A VISITA



Harry, Rony e Hermione estavam assistindo à mais uma chatíssima aula de História da Magia com o professor Binns. Harry esforçava-se para prestar atenção no episódio da extinção das gárgulas que o professor narrava; de como as gárgulas, criaturas mágicas feitas de pedra, tornaram-se tão insuportáveis no século XI que foram encurralados em uma caverna, perdida sob onde agora se erguia a cidade de Londres.  Depois de uma luta cruel, à beira de um abismo na caverna que era conhecida como “fenda das gárgulas”,  as gárgulas foram massacradas e reduzidas à pó. As poucas remanescentes que se renderam, foram paralisadas e distribuídas pelo mundo. A maior parte agora estava em igrejas “Mas uma guarda a porta da sala de Dumbledore”, pensou Harry.
Madame Pomfrey apareceu à porta para avisar que os alunos de adivinhação teriam seu turno da tarde livre pois a Profª Sibila tivera um mal súbito e estava sem condições de dar aula. Ao final, avisou a Harry que ele tinha uma visita aguardando por ele no salão principal.
    Quando a aula acabou, Harry desceu com Rony e Hermione para descobrir que quem o esperava era Sheeba, e Harry pode observar que ela não vestia espécie alguma de luva.
    ‒ Harry!  ‒ Ela disse jovialmente, dando uma beijoca na bochecha de Harry (era melhor que as beijocas que Duda Dursley ganhava de sua madrinha gorda, claro, mas aquilo o deixou bastante envergonhado). Sheeba aproveitou o beijo para sussurrar para Harry:
    ‒ Não se assuste, estou aqui a trabalho. ‒ A essa altura, um abobalhado Rony e uma  Hermione com sua pior cara estavam olhando para ela. ‒ Olá, meninos, como vão? Vou almoçar com vocês, posso?
    ‒ Na mesa de Grifinória?? ‒ Hermione fez uma cara bem azeda.
    ‒ Claro! Eu sou uma ex-aluna privilegiada! Olá, Minerva! ‒ Disse à  Profª  McGonnagal que passava.
    ‒ Sheeba! ‒ Uma voz conhecida falou e Harry, Rony e Hermione viraram-se para ver o rosto estranhamente embasbacado de Severo Snape.
    ‒ Olá, Severo! ‒ todos os alunos da Sonserina que o seguiam passavam esticando o pescoço para saber quem era aquela mulher, alguns cochichando bastante.
    ‒ Vai sentar-se conosco, na mesa dos professores? ‒ Snape tinha a expressão mais  cretina que Harry jamais imaginou que ele pudesse fazer.
    ‒ Oh não, vou sentar com meu afilhado! Você o conhece, não é? Harry Potter!
    ‒ Sim, claro ‒ Snape ficou totalmente sem graça, principalmente quando Harry deu-lhe um cândido e inocente sorriso.
    ‒ Ele é um ótimo aluno, não é mesmo Severo? E seus amigos Rony e Hermione também. Ela é a garota mais inteligente que já conheci... você conhece alguém mais inteligente?
    ‒ Bem, não... quer dizer, eles são muito esforçados...
    ‒ Ótimo que você reconhece isso! Te vejo mais tarde!
    Sheeba deu cada um dos braços para Harry e Rony e saiu em direção da mesa de Grifinória, deixando um atônito Severo Snape para trás, perguntando-se onde havia errado. No meio do caminho, Sheeba deu um efusivo abraço em Rúbeo Hagrid, que praticamente a atirou para o alto dizendo:
    ‒ Menina! Onde você andou?
    ‒ Por aí, Hagrid! Vejo que você continua criando monstros horrorosos e asquerosos como se fossem coelhinhos!
    ‒ Hehehe! Você devia ser professora aqui!
    ‒ Quem sabe quando a atual se aposentar?
    Por mais que Hermione tentasse, não conseguia deixar de gostar de Sheeba. O que ela fizera com Snape simplesmente lavara a alma da menina, que já havia sido chamada de “sabe tudo irritante” pelo professor algumas vezes. No meio dos alunos da Grifinória, Sheeba definitivamente não parecia ser uma mulher feita, muito menos uma policial do ministério da magia. Em menos de cinco minutos de conversa, já parecia ser uma estudante como todos eles... Rony, sentado à sua esquerda, continuava tratando Sheeba como se ela fosse uma Veela, e Harry, bem, passado o embaraço inicial, Harry estava se sentindo realmente muito confortável ao lado de sua madrinha, principalmente olhando para a mesa da Sonserina e vendo a cara de besta que fazia Draco Malfoy. Em um momento Sheeba falou baixo, apenas para ele e Hermione, que sentara à direita de Harry:
    ‒ Não se enganem, essa não é uma visita comum, estou tocando tudo e todos para saber quem está com feitiços de confusão.
    Quando o almoço acabou, Harry e Rony aproveitaram o tempo livre (Hermione tinha aula de aritimancia) para pegar a vassoura e tentar treinar um pouco de Quadribol... Harry estava tentando treinar Rony como goleiro, para substituir o antigo,  Olívio Wood, que se formara depois do último campeonato. Na verdade ambos queriam se exibir para Sheeba.  Quando foi pegar a Firebolt, Harry teve uma idéia e vestiu a roupa que Sheeba lhe dera. Em alguns minutos, estava no campo de quadribol, em sua Firebolt fazendo acrobacias. Rony usava a vassoura de Fred, um de seus irmãos. Alguns outros alunos os ajudavam, dois fazendo às vezes de batedores e um treinando Rony no gol. Harry aproximou-se de Sheeba e perguntou:
    ‒ Seria muito desonesto usar a vestimenta para jogar quadribol?
    ‒ Se eu fosse você não faria isso...
    ‒ Por que?
    ‒ Eu protegi a veste para que ela só seja usada em fins honestos, mas se você quiser tentar...
‒ Ok. ‒ Harry subiu bastante com a vassoura e pediu que alguém rebatesse um balaço em cima dele. O balaço veio na toda. Harry pensou que ele fosse ricochetear na veste mas simplesmente a bolinha o derrubou da vassoura. É verdade que foi como ser atingido por uma bolota de espuma, não sentiu dor, mas simples e inexoravelmente Harry começou a cair. Todos os garotos no campo de quadribol gritaram quando Harry despencou da vassoura. Sheeba ergueu a varinha e disse, numa calma impressionante:
     ‒ Accio! ‒ Nada aconteceu com Harry, que continuou caindo, mas a Firebolt, que já ia sumindo na distância retornou vindo na direção dela. Harry achou que ia se arrebentar, porém, um segundo antes de chegar ao chão, balançou no ar como se estivesse preso por um elástico de bungee jump. Balançou no ar mais alguns segundos e caiu no chão com um “pof!”. Todos vieram correndo, menos Sheeba, que veio andando tranquilamente, com a vassoura na mão direita. Harry já estava de pé quando ela lhe entregou a vassoura e perguntou:
    ‒ Machucou?
    ‒ Não... mas o balaço não deixou de me derrubar.
    ‒ Isso é para mostrar a você que esta veste funciona perfeitamente para te deixar inteiro, porém nunca vai te ajudar a ganhar uma partida de quadribol. Para isso você já tem as suas habilidades...
    Harry revirou os olhos, descontente ao ver três figuras se aproximando do campo. Como sempre, Draco Malfoy e seus capangas vinham rindo, prontos para tirar proveito do que, infelizmente, haviam acabado de presenciar:
    ‒ Vejo que você acabou de passar uma vergonha na frente de sua madrinha... ‒ Draco começou na sua habitual voz arrastada.
    ‒ Não necessariamente ‒ Disse Sheeba com um grande sorriso ‒ Eu estava ensinando Harry como se cai da vassoura sem se machucar e parece que ele aprendeu perfeitamente... Se você quiser tentar também... ‒ Draco deu um passo atrás, a sua já notória covardia aparecendo no rosto. Sheeba pôs seus grandes olhos em Malfoy, depois olhou para Crabbe, se aproximando e tocando-lhe a ponta do nariz... ele era bem mais alto que ela.
    ‒ Este armário é um Crabbe! Herdou o físico de mamute e o cérebro de minhoca de sua família... devo dizer a você que seu destino é trabalhar consertando vassouras velhas? ‒ Virou-se então para o não menos alto Goyle, que ria de Crabbe ‒ de que você está rindo, Goyle? Disse, encostando os dedos no peito largo do rapaz...meu gorilinha, você é o mesmo tipo de quase aberração que foi seu pai... tadinho de você... acho que trabalhar limpando latrinas realmente é um destino bem chato...
    Draco olhava Sheeba com desprezo, quando ela sorriu-lhe e se aproximou. Ao contrário de Crabbe e Goyle, Malfoy era quase de sua altura e ela se aproximou dele tanto que quase roçou seu nariz no dele. Piscou-lhe um olho, o que o fez dar um salto para trás... então, passou a ponta dos dedos da testa ao queixo de Malfoy, passando pelos lábios, o que o perturbou visivelmente. Ela começou:
    ‒ Draco Malfoy, filho de Lúcio e Narcissa... eles continuam pedantes, insuportáveis, esnobes e medíocres como quando eu os conheci na escola...Hum, vejo que seu pai ainda não resolveu o problema de família que torna todos os homens impotentes aos trinta anos... mas acho que você não vai viver o suficiente para se preocupar com isso, portanto, não esquente, certo? Mas se eu fosse você ‒ e quase sussurou isto ‒ eu procuraria não chegar muito perto do salgueiro lutador... pelo menos não enquanto você é assim, virgem...
    ‒ Que espécie de maluca é essa sua madrinha, Potter? ‒ Draco estava vermelho feito um camarão na brasa, todos os garotos em volta, incluindo Crabbe e Goyle, estavam dobrando-se de tanto rir.
    ‒ Ela é uma vidente ‒ disse Harry, quando conseguiu tomar fôlego ‒ tem o Toque de Prometeu.
    ‒ Não acredito nessas coisas...
    ‒ Se eu fosse você, eu acreditava ‒ Rony completou ‒ ela é das boas,  nunca errou uma previsão. ‒ Mas rápido que um balaço, Draco e seus gorilas sumiram do campo. Rony estava caído no chão, chorando de rir. Sheeba disse a Harry:
    ‒ Você me deve essa... Agora eu vou encontrar Hermione na biblioteca, te vejo antes de ir embora.
    ‒ Hermione deve estar na aula de artimancia ‒ respondeu Harry
    ‒ Não, não está, a aula acabou mais cedo ‒ gritou Sheeba de longe, já quase entrando no castelo.
    ‒ Falando sério ‒ disse Rony enxugando lágrimas de riso ‒ não ia ser divertido ver o Malfoy broxa aos trinta anos? Pena que deve ser brincadeira
    ‒ Não sei não, respondeu Harry. Notou que ela está sem luvas?

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