Prólogo

 “Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, a Leste do Éden.”
(Gênesis 2-16)

Aquele era já o terceiro ano depois da volta de Voldemort. O bruxo ainda não conseguira atingir a força que imaginara conseguir quando ressurgira, e no final do ano anterior, ao enfrentar Alvo Dumbledore, não lograra vencê-lo, e pior, quando Harry Potter surgira para ajudar seu velho mentor, já não era mais o menino de 14 anos ferido e assustado que ele conhecera ao recuperar seu corpo, mas um rapaz cuja força de vontade e a fibra o haviam assustado.
Covardia ou não, Voldemort achou melhor fugir, porque boa parte dos seus poderes desaparecera de vez naquele duelo, e ele desconfiava que se Harry não houvesse aparecido, provavelmente Dumbledore lutaria com ele até a morte, mas levaria junto todos os seus poderes, e ele seria de vez morto e derrotado. Salvando seu mentor, sem saber Harry salvara também o bruxo das trevas.
O ano ia já pelo meio, e  seu inimigo já completara 17 anos, iniciando seu último período em Hogwarts. Se quisesse derrotá-lo ou trazê-lo para o lado das trevas, aquele era o ano. Quando saísse da escola, o rapaz seria um bruxo completo, e de uma força que Voldemort não gostaria de enfrentar. Estava cada vez mais convicto que a melhor saída era ainda era trazer para o lado das trevas o garoto, se quisesse um dia vencê-lo.
Os outros comensais sabiam muito pouco sobre seu atual estado, ele vinha mantendo com Rabicho a farsa de bruxo poderoso, à custa da poção feita com o precioso veneno de Nagine, que o alimentava e mantinha seu corpo com aparência assustadora. Mas ele sabia que sua fraqueza ficaria cada vez mais difícil de acobertar, a não ser que recuperasse parte de seus poderes, ou pelo menos sua saúde e força. E só havia duas coisas que poderiam restabelecê-lo, mas uma já fora usada, e naquele estado ele não conseguiria tentar alcançá-la de novo: sangue fresco de unicórnio.
Suas esperanças agora recaíam sobre o sangue de dragão vivo, mas isso era quase impossível de se obter, uma vez que todas as áreas onde haviam Dragões estavam controladas por conhecidos de Alvo Dumbledore, e ele não tinha como abertamente conquistá-las sem uma luta que poderia custar-lhe a vida de muitos comensais, que já não eram tantos depois que, dois anos antes, um grande confronto destruíra os dementadores que haviam se juntado a ele, e levara à morte quatro dos mais fortes comensais: Walden McNair, Victor e Ida Lestrange e Vicent Crabbe pai. Havia jovens seguidores em formação, mas eles ainda não eram fortes o suficiente para isso.
Não. Ele deveria seguir agindo na sombra, como sempre executara seus mais bem sucedidos planos. Não precisaria dominar toda uma reserva se tivesse uma pessoa dentro dela disposta a arriscar-se para conseguir apenas um pouco de sangue de um dragão vivo. O sangue resgataria sua velha força, se a poção fosse feita da forma certa, ele seria novamente o maior de todos os bruxos. Rabicho dissera a ele que havia uma jovem comensal da morte disposta a se arriscar para conseguir completar tal missão. Alguém que queria ascender rapidamente na hierarquia das trevas.
O bruxo atravessou o salão negro do castelo, onde passava os dias escondido dos olhos de todos, ao sul da Irlanda, e sentou-se no trono de ébano que mandara fazer quando era o mais temido Lorde das Trevas que caminhara sobre a Terra, vinte anos antes. Para receber a jovem, tinha que parecer mais poderoso que nunca. Ajeitou-se sobre o trono e ordenou que Rabicho abrisse as portas do salão.
Ele manteve seus olhos de cobra fixos na figura bela e hipnotizante da jovem enquanto ela avançou elegantemente pelo salão. Sim, ela era perfeita para o que ele queria... em breve ela estaria na reserva de Éden, e de lá traria o elixir que haveria de revivê-lo como o grande mestre da sombra.

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