Meu primeiro presente
A última loja era estreita e feiosa. Letras de ouro descascadas sobre a porta diziam "Olivaras Artesãos de Varinhas de Qualidade desde 382 A.C." Não me surpreendeu em nada. Na minha opinião era a loja mais pobre daquele lugar, porque comparada as outras ela passava quase que despercebida, exceto pela sua fama e por sua importancia para um bruxo.
Um sininho tocou em algum lugar no fundo da loja quando entrei junto com Harry e pude notar o nervosismo dele. Era uma lojinha mínima, vazia.
Me adiantei a entrar e vasculhar o lugar enquanto meu irmão espiava as milhares de caixas estreitas arrumadas com cuidado até o teto em varias prateleiras. Eram muitas varinhas.
— Boa tarde — disse uma voz suave. Me coloquei diante do balcão e encarei uma silhueta que se movia de vagar.
Havia um velho parado, os olhos grandes e muito claros brilhando como duas luas na penumbra da loja.
— Oi — disse-mos em couro.
— Ah, sim — disse o homem. — Sim, sim. Achei que iria vê-los em breve. Potter. — Não era uma pergunta. — Vocês dois tem os olhos de sua mãe! Mais você tenho que admitir tem muito mais dela do que imaginei.- Recebi um olhar quente e estremeci. - Parece que foi ontem que ela esteve aqui, comprando a primeira varinha. Vinte e seis centímetros, farfalhante, feita de salgueiro. Uma boa varinha para encantamentos.
O Sr. Olivaras chegou mais perto.
— Já James, deu preferência a uma varinha de mogno. Vinte e oito centímetros. Flexível. Um pouco mais de poder e excelente para transformações. Bom, digo que seu pai deu preferência, na realidade é a varinha que escolhe o bruxo, é claro.
O Sr. Olivaras chegara tão perto que chegava a dar medo, achei que ele queria mais espaço dentro daquela loja minuscula.
— E foi aí que.... - O homem tocou a cicatriz feita pelo relâmpago na testa de Harry com um dedo branco e longo e em seguida apontou o dedo para mim tão rapido que cheguei a fazer um leve movimento involuntario para trás.
— Lamento dizer que vendi a varinha que fez isso — disse ele suavemente. — Trinta e cinco centímetros. Uma varinha poderosa, muito poderosa nas mãos erradas... Bom, se eu tivesse sabido o que a varinha ia sair por aí fazendo...
— Hum — resmungou o Sr. Olivaras, lançando um olhar penetrante a Harry e eu. — Bom agora, senhores vamos ver.
— Toda varinha Olivaras tem o miolo feito de uma poderosa substância mágica, Sr. Potter. Usamos pêlos de unicórnio, penas de cauda de fênix e cordas de coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras como não há unicórnios, dragões nem fênix iguais. E é claro, o senhor jamais conseguirá resultados tão bons com a varinha de outro bruxo.
O Sr. Olivaras andava rapidamente em volta das prateleiras, retirando uma caixinha e trazendo até Harry.
Olhei para ele e vi meu irmão meio bobo, não sabia o que fazer. Então fiz um sinal a ele para experimentar. Ele havia crescido entre trouxas, não me admirava que não entendesse nada do nosso mundo até as coisas mais simples porem era um tanto patético ver alguém com uma varinha e não saber absolutamente nada. Notei Harry pegar a varinha e começar a balançar a mesma desajeitadamente mais o sr. Olivaras a retirou da mão dele quase que imediatamente.
Foi assim comigo e com meu irmãozinho, a cada varinha que um de nós experimentava o senhor daquela lojinha se animava em vender a varinha perfeita para nós dois.
Não tinha varinha que desse certo até que depois de algum tempo pensando o sr. Olivaras exclamou:
– É, por que não? Uma combinação incomum...- este se dirigiu até a estante mais afastada e retirou duas caixinhas e Harry e eu pegamos as varinhas.
Senti um calorzinho nas pontas dos dedos e olhei para meu irmão, pude notar que as varinhas haviam nos escolhido, estava evidente pois senti a ligação entre as duas por um momento.
— Curioso... Curioso...
– Desculpe mais... o que é curioso? - Perguntei intrigado.
— Lembro-me de cada varinha que vendi, Sr. Potter. De cada uma. Acontece que a fênix cuja pena está em suas varinha - ele apontou com o dedo para as nossas varinhas conforme falava - produziu mais uma pena, apenas mais uma. É muito curioso que os senhores tenham sido destinado para esta varinha porque a irmã dela produziu estas cicatrizes.
Minha mão foi involuntariamente até minha testa afastando levemente o meu cabelo que cobria minha cicatriz em forma de raio, identica a de Harry.
Esperei que o Sr. Olivaras nos entregasse as varinhas para que pudesse paga-o. Um frio na barriga me atingiu e me senti incomodado, não que eu tivesse ficado impressionado com os fatos daquele senhor muito estranho e sim estava ficando triste por saber que logo seria obrigado a me despedir de meu irmão. Estava me sentindo mal por dentro e parecia que minha animação não iria aparecer novamente tão logo. Quando tentei desviar meu olhar do sr. Olivaras que me encarava com curiosidade, notei Hagrid sob o vidro da loja do lado de fora. Ele trazia duas corujas em mãos, uma era branca como a neve e a outra era negra como a noite. O sorriso estampado no rosto do gigante me fez ficar paralisado. Meu presente de aniversário, perfeito, nosso primeiro presente!
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