Recrutamento



Recrutamento


 


-“Não!” – Sofia gritou.


Ela correu em direção ao corpo caído de James. Quando se aproximou, ouviu o encapuzado pronunciar uma última maldição, apontando a varinha para o alto e fazendo com que o telhado se rompesse. Estilhaços de madeira voaram sobre os alunos. O garoto de óculos agitou sua varinha, parando as toras no ar. Com um segundo movimento, ele arremessou toda a madeira flutuante para fora do bar. Quando Sofia virou novamente o rosto em direção aos encapuzados eles haviam desaparatado, levando consigo seus companheiros caídos. Os esforços de seus colegas e do garoto de óculos para detê-los se mostraram inúteis.


De repente tudo ficou em silêncio. Sofia sentiu suas bochechas ficarem molhadas. As lágrimas que escorriam de seus olhos turvavam-lhe a visão. Ainda assim, um estranho sentido de alerta a fez compreender tudo o que estava acontecendo. Enquanto os alunos se dividiam para atender os feridos, o garoto de óculos conjurava um patrono. Era uma bela coruja prateada que voou em direção à noite escura e logo desapareceu. Próximos à parede quebrada, Sofia viu Matthew embalar Jennifer em seus braços. A garota chorava copiosamente diante dos corpos inanimados de Amanda e Alicia.


Não pode ser. Não pode ser verdade. Sofia levantou-se e caminhou, cambaleando, em direção às amigas caídas. No meio do caminho, porém, o garoto de óculos surgiu em sua frente e a deteve.


-“Nós temos que ir.” – ele disse, em tom de urgência.


-“Me solta! Eu tenho que... elas precisam...”


-“Elas estão mortas.”


Sofia encarou os olhos negros do garoto por trás dos óculos.


-“Você precisa vir comigo.” – insistiu ele.


Ao redor deles, diversos estalos anunciavam a chegada de dezenas de aurores do Ministério, assim como mediebruxos do Saint Mungus, que vinham prestar assistência aos feridos.


-“Eu não posso deixá-las.” – Sofia virou-se em direção as amigas, mas o garoto segurou-lhe o braço com firmeza e ela sentiu o mundo rodopiar ao seu redor. Antes de que tudo desaparecesse, ela conseguiu ver a tenebrosa marca da caveira que pairava no ar acima dos escombros do Três Vassouras.


Aparataram em frente a uma enorme mansão isolada. Assim que sentiu o chão sob seus pés, Sofia se soltou das mãos do garoto.


-“O que é isso? Por que me trouxe aqui? Quem é você?”


-“Sou Lucas. Lucas Clow.”


-“Você me seqüestrou! Isso é seqüestro!” – Sofia apontou a varinha para ele.


Lucas ergueu as mãos para mostrar que estava desarmado.


-“Acalme-se, por favor.”


-“Me acalmar? Nós fomos atacados! Meus amigos...estão... mortos! E você me afasta deles quando mais precisam de mim!”


-“Tudo será explicado se você se acalmar e entrar comigo.” – ele indicou a porta da mansão com um gesto.


Sofia olhou para a casa e de volta a Lucas.


-“Não, não.” – ela sacudiu a cabeça. – “Eu vou voltar. Agora.”


Erguendo a varinha Sofia tentou desaparatar, mas nada aconteceu.


-“Apenas pessoas autorizadas podem desaparatar e aparatar nesse terreno.” – Lucas explicou calmamente.


-“Um campo de proteção.” – compreendeu Sofia. – “Campos de proteção não são infinitos, eu posso ir até a fronteira deste, lá conseguirei desaparatar.”


-“Exatamente, mas teria que caminhar pelo menos dez quilômetros em qualquer direção.” – disse Lucas. – “Enquanto isso, entrar e compreender o que está acontecendo e porque aqueles Comensais da Morte a atacaram, seria muito mais fácil.”


-“Comensais da Morte? Então aquela marca era mesmo...”


-“A Marca Negra? Era.”


-“Mas os Comensais foram todos derrotados quando Voldemort caiu.”


-“Foram.” – Lucas sorriu – “Mas aparentemente eles voltaram.”


-“E nós precisamos de você para detê-los, Sofia.” – disse uma terceira voz.


Sofia se virou em direção à porta da mansão e viu quem falara: era a mesma senhora que ela avistara conversando com sua avó após a formatura.


Altiva, a senhora tinha os cabelos louros esbranquiçados presos em um coque na nuca.


-“E quem são vocês?”


-“Eu sou Ismália Doyle, chefe do Departamento de Mistérios.”


 


* * *


 


Iris Smith girou a chave na fechadura, destrancando a última das três trancas que selavam sua casa aparentemente normal. Ao entrar, murmurou um agradecimento em celta antigo, que também era um encantamento secreto de proteção.


-“Thar Àireamh!”


E assim, cruzou a soleira da porta e acendeu a lâmpada, trancou novamente a porta, girando cuidadosamente todas as fechaduras. Quando ouviu o último clique, sentiu uma mão grande tampar-lhe a boca, enquanto um braço a segurava com firmeza.


-“Agora você vem conosco, vovó.”


Ela tentou lutar, mas já não tinha forças. Sentiu um pano úmido pressionado contra suas narinas e logo desmaiou.


 


 


* * *


 


 


Sofia acompanhou Lucas e a Sra Doyle rumo ao interior da mansão. Pelos corredores, diversas velas iluminavam o ambiente, algumas presas a candelabros e castiçais, outras simplesmente flutuando no ar. O papel de parede era verde musgo, decorado com arabescos dourados. Não havia quadros nas paredes, apesar de alguns pregos serem visíveis aqui e ali.


O grupo chegou por fim à biblioteca, onde uma moça jovem usando um vestido negro simples com um avental branco por cima os aguardava de pé. 


-"Melinda, traga chá para três, por favor. " - pediu a Sra. Doyle à moça, que respondeu com uma mesura delicada e se retirou.


As paredes da biblioteca eram cobertas por estantes repletas de livros, mas ali também não havia quadros. No centro do cômodo havia uma mesa de centro cercada por um sofá de couro negro e duas poltronas de espaldar alto. A Sra. Doyle indicou a Sofia que se sentasse ao sofá, tomando para si uma das poltronas. Lucas permaneceu afastado, de pé, examinando atentamente os livros de uma das estantes.


-“Sofia, nós do Departamento de Mistérios temos a honra de lhe oferecer uma vaga em nossa organização.” – disse a Sra. Doyle, sem rodeios. –“Você iniciará seu treinamento amanhã, e se tudo correr como o esperado, será uma Inominável ao final de cinco anos.”


Sofia não conseguia encontrar o que dizer. Tinha mil perguntas em sua mente, mas não conseguia formular nenhuma delas de forma a dizê-las em voz alta. Naquele momento, Melinda chegou trazendo uma bandeja com o chá, que Sofia aceitou polidamente, mas que não conseguiu beber.


-“É natural que ainda esteja em choque devido aos acontecimentos dessa noite.” – disse Lucas, se aproximando com sua própria xícara nas mãos. – “O chá vai ajudar a organizar seus pensamentos.”


Algo no tom de voz e no sorriso delicado de Lucas a transmitiu segurança, e Sofia criou coragem para bebericar um pouco do chá. O líquido era doce e estava quente e reconfortante na medida certa.


-“Eu agradeço a oferta, mas não posso aceitar.” – Sofia decidiu que falar depressa ajudaria seus pensamentos a saírem de sua cabeça com mais confiança. – “Eu já aceitei um emprego no Gringotes e tenho começar em duas semanas. Além disso, eu não sei o que os Inomináveis fazem.”


-“É por isso que chamamos de Departamento de Mistérios.” – Lucas sorriu com o canto dos lábios.


-“Os trabalho de um Inominável” – A Sra. Doyle retomou o rumo da conversa. – “consiste em enfrentar as artes das trevas, protegendo o mundo bruxo dos perigos da magia negra.”


-“Como o trabalho de um auror?”


-“Um observador externo poderia pensar isso, mas não, o trabalho de um inominável vai além. Enquanto os aurores são chamados para investigar e resolver problemas do mundo bruxo que vão desde agressões suspeitas à assassinatos, ainda que não envolvam artes das trevas, os inomináveis enfrentam perigos ocultos, muitas vezes antecipando ameaças à estabilidade do mundo bruxo e evitando que aconteçam.”


Sofia sentiu uma pontada de dor repentina trespassar sua cabeça. Ela tentava processar tudo o que acontecera naquela noite. Diante de todo o caos, Lucas aparentava uma tranqüilidade perturbadora. Sofia virou-se para ele:


-“Você disse que aqueles Comensais da Morte foram me atacar. Por que eles fariam isso?”


-“Os Comensais da Morte retornaram, e tudo indica que estão se organizando em torno de um novo mestre, que ainda não descobrimos quem é. Contudo, eles já estão procurando aqueles que representam ameaça a sua existência, entre eles você.”


-“Como eles poderiam me conhecer?”


Lucas abriu a boca para responder, mas a Sra. Doyle foi mais rápida:


-“Isso é algo que também não sabemos.”


Lucas terminou seu chá e entregou a xícara à Melinda. A Sra. Doyle permanecia imóvel, observando Sofia com atenção. A jovem, por sua vez, sentia sua cabeça doer cada vez mais, impedindo-a de pensar claramente.


-“Me desculpem, mas não posso.” – sua voz saiu aguda e assustada. – “Eu não tenho habilidade... sequer força para combater...”


-“Não se preocupe.” – a voz da Sra. Doyle era segura e suave. – “Você tem mais força do que imagina, e quanto à habilidade, isso é tarefa nossa ensiná-la.”


-“Entendemos o seu receio, e não podemos obrigá-la a ficar.” – começou Lucas. – “Durma aqui esta noite, e amanhã eu posso acompanhá-la até sua casa.”


Sofia concordou, e a Sra. Doyle pediu a Melinda que lhe mostrasse o quarto. Quando a garota saiu acompanhada pela criada, Lucas fechou a porta atrás delas.


-“Não sei porque você disso aquilo para ela. Sabe que ela realmente não tem escolha.”


-“Eu sei.” – começou o garoto. –“Mas a coitada está apavorada. Se pudermos lhe dar uma chance para que escolha seu caminho de livre e espontânea vontade, com certeza se sentirá melhor. Isso se ela for o que você espera.”


-“Entendo.” – a Sra. Doyle se levantou, alcançou a garrafa de uísque sobre o balcão e se serviu de uma dose. – “Você acha que ela não é o que eu espero?”


-“Você sentiu o poder dela?” – perguntou Lucas. – “Eu não consegui distinguir claramente.”


-“Eu tentei legilimencia com ela enquanto conversávamos. Ela conseguiu bloquear o meu ataque mesmo sem ter consciência do que estava acontecendo.”


-“Quer dizer que você não conseguiu passar pela defesa dela, mesmo que ela não estivesse se defendendo?”


-“Oh, mas ela estava se defendendo, só não conscientemente.”


-“E você não conseguiu tocá-la.”


-“Não.” – a Sra. Doyle soriu. – “Mas consegui deixá-la com uma bela dor-de-cabeça.”


  


=== * * * ===

NA:

 Ai, não sei se gostei muito desse capítulo.. ficou muito bla-bla-bla, entendem? Mas resolvi postar assim mesmo, depois quando a fic estiver concluída eu arrumo na edição final. 

Queria agradecer os comentários das minhas leitoras:

Neuzimar de Faria:  Agora a fic está sendo postada. Demorou um pouco, mas antes tarde do que nunca, né? hehehe. Espero suas visitas!

Van Vet: Neville é diretor! Então, talvez eu tenha exagerado nessa parte, né, porque 15 anos depois ele teria 32 aninhos só... O que acontece é que a batalha de hogwarts é em 1998, e a fic é em 2012. Dá 14 anos de diferença. Enfim, se ficou muito exagerado o neville de diretor tão novinho me avise que eu vejo como fazer pra mudar. 
Quanto à Ismália, é uma personagem que criei na minha fic "Azkaban". Eu gosto tanto dela que a trouxe de volta aqui. Ela é meio que o meu Dumbledore, só que mais misteriosa e não tão legal, porque só a JK consegue escrever personagens tão legais quanto o Dumbledore, né, eu não tenho assim tanto talento. rs
Finlizando, queria agradecer do fundo do coração pelos elogios. :)
Infelizmente muita gente entra na fic mas não lê e nem comenta #sad. Eu estu tentando atualizar todas as minhas fics em andamento, que são SETE (um número bem maior do que eu dou conta) e já ia deixar essa aqui em segundo plano se não fossem por seus comentários. OBRIGADA. 

E pessoas, fui convidada pela Black Widow  a participar de uma campanha por mais comentários na feb, e acho isso genial, porque nós estamos mesmo precisando! Acessem a campanha aqui: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=46113

Obrigades e beijas

Tarí

 

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Comentários (3)

  • Sheila Costa

    Ei! Voltando a comentar!Eu realmente fiquei agradavelmente surpresa com a sua fic. Ela é gostosa de ler e fácil de se prender. Promete muita aventura e perigo, algo que sempre me atrai em uma leitura. Devo dizer que de cara já gostei da Ismália Doyle e do fato de ser chefe do Departamento de Mistérios. É o meu departamento favorito em HP e tenho planos para ele também...rsAgora eu adorei o Clow! Por favor, diz que você se inspirou em Sakura *_________* Amo Sakura S2 e tudo o que tiver o mago Clow =DEstou marcando para ler e te acompanhar.Parabéns pela narrativa! 

    2014-01-02
  • Láh Jane Weasley

    Oi, oi!Acho que alguem acaba de ganhar uma nova leitora.  xDJa tinha visto a fic algumas vezes e sempre dizia: algum dia eu leio, deixa pra depois...Agora que o semestre acabou pude vir dar uma conferida e adoraaay!Muito interessante, o primeiro capitulo nao me prendeu muito, mas como nao sou de desistir facil, continuei lendo e percebi que a fic tem sim muito potencial! Nao demore a postar, fico muito ansiosa com a falta de novos capitulos...Ah.. Acho que o Neville pode sim ser um otimo diretor, apesar da pouca idade. Mesmo acreditando que ele seria mais indicado ao posto de Professor de Herbologia e Tia Mimi continuaria como Diretora.A nao ser que tenhas outros planos pra ela ou que ja a tenhas "assassinado" na fic.  xDE faco minhas as palavras de Van Vet: Quantos anos tem o Lucas?Bjbj, ate o proximo cap.  ;]

    2013-12-17
  • Van Vet

      Bem que eu achei e se confirmou, além do James as amigas dela morreram também. Meu, que dó! Mas isso por outro lado é legal porque amadurece a personagem... Todo esse choque e morte de gente inocente, crianças e amigos. Então eu caio do burro, achando mal da coitada da Ismália e ela é simplesmente chefe do Departamento de Mistério!! Oh, Merlim, essa fic promete! Quando Lucas levou ela para o casarão no meio do nada, no meio da noite, eu pude até mesmo escutar os grilos cantando em contraste com a choradeira que deveria estar acontecendo no Três Vassouras. E pra fechar você ainda faz com o poder - ainda bem oculto - da nossa Sofia se faça vigente com o lance de bloquear a legilimência. Então não vem falar que não gostou do capítulo, ok?kkkkkkkk  Só uma pergunta. Quantos anos o Lucas tem, afinal?  Foda e aguardando!  Bjs! Muito obg por comentar em BJ ;)

    2013-11-08
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