Encontro.
— Hermione, querida? — Uma voz feminina chamou.
Ela sorriu antes de abrir os olhos, se lembrando de que aquela era a segunda vez em tão pouco tempo que era despertada por alguém lhe chamando o nome em tom de preocupação. Alguém. A curiosidade lhe fez abrir os olhos e ela encontrou uma mulher de feições amáveis a lhe velar o sono. Sentiu um imenso desejo de saber quem ela era.
— Veja, Morfino. Nossa pequena garotinha acordou. — Ela voltara a se pronunciar, muito sorridente. — Oh Hermione, temi intensamente que estivesse abatida de algo fatal. Imagina, nossa amada Gaunt às pressas no hospital?
— Não diga bobagens, Ellie. — O homem se manifestara, apanhando-a cautelosamente pelos ombros. — Ande, dê espaço para a pequena respirar ar puro. Nossa filha está bem, vê?
Filha. Então aqueles eram os pais de Morgana, agora seus pais, diante da loucura em que se metera. Ainda assim, estava satisfeita. Se lembrava de que Harry narrara Morfino Gaunt como um homem solitário, insano e violento. Porém, não era isso que ela via ali. Pelo contrário: Ele parecia um homem carinhoso, preocupado. Ainda que o rosto tivesse feições severas, ele não parecia um carrasco. Teria se tornado um após todo o decorrer da história? Bem, ela não desejava estar ali para descobrir.
Ao levantar-se devagar da cama em que estivera - nada muito luxuoso, mas certamente o melhor que seus pais poderiam oferecer -, pousou os pés diante do chão e se surpreendeu ao vê-los tão pequenos. Logo, observou as mãos e as notou também menores do que o normal, assustando-se até que notasse do lado oposto a si um imenso espelho manchado. Ao contrário do que imaginara, jazia ali uma criança. Exatamente como Hermione lembrava ser aos dez anos, mas sem os cabelos imensamente bagunçados, certamente uma obra da atual descendência ou seja lá o que fosse.
— Visto que está se sentindo melhor, gostaria muito que me acompanhasse em novas lições sobre poções. Seria no mínimo satisfatório que chegasse a Hogwarts, em setembro próximo, como a mais inteligente da turma. — Morfino citara. Os olhos dele, de um cinza semelhante aos de Malfoy, brilhavam fraternalmente. — Não crê nisso também, Ellie?
— Seria tão adorável. — A mãe disse, puxando-a na direção da cama consigo, enquanto o pai saía pela porta do quarto. Provavelmente em busca de algo que viria a utilizar para as lições. — Uma honra dentre tantos pesares que nossa família sofreu.
— Pesares, mamãe? — Hermione forçou-se a dizer de modo natural, ainda desacostumada com tudo aquilo, por mais doce que lhe parecesse.
— Oh sim, querida. Não se lembras? — Questionara um pouco severa, talvez pelo assunto iniciado. — Não deixe seu pai ouvir que estamos tratando disso ou ele ficaria irado. Mas sim, falamos de sua tia Mérope e seu filho desgostoso ao sobrenome dos Gaunt. Apaixonada por um trouxa! Simplesmente jogou o sangue de Salazar às traças.
Hermione sentira certo receio em relação a mãe, diante daquilo. Porém, não poderia esperar nada menos. O cômodo esbanjava um ego sonserino e não havia de ser diferente o modo de pensar, ainda mais entre herdeiros puros de Slytherin.
Então o pai voltara, interrompendo o assunto que Hermione pretendia cavar mais à fundo. Não que alguém fosse discutir com uma criança a queda da gloriosa família Gaunt, ainda mais uma mãe com sua filha. Mesmo assim, ela gostaria de ter tentado.
— Estes foram os últimos, não? — Questionara o pai, apontando-lhe alguns livros volumosos. Hermione sorrira satisfeita, acenando positivamente com a cabeça.
Ao sentar-se entre o pai e a mãe, um dos livros fora aberto cautelosamente. Hermione possuía então duas sortes: a de já ter o ensino avançado em poções até o quinto ano, no tempo em que vivera com Harry e Ron; e a do livro, tão novo e belo, ser o mesmo exemplar empoeirado que utilizava para pesquisas na biblioteca de Hogwarts.
Assim, as respostas soavam tão facilmente pelos seus lábios, que os pais apenas sorriam entre elogios. Um ambiente vasto de amor, que era capaz de explicar por si só a razão de Morgana ser tão adorável.
* * *
A ida ao Beco Diagonal para as compras, semanas depois, havia sido encantadora. Era certo que muitos bruxos aparatavam aqui e ali, mas Hermione se sentia muito atraída pela bela visão das madames em vestidos colossais da época e costumes tão finos. Era a elite bruxa diante dos seus olhos, considerando que naquele tempo o número de bruxos mestiços e nascidos-trouxas era ínfimo. A lei do sangue era tão forte que apenas poucas - e ousadas - pessoas, como sua tia Mérope, ousavam fugir dos costumes.
Assim sendo, Hermione se surpreendera ao comprar materiais de primeira mão, ainda que os pais não possuíssem tanto dinheiro. Era visível como estavam dedicando tudo o que possuíam ao seu ensino e ela ficava grata por isso, mesmo que guardasse em si as memórias de seus verdadeiros pais, tão longes no tempo. Ela estava sendo honrada em viver num berço de ouro como aquele. A mãe, Ellie, comprara desde sua primeira varinha - curiosamente um modelo idêntico ao que ela comprara com Olivaras em sua primeira vez na loja, reforçando a idéia de que a varinha é que escolhia seu dono - até os trajes festivos que ela viria a usar no baile do sétimo ano. Certamente estranho, mas um costume muito positivista nos anos 40.
E assim Hermione fora direcionada pelos pais até o Expresso, que naquela época era muito mais rudimentar do que ela se lembrava de ser no futuro. Eram muitas sensações novas em si: ter pais bruxos, que lhe acompanhavam nos lugares e discutiam com ela coisas do cotidiano; admirar as belezas de uma época tão requintada; saber que encontraria em Hogwarts pessoas ligadas ao passado da família de seus amigos, entre outros.
Portanto, Hermione se despedira dos pais com um abraço e beijos de carinho sincero. Carinho que ela passara a sentir por eles em três meses de convivência, naquela casa que estaria na sua memória eternamente.
Ao entrar no expresso, imaginara encontrar os mesquinhos jovens daquela época sentados em um silêncio tedioso nas muitas cabines. Cruel engano. Era como se estivesse passando pelos mesmos corredores que percorrera à procura de Harry, Gina ou Ron. Já não parecia que havia se passado tanto tempo.
Pelo caminho, ela havia encontrado muitas pessoas que lhe dirigiam a palavra com sorrisos no rosto. Ser uma primeiranista, ainda sem uma Casa definida em Hogwarts, lhe abria as portas para amizades numerosas, sem distinção de escolha.
Fora assim que, no caminho à procura de uma cabine vazia, ela conhecera Septimus Weasley, que provavelmente um dia viria a ser pai do Sr. Weasley; Eileen Prince, que aos seus olhos se parecia muito com o antigo professor de poções, Severus Snape, talvez sendo parte da família dele. E claro, o enigmático Tom Riddle.
* * *
NOTA: Juro que no próximo capítulo vocês verão a Hermione interagindo com o Tom! Dei uma acelerada no encontro deles pra que vocês possam saciar a vontade, mas lembrem-se que muitos detalhes pulados vão voltar a ser narrados nos próximos capítulos :)
Comentários (1)
Wow...acontecimentos cruciais para definir o futurode Tom Riddle adorei o capitulo curtinho porem cheio de entrelinhas... Aguardando o próximo...Beijo, beijo ^_~
2012-10-19