Descobrindo verdades
Sacudi a varinha com força como se estivesse impulsionando o feitiço a ir mais longe quando mirei na figura encapuzada. Sentia tanta raiva por dentro que chegava a tremer. Não pude ver seu rosto e nem ouvir nada em volta,meu objetivo era fixo: matar a criatura,grotesca e assustadora.
Ele repeliu meu feitiço facilmente e então um lampejo de luz verde me ofuscou.
- AVADA KEDAVRA!
Abri meus olhos rapidamente com o susto e levei um tempo até me acostumar a ideia de que tudo não passara de um sonho, um terrível sonho.
Toc toc...
Um leve ruído se fez ao longe mais minha cabeça ainda estava aturdida pelo susto e não me permitiu identificar de onde vinha.
TOC TOC TOC...
O barulho persistiu e isso me incomodou, me forçando a acordar por completo e assim finalmente notar onde estava. Eu havia dormido sobre a pequena mesa em meu quarto que estava coberta por livros e anotações em pergaminhos por todos os lados. Não que eu me incomodasse com aquela bagunça porque era daquele jeito que eu conseguia encontrar minhas coisas - ou quase.
Sempre me virei sozinho, o melhor jeito de deixar as coisas é em qualquer canto, pois não tenho ninguém para "arruma-las" e assim tirar do meu alcance. Fui deixado em um orfanato e lá permaneci até os meus três anos, aprendendo como ser uma criança correta e religiosa (afinal estavamos numa instituição lecionada por por freiras, muito distante de Londres). Não aguentei ficar num lugar onde minhas atitudes eram vistas com maus olhos (eu não sabia que a magia corria em meu sangue, e coisas "estranhas" aconteciam com frequência a minha volta, fazendo algumas crianças terem medo de mim e outras, inveja) cheguei a ficar varias vezes de castigo e a última vez, um padre foi chamado para me exorcizar, tudo porque me viram fazer os poucos brinquedos que eu tinha levitarem.
Depois de uma tentativa frustrada de exorcísmo, fuji daquele lugar e vaguei sozinho a maior parte da minha vida, e quando digo isso é porque estou completando hoje, onze anos (e a maior parte desse tempo foi sempre eu e minha vontade de seguir em frente, de realizer meu único sonho que é descobrir o paradeiro de meu irmão). Não cheguei a conhecer meus pais já que morreram tão cedo. Me entristeço em saber que tenho um irmão e nunca pude sequer conviver com ele, olhar ou apenas saber como ele é, seus gostos por comida, seu time de quadribol, coisas do tipo.
De vagar e sonolento, caminhei até a janela de onde vinha o som e abri a mesma permitindo que uma coruja muito atrapalhada e de penas arrepiadas entrasse. Parecia que tinham usado o pobre animal de espanador e me espantei por não reconhecer a coruja. De quem seria?
Observei o animal entrar no quarto escuro, sujo e abafado, deixar uma carta nos pés da cama e sair pelo mesmo lugar que entrou. Fechei a janela e encarei a carta que estava em um envelope pardo. O brasão nela reconheci imediatamente, era de Hogwarts a escola de magia e bruxaria mais renomada do mundo da magico. Mais como eles podiam saber onde eu estava?
Estava tomando alguns cuidados pra não ser notado naquela cidade, afinal, não estava ali esperando um cartão de visita para um colégio e sim para outros fins que envolviam a minha família.
Fiquei orfão muito cedo e fui separado de meu irmão gemeo quando fui morar com meus tios. Eu nem sabia ao certo se ele estava vivo após tantos anos. Passei todos os anos de minha vida buscando por um único nome. Harry Potter, sangue do meu sangue, a minha ultima esperança de não estar sozinho no mundo.
– Você está bem? - Ouvi uma voz calma e abafada soar pelo quarto com um sotaque francês arrastado. Olhei na direção da vós e vi um gato sonolento se espreguiçar.
– Eles já sabem onde estou... - Disse sem me dar importancia a pergunta do meu gato. Sim meu gato fala, e até demais - e isso não é uma coisa comum nem no mundo bruxo.
– Isso seria porque você NÃO OUVIU AS MINHAS INDICAÇÕES E SAIU USANDO SUA MAGIA!
Seu tom de vós comigo sempre era um tanto sarcástico, rude e desafiador. Odiava quando ele falava assim comigo e pra piorar elevava o tom de vós como se eu fosse algum surdo ou retardado porque além disso ele gostava de insistir no assunto para que eu "entendesse", porém ele era só um gato, o meu gato. Ele cuidava de mim assim como eu cuidava dele e sabia que ele havia me alertado mais não gostava de admitir que ele estava certo, pelo menos não na frente dele. Isso seria demais para seu ego super alto, se é que me entendem.
–... E você ai sem me dar ouvidos, de novo! - ele terminou a frase sublinhando a ultima palavra e deu um suspiro me fazendo voltar a atenção sobre ele.
– Que seja, mais não pretendo ir a colégio algum. Agora vou me livrar disso. - me apressei em pegar o envelope e amassa-lo, porém quando peguei o mesmo, senti que havia mais alguma coisa dentro dele, uma sensação de alerta que me dizia pra abri-lo e por curiosidade resolvi olhar.
Sr. Potter
O terceiro quarto a direita
O Caldeirão Furado
Ignorei o envelope e me apressei em rasga-lo para ver o que havia dentro. Pude ver os pergaminhos contendo a lista de materias que precisaria para o ano letivo e desinteressado no que dizia neste, vasgulhei mais atento entre os pergaminhos, foi então que avistei um outro papel com uma caligrafia completamente diferente e me chamou a atenção.
"Sr. Potter
Estou com seu irmão a caminho do Gringotes.
Me encontre lá as nove horas, não se atrase.
R. Hagrid."
Comtemplei o papel por mais alguns instantes, lendo e tentando absorver o que a carta queria dizer. Deveria ser algum tipo de brincadeira, mais se fosse eu não me sentiria tão estranho quando visse a carta. Sabe, sempre fui um tanto sensível nesse ponto.
Tratei de ler mais uma vez o trecho em que dizia "estou com seu irmão" só para ter certeza se estava lendo certo e realmente meus olhos não estavam brincando comigo.
Finalmente me dei conta dos fatos e fique nervoso. Olhei para meu relógio de bolso e notei que estava atrasado. Droga!
Corri pelo quarto a procura da minha velha varinha, só então percebi que estava com um sorriso bobo estampado na cara. Essa notícia mecheu comigo.
– O que está havendo, David? - Ouvi Salém falar enquanto me seguia com seus grandes olhos caramelo.
– Harry Potter, é isso que aconteceu. Finalmente vou me encontrar com Harry Potter! Eu não sei como e nem porque esse tal de Hagrid me encontrou mais de uma coisa eu tenho certeza e essa coisa é: eu vou atrás do meu irmão. - estava ficando sem fôlego falando apressado daquele jeito enquanto vestia minha capa negra, estava gasta mais não me importei. Me abaixei ao lado da cama e tateei meio desastrado até finalmente achar minha varinha.
– Você nem sabe se é verdade!
– Não vou descobrir nada ficando aqui não é mesmo? - falei com displicência. Não queria pensar no lado negativo de tudo e também já estava bem grandinho para ficar temendo as coisas. Sempre soube me defender muito bem!
Me levantei do chão batendo com as mãos em minha roupa me recompondo. Peguei um pequeno frasco contendo um líquido que apenas em imaginar seu gosto já franzi o rosto numa careta. Bebi o conteúdo de um gole e limpei minha boca com o dorso da mão. Tentei me concentrar para não vomitar com aquele gosto horrível em minha boca e para o trabalho se tornar mais fácil, tentei me distrair me virando de frente para o espelho enorme que estava encostado na parede, ao lado da cama. Minha forma física estava mudando, meu corpo magro e pequeno todo coberto por minhas roupas largas agora estava alto e com a silhueta de uma senhora de meia idade. Meus cabelos ruivos e compridos, desleixadamente compridos e sem corte agora estavam negros e bem presos a um coque. Minha roupa estava bem modelada em meu corpo e depois de alguns movimentos com as mãos usando um simples feitiço elas ficaram bem ajustadas a meu corpo. Sorri para a minha "nova" aparência e coloquei Salém em meu colo, saindo do quarto quase correndo de empolgação.
Sempre adorei resolver meus problemas com magia, por menor que fosse. Talvez fosse por isso que sempre era descoberto vez ou outra quando passava por algumas cidades. Sempre fui nômade, nunca tendo um lugar certo para ir e adorava esse gostinho de liberdade, embora sentisse uma grande falta de uma familia e de ter um lugar fixo para me refugiar. Mais a questão é que desfrutar da magica é muito bom, afinal de contas por que não usa-la se eu nasci com ela? A vida que eu levava precisava de descrição de certa forma, mais sempre acabava por exagerar nas coisas.
– Vá mais de vagar antes que todos se perguntem porque uma senhora nesta idade está com tanta energia! - Resmungou Salém em meu colo.
– Está bem seu rabujento. - falei baixo porém sorridente quanto desci as escadas que levava ao salão de entrada do Caldeirão Furado. Estava cheio e ainda agitado quando passei e pude ver Tom atrás do balcão.
– Olá senhorita Morgana. - Disse ele todo sorridente ao me ver passar (as vezes, só as vezes tinha a leve impressão de que ele gostava de mim. Quero dizer, de Morgana).
– Olá Tom. - Retomando minha compostura, caminhei com mais calma, atravessei o bar parando frente a ele. - Porque essa agitação toda? - Perguntei ao notar o grande aglomerado de gente e um murmurio constante sobre algo que não identifiquei de imediato.
- Estão todos assim porque acabaram de ver Harry Potter - Ele disse baixo e calmo enquanto suspirava. Meu coração pular forte em meu peito. Então era verdade! Meu irmão estava vido e com esse tal de Hagrid.
- Oh céus, o pobre menino. Me desculpe não ficar e participar dessa comemoração animada, mais preciso ir. Com licença.
Sai com calma até uma porta e ainda ouvindo o alvoroço, senti meu corpo estremecer. Estava certo sobre Harry e logo o veria diante de mim isso era um tanto assustador de certa forma. Tratei de me concentrar no que estava fazendo e notar a parede de tijolos a minha frente. Toquei a parede com a ponta de minha varinha e o tijolo estremeceu, torceu. No meio apareceu um buraquinho, que foi se alargando cada vez mais até poder me ver diante de um arco bem grande, um arco que abria para uma rua de pedras irregulares que serpeava e desaparecia de vista. O Beco Diagonal.
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