O GRANDE EVENTO DO ANO



    O convite da peça dizia o seguinte:
"A escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
tem o grande prazer de apresentar a fantástica obra Teatral de Gilderoy Lockhart, em sua estréia triunfal na dramaturgia como autor, diretor, roteirista, iluminador e consultor de magia:
" A EXPULSÃO DE SALMONELLA"
Com a participação do Grupo Teatral dos Alunos de Hogwarts e  do Grupo de Expressão Artística Fantasma "A Morte não é o fim", dirigido pelo Venerável Fantasma do Barão Sangrento.
Cenários: Hannah Summer, Figurinos: Liza LionHeart (prêmio Bruxa Estilista 4 anos seguidos)
No Sábado da Páscoa, às 19:00,.
Após a encenação, a escola oferecerá um banquete em homenagem ao renascimento da Arte em Hogwarts promovido por Gilderoy Lockhart. Traje: Veste de Gala.

    Harry acordou cedo naquele dia, pois precisava ajudar Rony em algumas coisas, para sua grande estréia. Passou o dia muito feliz, afinal pela primeira vez o amigo podia se sentir o centro das atenções e ele estava ali, na sombra dele. Sentia-se satisfeito ao ver a alegria de Rony. Mas uma coisa o incomodava. Há alguns dias, Harry vinha se sentindo estranho, como se algo ou alguém estivesse seguindo-o por toda a parte... às vezes em sua cabeça julgava ouvir conjurações mágicas em uma língua esquisita bem baixinho... pensara em perguntar a Sirius e até ao professor Dumbledore, mas depois achara melhor deixar para lá... e havia Snape.    
    Há quase quinze dias, Harry tinha a exata sensação que Snape estava vigiando-o. Parecia que o professor tentava fazer isso bem discretamente, mas Harry não era bobo, e embora Snape não o olhasse de forma feroz como sempre, ele sabia que estava havendo alguma coisa ali... Na hora do almoço estava ao lado de Rony na mesa quando sentiu que sua mão formigava de leve, depois sentiu uma dor no pulso e contraiu o braço. Em segundos a dor passou. Harry olhou para a mesa dos professores e viu que Snape vigiava-o. Achou que o professor podia ter algo a ver com aquilo.
    Já estava usando sua veste de gala quando foi ajudar Rony a vestir-se. Nem bem a capa tocou o corpo de Rony, começou a mexer-se freneticamente. Harry perguntou:
‒ É assim o tempo todo?
‒ Você não viu nada... tem que ver o que o cenário faz... ‒ Draco passou por ele, já pronto e maquiado para a peça. Harry ia rir quando Rony disse:
‒ Por favor, não ria... minha maquiagem é tão ridícula quanto a dele... mas no palco fica muito legal.
    Quem estava fazendo a maquiagem era Willy. Ela estava com sua varinha apontada naquele momento para o rosto de Padma Patil, fazendo a menina parecer mais bonita que de costume.  Harry olhou em volta e viu que até a Murta estava maquiada. Então, ficou olhando um instante para Willy, que acabara de maquiar Padma e agora maquiava Colin Creevey. Ela terminou por Rony e Harry pôde ver que ela retirara algumas sardas, pusera-o mais pálido e fizera nele duas olheiras meio fundas e escuras:
‒ Que tal estou? ‒ Rony disse pondo o grande chapéu de Rubro Salmonella
‒ Muito malvado! Harry riu, boa sorte!
‒ Não é isso que se diz! -Rony então disse um palavrão para ele e riu. ‒ Essa é a saudação universal do teatro...uma das poucas coisas que são iguais entre bruxos e trouxas.
    Harry saiu da coxia seguido por Willy. Subitamente virou-se e disse a ela:
‒ Sente-se do meu lado, por favor!
‒ Está bem, Harry ‒ ela sorriu. ‒ Mas Hermione vai estar ao nosso lado, não tente nenhuma gracinha... ela detesta segurar vela.
    A peça seria encenada no grande salão, que estava preparado com duas mil cadeiras, como um grande auditório. Lá em cima o teto parecia um céu estrelado, como sempre, mas à frente, onde ficava normalmente a escadaria, surgira um grande palco, fechado por cortinas vermelhas.
    Eles sentaram-se ao lado de Hermione, o teatro já estava começando a ficar cheio. Ele viu uma sucessão de bruxos conhecidos chegando: Liza LionHeart e Hannah Summer com seus maridos, Mario Murad, com uma bruxa que Harry calculou ser muito mais jovem que ele, Camorin de Doyola, sempre discutindo com Daniel Dubois, Os pais de Rony, a quem cumprimentou de longe, acompanhados dos gêmeos e de Percy, com sua agora noiva, Penélope Clearwater, Beth e Bianca Fall, que ele cumprimentou discretamente, Sirius e Sheeba, que agora andava com muito cuidado, parecia que ia estourar, ao lado deles vinham o Professor Lupin e Silvia Spring. Esta olhou em direção a Harry e soltou uma exclamação de surpresa.
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‒ Sheeba! Sheeba!
‒ Que foi Silvia? Sheeba olhou a amiga, esticando a cabeça à frente com dificuldade
‒ Convidaram fadas para ver a peça?
‒ Fadas? Não, que eu saiba não... ‒ Sirius prestou atenção porque lembrou-se da fada que vira com Snape
‒ Pois tem quatro fadas perto do seu afilhado... e acho que elas estão fazendo alguma coisa importante... mas nem pense em contar a ele... se é o que eu estou pensando, ele não pode nem sonhar com o que elas estão fazendo.
    Sheeba e Sirius olharam-se intrigados. Remo Lupin ficou quieto, já estava ficando acostumado às coisas que Silvia dizia...mas prestou bastante atenção, sabia que quando ela abandonava o habitual ar distraído, era porque alguma coisa séria estava acontecendo.
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    Harry não prestou muita atenção à Silvia Spring, porque naquele momento, John Van Helsing chegava, escoltado por uma bruxa de cabelos longos, de um tom louro escuro, era Marsha Cage-Fish. Sue vinha logo atrás, conversando com Atlantis, ela estava lindíssima num vestido de noite cor de pêssego, ela e John, que usava um smoking, destoavam totalmente do resto dos convidados, alguns os olhavam assustados. Por azar, quem entrava no mesmo momento que eles eram os pais de Draco.  Ao ver Sue, Lúcio Malfoy fez uma cara feia, passando instintivamente a mão pelo queixo que ficara ligeiramente assimétrico. Ia dizer alguma coisa quando Atlantis disse:
    ‒ Eu sei o que Sirius fez a você a última vez que você ofendeu essa moça, Lúcio. Diga alguma coisa e eu faço o outro lado ficar igual. ‒ na voz gutural da garganta ferida de Atlantis Fischer aquela ameaça parecia ainda mais real, e Lúcio foi procurar um lugar bem longe deles. Atlantis conduziu-os para perto de onde estavam Sirius e Sheeba. Ele aproximou-se de Silvia, que disse algo em voz baixa e olhou para Harry. Ele retribuiu o olhar e assentiu com a cabeça. Nesse momento, um sinal sonoro avisou que a peça começaria. As luzes se apagaram e Harry, tomando rapidamente a mão de Willy enfiou nela a pulseira que lhe dera de aniversário. No escuro, murmurou em seu ouvido:
‒ Me perdôe! ‒ Um silêncio seguiu-se e ela finalmente respondeu:
‒ Depois da peça eu respondo.

    As cortinas se abriram e o público recuou na cadeira, um gigantesco dragão dominava o cenário em chamas, um dragão negro de aparência muito feroz. Harry arregalou os olhos quando o dragão transformou-se em Rony. Salmonella fora um animago negro, capaz de se transformar em uma criatura mágica.  Na verdade o que ocorrera fora uma ilusão, uma éspécie de efeito especial, Rony apenas conjurara uma imagem de Dragão, dissipara-a e saíra de trás dela, o que já era bastante impressionante para um aluno do sexto ano. A srª Weasley chorava na platéia, cutucando todos e dizendo: "é meu filho! Meu Rony!". E isso fora só a primeira cena!
    Ser um ator bruxo requer não só talento teatral, mas talento como bruxo, no meio deste monólogo inicial, em que Salmonella contava a história de sua infância, Rony ia formando imagens com a participação dos fantasmas, que apareciam no cenário diáfano que Rony conjurava sobre sua cabeça, mostrando como fora abandonado pelos pais ainda criança para morrer devorado pelos abutres, sendo encontrado por uma velha bruxa e como mais tarde se vingara deles (isso não parece familiar?), como aos dez anos se descobrira bruxo e estivera em Hogwarts, onde fora um grande aluno... como seu maior rival, Sibelinus Zenith recebera a espada mágica de Falkor Lun, que Rubro agora iria usurpar.
    Um estrondo no fundo do salão fez que todos olhassem, Draco entrava voando por trás da plateia numa vassoura antiga, na pele de Sibelinius Zenith, ao sobrevoar o palco pulou e sacou uma espada prateada, desafiando Rony a lutar com ele, seguiu-se uma luta muito bem encenada, eles disparavam faíscas coloridas que apenas faziam cócegas um no outro, mas tinham a aparência exata de feitiços poderosíssimos, e com a atuação convincente de Rony, qualquer um podia jurar que ele sofria naquele momento um terrível feitiço de impedimento. Ele caiu de costas, fazendo a platéia levantar ligeiramente da cadeira. Com um volteio de capa e uma ameaça, Draco saiu de cena.
    Padma Patil entrava, na pele de uma donzela bruxa, Ivana Swann, que o salvava da morte com o feitiço do beijo da vida... na hora de simular o feitiço deu para ver que Padma, muito nervosa, errara na conjuração, e nada acontecera, ela seguiu mesmo sem a luz na ponta da Varinha. Rony a abraçou e as cortinas se fecharam.
    A cena  seguinte mostrava a aldeia de Sibelinus Zenith, onde ele casava com a  jovem Camila LaBelle, interpretada por Lilá Brown. O resto do elenco estava em cena, menos os fantasmas, Padma e Rony. Nesta cena, Zenith prometia a todos da aldeia que faria tudo para expulsar a ameaça de Salmonella, nem que para isso precisasse perder a vida. As cortinas se fecharam e foi o fim do primeiro ato.
    Num pequeno intervalo, Harry não se animou a sair da cadeira, olho para Willy que disse:
‒ Eu nunca imaginaria a coisa do Dragão... Essa Hannah Summer tem talento.
‒ E Rony também ‒ Hermione disse orgulhosa ‒ vocês sabem como é difícil criar aquelas imagens? Porque ele não veio me pedir ajuda?
‒ Talvez ele quisesse te preservar para a surpresa.
    Atrás do palco Rony se preocupava  com a última cena, o efeito especial era muito complicado e Lockhart insistia em fazê-lo sozinho. O sinal sonoro tocou e ele preparou-se para voltar a cena... vale a pena reproduzir o seu pequeno monólogo inicial:
    ‒ De todas as luzes que um homem pode ter para iluminar a sua vida, a da mulher amada é a mais importante ‒ Rony fez surgir um grande cisne e dele saiu Padma ‒ a mulher que eu amo, a quem eu devo a vida, estará comigo todos os dias de minha vida... a mulher que eu amo, há de entender minhas conquistas e apreciar os meus feitos... há de saber que quando se trata de conquistar não há volta, não há possibilidade de piedade com o inimigo. A mulher que eu amo sabe que eu não poderei fazer concessões... e a mulher que eu amo sabe que quando eu conquistar o mundo há de ser para depositá-lo aos seus pés... ‒ Padma se aproximou e eles beijaram-se. Na platéia Hermione cravou as unhas na cadeira.
    No palco, a ação voltou a ocorrer ininterrupta, para mostrar as conquistas de Salmonella e seus asseclas, interpretados por Colin Creevey e Justino Filch-Fletcher, onde eles simulavam batalhas sangrentas... Harry teve a impressão que algumas pessoas do elenco "morreram" várias vezes, disfarçados em transfigurações de imagem pessoal. Finalmente, ladeado por Justino e Colin, Rony disse:
    ‒ Agora, estou de volta ao poder, e meus inimigos sentirão o peso de minha vingança (novamente eu pergunto... não parece familiar?)
    A aldeia de Zenith passou a ser o foco de atenção, mostrando como o bruxo mesmo poderoso era justo e bondoso (imaginem Draco Malfoy tentando parecer justo e bondoso, vamos, vocês conseguem...), como em pouco tempo as terras férteis do vale estavam repletas de plantações e como o povo amava o seu governante bruxo. Então, houve uma poética cena entre Draco e Lilá, que terminava com ele dizendo como nada poderia atrapalhar sua felicidade e novamente, as cortinas se fecharam... fim do segundo ato.
    Harry levantou-se um instante e Willy perguntou-lhe onde ia. Ele disse que ia ver os Weasleys e ela ficou disfarçadamente olhando para ver se ele fazia isso mesmo... pouco tempo depois, quando ele já voltava, foi interpelado por Bianca Fall, que perguntou como ele estava... ele mostrou a ela onde estava sentado, sentindo-se intimamente orgulhoso quando ela reconheceu Willy. Despediram-se cordialmente e ele sentou-se calado ao lado de Willy, que o olhava desconfiado.
    O terceiro ato começou... a aldeia de Zenith parecia tranqüila, então, um gigantesco Dragão passou voando sobre a platéia e pousou em cena, transformando-se em Rony. Na verdade era outra ilusão que ele conjurara, já estava no centro do palco usando a capa de invisibilidade que Harry lhe emprestara, conjurou rapidamente a imagem do Dragão, Virou-se de costas e quando ela se desfez, deixou a capa cair dos ombros. E pareceu surgir por encanto em cena... Começou a grande batalha, os cenários iam mudando, sempre em cenas de guerras... Em cena, Rony tentava intimamente convencer-se em confiar em Lockhart, que faria o último efeito especial... o fim da peça se aproximava, a batalha final entre Zenith e Salmonella, travada à beira de um grande abismo.
    Mais tarde ninguém soube como Hannah Summer conseguira conjurar aquele cenário... para a platéia, parecia que eles estavam suspensos a muitos pés de altura, flutuando sobre um grande abismo. Então, Draco e Rony, sozinhos em cena, começaram outra sucessão, mais espetacular que a primeira, de simulações de feitiços. Neste momento, Padma entrou em cena como Ivana Swann, implorando a seu amado que esquecesse tudo... Ivana fora uma vidente como Sheeba, tinha o toque de Prometeu. Algo surpreendente aconteceu em cena: Salmonella atirou um Avada Kedavra em Zenith (deu muito trabalho fazer o feitiço simulado... na verdade Rony não dizia nada, a platéia apenas pensava que ele dizia, pois atrás do cenário, um contra regra soltava a voz dele, guardada dentro de uma caixa... a luz verde que saía da varinha era inofensiva) Zenith, empunhando sua espada, conseguiu com o reflexo da lâmina desviar o feitiço que atingiu Ivana na barriga.
‒ Não! Não! O que fiz! ‒ Rony tomou Padma nos braços e começou a chorar, lágrimas sentidas saíam de seus olhos (poção de lágrimas de crocodilo, que ele implorara ao professor Snape), ele abraçava Padma, numa cena comovente, gritando que ela acordasse. Draco então, parado ao seu lado disse:
‒ Rubro, sua ambição a matou. Suas ilusões de poder terminaram, você está derrotado. ‒ Rony levantou-se, exalando ódio:
‒ Nunca, Zenith, nunca você vai me alcançar... ‒ Rony apontou para uma pedra grande no cenário e transfigurou-a num cavalo (na verdade quem fez isso foi a Profª Mc Gonnagal) ele montou e disse a Draco: ‒ Adeus, Zenith. Fique com a sua vida que eu fico com a minha morte.
    Era a hora que Rony mais temia: deveria abrir-se o fundo do cenário e ele subiria pela escada a cavalo, então, desceria a escadaria correndo e se atiraria com cavalo e tudo sobre a platéia, sendo transportado pelo professor Lockhart em segurança através de um feitiço de teleportação para a sala de teatro... ele tinha ou não motivo para ficar preocupado?
    O cavalo tomou impulso escada acima, ele sentindo-se mortalmente preocupado com o resultado das patas daquele cavalo sobre as pessoas na platéia se o feitiço desse errado. Tomou a decisão na última hora... já transportara coisas pequenas de um lugar para o outro, nunca a um cavalo e a si mesmo, mas não era tão complicado quanto aparatar... se sentisse que Lockhart não conseguira, ele mesmo faria o feitiço. Chegou ao topo da escada e começou a descer, a beirada do palco se aproximou e ele saltou. Ouviu quando Lockhart disse a  palavra e nada aconteceu, então, tocou  cavalo com a varinha e disse:
    ‒ Caminus Aeros ! ‒ Sentiu uma luz o envolver e as patas do cavalo bateram pesadamente no chão da sala de teatro. Suspirou aliviado, sentindo o coração batendo descompassado no peito. Ouviu o rugido a platéia lá embaixo, e, sem desmontar do cavalo, seguiu pelo corredor e desceu novamente a escada , chegando ao último degrau no exato instante em que todos levantavam-se para aplaudi-lo


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