Janeiro



Alguns recadinhos antes do capítulo! Muito obrigada a Sah Espósito, Cammy Dionysio e Thomas Cale por comentarem! Me desculpem a demora para postar o capítulo novo, estava enrolada com coisas da faculdade e festas de fim de ano e tudo mais... Espero que gostem desse capítulo! Beijos!!

Janeiro


Parte I – Lily Evans


                Primeiro dia de 1975. Acordo sentindo a cabeça girar insanamente, mas mesmo assim, estava muito confortável em minha cama quentinha e nova, no novo apartamento e com...


                “Merlin do céu! Que foi que eu fiz?”. Sim. O primeiro pensamento lúcido do ano tinha que ser esse. Típico.


                Ao meu lado e com o braço enlaçando minha cintura, estava ninguém menos que James Potter, dormindo tranquilamente. E então eu notei que não estava no meu quarto, e sim no dele. Com uma sensação muito real de pânico, eu me levantei da cama e rumei diretamente para o meu quarto, onde comecei a fazer as malas. Não passaria mais nenhum instante ali. Onde é que eu estava com a cabeça???


                Já estava há alguns instantes na tarefa de juntar minhas coisas quando James aparece no batente da porta, usando apenas calças de moletom – o que acabou me distraindo de minha ocupação, já que... Bem, James Potter não era o rapaz mais bonito de Hogwarts à toa, afinal.


                -Lily, o que você está fazendo? Está muito cedo... E frio! – ele disse sorrindo levemente.


                -Não está um pouco óbvio o que eu estou fazendo? – eu respondi, um tanto rispidamente, admito.


                -Mas...


                -Vá embora, James, por favor.


                Eu lhe lancei um olhar mal-humorado, mas ao invés de ir embora, James apenas ficou encostado no batente da porta, me observando de uma forma bastante estranha. Será que ele...? Não... Aquilo tudo terminou seis anos atrás... Ou... não?


                -Por que ainda está aí? – eu perguntei, ainda no mesmo tom.


                Eu mal conseguia acreditar no que tinha feito... Eu nunca fui do tipo que age por impulso, e de repente, larguei o emprego, mudei de casa e... dormi com o meu colega de apartamento e ex-namorado! Tudo bem, James talvez seja um pouco mais que isso, mas mesmo assim... Nesse momento, tudo o que eu mais queria era sair correndo do 212 e nunca mais voltar.


                -Eu... – James começou ainda surpreso com a minha reação – Bom, porque essa é minha casa, Evans, e eu fico onde quiser!


                Então era assim? Eu me controlando para não começar a berrar com aquele... aquele...! E ele simplesmente sai com essa? Se restava alguma dúvida de que James havia mudado, eu acabara de descobrir que ele continuava exatamente o mesmo. Caminhei até a porta e a bati com toda força, deixando-o para fora do quarto.


                -Lily, seja razoável! Não pode simplesmente fingir que nada aconteceu! Por favor, abra a porta, vamos conversar!


                -Eu posso muito bem fazer de conta que nada aconteceu! Não era o que você fazia com todas aquelas garotas em Hogwarts?


                Isso era um fato – James sempre tratara as garotas em Hogwarts como se elas fossem descartáveis, aliás, essa era uma das marcas registradas dos marotos (exceto por Remus, que era um perfeito cavalheiro, e Peter que... Era solteiro por opção das garotas mesmo).


                -Era diferente! E não mude de assunto!


                -Mudar de assunto? Não são assuntos diferentes, você continua o mesmo aproveitador de sempre!


                A essa altura, já estávamos gritando um com o outro. Como nos velhos tempos.


                -Aproveitador? Eu? Se bem me lembro, foi você quem começou a me beijar totalmente do nada!


                -Totalmente do nada?? Eu?


                Segundo momento de choque. Lembrei-me de outros acontecimentos da noite anterior.


            “Os dois haviam passado o dia todo juntos pela primeira vez em oito anos, e não havia sido estranho ou embaraçoso como ela pensava que seria – ao contrário, eles tinham até se divertido montando os espaços comuns da casa e mesmo depois, dançando e conversando na festa de Sirius.


                Quando a contagem regressiva para o novo ano começou, eles estavam dançando, e James a estava segurando pela cintura. Ela o encarou no fundo dos olhos naquele momento, e ele fez o mesmo. E de repente, aquilo tudo fazia tanto sentido... Eles se inclinaram um para o outro...


                -Feliz ano novo, Sr. Pontas. – ela disse roucamente antes de o beijar.”


                Merda. Eu realmente preciso mudar de casa. Rápido. Será que se eu sair pela janela...


                -Isso não importa! – eu gritei. – Você poderia ter me parado a qualquer instante!


                -Claro, exceto pelo fato de que eu estava tão bêbado quanto você e...


                -Será que vocês podem parar com a gritaria? – uma terceira voz se sobrepôs a nossa, surpreendendo-nos.


                Eu conhecia aquela voz... Era do Sirius! O que é que ele...


                -Black, o que é que você está fazendo aqui? – eu gritei, assustada com o pensamento de que agora Black também sabia o que eu tinha feito.


                -Fui despejado de casa ontem. Longa história... – Sirius disse como se estivesse comentando o café da manhã.


                -Você o quê?! Sirius, não acha que isso já está indo longe demais? Você... – James também gritou com ele.


                -Pontas, acho que você estava discutindo com a ruivinha e não comigo...


                -Não me chame de Ruivinha, Black!


                -Por que não? Só o Pontas tem permissão para isso? – Sirius respondeu divertido.


                No auge da minha irritação, eu arremessei um vidro de perfume para dentro da mala, mas errei o alvo e ele se partiu no chão.


                -Droga, meu perfume!


                -Obrigado pela ajuda, Almofadinhas. – eu pude ouvir James dizer ironicamente.


                Eu encarei os cacos de vidro no tapete. O cheiro do perfume começou a se espalhar pelo quarto, e eu me dei conta de que aquela discussão não levaria a nada. Minha cabeça ainda doía por causa da noite anterior e eu estava morta de fome. Respirei fundo e abri a porta.


                -Chega. – eu disse. – Vamos tomar café da manhã.


                James e Sirius se entreolharam confusos e me seguiram para a cozinha.


                -Lily... – Sirius começou em um tom zombeteiro. – Você não está tentando nos envenenar para ninguém saber que você e o Pontas andaram se divertindo juntos noite passada, não?


                Eu lancei a Sirius um de meus olhares de fúria (que foi um tanto difícil de manter, já que Sirius tinha maquiagem borrada em todo o seu rosto e seus cabelos estavam totalmente desgrenhados, causando uma vontade quase irresistível de rir da cara dele), enquanto James simplesmente reprimiu o riso.


                -Vai nos contar o que aconteceu? – James perguntou a ele, tentando mudar de assunto.


                -Ah... – Sirius começou dando de ombros. – A festa meio que... Saiu do controle.


                -Mas que novidade... – James rolou os olhos e eu sorri. Ele sempre fazia aquilo de um jeito meio diferente, era engraçado. – O quanto ela saiu do controle dessa vez?


                -Digamos que... Nós começamos uma partida de quadribol no corredor do sexto andar... E que um balaço atingiu uma parede e... Quando vimos o Jude estava dentro da sala de jantar dos Wilson.


                -Como assim?! – eu exclamei, James ria abertamente agora.


                -E tem mais uma coisa... – Sirius disse, subitamente muito interessado no copo de suco de laranja que eu lhe estendera. – Eles meio que acharam... Substâncias ilícitas trouxas no meu apartamento. – ele apressou-se em dizer.


                -Pelo amor de Merlin, Sirius! Nós somos aurores, você poderia pelo menos ter escondido melhor...


                -Mas não era nada meu!! Foi tudo culpa da Skeeter!


                James e eu rimos. Aquela era a primeira vez que víamos Sirius negando alguma peripécia...


                -E... – Sirius continuou ignorando nossos risos. – Recebi uma intimação do ministério. Tenho que estar lá amanhã às nove da manhã.


                Ele e o amigo trocaram olhares preocupados. Aquela seria a terceira intimação de Sirius ao Ministério em menos de seis meses... Mas antes que qualquer um de nós pudesse dizer alguma coisa, a campainha tocou. James atendeu, e uma senhora de mais ou menos uns setenta anos estava parada na soleira de nossa porta, usando um vestido rosa berrante e sapatos verdes.


                -Bom dia, senhora! – James a cumprimentou com simpatia. – Em que podemos ajudar?


                -Ah... Olá. – a senhora deu uma olhada nada discreta no peitoral nu de James e hesitou um pouco antes de continuar. – Eu... Eu sou a Sra. McDowell, a síndica do prédio... E... – ela deu uma espiada para dentro do apartamento. – Queria saber se por acaso Sirius Black está aqui.


                -Ah... Bem... Do que se trata? – o sorriso de James esmaeceu completamente.


                -Bom, tem alguns jornalistas e umas outras pessoas lá em baixo esperando ele descer para falar com eles. E só para constar, é melhor não sair destruindo paredes nesse prédio também, Sr. Black. – ela disse secamente antes de virar as costas a James e ir embora.


                -Era só o que me faltava! – Sirius exclamou, desistindo de tentar tomar seu café da manhã.


 


Parte 2 – James Potter


                Eu estava observando Lily fazer o café da manhã, ainda tentando não parecer muito irritada.


                -Hum... Vai me dizer o que aconteceu? – perguntei afinal.


                -O que quer dizer? – ela sequer olhou para mim.


                -Bom, é só que... Você não é o tipo de pessoa que larga tudo e muda de curandeira para estilista... Não leve a mal...


                Ela me encarou um instante, pensando no que falar, eu acho.


                -A história toda é bem comum... Eu era noiva e pensava que ia tudo muito bem, e quando vi estava sendo trocada por outra.


                Lily deu de ombros, forçando um sorriso sem graça que não era capaz de disfarçar a mágoa em seus olhos. E de repente eu senti uma raiva imensa de Fabian Prewett.


                -Aliás, queria lhe dizer que não vou incomoda-lo por muito tempo... Só até achar um lugar... E desculpe pela gritaria agora pouco...


                -Ah, não se preocupe... Já estava achando estranho passarmos mais de 24 horas juntos sem brigar. Mas não precisa se mudar. Se você não quiser, nunca mais falamos sobre o que aconteceu ontem.


                -Obrigada. – ela respondeu, sorrindo de verdade dessa vez.


                Afinal de contas, me parecia que ela realmente não tinha mais outro lugar para ir... E a perspectiva de morar com Lily e Sirius outra vez tinha grande potencial de se tornar uma experiência no mínimo... Interessante.


                -Hum... Você pode me dizer o que deu no Sirius? Ultimamente parece que ele está...


                -Fora de controle?


                Isso era um eufemismo da minha parte. Sirius parecia um louco em fuga da ala psiquiátrica do St. Mungus. Desde outubro ele mal aparecia no Ministério, bebia todos os dias desde as onze da manhã, compunha músicas e escrevia cartas compulsivamente. Tudo por causa de uma crise no casamento. Sim, Sirius fora o primeiro dos marotos a se casar – não me admira, já que sendo o cachorro que é, logo iria dar um jeito de arrumar uma dona...


                -Bem... é. – Lily deu de ombros, observando se Sirius poderia ouvir a conversa.


                -Sophie o deixou há seis meses. Parece que o pegou beijando uma fã depois de um show...


                -Ele o quê?! Como ele pode? Eu sempre achei que ele e Sophie...


                A indignação era compreensível, considerando que Sirius e Sophie eram praticamente inseparáveis desde que se conheceram em Hogwarts.


                -Por favor, não comente nada com ele... Está arrasado. Parece que foi um mal entendido, a moça o pegou desprevenido, o que quer dizer muito bêbado para se defender de fãs histéricas... Mas Sophie ficou furiosa, porque ele tinha prometido que não beberia tanto... Enfim, ela não fala com ele desde então.


                -Nossa...


                Se até mesmo Sirius e Sophie Black estavam brigados, aquele realmente não parecia um ano muito promissor para casais.


 


Parte 3 – Sirius Black.


                Ah... Mais um ano começando... As inúmeras possibilidades... E eu preso no Ministério, recebendo minha demissão e sentença de serviços comunitários na creche do ministério para me redimir dos estragos no prédio em que morava.  


                Toda a sequência de eventos que me trouxe a este momento começou em meu último ano de Hogwarts, quando alguns intercambistas franceses chegaram à escola para passar um ano estudando na Inglaterra. Como era de se esperar, havia uma garota em especial nesse grupo... Ela se chamava Sophie Desplat, e era filha de um dos meus ídolos musicais (Robert Desplat escrevia trilhas sonoras para filmes trouxas, que fiquei conhecendo por causa de uma ex-namorada). Sophie era diferente de todas as garotas que já tinha conhecido – tinha um senso de humor sarcástico, mas divertido, escrevia músicas excelentes, não era fresca igual às meninas com quem eu saia na época e já tinha ido para vários países diferentes, seguindo o pai em suas viagens. Logicamente, nos apaixonamos perdidamente. E nos casamos.


                E tudo ia muito bem até Voldemort começar a ameaçar o mundo bruxo – então voltamos para Londres, e passamos pelos três anos sombrios de guerra juntos, e o mais importante, praticamente ilesos. Eu trabalhava como auror, ela era enfermeira voluntária e nós dois ajudávamos na Ordem da Fênix, um grupo anti-Voldemort organizado por Albus Dumbledore.


                Quando a guerra acabou, voltamos a nos dedicar àquilo que realmente amávamos: a música. Sophie formara uma dupla de folk com um brasileiro chamado Rodrigo (sujeito metido a galã e poeta, não sei como a minha Soph foi aceita-lo em sua banda) e escrevia músicas para filmes trouxas independentes. E eu... Comecei a fazer sucesso com a minha própria banda. Imersos que estávamos em nossos projetos, mal reparamos na distância que começava a se formar entre nós...


                Um belo dia, ela foi a um dos meus shows, e me procurou nos bastidores. Eu, idiota que sou, estava bêbado como um marujo (adoro essas expressões que a Sophie inventa), e como nossa banda já tem um número considerável de fãs e é composta em grande parte por caras solteiros, nosso camarim contava com a presença de algumas garotas aquela noite. Tudo que eu me lembro dessa noite, na seguinte ordem, é: eu entro no camarim, uma doida começa a me beijar como se não houvesse amanhã, Sophie entra no camarim, alguém me dá um tapa, Sophie grita comigo e dizemos coisas horríveis. Ela foi para casa e eu para o bar. Quando voltei para casa na manhã seguinte, ela não estava mais lá.


                Desde então tento falar com ela, sem resposta. Já procurei seus pais em Paris, já fui à casa de todos os amigos em comum que temos (inclusive a do Rodrigo), mas todos se recusam a me dizer onde ela está, e minhas cartas a ela simplesmente retornam sem sequer serem abertas. Dada a situação, sim, eu me rendi à bebedeira. E o plano continuará o mesmo até uma alteração dos eventos.


                Entretanto, uma pequena luz no fim do túnel pode ser vista – Sophie foi me ver na festa de fim de ano, e bem... Uma coisa leva a outra. Se é que me entedem.


                -Sr. Black, estamos de acordo? – Dumbledore (que além de diretor de Hogwarts também era executor de leis da Magia) me perguntou com um sorriso quase imperceptível.


                -Sim, estamos de acordo, senhor. Quando eu começo?


                -Segunda-feira que vem, às oito da manhã. E não se atrase, Sr. Black. – Amélia Bones me disse olhando por cima dos óculos.


                Ótimo... Agora eu me pergunto, por que eles acham que um quase alcoólatra como eu deveria trabalhar cercado por crianças?


               


Quando a segunda-feira chegou, quase perdi a hora, não fosse Pontas ter atirado um sapato em mim para me acordar. Amigos são para essas coisas, afinal...


                Respirei fundo e me preparei psicologicamente para a tarefa: passar seis meses fazendo trabalho comunitário em uma creche, o que envolveria fazer consertos, ajudar crianças em trabalhos manuais, fazer o que quer que as professoras me mandassem... Por Merlin, eu não fazia isso nem quando eu era um aluno!


                A escola ficava no centro de Londres, a alguns minutos a pé da sede do ministério. Para um trouxa que passasse pelos arredores, seria apenas uma casa comum, com estilo antigo, sem nada que a distinguisse das demais.


                Bati duas vezes, como tinha sido instruído na audiência.


                -Ah! Sirius, que bom que chegou! – uma mulher de volumosos cabelos ruivos me atendeu, eu já a tinha visto antes em algum lugar... – Eu sou Molly Weasley, vou ser a sua orientadora nos trabalhos aqui na escola. Pode me chamar de Molly apenas.


                Ah! Ela era a mulher de Arthur Weasley, da seção de Artefatos dos Trouxas no Ministério. Já os tinha visto por lá algumas vezes, Pontas nos apresentou uma vez há alguns anos... Sempre me espantava pensar neles – apenas 28 anos e já tinham três filhos... Me perguntava se o mesmo aconteceria com Sophie e eu...


                -Olá, Molly! – eu cumprimentei simpaticamente, pensando que se ia trabalhar ali por tanto tempo, era melhor começar direito. – Hum... Quais são as tarefas de hoje?


                -Estamos preparando a escola para receber os alunos para o segundo período do ano letivo. Temos vários pequenos reparos e limpezas para fazer, você pode me acompanhar, vou lhe mostrar tudo.


                No geral, a escola estava bem conservada, mas todas as paredes precisavam de pintura nova (havia uma quantidade absurda de rabiscos nas paredes), alguns brinquedos no quintal precisavam de conserto, bem como o aquecimento e o encanamento (Molly me disse que um garoto havia colocado girinos na caixa d’água, e que eles haviam crescido e estavam entupindo vários pontos dos canos – esse sim daria um bom maroto em Hogwarts!). Em dois ou três dias tudo se resolveria...


                -Sirius... Eles lhe avisaram que não vai poder usar magia para fazer os consertos, não?


                O QUÊ?! Era só o que faltava...


                -Que ótimo... – eu respondi sarcasticamente, mas depois acrescentei mais neutro ao notar o olhar de censura de Molly - Do contrário não seria um castigo, não?


                Ela deu de ombros e foi me mostrar onde estavam as ferramentas. Seriam longos seis meses...


 


Parte 4 – James Potter.


                Tédio. Esse sentimento crescente que invade as longas horas de um auror empenhado em realizar trabalho burocrático... Foi nesse momento que me lembrei de um fato muitíssimo mais interessante do que um doido em Cheswick que resolvera se divertir atirando feitiços de pernas dançantes em cabras de alguns fazendeiros trouxas (aliás, isso era trabalho para a seção de maus usos da magia, não para mim) – Lily Evans estava trabalhando em Cooperação Internacional em Magia, no andar de baixo...


                Muito displicentemente, me levantei e peguei o elevador até o escritório em que Lily trabalhava. E lá estava ela, os cabelos ruivos caindo sobre o rosto, em uma pose concentrada enquanto desenhava algo em um pergaminho, provavelmente mais alguma de suas criações.


                -Olá. – eu disse simplesmente.


                Ela se assustou e se ergueu de um pulo ao me ouvir.


                -Potter! Me assustou! – ela exclamou ao ver que era eu.


                Toda vez que eu fazia algo que a desagradava, Lily me chamava de Potter – acho que era um reflexo dos tempos da escola (ela só começou a me chamar de James quando começamos a namorar, e mesmo assim levou um bom tempo até se acostumar)...


                -O que está fazendo aqui? – ela perguntou quando se refez do susto.


                -Protelando... Tivemos um mês bastante parado, só tenho trabalho burocrático... O que é um porre.


                Ela sorriu.


                -Eu entendo... Por aqui nunca acontece nada muito interessante também, e olha que estamos na Seção de Cooperação Internacional, em tese deveríamos estar em contato com pessoas interessantes do mundo todo...


                -É sempre mais interessante naqueles folhetos que eles distribuem, não?


                -Sem dúvida!


                -E você, o que estava fazendo tão concentrada?


                Ela olhou um tanto desconcertada para o pergaminho, decidindo por fim dobrá-lo e guarda-lo em sua agenda. 


                -Ah... Nada demais. – Interessante... Se não era nada demais, por que esconder o desenho?– Quer ir tomar um café?


                -Está me convidando para sair, Evans? – eu brinquei ao que ela riu e fez uma leve careta.


                -Jamais, Potter! – ela respondeu (em tom de brincadeira, para meu alívio).


 


Parte 5 – por Lily Evans


                -Finalmente em casa! – eu suspirei ao chegar no 212.


                Durante a segunda semana de janeiro o Ministro da Magia russo viria para uma visita oficial, e a Seção de Cooperação Internacional em Magia estava simplesmente o caos, porque tudo fora arranjado de última hora, e, é claro, nesses momentos tudo sobra para as secretárias...


                Já estava me animando com a perspectiva de um banho quente e de alguma coisa para comer, quando a campainha tocou.


                -Sra. McDowell, que surpresa! – eu exclamei realmente surpresa ao vê-la ali. Aparentemente, ela havia gostado muito de nossa mudança para o apartamento vizinho ao dela, já que nunca perdia uma chance de aparecer para uma “visitinha” (na realidade, acho que aquilo era só um pretexto para dar uma espiada em James ou Sirius).


                -Boa tarde querida... Eu fiz esse bolo de frutas, estava pensando se vocês não gostariam de provar...


                -Ah... Claro! A senhora não quer entrar para uma xícara de chá?


                Nessas horas eu sempre acabava cedendo para a política da boa vizinhança... Afinal de contas, que mal há em fazer amizades com os vizinhos? Mal sabia eu do azedume que estava convidando para entrar em casa...


                A conversa estava indo muito bem, até que...


                -Se importa se eu fizer uma perguntinha indiscreta? – a Sra. McDowell me encarou com um ar simpático.


                -Ah... De forma alguma... – de alguma forma, essa frase nunca precede um momento agradável...


                -Como é que você e o seu marido conseguem morar com aquele Black?


                Eu quase engasguei com meu chá. Em que universo paralelo incrivelmente maluco eu e James seríamos casados??


                -Ah... Sirius não é como os jornais o retratam... Na verdade, ele é um cara bem legal. Mas eu e James não somos casados. Nem namoramos, para ser sincera.


                Ao ver a expressão dela ao me ouvir falar isso, eu percebi que havia falado algo grave.


                -Então... Vocês moram juntos, mas não são casados? E vocês ficam seminus uns na frente dos outros?


                Eu tive um sério impulso de rir nesse momento – nós estávamos de pijama!


                -É... Nós somos só amigos. Mas não tem nada demais...


                -Nada demais? Os pais da senhorita não se preocupam com isso? É uma total pouca vergonha!


                E, dizendo isso, ela se levantou e foi embora, totalmente indignada.


                E eu nem disse nada demais... Sinceramente, é cada gente maluca que aparece!

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Comentários (2)

  • Sah Espósito

    UhuuuullllllllAno novo + sirius bebado = algo normal...Sirius casado = wtfJames e Lily na cama = foram rapidas heinquero maisss 

    2013-02-11
  • Thomas Cale

    MUIIIIIITO BOM, GAROTA!! Sirius fazendo trabalho comunitário? WTF? Eu sabia que você iria fazer James e Lily ficarem juntos, mas não pensei que fosse ser tão rápido O.O'  Genial. 

    2013-02-06
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