O DIA DAS BRUXAS



Harry e Willy perderam a consciência assim que entraram na máquina. Alguém escondido dentro dela lançou um feitiço neles para isso. Quando voltaram a si não estavam em Hogwarts, não sabiam em que lugar estavam, mas estavam amarrados um de frente para o outro, em duas vigas de madeira do que parecia uma casa abandonada. Não estavam sozinhos, alguém os observava nas sombras.
    ‒ Quem está aí? ‒ Harry perguntou, olhando o vulto e olhando para Willy, amarrada apavorada à sua frente, respirando como um bichinho como fazia quando estava nervosa ‒ Olek?
    ‒ Eu não sou Olek ‒ respondeu o vulto. ‒ Eu tentei evitar isso, Potter, eu juro que tentei... te dei uma chance de ser feliz e você recusou...vou ter que seguir o plano “B”...
    ‒ Do que diabos você está falando e quem é você?
    ‒ Muito bem, eu explico... na verdade, era para apenas você ir para o passado... mas você não se interessou... Eu queria te fascinar com a possibilidade de mudar o seu destino avisando a seus pais o que ia acontecer... mas eu logo vi que você não morderia a isca... mas havia outra jovem interessada em passado, presente e futuro... a jovem Fischer... Ela começou a procurar Olek... ele morria de medo do professor Amanoff, mas estava se interessando pela garota, de uma forma que você não ia gostar de saber qual é... Eu me fiz de amigo dele, ao mesmo tempo, procurei fingir me preocupar com ela... ela tinha encontros noturnos com ele, interessada apenas em saber como funcionava a máquina, nem conhecia as intenções dele... Eu disse que ele disfarçaria se convidasse um amigo dela para conhecer a máquina... mas nem assim você apareceu
    ‒ Aconselhei Olek a sugerir que ela usasse uma capa de invisibilidade para ir aos encontros, eu sabia que ela possuía uma, e você também, eu fui olhar nos inventários da escola... então, foi só convencer você de que ela corria perigo e esperar... naquela noite eu tomei um chá com Olek... no chá dele pus a poção do morto vivo, e esperei na sala ao lado que Willy passasse para ver a máquina...  eu sempre soube como operara-la à distância, vigiei , fiz  a porta da máquina abrir... ela ficou presa lá dentro... Não gostei quando você veio com um bando para resgatá-la, mas me conformei, afinal eu queria apenas que  você fosse ao passado, e sentisse o conflito de encarar seu pai e sua mãe vivos... o plano dera certo.
    ‒ Mas logo vi que não funcionou... nada aconteceu... eu soube que você não tinha feito nada... ou os resultados teriam sido imediatos. Na manhã seguinte, quando Dumbledore Chamou Amanoff para entregar-lhe alguma coisa, eu soube de pronto o que era... e tive que ir atrás dele para evitar um desperdício de tempo e de idéias...
    ‒ Do que você está falando?
    ‒ Não existe só uma máquina do tempo Harry, são duas, uma eu deixei como isca, a outra é de meu uso particular... esta não é a mesma que te levou a Hogwarts, estamos em outro lugar, em outro tempo... dentro de duas horas eu vou precisar de você... ‒ a figura saiu das sombras, Harry reconheceu-a .
    ‒ Professor Lockhart?
    ‒ Ingênuo... realmente minha semelhança com ele veio a calhar... ‒ o homem apontou a varinha para o próprio rosto e Harry viu que seus olhos e cabelos mudavam de cor, os cabelos encolheram até não cobrir mais um par de olhos castanhos duros. Não era o professor Lockhart. Era alguém que tinha o queixo e o sorriso parecidos com os dele, mas agora sem a cabeleira e sem as roupas espalhafatosas, era completamente diferente.
    ‒ Muito prazer, Harry. Meu nome é Amos Taylor. E eu inventei esta máquina.
    ‒ Você não morreu? Duzentos anos atrás?
    ‒ Não... não morri... Eu pesquisei bastante um modo de me infiltrar em Hogwarts no momento certo... eu conhecera Gilderoy Lockhart quando ele era jovem... nós tínhamos o queixo e o sorriso ligeiramente parecido... ninguém o via há alguns anos, sabia que depois de desmascarado em Hogwarts ele perdera tudo... fui à casa do Bruxo carente, troquei de lugar com ele, depois fui a Dumbledore, e imitando Lockhart pedi por compaixão um lugar em Hogwarts.
    ‒ E como você trocou de lugar com ele?
    ‒ Eu o levei até o passado, já havia deixado uma máquina lá para ser encontrada no futuro. Mudei a aparência dele e soltei-o perto dos lobos... foi fácil. Então voltei, para conseguir o perdão do meu mestre...
    ‒ Você é seguidor de Voldemort?
    ‒ Sim, sou. Surpreso?  Você deve estar perguntando porque eu estou tão preocupado em evitar a primeira morte de meu mestre. Na verdade, quando testei a máquina numa viagem curta para o futuro e descobri que ele havia morrido,eu fugi ... e fui então para vinte anos no futuro... descobri  que ele renasceria, e o que faria com cada um que ele acreditou ter fugido... e eu seria um deles se ele me pegasse. Não adiantava ir mais à frente... meu conhecimento de bruxo seria inútil em cinqüenta, sessenta anos... vai haver muitas modificações do mundo da magia... eu estudei tudo que aconteceria, estudei você, a melhor forma de interpelá-lo, a melhor idade para te afetar com o seu passado, o momento em que seus pais te fariam mais falta. Eu plantei na casa de Amanoff uma carta, três meses antes do início das aulas em Hogwarts deixando instruções de onde achar a máquina nº 2, ele nem desconfiou que aquela carta não estava perdida há muito tempo... também implorei na carta que a levasse a Hogwarts, fiz ele acreditar que o único lugar no mundo seguro para ela era lá... as pessoas costumam seguir as instruções dos mortos. Eu me diverti muito ao ver que meu antigo assistente não me reconhecia, afinal, para ele haviam passado muito mais anos que para mim... Eu estudei bastante o futuro, estive lá várias vezes para executar meu plano.
    ‒ Você viu Voldemort perdendo de novo, não é?
    ‒ Na verdade, eu agora não sei o futuro...  eu vou reescrevê-lo a partir daqui, Harry, com a sua ajuda. Eu retornei duzentos anos no passado, de novo, e troquei o diário de bordo da máquina, dando instruções para que a máquina nunca fosse ligada sem um intervalo de dez minutos, isso me deu tempo, e eu tenho todo tempo do mundo, eu sou um viajante do tempo... o tempo real de meu corpo desde que comecei a viajar é de apenas um ano, estive só nos lugares que interessavam à minha jornada... evitei as épocas inúteis que todo ser humano vive, pensando, elaborando... sabia a hora que vocês iriam voltar, eu roubei a carta e depois a pus no lugar... Sabia que você não iria querer voltar primeiro... havia duas meninas e você é muito nobre... então, retornei pouco à frente de Amanoff e resolvi esse problema... e eu te trouxe para um dia das bruxas... neste momento, sua mãe e seu pai estão lá fora, numa casa desta mesma vila sem saber que Voldemort está vindo para cá... mas desta vez, você não vai impedi-los... você vai lá e vai matar o Harry Potter bebê, antes que o mestre tente fazê-lo.
    ‒ E se eu não quiser?
    ‒ Eu mato a jovenzinha que está na sua frente... é ela ou você.
    ‒ Porque você mesmo não mata o Harry Potter bebê?
    ‒ Porque a única pessoa que pode romper a proteção é você... recusar o amor de sua mãe... E você não tem escolha... ou você morre, ou morre Willy.
    Harry não precisou pensar para saber que não tinha escolha. Estava tudo realmente perdido. Não deixaria aquele bruxo matar Willy, não deixaria.
    ‒ Eu aceito.
    ‒ Harry, não!
    ‒ Willy, não fique triste, eu vou evitar a morte de sua mãe.
    ‒ Não Harry, não faça isso! Eu prefiro morrer!
    ‒ Taylor, eu só quero fazer uma coisa antes de morrer.
    ‒ Um último desejo?
    ‒ Isso.
    ‒ Diga o que é, então.
    ‒ Não vou te dizer. Apenas me solte. Pode apontar a varinha para a minha cabeça ou coração, e fazer o que quiser se eu tiver alguma reação estranha.
    ‒ Vou confiar em você. Você sempre cumpriu sua palavra.
    Harry sabia o que queria fazer. Sabia que em minutos, toda sua vida não iria mais existir, ele seria apenas um paradoxo, um rapaz que viveu até os dezesseis anos para se matar ainda bebê, alguém que não podia existir, uma figura impossível. Ele queria pelo menos fazer algo de que não se arrependeria, algo que ele queria fazer há muito tempo, mas não tivera coragem. O bruxo o soltou. Ele olhou-o e deu dois passos para a frente, na direção de Willy estava, amarrada à viga. Ele aproximou-se bastante dela, pegou seu queixo e acariciou, ela olhou pra cima e o encarou. Havia lágrimas em seus olhos, que ele enxugou e disse:
    ‒ Willy, eu te amo.
    Então, ele baixou a cabeça e seus lábios tocaram os dela.
    Ele sentiu que algo acontecia dentro dele. Sentiu que algo que estava preso há muito tempo se soltava, uma barreira de emoções e sentimentos fortes,  únicos e verdadeiros, explodindo como um vulcão há muito adormecido, o contato dos seus lábios com os da menina fizeram que ele como que despertasse de um sono profundo, e ele quis mais e mais beijá-la, apenas e tão somente beijar Willy, mais nada.
    Ele sentiu uma luz brotando debaixo de seus olhos, envolvendo os dois com força e calor, e abraçou o corpo amarrado dela, e sentiu quando as amarras que a prendiam se soltavam e os braços dela envolviam seu pescoço, num abraço há muito esperado, desejado, sonhado. Tudo em volta dos dois explodia em luz, uma torrente de mágica essencial se derramando varrendo todo mal à sua volta, uma proteção de amor. Como Sirius chamara isso? Sim! Emissão mágica involuntária.
    Quando abriu os olhos viu que um furacão passara por ali. O bruxo estava desacordado em um canto, provavelmente tentara matá-los mas não conseguira. O que realmente acontecera durante aquele beijo, eles nunca chegariam a saber exatamente, mas o certo é que o beijo os salvara.
    ‒ Harry? O que aconteceu?
    ‒ Eu não sei, mas vamos prender esse cara antes que ele acorde. E quero fazer uma coisa antes de voltar a Hogwarts.
    ‒ O quê?
    ‒ Por mais que o Lockhart seja um babaca, não creio que ele mereça ser morto por lobos.


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