ainda rindo.
O salão todo riu.
Eles se dirigiram ao degrau da porta com imenso cuidado: dali viram uns dois Comensais da Morte de olhos inchados vigiando a casa do outro lado do largo enevoado. Hermione desaparatou com Rony primeiro, em seguida, voltou para apanhar Harry.
Passada a momentânea escuridão e quase sufocação de sempre, Harry se viu em uma minúscula travessa onde deviam executar a primeira parte do plano. Ainda estava vazia, exceto por dois latões de lixo; os primeiros funcionários do Ministério, em geral, não apareciam ali antes das oito da manhã.
— Certo, então — disse Hermione, consultando o relógio. — Ela deve chegar dentro de cinco minutos. Depois que eu a estuporar...
— Hermione, já sabemos — disse Rony com rispidez. — E pensei que íamos abrir a porta antes de a bruxa chegar, não?
Hermione deu um gritinho agudo.
— Quase me esqueci! Para trás...
— Ela faz agente decorar o plano, e quem esquece é ela. — Falou Harry indignado.
— E depois nós que somos os burros. — Falou Rony sem pensar.
— Me chamou de burra? — Perguntou Hermione com raiva.
— É claro que não. — Respondeu Rony.
Hermione deu de ombros, não valeria apena brigar com ele, Harry olhou impressionado, ela não iria revidar uma resposta contra Rony, ele olhou para o amigo que sorria e sorriu também.
— Vai chover maldições, a Hermione acabou de ficar calado depois do comentário do Rony, eu só posso estar sonhando. — Sussurrou Gina fazendo apenas Harry ouviu que riu do lado.
Ela apontou a varinha para a porta de incêndio a um lado, fechada a cadeado e totalmente rabiscada, e ela se abriu com estrondo. O corredor escuro à mostra conduzia, como haviam registrado em suas cuidadosas viagens de reconhecimento, a um teatro vazio. Hermione tornou a puxar a porta para fazer parecer que continuava fechada.
— Agora — continuou, virando-se para encarar os amigos na travessa —, nos cobrimos novamente com a capa...
— ... e esperamos — completou Rony, atirando-a sobre a cabeça de Hermione, como se fosse uma capa para gaiola de periquito australiano, e revirando os olhos.
— Nossa, olha como vocês falam de mim. — Falou Hermione fazendo cara de brava.
— Foi o Harry. — Falou Rony.
— O que? — Perguntou o moreno surpreso.
— Ué, o livro parece ser visto diante da sua opinião. — Explicou Rony.
Hermione olhou com raiva para o melhor amigo que olhava para Gina como se implorasse por ajuda, a ruiva por sua vez ria.
— Gente, da para parar com isso, Hermione não liga para o que eles dizem não. — Falou Gina em forma de ajudar o namorado que soltou um suspiro de alivio.
Um minuto depois ou pouco mais, ouviram um estalido mínimo e uma bruxa miúda do Ministério, com os cabelos grisalhos revoltos, desaparatou a meio metro, piscando um pouco na claridade repentina; o sol acabara de sair de trás de uma nuvem. Ela, no entanto, não teve tempo de aproveitar o inesperado calor, porque logo o silencioso Feitiço Estuporante de Hermione a atingiu no peito, e ela desabou.
— Coitada da mulher. — Falou Vic.
— Quem iria gostar de estar no lugar de quem vocês estão sequestrando para se passar por eles. — Falou Teddy.
— Isso é crime, atacar pessoas em plena luz do dia, e pior, pessoas inocentes. — Falou Umbridge.
— É, torturar pessoas também. — Rebateu Rose.
— E mesmo assim você faz, e com maior gosto. — Concordou Hugo.
— Ora seus moleques. — Falou Umbridge se dirigindo para perto dos irmãos que não saíram do lugar.
— Se chegar perto deles tenho certeza de que será presa antes da hora. — Ameaçou Teddy.
— E o que você tem a ver com isso? — Perguntou Umbridge.
— Tudo, não se esqueça que eu sou responsável por todos eles aqui, e se você acha que eu não sou o bastante para ser responsável deles, pode deixar, eu mesmo chamo os pais deles e eles conversarão com vocês. — Falou Teddy convincente.
Umbridge não disse nada, se afastou de Rose e Hugo e olhou para Teddy como se quisesse mata-lo ali mesmo, o que não passou despercebido por Tonks e Remo que não gostaram nada daquilo e já pensavam em dar um jeito.
Marietta vendo que não falariam mais nada, voltou a ler.
— Perfeito, Hermione — disse Rony, emergindo de trás de um latão à porta do teatro, enquanto Harry despia a Capa da Invisibilidade. Juntos, eles carregaram a bruxa para o corredor escuro que levava aos bastidores do palco. Hermione arrancou-lhe uns fios de cabelo da cabeça e adicionou-os a um frasco com a parda Poção Polissuco que tirara da bolsinha de contas. Rony procurou alguma coisa na bolsa da bruxa.
— É Mafalda Hopkirk — informou ele, lendo um pequeno crachá que identificava a vítima como assistente da Seção de Controle do Uso Indevido da Magia. — É melhor você levar isso, Hermione, e tome as fichas.
— Mafalda trabalha junto de mim. — Falou Umbridge.
Ninguém ligou para o que a professora disse.
Ele lhe entregou umas pequenas fichas douradas que retirara da bolsa da bruxa, onde havia gravadas as letras M.O.M.
Hermione bebeu a Poção Polissuco, agora em um belo tom de heliotrópio, e em segundos surgiu diante dos garotos um duplo de Mafalda Hopkirk. Quando ela retirou os óculos da bruxa e colocou-os no rosto, Harry verificou o relógio.
— Está ficando tarde, o Sr. Manutenção Mágica vai chegar a qualquer segundo.
Eles se apressaram em fechar a porta para esconder a verdadeira Mafalda; Harry e Rony se cobriram com a Capa da Invisibilidade, mas Hermione ficou à vista, aguardando. Segundos depois, ouviram um novo pop, e um bruxo franzino com cara de furão apareceu diante deles.
— Ah, olá, Mafalda.
— Alô! — respondeu Hermione com uma voz tremida. — Como estamos hoje?
— Nada bem, para ser franco — replicou o bruxo, que parecia extremamente deprimido.
Hermione e o bruxo rumaram para a rua principal, Harry e Rony em sua cola.
— Lamento saber que não está bem — falou Hermione com firmeza por cima da cabeça do bruxo, quando ele começou a explicar os seus problemas; era essencial detê-lo antes de chegarem à rua. — Tome, coma uma bala.
— Lembre-me de nunca aceitar uma bala da Hermione. — Falou Tonks rindo.
Hermione acabou por rir.
— Eh? Ah, não, obrigado...
— Eu insisto! — tornou Hermione agressivamente, sacudindo o saco de pastilhas em seu rosto. Com um ar assustado, o bruxo franzino se serviu de uma.
O efeito foi instantâneo. Assim que a colocou sobre a língua, ele começou a vomitar tanto que nem reparou quando Hermione lhe arrancou um punhado de cabelos do alto da cabeça.
— Rápida ela, não é? — Perguntou Scorpius.
— Às vezes tia Hermione nos assusta com o que faz sem agente perceber. — Falou Miguel.
— É mesmo, você faz como se já tivesse pratica. — Falou Cath.
— Vou considerar isso um elogio. — Falou Hermione.
Todos riram.
— Ah, coitado! — exclamou ela, enquanto o bruxo sujava a travessa de vômito. — Talvez seja melhor tirar o dia de folga!
— Não... não! — O homem tinha engasgos e ânsias, tentando prosseguir embora estivesse incapaz de andar direito. — Tenho que... hoje... tenho que ir...
— Mas isso é uma tolice! — disse Hermione alarmada. — Você não pode trabalhar nesse estado: acho que devia ir ao St. Mungus e pedir para darem um jeito em você!
— Há ela esta se fazendo de inocente. — Falou Fernando fazendo carinha de inocente.
— É, esta fazendo o que toda dama que só quer ajudar faria. — Falou Felipe.
— Qual é, eu tinha que fingir, o que vocês fariam? — Perguntou Hermione.
— Sabe que eu não sei, eu nunca me imaginei nessa situação. — Falou Roxanne.
— Estão vendo, é como se você fosse obrigado a improvisar na hora. — Falou Hermione.
— Ela está certa, em momentos como esse você não tem tempo para pensar, tem que fazer o que passa pela sua cabeça. — Falou Minerva.
Com as palavras da professora todos entenderam como era estar em uma situação como essa, alguns ficavam surpresos pelo fato de Harry, Rony e Hermione terem apenas dezessete anos e parecer que tem tanta pratica.
O bruxo caíra de quatro, arquejante, ainda tentando chegar à rua principal.
— Você simplesmente não pode ir trabalhar assim! — exclamou Hermione.
Por fim, ele pareceu aceitar que a colega tinha razão. Agarrando-se a uma Hermione enojada para se pôr de pé, ele rodopiou e desapareceu sem deixar nada exceto a pasta que Rony tirara de sua mão enquanto ele andava com alguns pedaços de vômito no ar.
— Arrrre — exclamou Hermione, levantando a saia das vestes para evitar as poças de vômito. — A sujeira teria sido bem menor se eu tivesse estuporado ele também.
— É — falou Rony, saindo debaixo da capa com a pasta do bruxo —, mas ainda acho que um monte de gente desacordada teria chamado mais atenção. Ele gosta muito de trabalhar, não? Então, joga logo essa poção com o cabelo.
Em dois minutos, Rony estava diante deles, franzino e com cara de furão como o bruxo, trajando as vestes azul-marinho que estavam dobradas dentro da pasta dele.
— Esquisito que ele não estivesse usando as vestes hoje, não, pela ansiedade que demonstrava em chegar ao trabalho. Enfim, sou Reg Cattermole, segundo a etiqueta nas minhas costas.
— Eu conheço ele, é um grande homem, confiável e tudo mais. — Falou Arthur — Só tem um problema. — Falou Arthur com cara de que estava pensando.
— E qual é? — Perguntou Molly.
— A mulher dele é nascida trouxa, o que significa que ela terá que ser interrogada, o que será que deve ter acontecido com ela. — Falou Arthur pensativo.
— Há, mas com certeza ela já teria sido interrogada, não é? — Perguntou Gui.
— Bom, talvez sim, ou talvez não. — Falou Arthur.
— Tomara que tudo de certo para ela então. — Falou Hermione.
— É, tomara. — Concordou Lorcan.
— Agora, espere aqui — disse Hermione a Harry, que continuava sob a Capa da Invisibilidade —, voltaremos com alguns cabelos para você.
O garoto teve que esperar dez minutos, que lhe pareceram bem mais longos, rondando sozinho a travessa suja de vômito, ao lado da porta que ocultava a Mafalda estuporada. Finalmente, Rony e Hermione reapareceram.
— Não sabemos quem ele é — disse Hermione, entregando a Harry vários fios de cabelos crespos e negros —, mas foi para casa com um horrível sangramento no nariz! Tome aqui, ele é bem alto, você vai precisar de vestes maiores...
Ela tirou da bolsa um conjunto de vestes antigas que Monstro lavara para eles, e Harry se retirou para tomar a poção e se trocar.
— Assim fica mais difícil, como vocês vão se transformar em alguém que nem sabe quem é? E se for uma pessoa que não seja confiável. — Falou Angelina.
— O pior que pode acontecer é o efeito da poção acabar na frente de pessoas que podem te matar se você for uma pessoa procurada por todo mundo. — Falou Harry como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Uma vez completada a dolorosa transformação, Harry passou a medir mais de um metro e oitenta e, pelo que pôde sentir pelos seus braços musculosos, tinha um físico avantajado. Tinha também uma barba. Guardando a Capa da Invisibilidade e os óculos sob as novas vestes, ele se reuniu aos outros dois.
— Caramba, isso é assustador — exclamou Rony, erguendo a cabeça para Harry, agora mais alto que ele.
— Deve ser assustador mesmo, tipo, você conhece um menino por sete anos e ele sempre foi menor que você, ai de uma hora para a outra você fica menor que ele. — Falou Alicia Spinnet.
— Apanhe uma das fichas da Mafalda — disse Hermione a Harry —, e vamos logo, são quase nove horas.
Eles saíram da travessa juntos. A uns cinquenta metros na calçada apinhada, havia grades pontiagudas e pretas ladeando duas escadas, uma destinada a Cavalheiros e outra a Damas.
— Então, vejo vocês daqui a pouco — disse Hermione nervosa, e desceu hesitante a escada para o banheiro feminino. Harry e Rony se juntaram a vários homens com roupas estranhas que desciam para o que parecia ser um simples banheiro público de metrô, azulejado em preto e branco encardido.
— Dia, Reg! — cumprimentou outro bruxo de vestes azul-marinho ao inserir a ficha dourada na ranhura da porta de um cubículo onde entrou. — Um pé no saco, hein? Obrigar a gente a entrar no Ministério dessa maneira! Quem estão esperando que apareça, Harry Potter?
O salão todo riu.
— Que engraçado, eles falam isso sem saber que você esta ali, imagine como seria a cara dele se soubesse que era você. — Falou Gina rindo enquanto o namorado ria junto.
O bruxo deu gargalhadas com a própria piada. Rony forçou uma risada.
— É, é muita imbecilidade, não?
E ele e Harry entraram em cubículos contíguos. A esquerda e à direita, Harry ouviu barulho de descargas. Agachou-se e espiou pelo vão inferior do cubículo em tempo de ver as botas de alguém entrando no vaso ao lado. Olhou para a esquerda e viu Rony piscando para ele.
— Temos que dar descarga para entrar? — sussurrou.
— É o que parece — sussurrou Harry em resposta; sua voz saiu grave e solene.
— Que nojento? Vocês não tem criatividade não? — Perguntou Lily.
— Não sou eu que penso nas entradas para o Ministério. — Falou Arthur em sua defesa.
Os dois se levantaram. Sentindo-se excepcionalmente tolo, Harry entrou no vaso.
Percebeu imediatamente que fizera a coisa certa; embora parecesse estar dentro da água, seus sapatos, pés e vestes continuaram secos. Ele esticou o braço, puxou a corrente e, no momento seguinte, desceu veloz por um cano curto e emergiu em uma lareira no Ministério da Magia.
Levantou-se desajeitado; agora tinha muito mais corpo do que estava acostumado. O grande átrio pareceu mais sombrio do que Harry se lembrava. Antigamente, uma grande fonte dourada ocupava o centro do saguão, projetando focos tremeluzentes no soalho e nas paredes de madeira lustrosa. Agora, uma gigantesca estátua de pedra negra dominava o ambiente. Era um tanto apavorante essa enorme escultura de uma bruxa e um bruxo sentados em tronos entalhados, contemplando os funcionários ejetados das lareiras abaixo.
Gravadas em letras de trinta centímetros de altura na base da estátua, havia as palavras: MAGIA É PODER.
Harry recebeu uma forte pancada atrás das pernas: outro bruxo acabara de voar para fora da lareira às suas costas.
— Sai do caminho, não... ah, desculpe, Runcorn!
Visivelmente assustado, o bruxo careca afastou-se depressa.
— Parece que muitas pessoas tem medo da pessoa em quem você se transformou. — Falou Hermione.
— Há, é o Runcorn, ele costuma seguir tudo o que dizem a ele, ou seja, ele não é do mal, mas também não é do bem, ele faz tudo que ajude ele próprio, seja lá o que for que ele tenha que fazer. — Falou Arthur.
— Quer dizer que se mandarem ele prender alguém inocente, ele prende? — Perguntou Harry.
— Exatamente. — Respondeu Arthur para o espanto de Harry.
“Com tantas pessoas para eu me transformar eu fui virar uma pessoa como essa? O que será que eu faria se mandassem eu fazer uma coisa que eu acho errado?” Pensava Harry.
Aparentemente o homem de quem Harry usurpara a identidade, Runcorn, intimidava os outros.
— Psiu! — ouviu ele e, ao olhar para os lados, avistou uma bruxa miudinha e um bruxo da Manutenção Mágica com cara de furão gesticulando para ele do outro lado da estátua. Rápido, Harry foi se reunir aos dois.
— Você entendeu tudo, então? — cochichou Hermione para ele.
— Não, Harry ainda está preso na bosta — disse Rony.
— Ah, muito engraçado... é horrível não é? — comentou ela para Harry, que estudava a estátua. — Você viu no que eles estão sentados?
Harry olhou com mais atenção e percebeu que aquilo que imaginou serem tronos ornamentados eram, na realidade, esculturas humanas: centenas de corpos nus, homens, mulheres e crianças, todos com feições idiotas e feias, torcidos e comprimidos para sustentar os bruxos com belos trajes.
— São trouxas, eles acham que esse é o lugar dos trouxas? Como uma pessoa tem a capacidade de pensar uma coisa dessas de pessoas que nem ao menos conhece. — Falou Hermione indignada.
— Pessoas que se acham superiores, mas que na verdade não são nada. — Falou Molly.
— Trouxas — sussurrou Hermione. — No lugar que realmente lhes cabe. Andem, vamos indo.
Eles se juntaram ao fluxo de bruxos e bruxas que se dirigiam para as grades douradas no fim do saguão, espiando a toda volta o mais discretamente possível, mas não viram sinal do vulto característico de Dolores Umbridge. Passaram pelos portões e entraram em um hall, onde se formavam filas diante das vinte grades douradas que encerravam igual número de elevadores. Tinham acabado de entrar na mais próxima, quando uma voz chamou:
— Cattermole!
— Está falando com o Rony. — Falou Gui.
Rony arregalou os olhos, e se por acaso o pegassem e ele acabasse com o plano e encrencasse os amigos.
Olharam: o estômago de Harry revirou. Um dos Comensais da Morte que presenciara a morte de Dumbledore vinha a largos passos em sua direção. Os funcionários do Ministério, próximos aos garotos, ficaram em silêncio, de olhos baixos; Harry sentiu o medo que perpassava por eles, em ondas. O rosto carrancudo e ligeiramente abrutalhado do homem destoava de suas vestes magníficas e amplas, bordadas com fios de ouro. Alguém na multidão à volta dos elevadores cumprimentou-o, bajulador:
— Dia, Yaxley! — O homem ignorou todos.
— É claro. Yaxley foi inocentado da ultima vez que Voldemort sumiu, ele disse que estava sobre o controle da maldição impérios, como também disse o Malfoy, Crabbe e Goyle. — Falou Sirius.
— Como sabe disso? — Perguntou Rony.
— Eles ficaram alguns dias em Azkaban e não paravam de gritar isso, que eram inocentes e que estavam sendo controlados. — Falou Sirius.
— Pedi alguém da Manutenção Mágica para dar um jeito na minha sala, Cattermole. Ainda está chovendo lá dentro.
Rony olhou para os lados como se esperasse que mais alguém interviesse, mas ninguém falou.
— Chovendo... na sua sala? Isso... é mau, não?
Rony deu uma risada nervosa. Os olhos de Yaxley se arregalaram.
— Você está achando graça, Cattermole, é?
Umas duas bruxas saíram da fila do elevador e se afastaram afobadas.
— Não — respondeu Rony —, é claro que não...
— Você se dá conta de que estou descendo para interrogar sua mulher, Cattermole? Na verdade, estou muito surpreso que você não esteja lá embaixo segurando a mão dela enquanto espera. Já desistiu de ajudá-la porque se convenceu de que não vale a pena? Provavelmente tem razão. Da próxima vez, certifique-se de que está casando com alguém de sangue puro.
— Essas pessoas são muito folgados, querem até escolher com quem as pessoas tem que casar. — Falou Cath revirando os olhos.
— Sua família fazia isso, não é? — Perguntou Rony.
— Ronald, isso não é pergunta que se faça. — Repreendeu Molly o filho mais novo.
— O que? Eu só perguntei por curiosidade. — Falou Rony.
— Não tem problema fazer uma pergunta como essa, eu não ligo, mas respondendo a sua pergunta eu não estou nem ai para o que a família do meu pai quer, tipo, se por acaso minha avó e meu avô colocar na cabeça do meu pai que eu tenho que casar com um sangue-puro eu simplesmente saio de casa, eu não vou ficar fazendo coisas que eu não quero só para agradar minha família, se um dia meu pai chegar na minha frente e dizer que eu vou casar eu simplesmente viro as costas para ele e pronto, ele pode escolher, ou os pais ou a filha. — Falou Cath.
Os mais velhos olharam para a loira espantados, ela teria mesmo coragem de fazer isso com a própria família, os meninos olharam para Scorpius como se pedissem a opinião dele.
— O que estão olhando? Eu também não gosto desses negócios que eles fazem. — Falou Scorpius.
Rose soltou um leve sorriso.
Hermione deixou escapar um gritinho de horror. Yaxley virou-se. Ela tossiu baixinho e se afastou.
— Eu... eu... — gaguejou Rony.
— Mas se minha mulher fosse acusada de ter sangue ruim — disse Yaxley —, não que alguma mulher com quem eu tenha casado pudesse ser confundida com essa ralé, e o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia precisasse de um serviço, eu daria prioridade a esse serviço, Cattermole. Você está me entendendo?
— Estou.
— Então vá cuidar disso, Cattermole, e se minha sala não estiver completamente seca dentro de uma hora, o Registro Sanguíneo de sua mulher estará sob uma dúvida maior do que já está.
— Eu já teria dado um soco nesse cara. — Falou James com raiva.
— É, mas se o Rony desse um soco, ele poderia prejudicar o verdadeiro Cattermole. — Falou Arthur.
— É, também tem isso. — Falou Lily.
A grade dourada diante deles abriu estrepitosamente. Com um aceno de cabeça e um sorriso desagradável a Harry, que ele evidentemente esperava que apreciasse o tratamento dispensado a Cattermole, Yaxley saiu majestosamente em direção a outro elevador. Harry, Rony e Hermione entraram no outro, que aguardavam, mas ninguém os acompanhou: parecia que tinham uma doença contagiosa. As grades se fecharam com um ruído metálico e o elevador começou a subir.
— Que vou fazer? — perguntou Rony, na mesma hora, aos outros dois; ele parecia incapacitado. — Se apareço, minha mulher, quero dizer, a mulher de Cattermole...
— O Rony com essa idade e já tem que ficar protegendo mulher. — Falou Felipe.
— Iremos com você, devemos ficar juntos... — começou Harry, mas Rony sacudiu a cabeça febrilmente.
— Isso é loucura, não temos tanto tempo assim. Vocês dois vão procurar a Umbridge, e eu vou resolver o problema na sala de Yaxley... mas como vou fazer parar de chover?
— Experimente Finite Incantutem — respondeu Hermione, imediatamente. — Isso deve fazer parar a chuva, se ela for um feitiço; se não parar, é porque deu defeito em algum Feitiço Atmosférico, o que será mais difícil de consertar. Então, experimente Impervius, para proteger os pertences dele provisoriamente...
— Você acha mesmo que eu entendi alguma coisa? — Perguntou Rony.
— É obvio que ninguém entendeu nada, a Hermione as vezes parece falar grego. — Falou Harry.
— Repete isso, devagar — disse Rony procurando, desesperado, uma pena nos bolsos, mas naquele momento o elevador parou com um tranco. Uma voz feminina incorpórea anunciou: "Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões de Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas"; as grades tornaram a se abrir e entraram dois bruxos e vários aviões de papel lilás-claro que esvoaçaram em torno da luz no teto do elevador.
— Dia, Alberto — cumprimentou um homem de costeletas peludas, sorrindo para Harry. Ele deu uma olhada em Hermione e Rony quando o elevador recomeçou a subir rangendo; Hermione agora cochichava, freneticamente, instruções para Rony. O bruxo se curvou para Harry, malicioso, e murmurou: — Dirk Cresswell, hein? Da Ligação com os Duendes? Uma boa divisão, Alberto. Agora estou seguro de que vou conseguir o emprego dele!
— Harry, a pessoa em quem você se transformou é uma pessoa horrível. — Falou Parvati.
— Não é como se eu pudesse ficar escolhendo. — Falou Harry.
O bruxo deu uma piscadela. Harry retribuiu o sorriso, esperando que fosse suficiente. O elevador parou; as grades se abriram. "Nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia, que inclui a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia, o Quartel-General dos Aurores e Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos", anunciou a voz incorpórea.
Harry viu Hermione dar um discreto empurrão em Rony e o amigo saiu logo do elevador seguido por outros bruxos, deixando os dois a sós. No momento em que a porta dourada fechou, Hermione disse depressa:
— Harry, acho que é melhor eu ir atrás dele, acho que Rony não sabe o que está fazendo e, se for apanhado, o plano todo...
"Nível um, ministro da Magia e Serviços Auxiliares."
As grades douradas tornaram a se abrir e Hermione ofegou. Viram quatro bruxos à sua frente, dois absortos em conversa; um bruxo de cabelos longos trajando magníficas vestes pretas e douradas e uma bruxa atarracada, com cara de sapo e um laço de veludo nos cabelos curtos, segurando uma prancheta ao peito.
— Acharam Umbridge. — Falou Dumbledore.
— Acabou, quem vai ler agora? — Perguntou Marietta.
— Eu vou. — Falou Teddy.
O homem se levantou e pegou o livro das mãos da menina sem ao menos olhar para a mesma, voltou para o lado da esposa e começou a ler.
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amey
2012-12-22