Cartas Amassadas





Cartas Amassadas





- Edwiges! – Harry sussurrou para amiga coruja que mantinha os olhos abertos. – Eu preciso que entregue este bilhete a Hermione. Confio em você!

Edwiges abriu as longas asas num breve espreguiçar e ganhou vôo. Harry observava enquanto a ave se distanciava, esperando ansiosamente pelo seu retorno com notícias de sua amiga.



Alguns minutos depois, algumas batidas na janela do quarto alertam Hermione que dormia tranqüilamente. Ela se levanta e abre as cortinas: era Edwiges, como imaginava, trazendo mais uma das inúmeras cartas que Harry já havia lhe mandado durante as férias.

Ela suspirou, meio aborrecida e abriu a janela, dando espaço para a linda coruja entrar.



- Obrigada, Edwiges. – Hermione disse, retirando a carta com cuidado da perna da coruja.



A coruja deu uma bicada carinhosa em sua mão, em agradecimento, e depois partiu pela janela ainda aberta.



Hermione abriu logo e a carta e a leu. Não precisou ler mais uma vez para amassá-la e jogá-la na lixeira perto de sua escrivaninha, exatamente como fazia com todas as cartas de Harry.

“O que ele tinha feito a ela?”, pensou Hermione, “Nada, esse era o problema...” Ele nunca fazia nada, ele nem a notava e o pior é que nem percebia o quanto isso a magoava...”

Ela era e sempre seria, pelo menos pra Harry, a... “Melhor amiga".



Não saía de sua cabeça uma frase que ele usara naquela carta: '' com carinho seu amigo”. O problema é que ela crescera e não queira mais ser só Hermione, a melhor amiga que um garoto pode querer. A final ele era uma garota! . Ela queria... ser notada... mas sabia que Harry a olhava como a uma irmã, como sua melhor amiga.

Aquela que sempre estava ali, pronta para ajudar, dar conselhos, pegar no pé dele e no de Rony para que estudasses e colocassem suas tarefas em dia, o que, na maioria das vezes, convertia-se em um esforço inútil já que ela acabava sempre fazendo tudo para eles quando a coisa apertava. No fim de tudo, eles sempre copiavam as suas anotações.

Hermione não podia deixar de se sentir chateada. Ela sempre fora a sabe-tudo, aquela a quem todos sugavam a sabedoria, bom, pelo menos, no caso de Harry e Rony. Ela havia passado por muitas coisas com ambos para que eles a tratassem apenas como uma mera colega.

- É claro que eu passei muitas coisas com eles... todas aquelas aventuras, perigos... – Hermione falou para si mesmo, tomando o cuidado para não ser ouvida por seus pais. – E eu quase morri por Harry. Eu quase morri por causa daquele feitiço proibido que me foi lançado enquanto estava no Ministério. E se não fosse pelo fato daquele Comensal da Morte estar mudo eu saberia dizer se ainda estaria viva... se eu estaria hoje aqui....

Hermione tentou afastar aquele último pensamento.

- Mas eu estou cheia disso, eu não quero ser mais a boa amiga. Não, pelo menos para o Harry, quero que ele me note que veja que tenho 15 anos, que não sou mais uma menina, que tenho sentimentos, emoções. Emoções que, na verdade, estão bem confusas, isto eu tenho que admitir. Mas são sentimentos fortes e, justamente, por ele....

Hermione sentiu um vento frio soprar da janela aberta e a fechou.

Seu olhar correu a rua. Por um pequeno instante, pensou ter visto um vulto. Mas era apenas a sua imaginação.

- Tudo o que eu queria era que ele percebesse que eu estou gostando dele – disse Hermione, suspirando, encostando a testa na janela. – Mais do que como amigo e se eu me preocupo de mais com ele, é porque eu o amo muito. – Hermione sentiu seu coração bater mais forte quando fez aquela constatação – Sim, eu o amo tanto que chega até doer. Eu não quero não posso ser só sua melhor amiga... eu quero ser bem mais do que isso. Acho que eu sempre o amei, desde a primeira vez que o vi. Mas eu era criança e não percebia isso, só me dei conta no terceiro ano quando nós juntos tivemos aquela aventura com o resgate de seu padrinho... – Hermione forçou a memória, mas se sentiu infeliz por isso - Pobre Sirius... Pobre Harry ele estava tão feliz...



Hermione estava tão absorta em seus pensamentos que nem percebeu a chegada de outra coruja. Era tão minúscula que seu desespero em bater na janela era quase imperceptível . Mas, ao reconhecer Piche, a coruja do Rony, Hermione decide abrir a janela mais uma vez para apanhar a carta... desta vez com a caligrafia irregular de Rony.



Hermione bate a janela e fecha a cortina. A fina camisola não lhe protegia do frio, portanto, ela decidiu se acochegar em baixo dos cobertores enquanto lê a carta de Rony.



“Hermione,



Antes de qualquer coisa eu quero saber como você está e o que está se passando com você. Eu e o Harry estamos muito preocupados. Eu acabei de receber uma coruja dele, com reclamações: você tem respondido as cartas dele tanto quanto responde às minhas!

Bom, de qualquer forma, decidimos que, uma vez que não responda nossas cartas, nós vamos até você.

Harry está vindo passar o fim das férias aqui na toca. Assim, quando ele chegar, nós vamos até sua casa para te buscar. Não é a coisa mais segura a se fazer, mas não nos importamos. Você vai ser obrigada a falar conosco, quer queira, quer não.

Pô, Hermione. Nós somos seus amigos e gostamos muito de você. O que está havendo? Você está bem? Está passando por algum problema? Está doente?

Bom, de qualquer forma, eu quero avisar que coloquei um feitiço nesta carta, para que eu saiba que você a recebeu no instante que a abrir.

Assim, não tem desculpas... vamos te ver em breve.

Um abraço, Rony!”.



Cont....

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