Único

_ Vamos Lily acorde. – Ouvi Lene me chamando enquanto me chacoalhava.

_ O que foi... Que horas são? – Perguntei sonolenta.

_ Faltam dez minutos para a aula de Feitiços, a Dorcas já foi, falei para ela que eu ficaria para te acordar.

“Droga, maldito Potter”, foi tudo o que eu consegui pensar por conta do sono, o “por que”? Vou explicar para vocês enquanto me arrumo para a aula, eu realmente não pretendo chegar atrasada à aula de feitiços, afinal não é sempre que se aprende o feitiço do Patrono.

Bem, já faz quase uma semana que as insinuações das minhas melhores amigas Marlene Mckinnon e Dorcas Meadowes de que eu tenho uma “queda” (De acordo com Lene um precipício) por James Potter, que em minha opinião é o garoto mais ridículo e galinha de toda a face da terra, vêem ecoando em minha mente e não me permitem dormir, não antes das cinco da manhã.

O problema é que de uns tempos para cá, o Potter se tornou uma pessoa um tanto sociável, apesar de que isto não muda minha opinião de que ele é incrivelmente galinha, perdendo apenas para o seu melhor amigo e também maroto Sirius Black.

Foi por conta desta pequena, minúscula, quase imperceptível mudança, que percebi que talvez um pouco deste ódio que eu tinha, quer dizer que eu tenho, sem dúvidas tenho por ele, pode ser, parcialmente, quase sem nenhuma chance uma paixão reprimida. É claro que eu acho, na realidade eu tenho plena consciência e certeza de que isto não passa de um conjunto pensamentos alheios e que não fazem jus a realidade.

É isso, a partir dessa pequena análise do contexto, e de conclusões tiradas pela minha pessoa, que eu digo que definitivamente não estou apaixonada por James Potter, não gosto dele, nem mesmo tenho uma queda e/ou precipício por este. Tudo que eu sinto é simplesmente e somente um possível, quase impossível, carinho por tal, que futuramente, quem sabe com muito esforço, possa se tornar uma convivência estável e sem azarações entre nós.

_ Lily, cinco minutos para a aula. Vai ficar ai olhando pro nada com cara de boba ou vamos para a aula?

_ Ah... Vamos... Sim vamos. – falei pegando meus livros e me dirigindo a saída do Salão Comunal, que já estava completamente vazio.

Eu estava totalmente desligada, tão fora de mim que acabei trombando com alguém no caminho e derrubei meus livros.

_ Ah... Obrigada – Disse pegando meus livros da mão do garoto que... Droga o que o Potter está fazendo no corredor?!

_ Não precisa agradecer Lírio, só precisa sair comigo o que acha? – Ele perguntou dando um de seus sorrisos perfeitos.

_ Primeiro Potter eu jamais sairia com você, e outra é Evans, E-V-A-N-S. Me deixe passar, já estou atrasada.

_ Não se preocupe Lil’s o professor ainda não chegou, posso te acompanhar até a aula?

_ Com licença a Lene já esta me fazendo companhia, passar bem Potter. – Disse enquanto continuava a caminhar imponente até a sala de aula acompanhada por Marlene que é simplesmente incapaz de abrir a boca para me ajudar quando eu preciso.

Entrei na sala, o professor estava mesmo atrasado, me sentei na minha mesa de sempre, a mais próxima do professor, e infelizmente, próxima a de adivinha quem? Dou dez galeões para quem acertar. Isso mesmo! Meus Parabéns para quem disse James Potter.

Logo o vi sentando e tentei evitar contato visual, ele era um idiota, já fazia muito tempo que me pedia para ir a Hogsmead, mas quantas vezes ele teria que ouvir um não para entender que eu jamais sairia com alguém do tipo dele?

_ Bom Dia Lily. – disse Remo se sentando ao meu lado.

Remo é o único maroto (Grupo formado por ele, Potter, Black e Pettigrew), de quem eu gosto, ele é monitor assim como eu, estudioso e é o único com o qual consigo ter uma conversa civilizada.

_ Olá Remo. – respondi cordialmente.

Mas nem pudemos conversar muito, logo o professor de feitiços entrou na sala e começou a falar.

_ Bom dia, hoje vamos aprender o feitiço do Patrono alguém pode me dizer o que este faz?

Rapidamente levantei a mão, não que eu seja uma sabe-tudo-irritante, só faço o meu melhor para ganhar pontos para a Grifinória, que frequentemente os perde por conta de alguma peça pregada pelos marotos, ou algum duelo travado entre Lene e Black.

_ Sim senhorita Evans.

_ O Patrono é um feitiço, que quando conjurado corretamente, cria um guardião composto de energia positiva que pode ser um pequeno feixe de luz ou então, em alguns casos, encarna a forma de um animal prateado que tem aspecto único para cada bruxo que o conjura. Ele é feito de energia positiva, e para conjurá-lo é preciso se concentrar em uma lembrança muito feliz.

_ Muito bem, dez pontos para a Grifinória. Bem os patronos servem para... Senhor Potter.

O que o Potter esta pensando, ele vai falar alguma besteira, vai perder os pontos que acabei de ganhar.

_ O patrono é o único feitiço conhecido, capaz de repelir Dementadores e Mortalhas-vivas, ele também é utilizado para mandar mensagens, como o patrono tem uma forma única para cada pessoa este também assume a voz da mesma, o que torna quase impossível que a mensagem seja falsa.

O mundo está acabando, o Potter andou estudando? E nossa, o cabelo dele está tão bonito hoje. Foco Lily, pare com isso.

_ Exato senhor Potter, mais dez pontos para a Grifinória. Agora algum dos senhores pode me dizer se um patrono é capaz de mudar de forma?

Dessa vez quem levantou a mão foi Remo.

_ O patrono, diferente do que alguns pensam, é capaz de mudar de forma, por estar muito ligado com o amor, é comum que sua forma mude quando a pessoa se apaixona tendo então alguma “ligação” se assim pode-se dizer, com a forma do patrono da outra pessoa.

_ Muito bom, dez pontos para a Grifinória, parece que estão recuperando os cem pontos perdidos pela senhorita Mckinnon e o senhor Black durante a incrível demonstração de batalha na Estufa. – O professor concluiu e pode-se ouvir algumas risadas vindas dos alunos da Corvinal.

_ Bem a fórmula utilizada para conjurar um patrono é Expecto Patronum, lembrem-se dificilmente o Patrono de vocês assumirá a forma corpórea, para chegar a este nível é necessário muito treinamento, então provavelmente apenas feixes de luz poderão ser vistos, se lembrem que é necessário concentrar-se muito bem em uma memória feliz para que algo seja produzido, vamos lá todos vocês.

James olhou para mim e me mandou mais um daqueles seus incríveis e indiscutivelmente lindos sorrisos, então se virou para frente, empunhou a varinha e disse:

_ Expecto Patronum!

No inicio eram apenas rastros de luz, mas então aquilo tomou forma, e se via pairando pela sala um belíssimo cervo prata.

_ Incrível senhor Potter, realmente incrível, mais dez pontos para a Grifinória, nunca vi algo assim.

Ele não iria se sair melhor do que eu. James Potter não iria ser melhor do que Lily Evans.

Empunhei minha varinha e comecei a pensar no dia em que descobri que era uma bruxa.

_ Expecto Patronum! - Apenas rastros de luz, nada mais.

O dia em que eu fui selecionada para a Grifinória e conheci Lene e Dorcas, definitivamente foi um dia incrível, não tinha como dar errado.

_ Expecto Patronum! – A luz havia se tornado mais forte, porém eu ainda não havia atingido meu objetivo.

Foi então que uma lembrança veio na minha cabeça, uma não, várias lembranças. O dia em que trombei com James no Expresso de Hogwarts, a hora da seleção em que ele falou comigo pela primeira vez, sua primeira tentativa de me chamar para sair. Virei-me e percebi que James me encarava e, droga eu estava chorando?! Por que exatamente eu estava chorando?!

Uma ultima imagem veio a minha cabeça, o dia em que o garoto que eu sempre odiei James Potter, roubou um beijo meu. E eu não pude controlar, com o braço já estendido, as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse impedi-las.

_ EXPECTO... EXPECTO PATRONUM! – E uma corsa prateada saiu de minha varinha.

Pude ver um sorriso vitorioso aparecendo no rosto de James, ele havia percebido, assim como eu.

Bem agora não havia o que mudar, eu estava loucamente apaixonada pelo idiota mais perfeito do mundo, James Potter, e pela primeira vez queria não ter tentado ser melhor do que ele.

E o que era um “Eu nunca sairei com você” parecia cada vez mais próximo de se tornar um “Até que a Morte nos Separe”.

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