SLYTHERIN-GRIFFNDOR
Dias depois, finalmente Harry conseguiu contar tudo que acontecera para Willy. Ele estava novamente de folga, como acontecia cada vez que solucionavam algo muito difícil, e eles estavam no sótão de sua casa contemplando a lua cheia de Hogwarts, na sua réplica da sala de transformação.
‒ Agora – ele dizia – Lúcio Malfoy está preso... e temo que ele não vai escapar de Adams... ele vai solicitar que ele vá para a prisão americana. Ele fez muita coisa ruim por lá.
‒ Incrível como ele sobreviveu...
‒ Incrível como não percebemos que Camyllo Ouif é um embaralhado com as letras do nome Lúcio Malfoy.
‒ E como ele conseguiu passar a pedra para o nome de Draco?
‒ Isso foi fácil... ele transfigurou-se como Draco, foi ao cemitério e o fantasma permitiu, afinal podia sentir que ele era um Malfoy
‒ E Draco?
‒ Quase morreu... mas está se recuperando, mas não sai antes de três meses do hospital... perdeu quase trinta quilos. Não sei como não morreu.
‒ Ele é mais forte que parece. Sabe o que eu não entendi? O que o Camaleão queria com Bravestar?
‒ Coitado do Bravestar, ia cair numa tremenda armadilha... você sabe que ele é músico?
‒ Sei.
‒ Sabe porque ele abandonou a música?
‒ Não faço idéia...
‒ Ele é capaz de tocar música hipnótica... ritmo escravizante, essas coisas, e faz sem saber. O líder da banda dele usou-o para vender discos durante um tempo, ele descobriu e largou a música. A falsa Gina estava fingindo estar apaixonada por ele para fazê-lo voltar a tocar... o Camaleão queria ele como cativo, mais alguns dias e ele conseguiria... não seria tão fácil, afina Bravestar é esperto.
‒ Ele é um sonserino, Harry!
‒ Sem graça.
‒ Harry... você acha que no fim, no fim sabe? Meu avô se tornou melhor?
‒ Não sei... nunca saberemos se ele morreu como Voldemort ou Tom Riddle... e como Dumbledore sumiu, não saberemos onde ele pôs o portador dos poderes dele...
‒ É melhor assim...embora só eu um descendente meu possamos usufruir destes poderes, eu acho melhor nunca saber onde eles estão.
‒ Eu também.
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Alguns meses depois, Gina e Neville casaram-se em Hogwarts. Os cabelos vermelhos dela agora estavam muito mais curtos porque haviam ficado muito estragados pela prisão... os pais dele compareceram, estavam se recuperando, eram um casal que parecia mais velho que os cinqüenta e poucos anos que tinham, e que ainda conservava o ar ingênuo de quem passou muito tempo alienado do mundo. Willy agora estava visivelmente grávida, e Harry não escapava dos comentários jocosos dos velhos amigos, principalmente Fred e Jorge:
‒ Então, você pretende perpetuar a espécie dos anões de óculos... o que será que sai do cruzamento de um com um elfo doméstico, Fred?
‒ Provavelmente tem um resultado melhor do que o cruzamento entre dois cabeças ocas com duas louras burras – Disse Willy, bem atrás de Jorge. – Vocês deveriam ter tido mais cuidado, garotos.
‒ Do que você está falando, Willy? – perguntou Fred, ligeiramente alarmado.
‒ Das suas namoradinhas... acho melhor vocês irem preparando o enxoval do casamento, vejam lá, Sheeba está conversando com elas... a última vez que passei por ela seu filho estava entrando na faculdade, Fred – este disparou na direção da namorada e de Sheeba – e a sua filha estava fazendo um ótimo casamento, Jorge... – Jorge seguiu o irmão e Willy abriu um sorriso maroto colocando-se ao lado de Harry, enquanto esperavam o celebrante do casamento, para variar, atrasado.
Draco e Sue chegaram, esta com o filho de um ano e meio e em gravidez adiantadíssima. Draco parecia quase saudável agora, junto com eles, chegaram Troy Adams e Cho Chang. Eram um lindo par realmente. Novamente, como em quase toda cerimônia de casamento, Rony alinhou-se a Harry, ele agora estava esperando a estréia do filme sobre a vida do amigo, e a inevitável indicação para o Merlin por sua ótima atuação. Hermione estava também grávida de seu segundo filho, ainda embalando o primeiro pequenino... era uma tradição Weasley, afinal. Eles estavam de longe, observando as mulheres que conversavam animadamente, quando Rony disse;
‒ Não é meio ridículo que o Snape seja o padrinho? Quer dizer, depois de toda aquela perseguição com Neville...
‒ Não é assim – disse Draco – o professor Snape usa a seguinte filosofia, o que não te mata te faz mais forte – Onde Harry tinha ouvido isso antes? – e me diga se você nunca chegou a rir quando ele dizia “Longbotton!” – Draco imitou Snape, sob o olhar de desaprovação de Rony.
‒ Só quem achava graça nisso era sua turma....por falar nisso, onde andam Crabbe e Goyle?
‒ Abriram uma firma de conserto de vassouras, mas faliram...estavam entregando as vassouras errado, só dava para voar nelas com o pelo para frente.
‒ Que ridículo! – Disse Harry – Imagine, voar com a vassoura de trás para a frente!
‒ Nos velhos tempos, você voava até de cabeça para baixo – disse Rony, cheio de admiração
‒ Ah, Weasley, corta essa, a escola acabou há muito tempo, para de puxar o saco do Potter...- Draco disse aborrecido.
‒ Não estou puxando o saco, você nunca curou a dor de cotovelo, hein?
‒ Ah, cala a boca, Weasley.
Dumbledore não foi o celebrante... ele apareceu vindo da cozinha, onde roubara um bocado de sorvete de limão, todo animado em vestes azuis... para a surpresa de todos, quem selou a união foi o recém promovido Percy, agora chefe de gabinete. Foi sem dúvida o casamento mais chato que todos já tinham ido na vida.
No fim da cerimônia, Harry encontrou Angus Stoneheart.. Neville o convidara por gratidão, afinal ele era um dos que havia ajudado a prender o Camaleão. Ele passou as novidades do último conselho, ao qual Harry não comparecera pois estava fazendo uma vistoria em Azkaban.
‒ Soube do novo agente?
‒ Novo agente?
‒ É, outro do status de Sandman... só que esse ainda não vai assumir em tempo integral, vai ser agente especial mas só vai atuar três meses por ano, como Sandman fazia há uns anos atrás.
‒ Que coisa estranha...
‒ É, mas quem já o conheceu diz que ele faz Mr. Sandman parecer racional e moderado... chamam ele de “Demolidor”
‒ Espero sinceramente nunca trabalhar com ele...
‒ É, mas ele compareceu ao conselho e manifestou desejo explicito de trabalhar contigo.
‒ Só me faltava essa... ele também faz transfiguração total?
‒ Perfeitamente... na reunião ele apareceu como um sujeito magro e curvado, uma semana depois foi prestar depoimento na pele de um sujeito de mais de cem quilos... bizarro.
‒ Estamos perdidos.
Sirius arrastava Sheeba que protestava porque queria saber onde estavam as crianças, afinal, ela não gostava de abusar da boa vontade de sua mãe, uma senhora trouxa mas que parecia muito uma bruxa, que tinha um ar bastante invocado:
‒ Eles vão ficar bem... eu preciso te contar uma coisa... quero te mostrar algo – ele disse puxando-a para uma sala. – Venha.
‒ Você não vai me trancar de novo no armário... basta o que aconteceu da última vez.
‒ Não é nada disso. Sabe o emprego extra que eu arrumei? – ele perguntou fazendo uma cara de garoto ansioso, olhando para os lados para ver se sua sala estava mesmo livre de intrusos. Sheeba riu:
‒ Eu sei, você se tornou um Auror disfarçado, que nem Severo, e treinou feito um estudante transfiguração total por uns bons três meses até conseguir se transformar desde um anão até uma velha gorda. E é isso que você quer me mostrar.
‒ Sheeba, tem horas que esse seu dom torna tudo extremamente sem graça... – ela deu uma risadinha marota – sabe o que isso significa?
‒ Não, o que?
‒ Que agora eu vou realmente me trancar num armário com você – ele disse, puxando-a para dentro de um armário estrategicamente aberto atrás dele.
‒ Sirius!
“Slam” – a porta do armário fechou-se com um estrondo... e desta vez não apareceu ninguém para tirá-los de lá.
Luccas e Abel Lux se despediram numa noite de lua cheia, o irmão mais velho era o único capaz de abrir um portal para o mundo deles, mas o mais novo quis ficar, e o outro soubera o motivo logo.
‒ Tudo bem, meu irmão... não é todos os dias que encontramos uma mulher com o perfume das flores negras. Adeus. Que Nêmis o proteja
‒ Vá com ele também – ele disse, invocando o nome do Deus de seu mundo – e dê lembranças aos nossos pais.
Abel Lux abriu um grande portal circular e o mundo da luz apareceu, claro e límpido com suas vastas planícies e campos que permaneciam imutados por séculos. Ele impulsionou seu pégaso para dentro do seu mundo, dizendo a Luc:
‒ Adeus!
‒ Espere, Abel! – Luc deu um passo dentro do portal e sua visão voltou – ele encarou o irmão sorrindo, e este sorriu de volta, acenando alegremente de cima do pégaso. Luc sorriu, deu adeus ao irmão e voltou ao mundo dos homens, sentindo que seus olhos novamente mergulhavam na escuridão. Montou em Fídias e voltou para Azkaban, onde sua Flores Negras, sua mulher, o esperava.
Harry entrava disparado pelo corredor da maternidade St Morgunsen, estava tão nervoso que estacionara sua moto sobre um canteiro de begônias na entrada da maternidade. Recebera a mensagem que Willy entrara em trabalho de parto vinte minutos antes, e sentiu quando alguém o puxou pela veste, segurando-o
‒ Calma, garoto – a voz de Sirius o espantou – ainda não está na hora... eu já passei por isso três vezes... ficar calmo ajuda mais.
‒ Mas, mas...
‒ Mas daqui a pouquinho estará tudo resolvido. – disse Sheeba, que apareceu atras de Sirius. Em pouco tempo começaram a aparatar amigos, Rony e Hermione, que também estava em adiantada gravidez (eles haviam deixado o pequeno Richard com a senhora Weasley), alguns amigos e professores de Hogwarts. Aquilo, longe de acalmá- lo o deixou mais nervoso, até que uma enfermeira roliça apareceu e disse:
‒ Quem é o Senhor Potter?
‒ Sou eu! – Harry deu um salto
‒ Venha comigo.
Ela levou-o até um quarto onde Willy segurava uma trouxa pequena e meio amarfanhada, que logicamente continha um bebê miúdo, um menino. Harry não conseguia achar nenhuma palavra para dizer, só olhava bestificado dela para o bebê.
‒ Como vamos chamá-lo, Harry? – ela perguntou sorrindo
‒ Eu... eu não sei... nove meses e não pensamos em um nome... não é meio ridículo?
‒ Não – Sorriu Willy – que tal o nome de seu pai?
‒ Não... vamos por um nome que nos lembre algo de nós dois. Sabe que eu acho o nome daquele guerreiro irmão de Luc muito bonito? Que tal isso: Abel. Abel Fischer Potter.
‒ Abel é bonito, mas Fischer Potter é muito feio...
‒ Que tal só Potter?
‒ Sem graça... na verdade, devia ser Abel Slytherin- Griffndor
‒ Sim – ele sorriu. Ele é o primeiro Slytherin Griffndor.
E foi assim que o último descendente de Godric Griffindor e a última descendente de Salazar Slyteryn geraram o primeiro Slytherin Griffindor, mil anos depois do que fora profetizado.
Fim
POSFÁCIO – EM ALGUM LUGAR DA EUROPA
Era o meio de uma madrugada em pleno inverno. Estava frio, ou melhor dizendo, congelando. Um homem baixo e magro andava pelo que costumava ser um parque de diversões no resto do ano, grossas nuvens de vapor se formavam com a sua respiração. Qualquer um diria que aquele sujeito era maluco por estar andando naquele lugar deserto às duas da madrugada. Ele olhou para cima quando chegou perto da roda Gigante e sorriu. Lá em cima ele podia ver que havia um outro louco pendurado de cabeça para baixo. Era o seu contato.
Ele cantarolou alguma coisa e tirou do bolso um objeto estranho e comprido, e agitou-o no ar. Automaticamante saiu voando e deu uma cambalhora no ar, passando a ser impulsionado de cabeça para baixo. Chegou à altura onde estava o outro e pairou no ar um segundo antes de cordas grossas aparecerem nos seus pés e o amarrarem ao lado do outro. O rapaz o olhou contrariado e disse:
‒ Não tem um jeito de me conseguirem um parceiro normal não? Alguém que não goste de se vestir de Drag Queen nem que faça questão de ser encontrado desta forma esdrúxula?
‒ Não reclame, pulguento... os outros aurores costumam ser muito aborrecidos... você tem sorte de ter parceiros que sabem se divertir...
‒ Yuupiii – disse Harry contrariado num tom sarcástico – nunca me diverti tanto... o que você tem para mim?
‒ Isso – ele tirou do bolso uma chave e o entregou. Era uma chave perfeitamente normal, a não ser pelo fato que a parte superior tinha a forma de um pássaro com as asas abertas.
‒ Uma chave? O que ela abre?
‒ Um lugar que esperamos que nunca precise ser aberto...um povo amigo nos deu, e você vai guardá-la contigo até que ela seja solicitada.
‒ E depois?
‒ Esquecer que um dia a viu, só isso.
‒ Mas...
‒ Potter, não faça perguntas.
‒ E se eu perdê-la?
‒ Isso não vai acontecer... certifique-se para o seu bem que não aconteça.
‒ Porque eu vou ficar com ela?
‒ Ela está voltando para as mãos de sua família depois de muito tempo... espero que você a guarde bem... mas alguma pergunta?
‒ Porque te chamam de Demolidor? – o outro deu um sorriso e não disse nada. Harry viu que essa pergunta também não teria resposta. – Ok... e agora?
‒ A melhor parte, não?
‒ Fale por você... ok, vamos lá: um...
‒ Dois...
‒ TRÊS – disseram os dois ao mesmo tempo e despencaram no ar, quicando levemente antes do chão por causa das roupas protetoras e aterrisando com segurança.
Depois daquele dia, Harry acabou descobrindo quem era o Demolidor, e porque o chamavam assim (mas isso é outra história), mas a chave ficou por alguns anos esquecida dentro de um cofre escondido na sua casa, em Hogsmeade. Até o dia que ele precisou dela.
Sim, em Harry Potter e Os Guardiões da Fronteira você vai saber que porta esta chave abre...
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