Domingo, dia de Almoço na Toca

Domingo, dia de Almoço na Toca



Hermione estava sentada no sofá da sala quando Gina finalmente chegou.


Era a manha posterior ao jogo de boliche e a ruiva tinha passado a noite na casa de Harry.


– Oi querida, já posso te chamar de cunhadinha? - seu tom era brincalhão, e não tinha percebido a expressão triste no rosto de Hermione.


Ela não sabia há quanto tempo estava sentada ali, mas que era muito tinha certeza. Em algum momento acordara e tivera uma súbita vontade de se sentar na sala encarando o nada.


– Aconteceu algo? - enfim ela notara o semblante de Hermione e ficou ligeiramente preocupada. - Foi o insensível do meu irmão? O que aquele idiota aprontou?


– Nada... - sua voz falhou e pareceu mais que estranha para a dona dela. Fraca, como se fosse a primeira vez que falava em meses. - Ele não aprontou nada. Na verdade... Foi bem compreensível.


– Compreensível? Com o quê?


Hermione suspirou indicando o espaço vazio ao seu lado no sofá. Uma hora ou outra teria de conversar com ela, sempre contava tudo para a amiga. Começou a explicar desde o instante em que Rony pediu que conversassem, até o momento em que ela chegou a casa após pagar o táxi...


– Certo, me deixa ver se entendi. Ronald, meu irmão, te beijou, você começou a chorar, foram ao apartamento dele, você conta a tentativa frustrada de Krum em te levar para a cama e você diz que precisa pensar?


– Sim... - respondeu receosa.


– Sua mãe te deixou cair quando era bebê?


– O que? - perguntou tentando entender o que uma coisa tinha a ver com a outra.


– Suspeito que você tenha algum tipo de lesão no cérebro!


– Gina, você não me entende. Ninguém me entende. Duvido que Rony tenha me entendido, agora.


– Eu jurava que finalmente tudo fosse ficar bem entre vocês. Rony gosta de você...


– Não é tão simples Gina. Desde o que houve com Vitor... Eu só fico receosa, não é a toa que não namorei mais ninguém!


Você complica tudo mesmo! Você acha que Rony seria capaz de fazer algo assim?


– Oh meu Deus, Gina, que pergunta, claro que não!


– Então, por favor, vá se arrumar!


– Por quê?


– Bom, você sempre quis conhecer a minha família. Adivinhe! Hoje é domingo, dia de almoço na casa dos Weasley!


Gina gastou quase vinte minutos tentando convencer Hermione, até que finalmente ela concordou. Tomaram banho e se vestiram.


Enquanto a ruiva usava um vestido amarelo de alças, Hermione vestia um short dois palmos acima do joelho e uma blusa branca de alças com flores vermelhas.


A propriedade dos Weasley era relativamente grande. Lembrava com muito carinho daquela casa, pois foi onde passou parte dos dias quando tinha quatro anos. Estava do mesmo jeito que recordava. No jardim da entrada havia uma grande árvore coberta por folhas amareladas por conta da seca, e a grama começava a ganhar tons marrons. A fachada era branca com algumas faixas azuis, e pequenos arbustos rodeavam a pequena escada de entrada. Também havia um corredor lateral dando acesso rápido aos fundos. As casas ali não precisavam de portões, de tão seguros que eram os bairros.


Hermione morava um pouco mais a frente, e sentiu uma grande vontade de visitar sua antiga casa. Outro dia, quando tivesse tempo. Era tão estranho estar naquele lugar mais uma vez. Pensou que nunca mais voltaria.


– Ei, você vem ou vai ficar ai devaneando? - perguntou Gina batendo a porta do carro. Hermione tirou o cinto e a acompanhou. Estava prestes a rever pessoas que não imaginava ver novamente...


Gina tinha a chave de casa, então a abriu. Ao entrarem encontraram tudo silencioso. Deveriam estar no quintal. Segundos depois alguém se aproximou percebendo o movimento na porta.


– Ah, Gina querida. Que bom que veio! - uma senhora baixinha e gorducha, de avental veio cumprimentá-la. - Seu pai e irmãos estão lá fora! Oh, vejo que trouxe visita! - do mesmo jeito que lembrava... A senhora Weasley tinha mudado pouco desde que a vira, mas continuava sendo tão gentil quanto...


– É uma amiga, creio que gostará muito dela!


– Bom dia senhora Weasley! É um prazer vê-la! - as duas se abraçaram.


– Ora, o que é isto! - sorriu para Hermione. - Como se chama?


– Com licença, nomes depois, quando todos estiverem juntos. Venha, quero te mostrar aos meus irmãos!


Gina a puxou sem dar tempo para que se recuperasse. No jardim, Hermione percebeu um rio de cabelos ruivos. Reconheceu Percy, o irmão mais mal humorado de que se lembrava, Carlinhos, o segundo irmão, Bill, o mais velho, Fred e George, os gêmeos, Arthur, o patriarca e Rony... Ao vê-lo seu coração disparou. Ele estava mais bonito desde a última vez que o vira. Usava uma camisa comum azul clara que realçava a cor de seus olhos, acompanhada de uma calça jeans escura. Seus cabelos estavam bagunçados e ela gostava do jeito que ele os deixava. Ela realmente gostava...


– Então, estes são Fred e George, os gêmeos!


– Olá gracinha! - os dois se mostraram dois galanteadores.


– Podem tirar os cavalinhos da chuva que ela é comprometida!


– Ginevra! - Hermione exclamou. - Isso não é bem verdade!


– Escreva o que estou dizendo, vocês ficarão juntos!


Ela a apresentou para os pais, e aos irmãos restantes. Incluindo Rony. Os dois pareciam nervosos com a presença tão próxima um do outro, mas Hermione notou que o ruivo estava feliz por tê-la ali.


Molly Weasley, a matriarca, chamou todos quando tinha posto a mesa. Logo no início do almoço Gina revelou o quem era sua amiga, e embora todos tenham ficado chocados e emocionados - até mesmo Percy -, ninguém pareceu mais sentida que Molly.


– O quanto você cresceu Hermione. Lembro quando era bem pequenina, quatro anos, sim?


– Sim, senhora! - respondeu corando.


– Ah, vocês eram tão bonitos juntos, Roniquinho e você. Namoradinho, diziam que passariam toda a vida juntos! - Hermione engasgou-se ao escutar o apelido de Rony. Molly falava com tanta emoção que ninguém se atrevia a falar nada fora de hora. - Vocês sempre andavam de mãos dadas para onde quer que fossem. Sinto-me culpada até hoje por termos ido para o Canadá! Gostaria de saber o que teria acontecido a vocês se tivessem continuado juntos. - ela parecia perdida nos próprios pensamentos. - Mas então, vocês tem algum plano juntos?


– Ah...? Como o que, senhora?


– Ora, digo, agora que se reencontraram presumo que planejem voltar a namorar ou algo do tipo.


Tanto Rony quanto Hermione ficaram visivelmente encabulados. Não esperavam essa pergunta.


– Nós não... Somos apenas amigos! - respondeu Rony.


– Por enquanto. - Gina sussurrou para a mãe que estava ao seu lado.


Aquela palavra, amigos, não agradava nem um pouco a ruivo, principalmente se usada indicando um relacionamento entre ele e Hermione. Nunca quis ser apenas um amigo da garota, ele gostava dela, e queria manter a promessa feita na infância. Ficar juntos para sempre...


Depois do almoço veio a sobremesa, pudim. (Luna Lovegood) Todos se dispersaram pelo jardim, que era grande. Tinha uma piscina e muitas árvores, arbustos e flores.


Hermione sentou-se a beira da piscina e encarou seu reflexo. A quem ela queria enganar? Amigos... Há muito tempo queria ser bem mais que amiga de Rony. Na verdade, talvez, quando eles eram crianças sabiam que tinha um relacionamento maior, um sentimento maior entre eles. Como se fossem predestinados. Não sentiu a aproximação de alguém. Apenas quando se sentaram ao seu lado e olharam seu reflexo.


– Está tudo bem? - perguntou Rony levantando a cabeça para olhá-la olhos nos olhos.


– Sim, está.


– Desculpe minha mãe se ela te deixou sem graça no almoço, ela é assim e nunca vai mudar...


– Tudo bem. - respondeu dando um de seus sorrisos ao canto da boca.


– Bom, eu queria me desculpar, também, por ontem. O beijo. Não queria te assustar nem nada...


– Ok, são águas passadas. - ela sabia que devia acrescentar algo, mas o que? Rony talvez esperasse que ela falasse algo sobre os dois, sobre mais uma vez existir um nós, mas como ela ficou em silêncio, ele continuou a falar.


– Toda Sexta tem karaokê no NY Champig, e eu queria saber se... Se você não quer ir comigo.


Ela o avaliou. Adorava esse jeito tímido de Rony, parecia aquele garotinho de cinco anos a chamando para ir ao parquinho...


– Só tem um probleminha: eu não sei cantar!


– Não tem problema, porque eu também não sei cantar!


Não precisava de uma resposta concreta, apenas pelo olhar ele sabia que ela iria. Um jeito de tentar fazer as coisas entre eles funcionarem. Ele não podia deixá-la mais uma vez...

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Comentários (1)

  • Lu Ranhosa

    Awwwn que lindo,já estava ansiosa por um proximo capitulo,que não desepcionou,maravilhoso,ai se não fosse esse Krum eles já estariam juntos,adoro o jeito de timido do Rony eles são tão fofos amando.

    2013-02-07
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