Tarde com Sirius



Capítulo 24 – Tarde com Sirius


 


Sirius aparatou nervoso na Toca. Sabia que estava tudo combinado, mas Molly podia ser tão ameaçadora quanto Lily e ainda tinha aquelas feras voadoras.


Ele podia jurar que os grifos podiam sentir sua forma animaga. E gatos não gostam de cachorros e aqueles ali já estão quase maiores que ele.


- Sirius, você chegou cedo. – disse Molly. – Estava te esperando depois das dez, ainda falta meia hora. Os meninos ainda estão se arrumando. 


- Rony não vai mesmo?


- Ele não é uma pessoa que gosta de fazer compras. – respondeu a ruiva. – E ele ainda nem acordou. Ainda não sei como ele vai fazer na escola para acordar.


- Posso entender. Vou apressar os dois.


Molly abriu a boa para falar algo, mas preferiu deixar para lá. Era uma situação que ela não poderia mudar.


O Maroto subiu as escadas e parou na frente da porta do quarto de Gina. Ele bateu e não houve resposta.


Ele abriu a porta lentamente, mas não encontrou ninguém. Era estranho, parecia que os meninos queriam pregar uma peça nele. Sentou na cama para esperar o que viesse.


Poucos minutos depois, a porta abriu e os dois entraram. Mas Sirius não acreditou no que via. Harry tinha uma toalha envolta da cintura e Gina uma enrolada no corpo. Ambos estavam com os cabelos molhados, como se acabassem de sair do banho. Mas pelo que ele lembrava na casa só havia um banheiro.


- Sirius. – disse Harry. – Nós já estaremos prontos em alguns minutos.


- Vocês... Vocês tomaram banho juntos?


- Por que isso é um problema? – perguntou Harry. – Os irmãos de Gina ficaram do mesmo jeito.


- Sua mãe sabe disso? – Sirius perguntou para Gina.


- Ela manda. - disse ela.


O moreno pode ver que ali ainda existia a inocência infantil, e esperava que continuasse por muito tempo.


 


Sirius aparatou com os dois meninos para uma praça meio vandalizada. Harry começou a pensar se Duda tinha passado por ali.


- Não toquem em nada, nem falem alto. – disse ele levanto para uma das casas ali. – Pode ser a minha casa, mas ela parece ter vida própria. Por sorte meu quarto está intacto.


A casa era escura e tinha uma sensação ruim.


- Remo está na cozinha. – sussurrou Sirius. – Ele vai com a gente.


Gina achou que sua mãe ficaria bem ali, apesar de ser escura como o resto da casa. Era espaçosa, tinha uma mesa e fogão grandes.


- Acho que já podemos ir. – disse o lobisomem.


Harry pegou um gorro e colocou na cabeça, escondendo a cicatriz. Os dois adultos se entreolharam, mas não disseram nada.


Eles seguiram para o metro, as compras seriam feitas na parte trouxa de Londres.


- Um dos motivos de Remo estar aqui. Mexer com o dinheiro trouxa. – Sirius cochichou para os meninos. – Não é difícil, mas pode confundir quem mexe com dinheiro bruxo.


Harry nunca ficou confortável em lojas. Quando vivia com os Dursley, ele não tinha permissão para tocar em nada, e sempre ficava num canto.


Com os Weasley, ele tinha o problema do dinheiro. Mesmo tão jovem, ele sabia que tinha muito mais que seus sogros, e não queria confusão. Mesmo quando ele queria algo pra si, ou para Gina.


Mas desta vez foi diferente. Sirius não se importava com dinheiro. Os quatro saíram das lojas, cheios de sacolas.


Remo ainda discutia que não precisava de nada. Mas Sirius mandou ele calar a boca e disse que não era porque ele tinha um probleminha peludo que tinha que parecer um mendigo.


 


Assim que chegaram em casa, Sirius sentiu que algo estava errado. Ele sacou a varinha, gesto repetido por Remo, e ambos colocaram os meninos para trás.


O ex-prisioneiro fez um feitiço para revelar presenças na casa. E apenas uma foi indicada, na cozinha.


Eles seguiram, e encontraram uma mulher loira sentada na mesa, tomando uma xícara de chá enquanto lia um livro.


Harry, por entre o braço e o tronco de Sirius, pode ver uma varinha sobre a mesa.


- O famigerado Sirius Black retornou finalmente. – disse a mulher. – Só não esperava que tivesse visitas.


- Minha segunda prima menos favorita, Narcisa Malfoy. – respondeu ele entre os dentes. – A que devo essa visita inesperada?


- Eu queria ter uma conversa com você. Mas posso voltar outro dia, quando você não tiver acompanhado. – ela olhou para Harry e Gina, apesar de não reconhecer os dois. E depois deu um suspiro. – Se eu conseguir.


Sirius se resignou. Ele nunca deixaria sua família para trás, mesmo que eles fizessem isso por ele.


- Não será necessário. – ele se sentou. – Remo, Harry e Gina são minha família, não visitas.


Mais um suspiro da mulher. Agora ela reconhecia Harry Potter. Isso não tornava as coisas melhores.


- Eu vim aqui para pedir a proteção do Lord Black. – anunciou ela.


- Por que você quer isso? E só veio pedir agora? – Sirius estava desconfiado.


- Porque fui obrigada a me casar com um idiota purista, que não se importa comigo, só queria um herdeiro puro-sangue. – ela se esqueceu de que havia crianças ali. – Acredita que ele me procurou apenas duas vezes. Uma na noite de núpcias, e outra para gerar Draco. Mesmo assim fui quase intoxicada com a poção de fertilidade. Por isso só tive um, e por sorte foi um menino.


- Sempre acreditei que você quisesse esse casamento. – Sirius coçou o queixo.


- Era um grande casamento. – a loira se explicou. – Um homem rico e bonito. E que tinha ideais parecidos com os de nossa família. Mas tudo mudou no dia seguinte ao casamento. Ele mostrou sua verdadeira face, ainda mais depois que se juntou a Você-sabe-quem. Tudo se acalmou, quando esse menino, naquela noite trágica, derrotou seu mestre. Mas ele está voltando a antigos hábitos e temo que ele queira fazer de meu filho o próximo bruxo das trevas.


Ela esperou que a história fosse absorvida. Ela sabia que poderia parecer mentira.


- Queria ter tido a coragem de Andy. E ter feito algo antes. Mas com a tia Walburga como chefe da família Black, eu não podia fazer nada. E depois você estava naquele inferno.


- Eu tentarei. – disse Sirius. – Ainda tenho que me situar no mundo mágico e recuperar o meu status. Pode demorar, mas você estará longe daquele homem.

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