Encontros
Severo Snape – Setembro de 1982
Quase um ano desde que Voldemort havia sido derrotado... Sheeba agora estava estabelecida na polícia dos trouxas recém formada na academia, mas morava com um bruxa de nome Silvia, na fundação Hemerinos... Silvia era tão mal vista quanto ela, diziam que ela era meio maluca... na verdade ela era uma semi fada e agora era a melhor amiga de Sheeba.
Um sábado, Sheeba decidiu fazer pequenas compras em um bairro trouxa... Nothing Hill. Ela levou um susto ao reconhecer o rosto de uma mulher que entrou atrás dela numa loja: era uma comensal da morte, provavelmente foragida... precisava chamar um auror, qualquer coisa... mas ela só tinha um contato, apenas um... e não era um auror. Precisava achar uma lareira. Saiu da loja rapidamente e olhou em volta... correu algumas casas até que achou uma que não tinha ninguém na frente... olhou para os dois lados antes de dizer:
- Alohomorra! – a porta se abriu e ela entrou discretamente. Petrificou dois trouxas... afinal era uma emergência. Então, acendeu a lareira e com o feitiço apropriado, começou a chamar o Professor Dumbledore. Depois de algum tempo a cabeça dele apareceu flutuando.
- Sheeba?
- Não temos muito tempo, professor, estou numa casa de trouxas em Nothing Hill, Londres... há uma comensal aqui, mande alguém... sei lá, use pó de flu... e venha para cá!
- Sheeba, isso é uma casa de trouxas... não dá para usar flu.
- Droga...
- Saia da casa e fique de olho nela.. vou mandar alguém e comunicar o ministério.
Sheeba apagou a memória dos trouxas que ainda a levaram até a porta e disseram-lhe até breve acreditando que ela era uma representante do recenseamento. Mas Atalanta sumira, Sheeba começou a procurá-la, até que a viu entrando num beco. Foi tentar seguí-la e acabou encurralada por ela, que a desarmou e conjurou cordas. Em minutos, Sheeba estava deitada no chão de uma garagem e Atalanta exigia que tocasse uma veste negra.
- Então... eu te encontrei, pitonisa... estava escondida aqui esperando uma oportunidade de achar meu mestre... quando a vi entrar naquela loja... você vai me ajudar... toque a veste, toque... quero que você descubra onde ele está...
- Mas nem sob tortura, sua idiota.
- Vamos amolecer você um pouco... crucio!
Sheeba não soube dizer quanto tempo foi torturada... perdeu a noção do tempo e do espaço, até que sentiu uma luz iluminá-la e a dor cessou. Quando voltou a si, viu um rosto conhecido.
- Snape? Severo Snape?
- Eu mesmo. Ele disse com uma cara séria. Dumbledore me mandou.
Ele a levou ao hospital. Foi pelo médico que ela descobriu que ele havia feito um feitiço sério para salvá-la, vita primessencia, o beijo da vida. Sentiu-se bastante desconfortável diante desse fato. Além de saber que ele dera um ano da vida dele por ela (o feitiço consumia um ano de energia vital..), o feitiço era aplicado através de um beijo. E ela ainda considerava Snape a criatura menos beijável da face da Terra.
Mesmo assim, resolveu conversar com ele. Agradecer. Ele entrou em seu quarto sério e ela disse:
- Obrigada, Severo. Poucos tem a coragem de fazer o que você fez.
- É uma retribuição... eu soube que você quis proteger Irina. – Sheeba lembrou-se que ele havia sido casado.
- Pena que não consegui... eu gostaria de ter te ajudado mais.
- Coisas assim acontecem. Não acontecem? – Ele estava se referindo a Sirius, com um desprezo meio óbvio. Ela decidiu passar por cima disso, afinal, devia a vida a ele.
- Acontecem... como você acabou casando?
- Ela era parte do... grupo. Estudou em Durmstrang... era Albanesa. Ela gostou de mim... acho que foi a primeira mulher por quem me interessei que gostou de mim. Aconteceu. Ela ficou grávida... casamos, mas ela ficou com medo e abandonou o grupo. Eu quis ficar... o resto você já sabe.
Na verdade, ela não sabia, mas de alguma forma, Dumbledore encontrara algo de bom em Snape.. . e mesmo com ele sendo um ser intratável, injusto e antipático, o trouxera para a luz... ia ser amiga dele.
Começaram a se corresponder, e um dia ele a chamou para jantar. Ela sentiu-se sem graça de recusar. Ele fora a Londres fazer alguma coisa, era o período de férias em Hogwarts. Ela aceitou. Mas sentiu uma grande sirene de alarme acender-se na sua cabeça quando viu que ele lavara os cabelos para o encontro... depois de um jantar meio frio (ela estava francamente amedrontada) ele disse:
- Sheeba, eu gostaria de dizer que... tenho alguma espécie de afeição por você que bem... que se você permitir pode crescer.
- Severo... não.
- Eu... imaginava. É Black, não é? – havia uma espécie de desprezo mais que profundo nas palavras dele.
- É... ele está em Azkaban, condenado, mas eu ainda o amo.
- Imaginei. Eu também ainda amo Irina.
- Eu sei... Severo, você não se interessou só por mim em Hogwarts...não é verdade?
- É.. é verdade.
- Você não odiaria tanto Tiago à toa...
- Bem, na verdade, eu o achava um exibido patético...
- Ele o chamava de safado mal acabado... bem, isso não vem ao caso. Acho que se não falarmos no passado, podemos ficar amigos... mas eu gostaria de falar sobre umas coisas que vi no futuro... meu afilhado, filho de Tiago... ele vai para Hogwarts em alguns anos... não deixe que ressentimentos pessoais te atrapalhem.
- Bem... espero que ele não seja como o pai...
“Harry vai ter problemas” – Sheeba pensou – Tudo bem Severo - Ela sorriu. Ele entregou-lhe um pacote:
- Isto pertenceu a Irina... ou melhor, foi de minha mãe e eu dei para Irina. É uma roupa protetora. Você tem contatos com balas de trouxas... esta roupa pode te ajudar. Faça bom proveito. Aí dentro do pacote tem instruções de como se prepara a poção para fazer uma destas, se você quiser... mas é um pouco complicado.
- Tudo bem, Severo... eu sou um pouco fraca com poções, mas acho que vou preparar uma... para dar de presente.
Ele não sorriu, não foi simpático... mas também nunca a destartou. Dali em diante começaram a trocar corujas... mas nunca mais ele chamou-a para jantar.
Harry Potter – julho de 1983
Ela só vira o afilhado uma vez, sabia por Dumbledore que ele estava bem, afinal o professor pusera uma pessoa atenta perto da casa deles, vigiando Harry discretamente. Ele não a proibiu de ver Harry, mas disse para nunca se dar a conhecer, afinal era um segredo o lugar onde ele estava, e alguns no ministério ainda a olhavam com tanta desconfiança que era melhor manter-se incógnita. Ela parou um carro em frente à casa da rua dos Alfeneiros(fora muito chato aprender a dirigir, mas não tinha outro jeito de se locomover entre os trouxas). Estava bem quente, era um domingo. Se tivesse sorte, poderia ver Harry.
Quando saltou do carro e pôs a bolsa no ombro, viu inconfundivelmente que havia alguém a espiando pela janela... ela conhecia a mulher, era Petúnia, tia de Harry. Fizera muito bem em fazer uma pequena transfiguração pessoal, ela não a reconheceria com seu disfarce, com certeza.
Sheeba estava muito elegante em um terno azul marinho, que provocara gargalhadas histéricas na bruxa que dividia o apartamento com ela, Silvia. Depois de ameaçar a amiga com um feitiço estuporante, ela pediu que ajudasse a mudar bastante a cor da pele e dos cabelos. Sheeba nunca fora uma exímia transfiguradora pessoal, agora estava com cabelos louríssimos e uma pele mais morena, num penteado um pouco estranho, mas que cobria a testa. Tocou a campaninha e um homem veio atender.
- Pois não? – era Valter Dursley... ele nunca vira o marido da irmã de Lílian... parecia realmente muito trouxa e idiota.
- Eu estou fazendo uma pesquisa – sorriu – sobre as crianças mais inteligentes da cidade... – o homem sorriu e começou a falar maravilhas do filho e pediu que Sheeba entrasse, em segundos haviam posto na sala um garoto gordo e rosado (que gracinha, pensou Sheeba, parece um leitãozinho...) e diziam o quanto ele era genial. Então Sheeba interrompeu:
- No meu formulário diz que há outro menino na casa... – a cara de Válter se fechou.
- Há, sim, mas com certeza não é e dele que a pesquisa fala... este garoto é muito estúpido. – Sheeba sentiu um zumbudo no ouvido... era melhor se conter, se usasse magia ali estava frita, já estava fazendo algo completamente ilegal.
- Bem... de qualquer forma eu preciso ver o garoto... – ela disse num grande esforço e para sua enorme surpresa, Petúnia abriu um armário e tirou Harry lá de dentro.
Comparado a Duda, Harry parecia um ratinho magro... e estava usando revoltantes roupas enormes, visivelmente herdadas do porquinho! Ele olhou para ela apertando os olhos verdes e Sheeba teve ganas de abraçá-lo e levá-lo dali. Sheeba percebeu então uma coisa: o menino era míope! Se olhava para ela daquele jeito é porque precisava de óculos.
- O nome dele é Harry... – Petúnia começou a contar uma história revoltante de como os pais do garoto haviam morrido num acidente de automóvel... O zumbido no ouvido de Sheeba continuava... se ficasse ali mais tempo ia acabar fazendo besteira. O garoto gordo ficou olhando para o pequeno Harry e esse se encolheu... Sheeba sentiu raiva do moleque. Com certeza ele batia no seu afilhado!
- Ele precisa de óculos – disse Sheeba
- Não, não precisa... ele é burro mesmo.
- ELE NÃO É BURRO! – Sheeba disse num acesso de raiva – Na verdade eu sou uma agente de fiscalização... estou vendo se vocês estão cuidando bem da criança que lhes foi confiada. E vejo que não... já é bastante ruim ele viver trancado em um armário, mas se vocês não derem para ele pelo menos um par de óculos... EU PROVIDENCIAREI UMA PESADA MULTA!
Valter e Petúnia se olharam assustados e Sheeba pegou sua bolsa. Antes de sair parou na frente de Harry, sabia que ele não se lembraria dela quando o encontrassem de novo. Tocou os cabelos do garoto, vendo que ele estaria bem até chegar a Hogwarts. Então, levantou-se e deu o pior olhar possível para os Dursleys e saiu da casa.
Sempre que podia, dava uma volta pela Rua dos Alfeneiros, foi assim que viu Harry crescer até a idade de entrar em Hogwarts.
Dumbledore – maio de 1987
Sheeba agora estava na Interpol. Fora um caminho tortuoso, mas a levara a conhecer outras partes do mundo... já morava num pequeno e confortável apartamento em Londres, e procurava lidar da melhor forma possível com seu dinheiro bruxo e trouxa. Mas sentia falta do mundo bruxo, sentia-se tristonha por isso. Ela era uma bruxa, era chato lidar com trouxas... achava que talvez Reed, seu parceiro, fosse o sujeito mais trouxa da face da terra... já trabalhavam juntos há quase cinco anos e ele nunca sequer desconfiara que ela era uma bruxa. O que mais irritava ela era quando ele chegava com um artigo médico que explicava paranormalidades...
- Veja, Sheeba aqui explica tudo... pessoas como você tem um padrão diferente de freqüência cerebral e... – Sheeba olhava para ele com cara de quem está vendo o maior idiota do planeta... era lógico que ela era diferente... era uma bruxa, droga!
- Eu entendo, Reed, eu entendo – ela tirava o parceiro da sua frente com a mão e ia ao trabalho. Tinha orgulho de nunca ter usado uma única vez a arma... e desenvolvido uma técnica de usar a varinha o mais discretamente possível... é verdade que a roupa que Snape lhe dera também a ajudara muito em muitas ocasiões. Mas agora, o que importava para ela era deixar de ser uma renegada, mas como?
Numa tarde no fim de maio, ela chegava em casa exausta... era o fim, realmente, ajudara a recuperar um diamante valioso e ninguém sabia, ninguém saberia... belo lixo se tornara. Pôs a mão dentro do bolso como fazia instintivamente várias vezes por dia e fechou entre os dedos a aliança de Sirius... a imagem dele na cela apareceu diante dela... já havia muito pouco do seu noivo nele, pálido, magro, surgira nos olhos dele uma expressão assustadora que ela não conseguia entender... com o esforço de sempre ela tentou ler-lhe os pensamentos... sim, ele ainda não estava louco, nem dementado suficiente para perder a razão... suspirou resignada e entrou em casa. Havia uma coruja grande e castanha pousada na mesa da cozinha.
- Olá – ela disse a coruja – aceita um pedaço de qualquer coisa? – procurou na geladeira algo para dar à coruja enquanto abria a carta que ela trazia. Era um bilhete curto
“Olá Sheeba! Preciso de você em Hogwarts... é urgente. Alvo Dumbledore”
“Precisa de mim urgentemente? Será que é algo sobre Voldemort ou coisa parecida?” – Sheeba virou-se para a coruja e disse:
- Quando acabar de comer, saia pela janela, certo? – juntou algumas coisas que pôs na bolsa, e olhou sua roupa... era trouxa demais, conjurou rapidamente uma veste do seu armário “Droga, está cheirando a guardado”, um pouco de perfume e desaparatou para Hogsmeade, de onde podia ir facilmente para Hogwarts.
Havia algum tempo, abandonara a franja que usava desde Hogwarts, agora não fazia sentido esconder o sinal. Quando foi andando por Hogsmeade, estranhou a cara que faziam ao ver a marca na testa dela.. “O que esse pessoal viu em mim?” rapidamente caminhou até Hogwarts e viu que o professor a esperava. Havia um zumzum de alunos, que olhavam para ela curiosos... afinal, era uma mulher adulta e bonita, o que estaria fazendo por ali?
- Sheeba! Bom que você apareceu, venha, Dumbledore está lhe aguardando. – Minerva McGonnagal a conduziu numa alegria e jovialidade que ela até estranhou...se havia algo urgente para ser resolvido, porque todo aquele entusiasmo. Em minutos estava na sala do diretor de Hogwarts que assim que ela entrou disse:
- Ótimo que você veio rápido! Eu precisava falar com você antes da noite de hoje ou seria muito tarde...
- O que houve, professor? – Sheeba estava preocupadíssima. Dumbledore veio até ela e pegando nas suas mãos enluvadas disse:
- Eu preciso que você encontre minhas abotoaduras. – Sheeba olhou para o professor incrédula.
- O Senhor me trouxe de Londres para achar... um par de abotoaduras? – Dumbledore acenou a cabeça sorridente – não me ocorreu uma coisa, professor... porque seria assim tão ...urgente?
- Na verdade – Dumbledore sorriu – eu tenho um jantar com o ministro da Magia do Japão, entende? E eu gostaria de usar umas abotoaduras bonitas em forma de dragão que eu ganhei... acho que em 1940 ou foi em 37? Bem, o importante é que eu preciso delas – ele abriu um grande sorriso. Sheeba não pode deixar de rir.
- Eu achei que fosse algo importante!
- Para mim é importante! São abotoaduras muito bonitas! – Sheeba riu e tirou as luvas. Pegou nas mãos do professor e pensou nas abotoaduras.
- Elas são de ouro?
- São.
- Tem incrustações de lalique negro e lápis lazúli?
- Isso mesmo!
Sheeba abriu os olhos e foi até um móvel encostado à parede, usando a varinha afastou-o ligeiramente, revelando uma caixinha caída atrás dele... dento dela estavam as tais abotoaduras.
- Perfeito Sheeba! – Disse Dumbledore satisfeito! Quanto eu lhe devo?
- Como?
- Pelo serviço, oras.
- Ah, professor, não seja ridículo.
- Sheeba... você não está entendendo. Você me prestou um serviço bruxo como outro qualquer.
- Achando um par de abotoaduras? – o professor assentiu e disse:
- Veja bem, quando você voltar à comunidade mágica...
- O senhor acredita que um dia eu posso voltar?
- Lógico que pode... nenhuma maledicência dura para sempre, ainda mais as infundadas...
- Eu não quero ficar com os trouxas para sempre.
- Nem vai. Mas precisa saber voltar à comunidade mágica, ganhar respeito. Ouça o que eu vou te dizer, filha...
Dois dias depois, havia um anúncio de quatro por quatro centímetros no profeta diário: “Perdeu alguma coisa? Eu encontro. Tem medo do futuro? Eu ajudo você a encará-lo de frente. Mande uma coruja para SHEEBA AMAPOULOS a única pitonisa com toque de prometeu. Sabe tudo de presente, passado e futuro. Pagamento facilitado”
Sheeba olhou o anúncio achando aquele texto meio brega... mas era um começo. Podia continuar na polícia e ir voltando a ficar conhecida na comunidade mágica. Dumbledore sem dúvida era um gênio.
Em pouco tempo, ela recebia mais corujas que podia dar conta. Ganhou tantos galeões que até ficava imaginando o que faria com tanto dinheiro. Nenhum cliente deixava de pagá-la... depois descobriu que isso devia-se a um boato espalhado pelo Professor de que quem dava calotes em Pitonisas morria fulminado por um raio. Continuava entre os trouxas, mas tinha agora seu dia dividido entre ser bruxa e ser trouxa... seria quase feliz, se não fosse a saudade.
Remo Lupin – Agosto de 1994
Sheeba não via Lupin há mais de quinze anos quando o reencontrou. A última vez que haviam se visto tinha sido no casamento de Lílian e Tiago. Ela havia acabado de abandonar a polícia trouxa e estava no recém criado esquadrão de polícia secreta do ministério da magia... dera graças a Deus que quando entrara no esquadrão, não haviam lembrado de seu nome para capturar Sirius... ela morreria se o mandasse para Azkaban, mesmo estando muito magoada com ele.
Havia um ano que acordara sobressaltada, o coração aos pulos, Ela vestia todas as noites um pijama que Sirius deixara em sua casa, para sentí-lo por perto, para sonhar com ele... ela acordou com a imagem dele fugindo transformado em cão, havia algum tempo que ele vinha transtornado, pensando em Pedro Pettigrew. O gelo de confusão dele já devia estar quase todo derretido, pois Sheeba sabia que era ele que Sirius pretendia pegar... era ele a obsessão de Sirius... ele fôra então o traidor. Ela não devia ter ficado tanto tempo afastada de Lupin... podia ter dito a ele o que achava.
Em vão, Sheeba esperara o contato de Sirius. Mas nada viera... era normal, pensou, afinal, ele precisava provar sua inocência... ela não podia ir para hogwarts, sabia que vigiariam ela, estariam sempre imaginando que de alguma forma, ela ainda tinha algum vínculo com ele... ela não queria que o prendessem por causa dela. Mas não o perdoava por não ter lhe mandado uma única coruja... será que ele não imaginara que ela ainda o esperava? Então, Dumbledore lhe escreveu, explicando o desenlace de coisas que haviam acontecido em Hogwarts... fora por pouco que Sirius escapara. E no fim da carta uma pequena frase que lavou sua alma: “Afinal, você estava certa, Sheeba, ele era inocente...”
Ela estava certa... não se enganara com o homem que amava... agora precisava ter notícias dele, notícias concretas, por isso mandou uma coruja para Lupin.
- Olá, Remo. – ela disse assim que o viu no caldeirão furado... meu Deus, ele estava tão abatido. Mas quando ele sorriu ela enxergou exatamente o garoto que conhecera em Hogwarts.
- Olá, Sheeba. Tirando o cabelo, você mudou muito pouco.
- Hum, devo ter engordado... – Lupin fez um gesto impaciente.
- Quer uma cerveja amanteigada?
- Hum, prefiro vinho de cerejas... – ela sorriu – então?
- Não podemos falar dele aqui, concorda?
- Perfeitamente. Vamos disfarçar e vamos para a minha casa. – eles tomaram uma garrafa de vinho juntos e depois de conversarem algumas bobagens, Sheeba o levou para sua casa. Um elfo doméstico veio correndo:
- Miss Sheeba, miss Sheeba!!! Alguma coisa? Um petisco para rapaz magrinho? Aliás, muito magrinho... moço precisa comer... – Smiley, o elfo doméstico de Sheeba olhou Lupin com evidente censura.
- Suma, Smiley, preciso falar com ele a sós. – O elfo retirou-se com uma expressão encucada nos olhos azuis gigantescos: - Quer um elfo doméstico fofoqueiro para você, Lupin?
- Infelizmente não tenho condição de sustentar um elfo... – Sheeba ficou sem graça.
- Eu soube que você precisou se demitir... Remo... eu sei que você esteve com ele... como ele está?
- Bem... fisicamente muito magro... eu não acreditaria que ele pudesse ser o mesmo... acho que agora que ele tem apoio de Dumbledore vai melhorar bastante...
- Eu sei para onde ele fugiu...
- Como? – Sheeba tirou a aliança de Sirius do bolso e mostrou com olhar triste a Lupin. Ele a encarou incrédulo.
- Você esteve esperando ele... por todos esses anos? – Sheeba assentiu silenciosamente - Sheeba, você acreditava que ele fosse inocente?
- Mais que isso, Remo... eu sabia que ele era inocente, mas não tinha provas, e se insistisse, acabaria em Azkaban também... para falar a verdade, estive a um passo disso. Dumbledore me salvou. Mas eu estive com Sirius aqui – ela pegou a aliança e levou de encontro ao peito – durante todos esses anos... você não imagina como eu procurei aquele verme do Pedro...mas não havia nada dele que eu pudesse tocar ao meu alcance...
- Porque você não me disse?
- Medo... achava que você não ia acreditar... muita gente não acreditava mais em mim... – ela o encarou séria, lágrimas nos olhos – Remo... você acha que ele me esqueceu? – Remo estava mudo, uma expressão indecifrável no rosto.
- Não sei... não tive tempo de falar com ele sobre você, entende? – Sheeba começou a chorar e abraçou-se ao amigo. Ele não era muito bom em consolar, mas pegou-a pelos ombros e olhou nos olhos dela.
- Ei, Sheeba! O que é isso? Vamos tirar Sirius dessa...
- Remo, Voldemort vai voltar...
- Como você sabe?
- Você viu todos esses eventos recentes... na copa mundial, tudo mais... estou indo atrás de Berta Jorkins, mas acho que só vou encontrar seu corpo... eu peguei um objeto dela, tenho certeza que está morta... mas quem a matou fez um bom gelo de confusão, e sou um mico de circo se não for Pettigrew... Rabicho...
- Eu imagino... e você não vai tentar conhecer Harry?
- Primeiro preciso melhorar mais minha reputação... ainda pairam dúvidas sobre minha pessoa... se eu aparecesse em Hogwarts num ano de torneio tribruxo arrumaria confusão, você sabe, os estrangeiros sentem-se meio recalcados porque não têm uma Pitonisa como eu... haveria rumores, não quero atrapalhar Dumbledore.
- Faz bem – ele sorriu – uma outra pessoa sim, falou de você quando eu estive em Hogwarts.
- Severo? – ela sorriu e ele assentiu.
- Escuta... ele tentou alguma coisa com você?
- Há mais de dez anos... e eu disse não. No fundo ele sabia porquê. Mas mesmo que ele fosse o homem mais atraente do universo eu não ia querer saber dele. E você, Remo?
- Eu? Há mais de três anos que não tenho namorada... devia ter ficado com aquela brasileira, dizem que ela casou com um igual a mim..
- Duvido que ele tivesse tanto charme – Sheeba sorriu – sabe Remo, acho que vou te apresentar umas amigas... tem uma especialmente maluca que nem ia reparar que você é um Lobisomem – ela disse, pensando em Silvia Spring.
Remo olhou-a com um ar incrédulo e os dois caíram na gargalhada.
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