-Único-
When I was younger I saw
My daddy cry and curse at the wind
-Maldita! Maldita seja ela!
-Pai?
-Oi… Oi, querida! – Ele enxugou o rosto com as costas da mão e se virou pra mim sorrindo. Mas ainda assim eu vi as lágrimas caindo pelo rosto dele. Eu tinha... Sete anos? Talvez seis. E tinha visto meu pai chorar.
He broke his own heart and I watched
As he tried to reassemble it
Eu me lembro de ver meu pai chorando cada dia mais. E a cada dia ele sorria, ria, e agia como se nada estivesse acontecendo. Mesmo naquela idade eu sabia que ele estava tentando se reconstruir, tentando fazer parecer que nada estivesse acontecendo. E eu sabia que ele fazia aquilo pra me proteger.
And my momma swore that she would
Never let herself forget
-Eu nunca vou esquecer, Charlie. Nunca. Eu te amo.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu via o caixão do meu pai descendo. Em poucos segundos, as pás cheias de terra começaram a ser jogadas e logo não restou nada, apenas um monte de terra cobrindo o corpo dele. Meu pai estava morto e a culpa era dela. Meu pai a “amava”, mas ela não correspondia. Ela não acreditava no amor. Meu pai “amava” aquela mulher com todas as forças de seu ser, mas ela não correspondia, ela não sentia o mesmo. Ela estava acostumada com a presença dele, ria de suas piadas e cozinhava pra ele aos sábados. Mas não o amava. Não, apenas gostava. Ele sabia disso, e de tanto sofrer em silêncio, agora ele estava lá, a sete palmos do chão.
E a mulher, que a própria falta de sentimentos havia matado meu pai e destruído minha família, era a minha mãe.
And that was the day that I promised
I'd never sing of love if it does not exist
-Eu não vou cantar essa porcaria melosa, James! Eu me recuso a cantar sobre um sentimento que não existe! – Saí do nosso mini estúdio batendo a porta. Eu sou Marlene McKinnon, tenho 20 anos e tenho uma banda, a Identify, com meu primo e o amigo dele, James e Remo, respectivamente.
Andei pelo corredorzinho que levava a uma pequena cozinha batendo os pés, perdida em pensamentos. O corredor acabou e eu virei à esquerda pra entrar na tal cozinha quando bati em algo. Algo significativamente maior do que eu, e... Bem, aquilo era duro.
-Opa! – Ok, não fui eu quem disse isso. Abri os olhos e fui olhando de baixo pra cima, devagar. Calça preta e all-star de couro preto, camiseta do Whitesnake, pele ridiculamente branca, braços relativamente fortes, cabelos negros e bagunçados, olhos azuis. Ou será que eram cinzas? Enfim. Nariz reto, queixo quadrado, boca… Bonitinha. – Foi mal, pequena. – Voz… Preciso descrever a voz? Tá. Voz rouca e macia e sedosa e... e... e… Era aquele tipo de voz que quando o cara diz oi, você não responde por medo sair algo como “me possua”.
.
But, darling, you are the only exception
Well, you are the only exception
Well, you are the only exception
Well, you are the only exception
-Sou Sirius, muito prazer.
-Marlene. – Apertei a mão que ele estendia pra mim. –Agora, se você puder me dar licença, eu quero usar a cozinha.
Ele saiu de frente da porta sorrindo. Eu entrei e comecei a procurar algo na geladeira quando aquela maldita voz sexy me interrompeu.
-Então... Você disse que se chama Marlene... Você é a prima do James?
Virei pra ele com um pedaço de queijo na mão. Deixe a cabeça cair pro lado enquanto olhava bem pra cara dele.
-Você... Ei! Você é o tal Sirius, amigo do meu primo, que veio da… Itália... Não! Inglaterra. É, isso, Inglaterra. É você?
-Sim! Você é a prima do James. – Era uma afirmação, não uma pergunta. Eu esbocei um sorriso e ele deu uma gargalhada. Ou um latido rouco parecido com uma risada, tanto faz.
Ficamos mais um tempo ali, eu comendo enquanto ele falava qualquer coisa sobre a Inglaterra com um leve sotaque. Eu descobri que era fácil ficar com ele ali, mais facil até que com o James.
Maybe I know somewhere
Deep in my soul that love never lasts
Depois daquele dia, nós começamos a sair juntos, eu, Sirius, James e Remo. Na terceira semana, eu e Sirius nos beijamos a primeira vez, e dois dias depois, estávamos oficialmente namorando.
Eu gostava dele, gostava mesmo. Na verdade, ele era o primeiro cara que eu realmente gostava. E eu tava feliz com ele. Ele me fazia feliz. Eu finalmente estava feliz de verdade com alguém.
Íamos fazer dois meses de namoro quando eu o vi com outra. Corri pra casa e me tranquei no quarto por uns dois dias.Não atendi nenhuma ligação dele, queimei todas as cartas que ele mandou e não atendi a porta nenhuma vez.Me chamei de burra e idiota tantas vezes... Eu devia saber que o “amor” que ele tinha por mim não duraria.
And we've got to find other ways
To make it alone or keep a straight face
-CHEGA! – Até a minha gata, Catnip, se assustou quando eu gritei aquilo pro meu reflexo (decadente) no espelho. – Chega de sofrer por esse babaca, Marlene. Mas que droga, você está sendo estúpida.
Desci as escadas correndo, Catnip no meu encalço. Coitada, devia achar que ia ganhar um bolo ou algo assim, aquela gata gulosa.
Joguei a carteira na minha bolsa, peguei o celular e as chaves de casa e saí. O primeiro passo pra sair da fossa era um prato bem grande de cookies feitos em casa, mas eu não tinha os ingredientes, então teria que ir ao mercado.
Dirigi rapidamente até o mercado e escolhi os melhores ingredientes pros meus preciosos cookies. Confesso, coloquei mais algumas porcarias no carrinho também. Mas, onde eu estava? Ah, sim. escolhi os ingredientes pros cookies e estava indo até o caixa, pra pagar e ir pra casa, e quando eu olho pro lado, quem está lá? Exato. Sirius e “amiguinha” dele. Eles olharam pra mim e Sirius fez menção de vir falar comigo. Eu sorri friamente, como se nada estivesse acontecendo e voltei minha atenção ao caixa.
-Deu... 37,50.
Entreguei as notas contadas, lancei mais um sorriso daqueles que podiam congelar lava e fui pra casa, me dedicar aos meus cookies.
And I've always lived like this
Keeping a comfortabledistance
Já fazem dois meses que a gente… Parou de se encontrar, e não tem um dia que eu não me sinta idiota por ter acreditado nos “Eu te amo” de Sirius. Eu sempre vivi assim, sem relacionamentos, sem namoros, uma distancia confortável entre eu e indivíduos do sexo masculino e na única vez que eu decidi quebrar essa regra, eu me ferrei.
And up until now I had sworn to myself that I'm content with loneliness
Because none of it was ever worth the risk
A partir de agora, nada mais de relacionamentos que durem mais de uma semana, só por segurança. E não, eu não me importo se eu vou morrer sozinha ou se eu vou passar o resto da minha vida cuidando de 70 gatos (filhotes da Catnip, quem sabe), pelo menos eu vou estar segura e feliz. Não vale a pena. O amor não vale à pena.
Well, you are the only exception
Well, you are the only exception
Well, you are the only exception
Well, you are the only exception
-Len, mas que droga, para de ser teimosa e me deixa falar! – Fechei os olhos com força.
-Eu primeiro. – Olhei no fundo dos olhos do Sirius antes de começar. – Eu não acredito no amor. Isso é só uma besteira inventada pra vender coisas. Dia dos Namorados? Pfff… Data criada pra obrigar as pessoas a comprar chocolates e bombons e coisas caras. Por favor, né?! Ninguém ama. Você só se acostuma o suficiente com a pessoa pra querer ficar com ela. Você gosta da companhia, da conversa de alguém. Não existe amor. Não existe amor de mãe o filho, ela só teve nove meses pra se acostumar com a ideia de gostar de alguém. Não existe amor de amigo, você só se acostuma com a companhia da pessoa, você se acostuma com a voz dela, com as conversar que vocês têm. Amor. Não. Existe. Você não me ama, eu não te amo. Pronto, nossa história acaba aqui.
Ele me olhou com lágrimas nos olhos.
-Você não acredita nisso, mas eu acredito. E saiba que não importa quando ou onde, você é a mulher que eu mais amei. – Ele piscou com força e me deixou ali, parada na porta da minha casa.
I've got a tight grip on reality, but I can't
Let go of what's in front of me here
-Lene, me escuta! – James estava sentado no meu sofá umas duas horas depois do episodio com o Sirius, me obrigando a olhar aqueles olhos castanho-esverdeados que eu tinha tanta inveja. – O Sirius tá voltando pra Inglaterra e...
-Aquelazinha vai com ele? – Não pude me segurar, juro. E daí que o Sirius ta voltando pra... Perai, Inglaterra é do outro lado do oceano... Eu não vou poder vê-lo nem de longe mais e... E eu não gosto mais dele. James me olhou confuso e eu contei tudo. Desde o momento que eu tinha visto Sirius andando de mãos dadas com uma morena até o momento que eu havia decidido não me importar com a possibilidade de meus filhos serem os filhotes da Catnip.
I know you're leaving in the morning when you wake up
Leave me with some kind of proof it's not a dream, whoa
-Mas que merda, Marlene! Você não leu nada do que ele te mandou? – Neguei com a cabeça, corando um pouco. – Ah meu Deus do céu. Eu sabia que você era teimosa, mas não tanto!
-Fala logo, Jimmie!
-“Aquelazinha” era a prima do Sirius, - Eu fiquei branca. – e ela tava tentando ajudar ele a comprar um presente de dois meses pra vocês dois, porque ele tava inseguro, não sabia se ia comprar o tal colar mesmo, ele não sabia se você ia gostar.
-Ai. Meu. Deus.
-Sim. – Ele me olhou mordendo o lábio. – Lene... Tá tudo bem?
-Inferno. É CLARO QUE NÃO TA TUDO BEM, JAMES POTTER! EU SÓ ESTRAGUEI TUDO, TUDO! - Eu parei de andar pela sala e olhei pra ele, respirando fundo. – Que horas?
-Ahn? – Legal ter primo lerdo.
-Que horas sai o vôo dele, coisa lerda?
-Sai... – Ele olhou o relógio e ficou pensando, me deixando mais nervosa. – Sai em quarenta e cinco minutos.
-COMÉQUIÉ? Droga, por que você não veio mais cedo? – James me olhou assustado enquanto eu procurava a maldita chave do carro. –Droga, James, droga.
Finalmente a achei debaixo do sofá. Saí correndo até o carro e James foi atrás.
-Onde você vai?
-Impedir que a minha vida atravesse o oceano sem mim. – Liguei o carro e consegui gritar pra ele antes de dar a partida e sair costurando pelo transito loucamente pra chegar a tempo no aeroporto.
You are the only exception
You are the only exception
You are the only exception
Well, you are the only exception
Vinte minutos depois e eu parei o carro no estacionamento do aeroporto. Olhei meu cabelo no espelho e quase morri de susto.
-Merda. Ah, dane-se. Eu vou assim mesmo.
Saí do carro, e comecei a correr como se tubarões mutantes radioativos me perseguissem. Ou como se eu estivesse atrasada pra impedir que o cara que eu amo partisse pro outro lado do mundo. O cara que eu amo. Amo. É, eu acho que amo ele.
Passei pelas portas automáticas, e corri mais. Corri até que meus pulmões estivessem tentando sair pelos meus olhos. Passei pelos portões que levavam à sala de embarque e escutei os seguranças correndo atrás de mim.
-EI, MOÇA! MOÇA! VOCÊ NÃO PODE PASSAR POR AQUI ASSIM!
-CALEM A BOCA, VOCÊS! EU TO TENTANDO IMPEDIR A MINHA VIDA DE IR PRO OUTRO LADO DO OCEANO, ME DEIXEM EM PAZ. – Eu não parei de correr, mas os ouvi parando aparentemente confusos, atrás de mim.
Vislumbrei um monte de cabelos negros e revoltos entregando uma passagem pra uma aeromoça bem velha. Parei arfando, segurando as lágrimas.
-SIRIUS! – O homem virou e me olhou confuso. Era ele.
Forcei minhas pernas a correrem mais alguns metros e me joguei nos braços dele. O cheiro maravilhoso que ele tinha invadiu minhas narinas e o gosto dele invadiu minha boca quando colei nossos lábios em um beijo furioso que fez minhas pernas ficarem bambas. Me soltei dele devagar depois de alguns segundos e, ainda me segurando nos seus ombros, comecei:
-Sirius... Lembra quando eu te disse que não acreditava no amor, que eu achava isso uma coisa ridícula? – Ele assentiu. – Bom... Eu continuo não acreditando... – Soltei uma risada nasalada enquanto ele me olhava confuso. – Mas acho que você é a exceção. Minha única exceção. – Ele sorriu. Um sorriso mais perfeito do que todos os outros e eu sorri junto. Ele era meu de novo.
Nossos lábios se colaram mais uma vez e eu ouvi algumas pessoas aplaudindo. Mas não importa, eu estava com ele. Meu amor, meu Sirius.
You are the only exception
Well, you are the only exception
You are the only exception
Well, you are the only exception
Meu nome é Marlene McKinnon, tenho 24 anos, e vou me casar hoje. E sabe de uma coisa? Eu estava errada. O amor existe sim. E eu encontrei o meu.
Depois da cerimônia de casamento, Sirius e eu fomos até um estúdio de tatuagens. Juntos, fizemos uma tatuagem nas costelas. “The only Exception”. Eu fiz primeiro e ele foi logo em seguida. Aquela era a nossa aliança de casamento. Eu havia marcado na pele um sentimento que eu nunca pensei que existisse de verdade.
Sirius tinha me mostrado como amar. E eu tinha gostado. Na verdade, ainda estava aprendendo. Cada dia mais, aprendendo a amar e acreditando nisso.
And I'm on my way to believing
Oh, and I'm on my way to believing
(N/A: Aeeeeeee coisas gustosas da vida da Julia! Mais uma fic aqui *-* E essa foi betada pela lindona da Alice awmt (te amo forevis gatona). Eae? Quem gostou? Na boa essa é uma das minhas favoritas... Eu escrevi em umas duas horas hahah' já tava com essa ideia fazia um tempinho... hmmmmmmm é isso (: Agora o de sempre né? Comentem por favorrr, amo vocês, se cuidem, beijo. Ju B.)
PS MEGA IMPORTANTE: Aquela parte que a Lene fala que o Amor não existe, que as pessoas só se acostumam umas com as outras, é mais ou menos o que uma menina respondeu em uma ask no tumblr. Eu não lembro a url dela (infelizmente), mas se for você, sinta-se com os devidos créditos aqui ok?
Comentários (4)
Bah, adorei! Eu amo eles dois juntos! Adorei!
2013-04-15Fic superultrahipermegalindaperfeitamaravilhosa ♥ "Voz rouca e macia e sedosa e... e... e…" <3
2012-10-11ooowwwnnn!!!!!!!!!! *---------------------------* q fofoooo!!! s2s2s2
2012-10-11*-------------------* ownnnnnnnnnn a Ju ta apaixonada!!!! Que fic lindaaaaaaaa!!!!! Ameiiii! A tatuagem que love!!!! Sirius Gato!!! Eles terão filhinhos lindos!!! Perfeita, mas disso vc já sabia!!! S2
2012-10-10