Ah, santa ganância!
- JAMES! – chamou Marlene McKinnon, correndo atrás de mim. Cara, eu sei que eu sou bonito e legal, mas francamente! Não posso ter um momento de paz?!
- Não. – disse eu, quando a morena me alcançou, parando de andar e se postando na minha frente.
Marlene cruzou os braços, com a sobrancelha erguida.
- Como assim “não”? – ela questionou. - Eu nem perguntei nada.
- Mas vai perguntar. – adivinhei, convicto. - E a resposta é não.
- Você nem sabe o que eu ia perguntar!
- Tenho certeza de que não me interessa. – certeza absoluta eu não tinha, mas quando aquela garota vinha com aquele tom de voz... Coisa boa não podia ser.
Marlene revirou os olhos.
- E se envolver dinheiro?
Hum... Dinheiro. A perdição dos homens. Nem as mulheres mexem tanto com a nossa cabeça.
- Depende... – respondi, ligeiramente curioso. Só ligeiramente. – Quanto?
- 50 galeões. – Marlene respondeu, tirando um saquinho de veludo preto do bolso. Pelo tilintar lá dentro, dava para perceber que estava cheio de moedas.
Ah, santa ganância!
- ‘Tá. – cedi. – O que você quer?
Marlene abriu um sorriso triunfante. Fazer o que, né? Dinheiro é dinheiro. E pessoas que fazem qualquer coisa por dinheiro são repulsivas. O que? Eu disse que sou bonito, não que sou imune à 50 galeões.
- Sabe... – começou ela, me rodeando. – Hoje tem passeio à Hogsmeade... E é Dia dos namorados... E eu e a Kate vamos com Sirius e Remus... E você está solteiro...
Suspirei. Ela estava me enrolando.
- Diz logo o que quer.
- Bem, a Lily não recebeu nenhum convite. – despejou Lene. - E disse que ia ficar aqui no castelo, estudando. – acrescentou. – Mas... ah! É Dia dos Namorados! Ela não pode ficar sozinha.
Ah! Entendi. Só agora caiu a ficha.
- Deixe-me adivinhar... – resmunguei. – Você quer que eu – apontei para mim. – saia com ela? – apontei para qualquer lugar.
Marlene deu um sorriso culpado.
- Por favor? – pediu, com a melhor cara de hipogrifo abandonado que ela conseguia fazer. Tenho que admitir. Foi muito convincente.
- Se vai me pagar 50 galeões, então não será um favor. – retruquei.
A garota sorriu, esperançosa.
- Isso é um “sim”?
- Isso é um “não”.
- Porque?
- Bem... – comecei. – Levando em conta que Lily é esquisita, acho que mereço mais de 50 galeões.
A morena bufou, contrariada.
- 70 galeões e não se fala mais nisso.
- Fechado. – respondi, estendendo a mão para o saquinho de veludo. – Mas não reclame se ela voltar chateada. Afinal, você não disse nada sobre beijos.
Marlene fez um gesto com a mão, fazendo pouco caso daquilo.
- Não precisa beijá-la. – prometeu. – Só precisa fazer companhia à ela.
- Esse é o trato.
Trocamos um aperto de mãos.
- Faça com que ela se divirta, entendeu? – ordenou Marlene, me entregando o saquinho. – Caso contrário, farei picadinho de você.
- Pode deixar. – prometi, pesando o saquinho na palma da mão. – Toda garota se diverte perto de James Potter.
- Estou contando com isso. Vá busca-la daqui a meia hora no Salão Comunal. – e, dando uma piscadela, saiu andando.
Ah, santa ganância!
$$$
Tive só meia hora para tomar um banho e colocar uma roupa descente para o encontro que teria. E eu que planejara encontrar uma loira gostosa e passar a tarde aos amassos em uma sala vazia! O que 70 galeões não fazem! Quem um dia diria que eu, James Potter (o gostoso, o maravilhoso, o deus grego) trocaria uma loira gostosa por um encontro com Lily Evans (a... esquisita?).
Talvez tenha me atrasado um pouco, porque quando cheguei ao Salão Comunal, Lily Evans já estava lá. Ela não me viu de imediato, o que me deu um tempinho para rezar mentalmente. Por favor, Merlin! Faça com que ela tenha vestido roupas normais!
E até que Evans não estava ruim. Não usava um vestido (como as garotas normais normalmente faziam em encontros), mas estava bem feminina. Usava uma blusa fina e azul clara de mangas compridas, um short jeans claro rasgado e curto. Nos pés, um tênis preto. Na cabeça, um chapéu cinza e moderno.
Tentei não ficar bravo com as malditas meias ¾ cinza que atrapalhavam a visão completa das pernas dela.
Bem, até que 70 galeões e uma ruiva com belas pernas podiam superar uma loira gostosona em uma sala vazia...
- Acho que temos alguma coisa errada aqui. – Evans disse. - Não são as mulheres que costumam se atrasar?
... ou não.
- Me desculpe. – respondi entredentes, pegando-a pela mão e passando pelo retrato da Mulher Gorda.
A loira, pelo menos, teria ficado de boca calada.
- Sabe, fiquei meio surpresa quando Marlene chegou ao dormitório dizendo que você queria sair comigo. – começou Evans, tentando puxar assunto.
- Sério? – me fingi de interessado, enquanto saia do castelo com ela.
- Pois é... Os boatos dizem que você prefere as loiras.
- E não posso querer variar? – perguntei, amaldiçoando Marlene e seus 70 galeões.
- Não sei. – Evans respondeu, em dúvida. – Talvez possa. – admitiu. – Mas sua escolha foi duvidosa.
Olhei para ela.
- Porque acha isso? – é certo que ela não seria minha primeira opção caso eu decidisse variar, mas isso não quer dizer que eu não sairia com ela qualquer dia desses... eu acho.
- Não são muitos os garotos que se interessam em sair comigo.
Com isso eu tinha que concordar.
- Então... – procurei um assunto, tentando não pensar no fato de que eu também não estava lá muito interessado em sair com ela. – O que quer fazer?
Evans pareceu pensar, enquanto chegávamos ao vilarejo, olhando em volta.
- Porque não começamos pela Dedos de Mel? – perguntou, sem esperar minha resposta e já me arrastando para dentro da loja.
Ah, claro, eu adoro mesmo ser arrastado por ruivas para comprar doces! Não que eu não gostasse da Dedos de Mel. Pelo contrário! Eu adoro doces. Mas, fala sério, ela nem perguntou minha opinião sobre o assunto! E porque ela não era como as outras garotas? A maioria das meninas passaria longe da Dedos de Mel com medo de engordar só com o cheiro.
Nisso talvez Evans não fosse tão diferente, já que saiu de lá carregando só uma barra de chocolate ao leite. Quanto a mim... bem... vamos resumir tudo em três sacos de doces.
O que me deixou meio chocado (aterrorizado, na verdade) foi quando Evans comprou um saco de pipoca e se sentou em uma mesinha de um café qualquer. Sentei em frente à ela, preocupado que alguém conhecido me visse. Mas o lugar estava vazio.
Confuso, via a garota quebrar o chocolate em pedacinhos, ainda dentro da embalagem.
- O que está fazendo? – perguntei, meio curioso.
- Você vai ver.
Quando terminou, a ruiva pegou um pedaço de chocolate, juntou com pipoca e colocou na boca, mastigando com vontade.
Senti meu rosto se contorcendo em uma careta.
- Eca! – fiz eu, me sentindo uma garotinha fresca.
Evans riu.
- Ora, não me olhe assim! – ralhou ela, sorrindo, divertida. – É a coisa mais gostosa que já comi na vida!
Franzi o nariz, afetado pela felicidade dela.
- Não parece assim tão bom... – discordei.
Evans juntou mais um pedaço de chocolate com pipoca e estendeu para mim.
- Experimente. Vai ver que não é ruim.
Fiz que não com a cabeça, convicto.
- Não, obrigado. – respondi. – Prefiro ficar com meus Feijõezinhos de Todos os Sabores. – e comecei a procurar o doce nos meus sacos.
- Ora, vamos. – ela disse, pousando a pipoca/chocolate na minha boca. Travei os lábios e fiz que não com a cabeça.
A ruiva não pareceu vencida. Puxou a varinha das vestes e apontou para a minha boca, com um sorrisinho maroto.
- Alohomora. – disse simplesmente.
Senti minha boca se escancarar contra a minha vontade, enquanto Evans jogava a mistura doce e salgada dentro dela. Com um floreio da varinha, minha boca voltou a se fechar.
‘Tá, agora sim eu estou com a moral lá em cima.
- Muito bem! – disse ela, fazendo uma voz fininha. – Agora mastigue direitinho. – acrescentou com a vozinha, como se estivesse falando com uma criança.
Como uma criança obediente (e morrendo de vontade de enfiar a cara daquela ruiva dentro do balde de pipocas), eu mastiguei aquela coisa estranha que estava dentro da minha inocente boca.
Não tinha um gosto tão ruim assim. Era até interessante o jeito como o doce se sobressaia sobre o salgado no começo, mas no final o que ficava em evidencia era o salgado.
- É bom, né? – Evans me perguntou, observando minha reação.
- É nojento. – reclamei, como uma daquelas patricinhas com medo de um besouro inofensivo. Não deixaria que ela ganhasse tão facilmente.
A garota jogou a cabeça para trás e riu. Riu tanto que chegou a ofegar. Para ser mais preciso, ela gargalhou.
Eu não sabia se ria, se ficava com raiva, ou se perguntava para ela se não gostaria de nos ajudar a azarar o Ranhoso. A história do “alohomora” fora genial.
Acabei rindo também, meio tímido no começo, mas depois gargalhando tanto quanto ela. Eu estava... me divertindo? Rindo com a esquisita?
- D-des... desculpe. – arfou Evans... ora, vamos chutar o balde e chama-la logo de Lily. Afinal, eu estava me divertindo. – Devia ter visto a sua cara.
Limpei as lágrimas de riso.
- Sem problema. – respondi. – Eu mesmo gostaria de ter visto a minha cara.
- Foi impagável. – Lily riu de novo, enquanto pegava mais pipoca e chocolate.
- Eu imagino. – concordei, estendendo a mão para roubar um pouco de pipoca e chocolate.
Lily me mandou um olhar falsamente mortal.
- Ei! – fez ela, batendo na minha mão. – Pensei que achasse nojento.
Dei de ombros, comendo a pipoca/chocolate.
- Não é tão ruim assim. – me rendi, enquanto mastigava.
Houve um momento de silêncio amigável. Nada daquele silêncio estranho que aconteceu quando estávamos na Dedos de Mel. Comecei a me sentir mal pelos 70 galeões.
Enquanto comíamos, eu parei para observá-la realmente. Não as roupas, nem as pernas (que eram mesmo lindas), mas o rosto. Era sardento. Ela tinha um nariz pequeno e arrebitado, uma boca de lábios molhados e rosados, as maçãs do rosto bem acentuadas, olhos grandes e contornados por adoráveis cílios ruivos e espessos. Eram olhos... verdes? Lily tinha olhos verdes? Desde quando?
Era charmoso o modo como os cabelos ruivos caiam desalinhados embaixo do chapéu. Ou como os lábios dela se projetavam levemente para a frente quando ela mordia sua mistura doce e salgada.
- O que foi? – Lily me tirou de meus devaneios meio loucos sobre pipoca e chocolate e lábios.
- O que? – fiz eu, feito um idiota.
Ela riu.
- Desculpe, James. – disse ela, baixando a cabeça.
Franzi a testa.
- Pelo que?
- Por não estar te proporcionando um encontro normal. – respondeu, franca. – É que não sei exatamente o que fazer em um encontro. – revelou, mais para si mesma do que para mim, a expressão pensativa.
Arregalei os olhos.
- Ninguém nunca te convidou para sair? – perguntei, completamente chocado.
Lily riu.
- Não. Você foi o primeiro. Por isso achei tão estranho.
Agora sim eu estava culpado pelos malditos 70 galeões. Maldita Marlene! Não é a toa que estava me pagando tão caro.
Dei um sorriso forçado.
- Fique tranquila. – confortei-a. – Estou me divertindo.
Ela riu. De novo.
- Está se divertindo agora. – ela retrucou. – Na Dedos de Mel parecia que estava em um dos nove círculos do inferno.
Eu ri, sem graça. Meu olhar caiu em uma correte prateada no pescoço de Lily, com um pingente incomum.
- Porque o ponto de interrogação? – questionei, mudando radicalmente de assunto, apontando para onde o pingente batia.
Lily olhou para o próprio colar, pegando o ponto de interrogação entre os dedos.
- Bem... – começou, meio hesitante. Parecia que nunca ninguém perguntara sobre isso. – Katherine comprou para mim. Ela e Marlene também tem um. O da Kate é uma nota musical, porque ela adora tocar piano. O da Lene é um...
- ... pomo de ouro. – lembrei-me. – Por causa do quadribol.
- É isso ai. – Lily confirmou.
Fazia sentido. Cada pingente combinava com a personalidade de cada uma. Mas então porque o dela era um ponto de interrogação?
- E o seu? Porque é um ponto de interrogação? – incentivei-a a continuar.
Lily corou.
- É porque eu nunca sei de nada.
Eu ri.
- Ou pelo menos é o que a Kate diz. – continuou ela. – Mas Marlene acha que é porque eu não faço sentido. – ela franziu a testa. – Acho que é ambíguo.
- Acho que concordo com você. – respondi, na verdade me perguntando se concordava com Kate ou Lene. – Eu nem de longe sou tão criativo assim.
- Isso não é verdade. – ela discordou, comendo mais um pouco de pipoca e chocolate. – Já ouvi algumas cantadas suas. Você é muito criativo.
Do nada, encarei-a.
- Já te joguei alguma cantada?
- Não.
- Que perda de tempo! – lamentei. – Se soubesse que acharia minhas cantadas criativas, deveria ter dado em cima de você, e não daquelas patricinhas do sétimo ano da Lufa-Lufa!
Lily bufou.
- Você dá em cima delas?! – perguntou, chocada. – Menino, ‘tô bege! – exclamou, me fazendo rir. – O que é que você vê naquelas garotas?!
Dei de ombros.
- Sei lá... Bunda?
Lily riu com gosto.
- Ah, claro, isso é porque o cérebro delas escorreu todo para as nádegas! Não sei nem como chegaram no sétimo ano!
Eu ri mais ainda.
- Como consegue sequer conversar com elas? São tão burras que nem devem entender suas cantadas! – Lily continuou, divertida.
- Tenho que admitir... Elas param para pensar antes de me responderem.
Nós dois rimos. Conversar sobre garotas com a Lily era como conversar sobre garotas com... um garoto. Não. Um garoto teria malícia. Conversar sobre garotas com Lily era divertido, só que sem malícia.
- Vou dizer para você que adoro o pessoal da Lufa-Lufa. Mas essas garotas do sétimo ano eu não consigo engolir.
- Você fala como se o problema fosse só com as garotas do sétimo ano. – acusei. – E os garotos daquele ano?
- Ah, não fale assim! – ralhou comigo. – São todos muito gentis.
- O que?! – perguntei, fingindo não ter escutado direito. - Aquele bando de manés?!
- São sim! – exclamou, convicta.
- Me dá um exemplo.
Lily pareceu pensar.
- Amos Diggory? – tentou.
Revirei meu olhos.
- O Diggory? – perguntei, descrente. – Esse cara só é gentil com as garotas para conseguir alguns amassos à mais em uma sala vazia.
Lily riu.
- Vai ver que é por isso que ele nunca foi gentil comigo... – meditou, divertida. – Mas você tem que admitir que Frank Longbottom é um cara legal (N/A: ele era da Lufa-Lufa? Bem, não sei. Finjam que era).
Balancei os braços, como uma garota, estupefato.
- Porque estamos falando de garotos?
- Você não pareceu se importar quando o assunto eram as garotas. – Lily rebateu.
- Tudo bem. – me rendi. – Então, vamos mudar de assunto.
Lily fez que sim com a cabeça, preocupada em virar o saco de pipocas de cabeça para baixo e sacudir para ver se não tinha nada, virando-o de boca para cima em seguida e espiar lá dentro. Sorri para a cena.
- Quer mais? – perguntei. – Posso ir buscar para você.
- Ah, não precisa. – recusou, dando de ombros. – Não sobrou mais chocolate mesmo.
- Eu também traria mais chocolate.
- Não precisa. – ela repetiu e sorriu amigavelmente para mim. – Sobre o que quer falar? – voltou ao assunto.
- Não sei. Do que você quer falar?
Lily pareceu pensar. De novo. Não é como se ela, sei lá... pensasse demais?
- Me conte alguma coisa que eu não sei.
- Tipo o que?
- Como posso saber se é uma coisa que eu não sei? – perguntou. (N/A: hã? O.o’)
O que? O que ela disse?
Eu ri.
- Me conte você uma coisa que eu não sei. – desafiei.
- Minha calcinha tem estampa de patinhos. – disse simplesmente, sem nem sequer corar.
Eu gargalhei audivelmente, chamando atenção de algumas pessoas que passavam.
- Como é que é?!
Lily deu de ombros, sorrindo, divertida.
- Isso, com certeza, era uma coisa que você não sabia.
- Não sabia mesmo.
- Sua vez. – disse, apontando um dedo para mim. - Me conte uma coisa que eu não sei.
- Eu usava aparelho. – declarei.
- Jura? – Lily perguntou, de olhos arregalados.
- Minha mãe tinha um bom argumento sobre usar magia odontológica em crianças. Por isso, acabou recorrendo a métodos trouxas.
- Certo. – fez Lily. – Meu primeiro beijo foi com uma garota.
Engasguei com a saliva, tossindo violentamente.
- Como... – tossi de novo. – Como é que é?!
Lily riu da minha cara.
- Sério. – jurou. – Com a minha prima.
Engasguei de novo, batendo no meu próprio peito.
- Normalmente, não são os garotos que beijam a própria prima? – perguntei, me recuperando.
Lily deu de ombros.
- Não sei, não sou um garoto. E, fique tranquilo, não sou lésbica, nem nada do tipo. – eu suspirei, meio aliviado.
Acho que agora é minha vez.
- Mijei nas calças no meu primeiro beijo.
Lily gargalhou, segurando a barriga.
- Mentira! – acusou, entre risos.
- Verdade! – conjecturei. - Estava tão nervoso que mijei nas calças!
- E o que a garota fez?
- Por incrível que pareça, ela achou fofo o fato de eu estar tão nervoso. – eu ri.
‘Tá, aquela era a primeira menina para quem eu admitia isso.
- Argh! – Lily franziu o nariz, com nojo.
- O que? Não beijaria um garoto que mijou nas calças?
- Na verdade, não. – ela respondeu, rindo. – As pessoas normais não tem frio na barriga ou pernas bambas quando estão nervosas?
Dei de ombros. Acho que fiz muito isso hoje.
- Nunca me considerei muito normal.
$$$
- Uma cor?
- Azul.
Estávamos voltando ao castelo. Já estava quase escurecendo e o vilarejo estava quase vazio, sendo esse o pretexto para voltarmos. Não que eu quisesse voltar, sabe? Porque, no fim das contas, os 70 galeões nem foram necessários. Porque se eu soubesse que Lily Evans era tão legal e divertida, eu teria saído com ela antes.
- Uma comida?
- Pipoca com chocolate.
- Eu sabia que você ia gostar. – Lily acusou.
- Próxima pergunta.
Lily se equilibrava em uma série de pedras médias que havia pelo caminho de volta. Eu segurava a mão esquerda dela, ajudando-a a não cair. Com a outra mão, ela segurava o chapéu. Com a minha outra mão, eu segurava meus doces.
- Um sonho?
- Ter um cachorro.
- Você nunca teve um cachorro? – ela perguntou.
- Próxima pergunta. – repeti.
Eu pensava que queria beijá-la. Havia dito à Marlene que não iria beijá-la. Mas eu queria. Era o que acontecia no fim de um encontro se eu gostasse da garota... ou se ela fosse bonita. Nesse caso, eram as duas coisas.
- Um momento?
- Agora.
- Porque?
- Próxima pergunta.
- Porque? – ela insistiu.
Mas, antes que eu pudesse responder (o que seria uma cantada muito bem ensaiada sobre como gostava dela), Lily se desequilibrou ao saltar para a próxima pedra e caiu.
Larguei todos os meus sacos de doce e estiquei ambos os braços para impedi-la de bater no chão. Mas ela era um pouquinho mais pesada do que eu imaginava (eu sabia que todo aquele chocolate com pipoca não podia fazer bem). O fato é que acabei caindo em cima dela.
Lily caiu na risada. Por mais que eu quisesse, não consegui rir junto. Estava nervoso. Torci para não mijar nas calças.
- Desculpe, James. – disse ela. – Eu devia saber que não era uma boa idéia subir nas pedras.
Não respondi. Eu pensava de novo em beijá-la. E Lily estava tão linda assim, rindo.
- Lily, você já... – comecei, hesitante. – Você já beijou um garoto?
A garota me olhou, confusa.
- Eu... – ela começou. – Não. A não ser que a minha prima seja considerada um homem. O que eu acho que não é o caso.
Eu ri, nervoso.
- Você... gostaria de... tentar? – soltei, olhando-a. Ora, desde quando eu perguntava se podia ou não beijar uma garota? Era só ir lá, beijar e pronto. Porque era tão difícil com Lily? Era uma garota. Era só uma garota.
Lily ficou séria pela primeira vez desde que eu a pegara no Salão Comunal de manhã. Ela examinou meu rosto e me senti exposto, como se ela pudesse ver mais do que deveria. Então, ela saiu de baixo de mim, se sentando no chão. Não gostei. Queria que ela continuasse lá. Me sentei também.
- Você quer me beijar? – ela perguntou, como se fosse uma idéia impossível.
Eu ri, vendo aqueles olhos verdes arregalados, perfeitamente visíveis já que o chapéu caíra quando ela perdeu o equilíbrio.
- Quero. – respondi, sorrindo para ela.
Mas Lily continuou me encarando como se eu fosse um alienígena.
- Você bebeu? – perguntou.
Eu ri de novo.
- Não. – disse simplesmente. – Não posso querer beijar você?
- Ninguém nunca quer me beijar, James.
- Bem, eu quero.
Lily continuou me olhando, chocado.
- Menino, ‘tô bege! – exclamou, me fazendo rir. Eu estava rindo muito hoje.
E eu não precisei fazer nada. Foi Lily quem se jogou em mim, fazendo nós dois cairmos de novo. Ela, dessa vez, ficando por cima e me abraçando forte pelo pescoço.
Senti um frio na barriga quando meus lábios encostaram nos dela. Lily me beijou docemente e eu senti gosto de pipoca e chocolate. Ela mordiscou meu lábio inferior, passando ao superior logo depois. Então movimentou a boca com a minha, antes de pedir passagem com a língua.
Algumas meninas deveriam pedir conselhos sobre beijos à Lily,
A ruiva me beijou com tanta vontade, de modo a parecer que o meu beijo era o melhor do mundo. Apertei a cintura dela, pensando que, com a língua dentro da minha boca, o gosto era ainda melhor. Como podia alguém beijar tão bem? A boca dela era a coisa mais gostosa que eu já tinha provado.
Com um selinho, ela parou o beijo. Eu quis agarrá-la de novo. Não fora o suficiente. Eu ainda queria beijá-la. Mas a única coisa que eu conseguia fazer era pensar em agradecer a prima dela algum dia desses.
- Desculpe, James. – disse Lily, um tanto ofegante.
- Pelo que?
- Pelo beijo. – respondeu, como se dissesse “é óbvio”. – Eu sei que não sou tão boa nisso.
Ela só podia estar de brincadeira, né?
- Sei... – fiz, sem acreditar. – Totalmente impossível.
- E obrigado por aceitar dinheiro da Marlene para sair comigo.
Congelei.
- Ah, você ‘tá sabendo, é? – disse, culpado, parecendo um idiota.
Lily riu. Talvez eu fosse mesmo um idiota.
- A gente aprende a perceber essas coisas depois da quinta vez. – respondeu, divertida.
- Ela ofereceu dinheiro para cinco garotos? – perguntei, incrédulo.
- Pois é. Mas você foi o primeiro que aceitou.
Não é à toa que Marlene aumentou tanto o preço!
- Ela deve ter te oferecido uma quantia considerável... – meditou Lily, fazendo cara de pensativa. – Você até me beijou!
- Isso não fazia parte do pacote. Fiz isso porque eu realmente quis te beijar.
Lily sorriu para mim.
- E desculpe mesmo pelo encontro. Sei que você não queria estar lá. E desculpe pelo beijo também. E desculpe pelo fato de a minha amiga ser louca. – resmungou Lily, se levantando do chão e tirando a poeira das vestes. Fiz o mesmo. – Enfim, desculpe por tudo.
- Não aceito suas desculpas. Não as quero. Gostei de ter saído com você, Lily. Foi um dos encontros mais legais que já tive. Eu me diverti muito.
- Sei...
- E posso devolver o dinheiro se você quiser.
- Ah, não precisa. Você fez um trato, não fez? Merece seu prêmio. – disse ela, procurando o chapéu com os olhos e encontrando alguns passos dali. – Obrigado de novo. Eu me diverti. – completou colocando o chapéu na cabeça.
- E... sei lá... quer sair comigo de novo?
Lily franziu a testa.
- Quantos galeões Marlene te ofereceu? Tenho até direito à um segundo encontro!
Eu ri.
- Marlene não tem nada a ver com isso.
- Nesse caso, vou pensar, está bem? – ela respondeu. – Mas só se me ensinar a andar de vassoura.
- ‘Tá combinado.
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N/A: gostou? Passe nas minhas outras fics. Algumas são até legais.
Comente!
Comentários (4)
Muito boa cara , leve e bem engraçada :DTa de parabens companheiro.
2013-02-11O THOMAZ FAZ FICS FOFAAASSSSADOREII ADOREII ADOREIILEVE, LIMPA, TUDO DE BOME VIU (PIPOCA COM CHOCOLATE É BOM MESMO??? KKK)
2012-12-05Ameei !! Sei lá , é um jeito novo de pensar sobre o casal ... o que vc acha de fazer uma continuaçao ?!? kkkk , mas serio , amei msm a fic
2012-12-01Parece até que eu estou te perseguindo, mas foi uma boa suspresa encontrar esta sua fic agora (estou "de molho" em casa; de vez em quando entro na FB). Muito boa, mesmo! Quanto às suas outras fics TODAS as que eu li até agora são legais. T O D A S !!! Bjs.Ah! Ouvi a música que vc sugeriu na outra fic, é bem adequada.
2012-11-17