Lembranças de velhas quedas

Era uma noite bem quente, eram as detestáveis férias de verão, ele estava aguardando na janela a chegada de Remo e Tiago. Cinco minutos em pé com o nariz grudado na janela e nada. Sirius permaneceu naquela mesma posição por mais alguns segundos, até que avistou dois vultos muito esquisitos recortados contra a lua crescente. Sem dúvida eram Pontas e Aluado, os dois se aproximaram de vagarinho da janela montados em suas vassouras, Sirius sussurrou para os dois:

- Entrem pela janela da cozinha, tomem cuidado com o Elfo Doméstico.

Os dois deram a volta na casa. Tiago entrou seguido por Remo na cozinha, o elfo estava ocupado limpando a lareira, foi um momento de pânico em que Tiago sentiu uma vontade quase incontrolavel de rir. Remo o beliscou nas costelas, e apontou para a escada, eles subiram segundo as instruçoes de Sirius e seguiram até o final do corredor. Eles acharam uma grande porta com uma plaquinha com o nome de Sirius.

Tiago passou um papel por de baixo da porta que dizia o seguinte:

“ Abra a porta”

Sirius abriu a porta rezando para que ela não rangesse. Os dois entraram ainda montados nas vassouras, para garantir que não iriam fazer barulho, eles traziam correias nas vassouras para carregar as malas de Sirius, que pegou  a sua vassoura.

- Por que você não abriu a sua janela? O seu elfo estava limpando a lareira da cozinha.

- Ele não estava limpando nada, estava vijiando a lareira por ordem da minha mãe. Ela desconfia de que estou tramando alguma fuga, ela pôs o elfo de vijia da cozinha, pôs feitiços na minha janela e na porta de entrada da casa, por sorte ela não pôs na janela da cozinha e ainda por cima a deixou aberta. Depois que sair, não quero mais voltar para cá.

- Aquela cozinha vai ser um perigo de atravessar os três... – disse Tiago.

- Claro, principalmente se um retardado começar a rir... – disse Remo entre risinhos.

- Cala a boca Remo.

- Não podem nos ouvir?

- Não, lancei um Feitiço da Imperturbabilidade na porta, daqui pra fora sim daí poderão nos ouvir.

- Certo, as suas malas já estão bem atadas, de modo que elas não irão fazer barulho. – disse Tiago apontando para as correias de couro. – Abra a porta e montem suas vassouras.

Mais uma vez ele abriu a porta, os três montaram as vassouras e desceram as escadas vagarosamente olhando para os lados para verificar se Monstro estava por perto. De repente:

- MÃEEEE, ELE TÁ FUGINDOOOOOO. – Regúlo estava parado no corredor e gritava a plenos pulmões.

- Cale a boca seu filhinho da mamãe! – rosnou Sirius, mas era tarde demais.

- CORRAM, VÃO! – berrou Tiago.

Os três disparam direto para a cozinha, o elfo estava a postos na lá, ele estava correndo para fechar a janela, porém Sirius lançou um Feitiço Estuporante que quase o acertou.

Sirius foi na frente, Tiago e Remo logo atrás, eles entraram na noite quente e começaram a tomar altitude o mais rápido que suas vassouras permitiam, eles estavam pensando a mesma coisa, quanto tempo levaria para o pai de Sirius, Orion alcançá-los.  Tiago foi o primeiro que o avistou, não era á toa que ele era apanhador do time de Quadribol da Grifinória.

- Ele está vindo atrás de nós, vamos para o alto e rumar para leste, tem nuvens, vamos nos esconder ali.

Os três rumaram para as nuvens, lá em baixo para os trouxas, eles pareciam aves de rapina, duas delas estranhamente deformadas. O pai de Sirius começou a lançar feitiços para todos os lados, eles entraram nas nuvens e em menos de dois segundo já estavam encharcados até os ossos. Eles não enxergavam muita coisa, malmente se enxergavam, estavam perdidos dentro das nuvens, a voz de Sirius disse:

- Apontem suas vassouras para o chão.

- E seu pai...

- Vamos descer já!

Tiago foi o primeiro a sair de lá de dentro. Os dois vieram depois ligeiramente estropiados, ele nem queria saber com ele estava, foi aí que o feitiço do pai de Sirius finalmente os atingiu. Remo gritou a azaração do Impedimenta, mas eles caíram de suas vassouras, por sorte eles não estavam muito longe do chão.

- Desçam. – ordenou Tiago, e as três vassouras desceram.

Os trouxas que moravam naquela casa ficaram aterrorizados com o barulho que vinha do seu quintal, era natural, imaginem só: Vocês preparados para dormir e de repente um estrondo no seu quintal, e alguém gritando “desçam”. Você iria pensar o que?

(A) Que tem ladrões no seu teto e já que o plano não deu certo, o chefe da quadrilha gritou “desçam” para eles darem no pé antes que seja chamada a polícia

(B) Que os ladrões amarram as suas duas filhas e levaram o que encontraram no quarto delas, e agora que elas estão livres deles iram gritar pelos pais.

(C) Que um bando de bêbados estavam tentando arrombar a casa

(D) Que um bando de bruxos de dezesseis anos acabaram de cair das vassouras e parar bem no seu quintal

Se você assinalou a opção D você está correto. Para o azar de Tiago ele caiu no quintal da casa dos pais da garota que ele gostava. Um homem abriu a porta da frente, a esposa dele logo atrás e as duas filhas espiando por cima dos ombros dos pais.  Um par de olhos espantosamente verdes o encarava com um ódio assassino. Lílian Evans mais do que nunca estava curiosa e furiosa com Tiago Potter.

Não havia tempo para perder tentando imaginar o que ela estava pensando, o pai de Sirius estava no rastro deles.

- Almofadinhas, me dê a sua vassoura e a sua capa. – disse Tiago retirando a dele e pegando a de Sirius.

- Mas o quê... – começou ele, mas o amigo o interrompeu.

Ele vestiu a capa e montou a vassoura de Sirius, ele seguiu na direção que tinha visto Orion antes de entrar na nuvem. Não demorou muito para que o encontrasse, e também não demorou para ele morder a isca.

Era bem do tipo de Sirius se arriscar para salvar a pele dos amigos, mas ele não podia perder o foco. Tinha que atrair o filho para perto dos amigos, assim ele pegaria os três. Ele começou a rumar para o Leste, ele sabia que os amiguinhos deles deveriam estar ali porque viera dessa direção. Contudo o garoto estava rumando para o Sul, o obrigando a seguir a direção oposta. E agora? Quem seguir?

- Anda logo – disse Remo.

- Mas o Tia...

- Ele deve saber o que ta fazendo.

Eles tornaram a montar nas vassouras e se viraram apenas para dizer:

- Mil perdões Srta. Evans.

- Epa, espera aí, o que vocês... Black... LUPIN... – gritou Lílian Evans, mas eles não olharam para trás. Logo os dois não passavam de dois pontinhos subindo e sumindo no céu escuro da noite quente, rumando para o Norte. E Potter, o que três dos Marotos estavam fazendo estatelados no seu quintal, naquela hora da noite, por que Potter se separou dos amigos?

Uma resposta: Potter é doido! Ele acha que todo mundo gosta dele, aposto tudinho que ele fica repetindo para ele mesmo: Todo mundo gosta de mim, eu sei que eu sou bonito, divertido e inteligente, só não sei como é que eu pude conquistar toda essa gente. TÁ SE ACHANDO BACANA MESMO.

Mas fica a pergunta: o que ele tava fazendo aqui?

Tiago se livrou de Orion entrando em outra nuvem, só que dessa vez foi mais difícil se livrar da nuvem. E Lílian, o que ela estaria pensando dele agora? Por que ele tinha que ter caído da vassoura? POR QUE JUSTO NO QUINTAL DELA?!

Demorou quase uma hora completa para que chegasse em casa, ele estava cansado e absorto em seus próprios pensamentos para ficar ouvindo os pitis daqueles dois.

- Nada de reclamações, vamos subir e lá em cima eu digo o que quiserem, os meus pais podem nos ouvir e descer ver o que está acontecendo.

Eles subiram e Remo e Sirius não deram um pio durante o caminho. Eles subiram as escadas e entraram na porta que dava acesso ao quarto de Tiago.

- O que aconteceu com você?

- Eu segui o caminho no qual eu tinha visto o seu pai pela a última vez, antes de entrar na nuvem, ele estava meio perto, fiz ele seguir para o Sul o máximo que deu, então eu entrei de novo numa nuvem, só que dessa vez maior, foi difícil de sair. Você vai sofrer se o seu pai morrer?

 - Não, tenha dó.

- O que aconteceu com vocês depois que eu saí? O que a Evans disse?

- Sabia que você ia pergunta dela. – disse Remo – Nós pedimos desculpas por ter importunado ela e a família dela, e saímos. Ela gritou por nossos nomes, mas não tínhamos tempo para parar, era desperdiçar o seu sacrifício.

No dia seguinte Tiago estava frustrado e quando seu pai perguntou o que havia de errado ele apenas perguntou:

- Por que a gente sempre está caído quando uma garota aparece?

- É sempre assim com os Potter, será sempre assim. Estava caído quando pedi sua mãe em casamento.

Ele, Sirius e Remo caíram na risada, só Pedro estava pensando na comida e não riu.

- O que foi que eu perdi, hein? – perguntou Pedro com atraso.

 – Qual pedaço das nossas simples frases você não entendeu? – perguntou Sirius sarcástico de morrer de rir.

- Por que a pergunta filho? – perguntou o Sr. Potter á Tiago.

Ele por sua vez corou até a raiz dos cabelos.

- Nada não.

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