DESCOBERTA






O grito surdo de Harry atravessou meus pensamentos como uma faca:


- Expectro Patronum!


Uma luz imensa saiu da capa, e tudo  que ouvi foi o grito de vitória de um dos Comensais.


- É ele, lá embaixo, lá embaixo, vi o Patrono dele, era um veado!


Tentei gritar, mas não saia nenhum som da minha garganta.


Do lado esquerdo da rua, uma porta abriu de supetão, e ouvi uma voz familiar nos chamar:


- Entre aqui, Potter, depressa!


Corremos para dentro da porta, sem pensar duas vezes.


- Suba, não dispa a capa, fique quieto! – ordenou o vulto escuro que estava na porta.


Olhei através da capa, e não pude deixar de soltar uma exclamação de surpresa ao reconhecer o Cabeça de Javali. Harry nos arrastou escada acima, até uma pequena sala de visitas.


Nós três arfávamos, mal acreditando que tínhamos escapado.  Eu teria gritado de alegria, se não estivesse tão chocada, e preocupada com quem quer que fosse que havia acabado de salvar nossas vidas, discutindo aos berros com os Comensais no andar abaixo.


- Não acredito... – gemi, olhando cautelosamente para baixo – é o barman do Cabeça de Javali.


Rony olhou para mim, e pude me deleitar com o sorriso que ela abriu ao fazer isso. Fiz uma pequena prece mental, pedindo que aquele sorriso fosse por mim... ou por nós dois.


Tentei sorrir de volta, mas minha mandíbula parecia ter travado com a tensão; o que saiu mesmo foi uma careta. Rony mordeu o lábio, tentando não rir da minha expressão.


Não podia culpa-lo. A situação era mesmo constrangedora e estranha. Há alguns segundos atrás, estávamos para morrer, e agora...


Harry não compartilhava de nosso momento silencioso; olhava para a cena que se desenrolava com o barman e os Comensais. Tudo estava tão fora de foco em minha mente que só acordei para a realidade quando ouvi passos se afastando do bar. Os Comensais haviam ido embora.


Gemi outra vez, só que de alívio. Minhas pernas finalmente pararam de obedecer, e fui obrigada á me jogar numa cadeirinha torta para não cair de joelhos. Harry e Rony despiram a Capa após fecharem as cortinas, e ouvi o barman chegar á sala praguejando baixinho para nós:


- Seus idiotas infelizes... que ideia foi essa de virem aqui?


- Obrigado – Harry disse – não sabemos como lhe agradecer. Salvou nossas vidas.


O barman bufou de novo.


Distraída com o simples fato de estar viva, devaneei enquanto olhava para a sala. Em determinado momento, analisei o rosto do barman. Os olhos me chocaram, e arfei baixinho ao ver íris azuis e penetrantes familiares ali.


Os olhos de Alvo Dumbledore.


 


 

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