Um Amigo para todas as horas

Um Amigo para todas as horas



Quando Salém entendeu o que minhas palavras queriam dizer se assustou e começou a protestar. Como sempre fazia quando estava nervoso ou furioso ele começou a me xingar em francês e andar de um lado para o outro como se quisesse toda a minha atenção para ele


– Vous êtes fou? No-nom p-pas parce que jê ne peux avoir mal compris... Imbécile, veut voler la banque mieux protégés que jê sais? [01]


– Acha que não sei disso? Pense Salém, quanto mais protegido é o lugar mais riquezas ela esconde. É exatamente por isso que vou adiante com essa ideia. Quantas familias de bruxos podem ter trancado suas preciosidades atrás de grandes cofres muito bem protegidos.. - suspirei entre um sorriso de desejo ao pensar na ideia de ficar rodeado por todo metal precioso - pense em como ficaremos ricos se conseguir-mos botar as mãos em uma boa quantia do que tem lá dentro. Nos livraremos desse lugar nojento e viveremos finalmente bem. Chega de levar uma vida miseravel...


Eu estava empolgado demais com minha ideia e sabia que eram bem dificeis as chances de conseguir obter sucesso em meu plano. Não seria um roubo qualquer como costumava fazer pra sobreviver. Já havia feito muitos roubos e conhecia os procedimentos basicos de se sair bem em caso de falha no plano, mais com o Gringotes era algo grandioso e muito arriscado, eu tinha noção dos riscos e acho que o perigo me fez continuar com a ideia.


Tratei de ignorar o meu gato que sempre falava demais e me deixava irritado e passei a me preparar e pensar em cada detalhe do roubo perfeito. Isso levaria tempo pra ser feito mais o esforço seria recompensado.


A ideia de roubar aquele lugar era pra conseguir o dinheiro que precisava pra sair de uma vida tão precaria, tão sub humana. Não era pra uma vida dessas que eu queria trazer Harry. Pra que? Pra faze-lo passar fome? Pra faze-lo ver o ladrãozinho de quinta que eu era?


Viver sozinho me fez abrir os olhos e ser esperto. Não me orgulhava do meu passado mais foi desse jeito que eu sobrevivi. Como eu sentia falta de Morgana. Foi uma bruxa incrível em minha vida e me encinou grandes coisas, foi graças a ela que eu não morri de fome. Também foi graças a ela que ganhei Salém, um gato tagarela insuportavel... mais ele era o meu insuportavel gato.


**


Acordei assustado depois de ter um terrivel pesadelo. Quando abri os olhos e percebi que estava em meu quarto me senti mais aliviado em estar seguro.


Olhei os papeis que eu havia anotado tudo que podia e sorri me sentindo satisfeito com o progresso que havia feito. Havia trabalhado nisso fazia semanas e não podia me demorar mais com aquilo.


Peguei um pedaço de pergaminho e uma pena que estava jogada no chão, achei o tinteiro e mergulhei o pico da pena na tinta negra antes de começar a escrever apressado:


Estou com saudades meu irmão. Espero poder ve-lo em breve. Estou buscando uma forma de fazer você morar comigo. Fique bem


Respirei fundo um instante antes de colocar a carta em um pequeno envelope e entregar para a minha coruja que havia ganho de presente de aniversario. O animal voou para longe com a carta no bico. Ainda não havia tido tempo de pensar em um nome pra ela e me senti frustado com isso.


Pense à vous? [02]


– Hmm, não tive tempo de pensar em um nome pra minha coruja.


Ouvi Salém soltar uma risada e o fitei.


– O que você tem?


– Você e sua mania de se apegar aos animais..Isso acaba com a sua moral de sério e malvado.


– Não vejo mal algum em ser sério e gostar dos animais, olha só pra você. Te aturo desde o dia em que te conheci. - Forcei uma cara de bravo.


– Isso me ofende profundamente, sabia senhor David?


– Não me importo! - Disse dando as costas pra ele fingindo sair e em seguida o agarrando e me jogando em cima da cama o cubrindo de caricias.


Apesar dele ser metido a esperto e me irritasse sempre eu ainda amava aquele gato com todas as suas rabugice.


– Pensei que não gostasse de mim... - falou ele se virando na cama e ficando com as patas pra cima.


– Mon Dieu, comment pouvez-vous dire ça? - falei no meu melhor francês.


– Ow Cher, as vezes esqueço que você é louco por mim...


Não contive a gargalhada e voltei a abraça-lo. Rolei na cama com Salém e ficamos conversando como dois bobos naquela cama. Fazia tempo que nós dois não brincavamos daquele jeito, como amigos que eramos. Ele era divertido quando queria.


Me senti tão bem com ele ali, não estava mais tão perdido com ele nos meus braços e assim eu finalmente relaxei por alguns instantes. Depois de tempo trabalhando desesperado no grande roubo eu merecia descansar e não brigar. Nem me lembrava quando foi a ultima vez que havia tido uma conversa sem ironias com Salém. Isso fazia muito tempo.


 


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Tradução:


[01]


- Você está louco? Não porque eu só posso ter entendido mal... Seu tolo, quer roubar o banco mais protegido?


[02]


- No que está pensando?


[03]


- Meu Deus, como você pode dizer isso?

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