SIRIUS DESAPARATA



Horas depois, Sirius acordou. Sheeba estava de pé, completamente vestida , sorrindo para ele. A paisagem conjurada mostrava o sol nascendo atrás do mar.
    ‒ Bom dia, dorminhoco. Já é quase hora de você desaparatar!
    Sirius piscou várias vezes para acostumar seus olhos na claridade.
    ‒ Que horas são?
    ‒ Seis e meia.
    ‒ Eu só preciso desaparatar às oito, disse Sirius e enfiou a cabeça no travesseiro.
    ‒ Deixe de ser preguiçoso ‒ Sheeba riu enquanto o puxava da cama, começaram uma pequena guerrinha onde Sirius tentava manter seu corpo na cama e ela tentava levantá-lo. Como era muito mais forte, Sirius derrubou-a na cama às gargalhadas.  
    ‒ Falando serio, Sheeba, porque você está me tirando da cama a essa hora?
    ‒ Eu queria te mostrar umas coisas.
    ‒ Mostre então, oras.
    ‒ Accio! ‒ Sheeba apontou sua varinha para dois álbuns que estavam sobre a mesa de cabeceira e eles vieram voando para sua mão. Ela abriu um deles e Sirius olhou estranhando:
    ‒ Essas fotos estão com problemas! Está todo mundo parado nelas!
    ‒ Sirius, estas são fotos de trouxas. Meus amigos da época da polícia.
    ‒ Eles me parecem bem trouxas...
    ‒ Mas são trouxas corajosos, a maioria deles é ótima.
    ‒ Tá bom, elogio aos trouxas por Sheeba Amapoulos. Porque você está me mostrando isso?
    ‒ Sirius, você vai andar no meio de trouxas o tempo todo nos próximos dias, eu queria que você aprendesse algumas coisas para não dar mancada.
     ‒ Ei! eu não dou mancada, tá? Eu conheço o suficiente sobre a vida dos trouxas, não sou nenhum retardado.
    ‒ Bem ‒ começou Sheeba ignorando a indignação de Sirius ‒ Eu quero que você olhe isso: é uma arma de fogo, uma pistola. Do seu cano saem balas...
    ‒ Sheeba, eu sei o que é uma pistola. Esqueceu que eu fugi e me escondi entre eles durante algum tempo?
    ‒ Mas você ainda é procurado, e não quero que corra riscos. Sabe o que é isso?
    ‒ Claro que sei! Isso é um controle remoto! Serve para acionar aparelhos à distância ‒ Sirius pareceu triunfante.
    ‒ Errou. Isso é um telefone celular. ‒ Sirius pareceu contrariado, seus olhos continuaram procurando coisas familiares na fotografia:
    ‒ Isso eu sei o que é! É uma máquina de café expresso!
    ‒ Errou de novo, Sirius. Isso é um triturador de papel... E isso aqui é o que eu preciso te mostrar ‒ disse e apontou um dos sprinklers do teto.    
    ‒ Eu já vi isso em prédios de trouxas. Ficam no teto, certo? Para que servem?
    ‒ São sprinklers. É um sistema dos trouxas para combater incêndios. Quando uma sala pega fogo, eles automaticamente começam a jorrar água.
    ‒ Que coisa complicada!
    ‒ Estou te explicando porque ao te tocar ontem vi que você ia precisar saber tudo sobre sprinklers e armas de fogo, mas não sei te dizer porquê.
    ‒ Mais alguma coisa?
    ‒ Sim. Não deixe Lupin entrar num lugar cuja porta é verde.
    ‒ Porquê?
    ‒ Se ele entrar lá, não sai com vida.
    ‒ E eu?
    ‒ Você pode entrar lá. Nada que está na sala te ameaça.
    ‒ E o que mais você tem para me mostrar?
    ‒ Bem Sirius, eu preciso te contar algumas coisas...Não seria honesto escondê-las de você.
    ‒ Não me diga que enquanto eu estive em Azkaban você teve outro...
    ‒ Não é isso! É outra coisa que sei que você não vai gostar, mas peço que pelo menos entenda. ‒ Ato contínuo, Sheeba abriu o segundo álbum, que continha fotos de bruxos e bruxas. Parou numa página onde havia quatro fotos, numa dela, Sirius aparecia ao seu lado sorrindo, mas de vez em quando fechava a cara e desaparecia, indo aparecer na foto ao lado, onde socava alguém um pouco, antes de retornar à sua posição ao lado de Sheeba em sua foto. Na foto que Sirius “visitava”, entre Sheeba e Dumbledore aparecia, amassado, machucado e com o olho esquerdo roxo, Severo Snape. Sirius explodiu:
    ‒ O que ELE está fazendo aí???
    ‒ É isso que eu estou pedindo para você entender. Eu e Severo nos tornamos amigos.
    ‒ Severo??? Sheeba,você ficou LOUCA, por acaso? Chamando esse, esse sujeito pelo nome. Sabia que ele tentou me entregar aos dementadores? Você tem idéia de quanto eu e Snape nos ODIAMOS? TEM IDÉIA?
    ‒ Sirius, na verdade ele não é mau...
    ‒ Não, ele não é mau, só foi um dos palhacinhos de Voldemort, só tentou matar Dumbledore para seu mestre, mas no fundo ele é bonzinho, nunca fez nada de mau.
    ‒ Você também não é mau e já tentou matá-lo.
    ‒ Você não está defendendo esta cobra, está?
    ‒ ELE SALVOU MINHA VIDA, SIRIUS!
    ‒ ...Como?    
    ‒ Severo Snape salvou minha vida. É isso que eu estou tentando te dizer.
    ‒ A troco de que ele salvou sua vida? E quando foi isso?
    ‒ Você lembra-se de Atalanta Myers?
    ‒ A Comensal da morte?
    ‒ Ela mesma.  Quase todos os Comensais da morte tinham sido presos ou mortos pelos Aurors. Eu já estava trabalhando na polícia dos trouxas, em Londres quando a vi. Segui seu rastro. Ela morava em uma Rua em Notting Hill, estava disfarçada como trouxa.  Contactei Dumbledore pedindo que mandasse um auror a Londres com urgência, não queria perdê-la. Ele mandou Snape, mas antes que ele chegasse, Myers me encurralou. Você sabe que não posso prever meu futuro, e não tinha idéia que ela estava exatamente atrás de mim.
    ‒ E então?
    ‒ Atalanta me torturou com uma praga, o Cruciatus, tinha nas mãos uma veste que pertencera a Voldemort, queria me obrigar a tocá-la e revelar o paradeiro dele. Ela queria revivê-lo. Nesse momento, Snape apareceu. Atalanta não tinha idéia de que ele havia mudado de lado.  Ele a distraiu tempo suficiente para que Olho Tonto Moody saísse das sombras, a desarmasse e prendesse. Mas a essa altura eu já estava quase morta.
    ‒ E como Snape te salvou? Ele aplicou alguma poção?
    ‒ Não. Ele me deu o beijo da vida.
    ‒ O QUE? AQUELE IMUNDO BEIJOU A SUA BOCA?
    ‒ VOCÊ PREFERIA QUE ELE ME DEIXASSE MORRER, SIRIUS?
    ‒ ... Não ‒ Sirius pareceu cair em si por um minuto e ficou bastante embaraçado e aborrecido ‒ Não havia outro jeito?
    ‒ Se houvesse você acha que ele abdicaria de um ano de vida por minha causa?
    ‒ Eu acho que ele, para te beijar faria qualquer coisa.
    ‒ Não seja infantil. É fácil você dizer isso agora, comigo aqui, inteira e viva na sua frente, mas imagine-me quase morta, você acha que Snape se aproveitaria disso? Se não fosse ele, eu morreria antes de entrar no Hospital St Mungos. Entende agora porque ficamos amigos? Não se pode dever sua vida a alguém e simplesmente virar-lhe as costas.
    ‒ Você sabe como Snape trata Harry?
    ‒ Você sabe que ele salvou a vida de Harry?
    ‒ Isso não era mais do que uma obrigação para ele, afinal, Tiago salvou-lhe a vida uma vez também.
    ‒ Sirius, ele me prometeu parar de perseguir Harry.
    ‒ Pelo jeito ele não é muito bom em cumprir promessas, advinha qual é a pior nota do nosso afilhado...
    ‒ Tudo bem, eu falo com Seve...com Snape de novo. Acho que ele e Harry vão acabar se entendendo. E ele e você também.
    ‒ Sim claro, no dia em que o inferno congelar. ‒ Sirius levantou-se, procurando suas roupas ‒ Onde estão minhas roupas de trouxa?
    ‒ Ali, no armário. Eu as limpei, estavam imundas...
    ‒ Eu vou tomar um banho. Estou fedendo como um cachorro e preciso esfriar a cabeça.
    Sirius desapareceu por uns minutos e Sheeba ficou sentada na cama, exaurida pela discussão que haviam tido. Já vira Sirius tomar banho várias vezes, depois sair sacudindo-se como um cão molhado, porém, era a primeira vez que ouvia Sirius entrar no banho e não cantar mal como geralmente fazia. Pensou porque afinal de contas fora amar um sujeito tão temperamental...
Logo depois, ele apareceu enrolado em uma toalha e foi vestindo suas roupas, agora limpas, mas ainda com a aparência de roupas de punk. Sheeba deu-lhe então sua veste protetora, igual a de Harry que ele vestiu sem dizer uma palavra, sobre suas roupas. Ao assentar-lhe no corpo, a túnica desapareceu.
    ‒ Até a volta. ‒ disse contrariado.
    ‒ Não vai me dar um beijo de despedida?
    ‒ Adeus. ‒ disse e desaparatou.
    Sheeba levantou-se irritada. Era melhor ir para seu trabalho, havia muita coisa a fazer.

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